Altice Labs trava receitas da Meo nos 2,8 mil milhões em 2024

Negócio da Altice Labs travou crescimento do negócio em 2024. Resultado operacional da companhia cresceu 3,3% excluindo o efeito da operação de inovavação em Aveiro.

Foi de Aveiro, onde está o negócio de inovação e desenvolvimento de produtos e serviços da Altice Portugal, que vieram os ventos contrários para a dona da Meo, cujas receitas estagnaram nos 2.775 milhões de euros em 2024. O crescimento anual foi de 0,7%. Excluindo o negócio da Altice Labs, as receitas aumentado 5,4% face a igual período do ano anterior. Já o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da operadora de telecomunicações encolheu 1,2% no ano passado, comparativamente ao ano anterior, penalizado também pela performance da antiga PT Inovação, onde as vendas globais de equipamentos e hardware prejudicaram o crescimento. Sem esse impacto, o lucro operacional da Meo registou um acréscimo de 3,3%.

Analisando apenas o quarto e último trimestre do ano passado, as receitas fixaram-se em 726 milhões de euros, mais 3,1% em termos homólogos, devido aos aumentos de 7,7% no segmento de consumo para 381 milhões de euros e de 7,9% no de serviços empresariais (excluindo Altice Labs) para 344 milhões de euros. Por outro lado, o EBITDA caiu 5,4% para 231 milhões de euros, de acordo com o relatório financeiro divulgado esta terça-feira.

“Se excluirmos o desempenho da Altice Labs, o EBITDA reduziu -0,4% face a igual período do ano anterior, em resultado do impacto favorável nas receitas, decorrente da dinâmica operacional de expansão da base de clientes e RGU [número de serviços], do crescimento do respetivo ARPU [receita média por cliente] e da diversificação de portefólio, em novos negócios não telco”, informa a empresa no mesmo documento.

O que também diminuiu foi o investimento, à semelhança do que aconteceu com concorrentes, uma vez que o capex na fase de desenvolvimento da rede móvel de quinta geral (5G) teve de ser mais avultado. O investimento recuou 14% num ano, para 422 milhões de euros.

Já o total de serviços fixos incrementou 1,4%, em relação ao quarto trimestre de 2023, para os 6,1 milhões. Entre outubro e dezembro de 2024, a base de clientes do serviço de televisão por subscrição e conectividade cresceu, respetivamente, 2,3% e 2,8% (ambos em 1,9 milhões), enquanto a base de clientes móveis pós-pago atingiu os 5,3 milhões após um crescimento em cadeia de 0,9% (ou 50 mil clientes).

Para a CEO da Altice Portugal, os resultados de 2024 demonstram “a capacidade de adaptação da Meo num setor em profunda transformação”. Ana Figueiredo destaca a evolução do negócio energético (Meo Energia, que combina serviços de eletricidade e telecomunicações), que “em poucos meses” permitiu à empresa afirmar-se “como um player relevante no setor energético, provando que a atuação integrada em ângulos que vão para além do digital e das telecomunicações, pode criar oportunidades para os consumidores e empresas”.

Na mensagem que acompanha as contas, a gestora alerta que a competitividade da indústria “continua a ser influenciada por desafios estruturais”, pelo que a regulação “deve evoluir para acompanhar a realidade do mercado e permitir que os operadores continuem a inovar e a crescer”.

É fundamental garantir um ambiente que incentive o investimento em infraestrutura e serviços digitais, promovendo um setor mais sustentável e dinâmico. Acreditamos que um modelo regulatório mais equilibrado e ajustado aos desafios atuais permitirá reforçar a posição de Portugal como um hub tecnológico e digital na Europa”, reiterou Ana Figueiredo.

A Meo tem uma quota de mercado de 41,8% nos serviços móveis, de 41,9% na televisão por subscrição e de 36,9% nos fixos, de acordo com os dados da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) referentes ao quarto trimestre de 2024.

Grupo com receitas de 4,3 mil milhões

A Altice International, que agrega a operação em Portugal, também registou uma estagnação nas receitas, que diminuíram 0,6% de um ano para outro até aos 4324 milhões de euros. Decréscimo que foi acompanhado pelo EBITDA (-1,87%) de 1617 milhões de euros, portanto em linha com a orientação (guidance) revista.

O grupo liderado por Patrick Drahi, do qual faz parte a Meo, continua a registar aumentos de dívida, que agora é de 9,5 mil milhões de euros (acima dos anteriores oito mil milhões) ou 8,9 mil milhões de euros (pró-forma) devido à venda da subsidiária de publicidade digital Teads à norte-americana Outbrain. A verba foi utilizada para pagar as linhas de crédito e aumentar os balanços.

“A transação resultou na aquisição pela Altice International da participação na Outbrain de aproximadamente 47% das ações ordinárias emitidas e em circulação da Outbrain. O contrato de compra de ações com a Outbrain foi alterado, comparativamente ao acordo anunciado em agosto de 2024, à luz do desempenho do negócio Teads para o ano fiscal de 2024”, detalha a empresa.

Ainda assim, a dívida líquida da Altice International é significativamente inferior à da Altice France (SFR) e da Altice USA, os outros ‘braços’ da holding.

Notícia atualizada às 14h47 com resultados da Altice International

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Altice France anuncia acordo para eliminar 8,6 mil milhões de dívida. Patrick Drahi mantém-se no comando

Acordo reduz a dívida líquida da Altice France em 8,6 mil milhões de euros e coloca na posse dos credores 45% das ações ordinárias empresa. Mas Patrick Drahi consegue manter-se aos comandos.

A Altice France e os respetivos credores chegaram a um acordo que elimina 8,6 mil milhões de euros de dívida da empresa e prolonga a maturidade da dívida existente, mantendo o multimilionário Patrick Drahi aos comandos da companhia. Em troca, os credores ficam com uma fatia de 45% da empresa.

Segundo um comunicado divulgado esta quarta-feira pela Altice France, que detém a operadora de telecomunicações SFR em França, este acordo traduz-se numa “redução substancial” da dívida líquida consolidada da empresa, de 24,1 mil milhões para 15,5 mil milhões de euros, ao mesmo tempo que prolonga a maturidade média da dívida dos atuais 3,1 para 6,1 anos.

Mais surpreendente é o facto de Patrick Drahi, o franco-israelita que fundou o grupo Altice e o transformou numa multinacional com presença em vários continentes, ter conseguido manter-se no controlo da Altice France. “Os acionistas existentes” passarão a deter 55% das ações ordinárias, mais de metade do capital da empresa, de acordo com a informação divulgada.

Já os detentores de dívida garantida, onde se encontram nomes como BlackRock, Elliott Investment Management e Pacific Investment Management, irão “receber uma parcela de capital de 31% em ações ordinárias”. Os credores com dívida não garantida, emitida pela Altice France Holding, ficam com 14% das ações.

O multimilionário Patrick Drahi conseguiu fechar um acordo para reestruturar a dívida da Altice FranceEPA/JUSTIN LANE

Passou quase um ano desde que a administração da Altice France, na apresentação dos resultados de 2023, deixou os credores de queixo caído ao sugerir um perdão de dívida para baixar os seus rácios de alavancagem. As declarações mobilizaram os obrigacionistas para um período de negociações que conhece agora este desfecho.

Houve cedências de parte a parte. Patrick Drahi consegue manter-se na liderança da sua subsidiária francesa, ao contrário do pretendido por alguns credores, mas os 45% de que abdica da Altice France representam uma parcela muito superior aos 15% que chegou a admitir ceder numa proposta inicial.

O acordo implementa também novas proteções para os credores, que receberão igualmente um pagamento em dinheiro de cerca de 1,5 mil milhões de euros, acrescidos de juros até à data de fecho da transação, no caso dos titulares de dívida garantida.

Ademais, os credores que assinem o acordo antes do dia 12 de março ficam elegíveis para receber também um total de 2,5% do montante em dívida garantida da Altice France, que aumenta em mais 500 milhões de euros se houver “participação total”.

Com a situação controlada no mercado francês, as atenções voltam-se agora para os outros mercados onde a Altice está presente. A Bloomberg refere esta quarta-feira que o fim das negociações em França dará lugar a novas conversações em torno da dívida da Altice International, que detém a Altice Portugal, dona da Meo. Mas a dívida desta subsidiária é bastante inferior, situando-se nos 8,58 mil milhões de euros no final do terceiro trimestre.

Enquanto isso, segundo a agência financeira, a Altice USA, que é cotada na bolsa norte-americana, tem mantido discussões confidenciais internas sobre como endereçar a sua avultada dívida, que no final do ano passado ascendia a 23,241 mil milhões de dólares (quase 22,2 mil milhões de euros).

(Notícia atualizada pela última vez às 12h56)

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Drahi vende milhões de ações da Altice USA desde outubro

Dono do grupo Altice tem vendido em bolsa milhões de ações Class A da Altice USA. Só este mês já vendeu 170 milhões de euros em títulos.

O multimilionário Patrick Drahi, dono do grupo Altice, tem vindo a reduzir a sua exposição à Altice USA através da venda em bolsa de milhões de ações Class A da empresa, de acordo com informações submetidas ao regulador norte-americano dos mercados de capitais.

Segundo as contas do ECO, desde que iniciou este ciclo de vendas, no dia 25 de outubro, a Next Alt S.a.r.l., holding controlada pelo magnata, com sede no Luxemburgo, já vendeu mais de 80% das ações Class A que detinha da Altice USA. Representa, em termos absolutos, a alienação de mais de 33 milhões destes títulos.

Analisando apenas o mês de dezembro, Drahi, que está obrigado a revelar estas informações aos mercados, alienou 7.247.064 de ações Class A da Altice USA, obtendo mais de 177,55 milhões de dólares (170,77 milhões de euros) com as operações.

Após estas transações, no dia 23 de dezembro a Next já só detinha pouco mais de 6,65 milhões de ações Class A da Altice USA. Número que fica muito longe dos cerca de 40 milhões que controlava em outubro, segundo informações regulatórias consultadas pelo ECO.

As ações Class A da Altice USA são cotadas em bolsa e conferem um direito de voto cada uma. Mas a empresa também tem milhões de ações Class B, que conferem 25 direitos de voto cada uma.

A Altice USA tem perdido valor de forma significativa na bolsa nos últimos anos. Desde o início do ano, a subsidiária norte-americana da Altice já desvalorizou mais de 20% em bolsa, mas as suas ações acumulam perdas superiores a 90% desde o final de 2020.

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Meo multada em 1,4 milhões por dificultar saída de clientes

O regulador das comunicações acusa a operadora da Altice de ter dificultado a vida aos clientes que pretendiam cessar os respetivos contratos, levando mesmo à desistência. Empresa já recorreu.

A Meo foi multada em 1,4 milhões de euros pela Anacom, no âmbito de um processo em que o regulador a acusa de ter colocado “entraves injustificados e não permitidos” aos assinantes que pretendiam cessar os respetivos contratos.

Em alguns casos, essas barreiras levaram os clientes a desistirem de abandonar a operadora, afirma o regulador das comunicações num comunicado divulgado esta quinta-feira. Ainda segundo a Anacom, a Meo já recorreu da decisão.

Já no ano passado, em abril, a mesma autoridade multou a Meo por motivos muito semelhantes, considerando que a operadora dificultou a cessação dos contratos quando a iniciativa partiu do cliente. A coima anunciada na altura foi de 2,5 milhões de euros.

Nesta nova decisão, a Anacom refere que “estão, sobretudo, em causa situações em que a Meo sujeitou a apresentação de pedidos de cessação contratual por iniciativa dos clientes à prévia receção de uma chamada proveniente da linha de retenção, sem a qual os clientes não podiam iniciar o processo de cessação do contrato”.

Além disso, o regulador diz que a Meo “não indicou, nos documentos de confirmação da denúncia do contrato, informação concreta sobre os encargos decorrentes da cessação do contrato, designadamente sobre os custos em que os clientes incorreriam caso não devolvessem os equipamentos alugados”.

Há também casos em que “foi prestada informação incorreta quanto à obrigação de pagamento de encargos pela cessação antecipada do contrato, por não existir em curso qualquer período de fidelização”, refere o regulador na mesma nota.

Não é tudo. A Anacom diz ainda que, noutras situações, a operadora pediu aos clientes elementos que “eram desnecessários” ao processo — uma prática ilegal — ou que não confirmou, no prazo legal, “várias denúncias e pedidos de resolução dos contratos apresentados pelos clientes”.

“Tais condutas colocaram entraves injustificados e não permitidos nos procedimentos de cessação dos contratos por iniciativa dos assinantes, o que dificultou, atrasou ou levou à desistência de processos de alteração de prestador de serviços, obstando, dessa forma, ao desenvolvimento da concorrência no mercado das comunicações eletrónicas”.

“Os comportamentos adotados pela empresa são especialmente gravosos por resultarem no incumprimento de uma ordem legítima da Anacom que lhe foi regularmente comunicada, colocando em causa a própria regulação do mercado em que opera”, acrescenta o regulador presidido por Sandra Maximiano, que promete manter especial atenção às matérias relacionadas com a contratação à distância e a cessação de contratos por iniciativa dos clientes. “Um dos temas mais reclamados no setor”, nota.

Segundo a autoridade das comunicações, a operadora do grupo Altice já apresentou recurso de impugnação judicial contra a decisão da Anacom junto do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão”.

(Notícia atualizada pela ultima vez às 13h09)

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Altice Labs continuará a pesar nas contas do grupo em 2025

Empresa prevê quebra de um terço nas receitas e de 44% no resultado operacional do polo de inovação de Aveiro, que continuará a condicionar as contas da Altice Portugal ao longo do próximo ano.

Instalações da Altice Labs em Aveiro, o polo de investigação e desenvolvimento do grupo Altice

Outrora um catalisador para as contas do grupo, a Altice Labs deverá fechar este ano com menos um terço das receitas registadas no ano passado e uma quebra superior a 44% no resultado operacional. Desempenho continuará condicionado ao longo do próximo ano, de acordo com previsões avançadas pela Altice International.

Os resultados da Altice Portugal no segundo trimestre já tinham sido penalizados por um desempenho mais fraco do polo de inovação da Altice em Aveiro, do qual 85% do volume de negócios no verão de 2023 correspondia a exportações.

Esse impacto negativo continuou ao longo do terceiro trimestre, com a Altice Portugal a revelar, nos resultados trimestrais divulgados esta quarta-feira, que o segmento dos Serviços Empresariais sofreu uma contração de 2,4% no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Por que arrefece a Altice Labs, antiga PT Inovação, que chegou a ser considerada a joia da coroa do grupo? Por vários motivos, desde a conjuntura económica mais desfavorável até à instabilidade no Médio Oriente (a Altice International tem operações em Israel), passando pelo próprio ciclo natural de investimento em alguns dos principais mercados, que já não estão a instalar fibra ao ritmo de antes — entre eles, o grande mercado dos EUA, através da Altice US, e França, onde a Altice detém a operadora SFR.

Num comunicado com os resultados, a Altice Portugal resumiu tudo isto com uma “diminuição de vendas de equipamentos e hardware para outras geografias por parte da Altice Labs”. O impacto é notável. Sem contar com este ramo da empresa, em vez de uma queda de 2,4%, as receitas empresariais teriam crescido 5,8% no trimestre mais recente. E já no segundo trimestre esta rubrica tinha afundado mais de 16%, contabilizando o impacto da Altice Labs.

Após a apresentação dos resultados da Altice International esta quarta-feira, os investidores quiseram saber se este impacto negativo vai continuar. A resposta dada por altos responsáveis do grupo que detém a Altice Portugal não foi muito animadora.

Segundo foi explicado, a Altice Labs, que registou receitas da ordem dos 300 milhões de euros no ano passado, deverá fechar este ano nos 200 milhões, uma quebra de cerca de um terço. Em simultâneo, o EBITDA, que corresponde ao lucro, antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, deverá descer para 50 milhões de euros este ano, caindo mais de 44% face aos 90 milhões registados em 2023.

As más notícias não irão ficar por aqui, acreditam os gestores da Altice International, que, em resposta a um analista, assumiram que a Altice Labs irá continuar a pesar nas contas da multinacional ao longo do próximo ano.

Por outras palavras, os 200 milhões de euros em receitas que se espera que a Altice Labs vá gerar este ano, e que abrangem também as vendas a outras empresas do próprio grupo, deverão encolher ainda mais no ano que vem.

A estratégia da Altice, agora, passa por procurar novos clientes. Até lá, pelo menos no curto prazo, Aveiro deverá continuar a ser um travão para Picoas.

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Altice estuda “várias opções” para monetizar redes, data center e imobiliário em Portugal

O grupo confirmou que continua a explorar possíveis negócios envolvendo os ativos portugueses, tais como as redes de fibra e de cobre, o centro de dados da Covilhã e o seu vasto património.

A Altice International continua a “explorar várias opções” para monetizar os ativos da Altice Portugal, incluindo infraestrutura e imobiliário, à medida que participa nos esforços de redução do endividamento do grupo.

Numa chamada telefónica com investidores, no dia em que a Altice International apresentou as contas do terceiro trimestre, altos responsáveis da empresa assumiram que potenciais transações com ativos em Portugal continuam sob avaliação, três meses depois de ter sido afastada a hipótese da venda da totalidade da operação portuguesa.

Um dos principais ativos que foram destacados foi a posição de controlo (50,01%) na FastFiber, que detém a rede de fibra ótica usada pelo Meo, e da qual a Morgan Stanley Infrastructure Partners detém os restantes 49,99%.

Mas não foi o único. Gerrit Jan Bakker, responsável financeiro do grupo, referiu-se também à antiga rede de cabo do Meo, a centros de dados (a Altice é dona do centro de dados da Covilhã) e o vasto património imobiliário que herdou como legado da Portugal Telecom.

Além do Edifício Picoas em Lisboa, com 60 mil metros quadrados de área útil, a subsidiária portuguesa da Altice detém seis outros ativos imobiliários com mais de dez mil metros quadrados e outra dezena de instalações de menor dimensão, com área útil entre três mil e dez mil metros quadrados.

Estes dados fazem parte de uma apresentação sobre a Altice Portugal aos investidores, à qual o ECO teve acesso, e que circulou no ano passado, numa altura em que o dono da Altice, o multimilionário Patrick Drahi, desencadeou um processo para tentar vender o negócio em Portugal. O documento ficou celebremente conhecido como “Project Recital”.

Como noticiou o ECO em julho deste ano, a transação esteve em vias de avançar com a operadora estatal saudita STC, mas as negociações caíram por terra, por não ter sido possível alcançar um acordo sobre o preço final. Acabaria por desistir da venda pouco depois.

A Altice International é o ramo menos endividado de um grupo multinacional que acumula um passivo de dezenas de milhões de euros. No final do terceiro trimestre, a Altice International, que comanda a Altice Portugal, tinha uma dívida líquida de 8,58 mil milhões de euros, correspondendo a um rácio de dívida face ao EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 5,3x.

Esta quarta-feira, os responsáveis da companhia insistiram que a meta é reduzir esta métrica para um valor entre 4x e 4,5x, mas admitiram que este objetivo não é fixo. Se as perspetivas do negócio se alterarem, esta meta pode vir a ser revista.

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“É preciso tornar a Europa grande outra vez”, alerta CEO da Altice Portugal

Ana Figueiredo aludiu ao famoso slogan de Donald Trump para defender que a Europa vai ter de fazer pela vida se não quiser ficar para trás face aos EUA e à China, mas também ao Médio Oriente.

A presidente executiva da Altice Portugal alertou esta sexta-feira que a Europa está “atrasada” nas metas da transição digital para 2030 e afirmou que é preciso “tornar a Europa grande outra vez”, numa referência ao popular slogan de campanha de Donald Trump, reeleito esta semana como presidente dos EUA.

Numa intervenção na conferência da associação de operadores Connect Europe (antiga ETNO), que a Altice Portugal organiza em Lisboa, Ana Figueiredo considerou que o continente europeu arrisca “ficar atrás dos EUA e da China”, mas também de outros países e geografias, como o Médio Oriente, aludindo ao recente relatório apresentado por Mario Draghi sobre a competitividade da União Europeia.

A gestora disse que os problemas estão “diagnosticados”, mas a dificuldade é agir. O setor das comunicações eletrónicas pode desempenhar um papel relevante, porém, a sua sustentabilidade financeira está sob ameaçada, entre outros motivos, pelo enquadramento regulatório existente. “Somos uma indústria fortemente regulada e temos de ter um enquadramento que incentive e promova a inovação”, defendeu.

Temos dificuldades neste momento a investir no 6G. Se eu falo de 6G ao meu investidor, perco a atenção dele no minuto seguinte.

Ana Figueiredo

CEO da Altice Portugal

“Nem tudo é sobre o preço”

Há muito que as operadoras já estabelecidas em Portugal se queixam da decisão da Anacom, o regulador nacional das comunicações, de criar condições à entrada de mais uma empresa no mercado com redes próprias. Cerca de três anos depois de o fazer através do leilão de frequências do 5G, o país recebeu esta semana, por fim, uma nova marca de telecomunicações, a Digi, originária da Roménia, que pretende diferenciar-se das concorrentes pelo preço e flexibilidade contratual.

A líder da Altice Portugal não se referiu diretamente à Digi, mas salientou que “nem tudo é sobre o preço”. “É sobre qualidade e inovação. É desempenhar um papel no que está para vir”, acrescentou. No início da semana, também um administrador da Nos, Manuel Ramalho Eanes, disse não ver “inovação” por parte da Digi nos mercados em que a empresa opera (Roménia. Espanha e Itália).

Segundo Ana Figueiredo, os investimentos na Europa arriscam não compensar os acionistas com retornos, pelo que é cada vez mais difícil justificar a alocação de capital para este fim: “Somos uma indústria de capital intensivo e continuamos a investir. A minha preocupação é como é que vamos encarar estas questões, como é que vamos continuar a investir, e a convencer os nossos acionistas a continuarem a investir”.

Em agosto deste ano, a Altice Portugal revelou que investiu 194 milhões de euros nos seis meses até junho, uma diminuição de 19% face ao mesmo período de 2023.

“Se tivermos capacidade de atrair a atenção de investidores, claro que vamos continuar a guiar o investimento para promover a inovação. É mais uma questão de tornar esta indústria muito mais atrativa. Temos dificuldades neste momento a investir no 6G. Se eu falo de 6G ao meu investidor, perco a atenção dele no minuto seguinte”, sinalizou.

O investimento privado das operadoras tem permitido alcançar bons níveis de cobertura de rede 5G, numa altura em que já todos os concelhos têm, pelo menos, uma antena de rede móvel de quinta geração. Por isso, para a gestora, o país até compara bem ao nível da infraestrutura, mas compara mal nas competências digitais.

“Não é só infraestrutura, são também as competências. Competências digitais, básicas mas também avançadas, para impulsionar a economia digital”, apelou Ana Figueiredo, para quem “nunca é tarde demais para acordar” para estas questões.

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Drahi oferece até 15% da Altice France aos credores em troca de um corte na dívida

O dono da Altice apresentou uma "proposta informal" aos credores com dívida garantida, trocando uma participação na empresa por um perdão de dívida, sem perder o controlo sobre a mesma.

A Altice France propôs aos credores com dívida garantida uma participação entre 10 e 15% na empresa, pedindo em troca um perdão de dívida equivalente. A “proposta informal”, noticiada na quinta-feira pela Bloomberg, também prevê a extensão das maturidades e redução dos juros da dívida existente.

A subsidiária francesa da Altice vê-se a braços com uma dívida de 24,4 mil milhões de euros e um rácio dívida/EBITDA de 6,7x, que pretende baixar para menos de 4x. Nos termos agora apresentados aos credores, Patrick Drahi, o dono do grupo, continuaria aos comandos sem ter de injetar dinheiro fresco.

Segundo a agência financeira, esta proposta visa lançar as bases para o eventual início de negociações confidenciais com os credores, caso estes aceitem.

Estes, por sua vez, já tinham apresentado uma proposta que previa que Drahi, potencialmente, perdesse o controlo da companhia. Contactados pela Bloomberg, nem a Altice nem o grupo de credores quiseram fazer comentários.

Foi em março que a Altice France surpreendeu os investidores ao sugerir que os obrigacionistas também terão de participar no esforço de redução do endividamento da empresa. Desde então, os principais bancos centrais já inverteram o ciclo de subida de juros e o sentimento é agora mais positivo, explica a agência noticiosa.

A Altice France é um dos três ramos do grupo Altice e detém a operadora SFR no mercado francês. A Altice International, outra das subsidiárias, detém a Altice Portugal, que controla a Meo, mas opera de forma independente da operação francesa. A Altice está ainda presente no mercado norte-americano através da Altice USA.

Nos últimos meses, a venda da Altice Portugal esteve em cima da mesa, mas as negociações com a operadora estatal saudita STC caíram por terra. A 29 de agosto, a administração da Altice International afastou a possibilidade de uma venda “envolvendo o perímetro total da Altice Portugal”, sem descartar, no entanto, a possibilidade de novas vendas de ativos isolados.

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Venda total da Altice Portugal fora do horizonte do grupo

A Altice International disse esta quinta-feira aos investidores que não se prevê neste momento, "no curto prazo, qualquer transação envolvendo o perímetro total da Altice Portugal".

A administração da Altice International disse esta quinta-feira aos investidores para não esperarem uma venda da totalidade da Altice Portugal no “curto prazo”. Por ora, a empresa está a explorar formas de monetizar alguns dos ativos que tem no país, mas não tem nenhum perímetro definido nem qualquer transação para anunciar de momento.

“Neste momento, não prevemos no curto prazo qualquer transação envolvendo o perímetro total da Altice Portugal. Estamos a continuar a explorar várias opções envolvendo o valor significativo de infraestruturas que existe na Altice Portugal e, se e quando houver razão para o fazer, outros anúncios serão feitos ao mercado”, disse um alto responsável da empresa durante a conferência de apresentação de resultados trimestrais aos obrigacionistas.

Durante a apresentação não foram dados muitos mais detalhes sobre o futuro da operação portuguesa, que, apesar de manter crescimentos orgânicos nos principais negócios, sofreu no segundo trimestre uma quebra nas receitas devido ao arrefecimento do negócio exportador da Altice Labs em Aveiro. No entanto, questionado sobre os planos para o mercado português, Malo Corbin, CFO da Altice International, lembrou que a Altice Portugal detém vários ativos que têm despertado o interesse de potenciais investidores.

“A PT [Altice Portugal, dona da operadora Meo] é incumbente em Portugal, por isso é muito rica em termos de ativos e infraestrutura. Monetizámos já alguns deles no passado, mas ainda existem muitos ativos de grande valor dentro de Portugal”, disse Malo Corbin. Nesse sentido, a Altice “tem visto algum apetite por alguns deles”, pelo que é nisso que se está a focar agora, acrescentou o gestor.

No ano passado, a Altice esteve perto de fechar a venda do centro de dados da Covilhã, um dos maiores do mundo, ao fundo Horizon Equity Partners, numa transação que poderia rondar os 200 milhões de euros. Mas o negócio foi interrompido pelo eclodir da Operação Picoas, que investiga como pessoas próximas da Altice, incluindo o cofundador Armando Pereira, terão lesado o grupo e o Estado com negócios a favor do seu interesse próprio, não tendo sido retomado.

Além da própria Altice Labs, a Altice Portugal é ainda dona de 50,01% da empresa de fibra ótica FastFiber, cuja restante fatia é controlada pelo fundo Morgan Stanley Infrastructure Partners, ao qual a Altice pagou no segundo trimestre 43 milhões de euros em dividendos, segundo foi revelado. A Altice Portugal tem ainda vários ativos imobiliários e uma empresa de construção de redes de fibra ótica chamada Geodesia.

A possibilidade de vender a Altice Portugal foi explorada pelo dono do grupo, Patrick Drahi, no rescaldo da Operação Picoas no ano passado. A operação esteve a ser trabalhada até muito recentemente e chegou a ter uma shortlist com três interessados, nomeadamente o grupo Iliad do francês Xavier Niel, um consórcio composto pelos fundos Warburg Pincus e Zeno Partners (com o envolvimento do português António Horta Osório) e a operadora estatal saudita STC.

A 5 de julho, porém, o ECO noticiou em primeira mão que os sauditas da STC, também conhecida por Saudi Telecom, se desentenderam com Drahi em torno do preço a pagar pela Altice Portugal, levando o potencial negócio a cair por terra.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h47)

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Altice Labs arrefece e faz cair receitas da Altice Portugal

Conjuntura externa menos favorável está a prejudicar o desempenho do polo de inovação de Aveiro, provocando quebras nas receitas da Altice Portugal que, nos serviços empresariais, superou os 16%.

A conjuntura económica menos favorável está a arrefecer o negócio exportador da Altice Labs, prejudicando os resultados financeiros da Altice Portugal. Na primeira metade do ano, a empresa que detém a operadora Meo registou receitas de 1.409 milhões de euros, o que representa uma queda marginal de 0,57% face ao mesmo semestre de 2023.

O polo exportador da Altice em Aveiro, que já foi chamado de PT Inovação e que no passado recente representou um acelerador do crescimento da Altice Portugal, tem estado a assistir a uma quebra nas vendas, fruto do menor apetite dos compradores estrangeiros, contribuindo para uma descida de mais de 16% das receitas no segmento empresarial.

“A performance financeira da Altice Labs continua impactada pelo decréscimo de vendas de hardware e serviços para outras geografias”, admite a Altice Portugal esta quinta-feira, num comunicado com os resultados em que, pela primeira vez, discrimina quanto teria sido o crescimento das várias rubricas financeiras excluindo o impacto da operação aveirense.

E que impacto foi esse? No semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, as receitas da Altice Portugal, como referido, estagnaram, apresentando mesmo uma diminuição marginal de 0,57%, segundo contas do ECO. Mesmo assim, o lucro antes de impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) aumentou 2,35%, para 511 milhões de euros.

Analisando apenas o segundo trimestre, de abril a junho, as receitas da Altice caíram 1,74%, para 705 milhões de euros, enquanto o EBITDA recuou 0,9%, para 252 milhões de euros, segundo a Altice Portugal.

A performance financeira da Altice Labs continua impactada pelo decréscimo de vendas de hardware e serviços para outras geografias.

Altice Portugal

O grupo não esconde estas quebras nas receitas, mas conta uma história diferente. Se se excluir o impacto da Altice Labs, a receita trimestral teria subido 4,7%, e o EBITDA teria aumentado 4%, calcula a Altice. A empresa diz mesmo que este trimestre evidenciou “crescimento nos principais indicadores operacionais, quer face ao trimestre anterior, quer face ao período homólogo”.

“A empresa reforçou a posição de mercado e continuou a expandir a base de clientes únicos, a crescer o total de RGUs telco [unidades geradoras de receita nas telecomunicações, vulgo clientes], mantendo a angariação aliada a níveis recorde de desligamentos”, ressalva a empresa liderada por Ana Figueiredo. “A base total de RGUs e Clientes Únicos continuou a crescer, fixando-se em 14 milhões e 1,7 milhões, respetivamente”, acrescenta.

Observando apenas o segmento consumo, a receita trimestral cresceu 3,6%, para 348 milhões de euros. A operadora conseguiu aumentar as receitas de serviço em 3,1%, com mais clientes e um aumento da receita média gerada por cada um deles. O total de serviços fixos aumentou 2%, a base de clientes móveis pós-pago aumentou 1,3%, superando a marca dos cinco milhões, e os clientes do serviço de televisão subiram 2,9%.

Enquanto isso, as receitas do segmento empresarial fixaram-se em 320 milhões de euros, uma queda de mais de 16%, segundo cálculos do ECO com base nos dados reportados no ano passado, mas que a Altice Portugal diz representar um crescimento de 5,8% “excluindo a Altice Labs”.

A empresa também não está a investir ao mesmo ritmo que antes, depois de ter coberto a esmagadora maioria do país com fibra ótica e dos investimentos mais pesados que teve de fazer na construção da rede 5G. Segundo os cálculos do ECO, o investimento (capex) reportado pela Altice Labs para o conjunto dos seis meses até junho foi de 194 milhões de euros, uma diminuição de 19% face ao mesmo período de 2023.

Se se tiver em conta apenas o investimento realizado no trimestre, de 95 milhões de euros, a redução face ao período homólogo chegou mesmo a superar os 26%.

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Posição de Drahi na British Telecom acumula perdas de 1,16 mil milhões

A posição na British Telecom (BT) que o dono da Altice vai vender a uma empresa indiana já desvalorizou o equivalente a 1,16 mil milhões de euros, contabilizou a Bloomberg.

A posição de 24,5% da British Telecom (BT) que Patrick Drahi acordou vender a uma empresa indiana acumula perdas de 990,9 milhões de libras, o equivalente a 1,16 mil milhões de euros, segundo contas feitas pela Bloomberg.

A agência mergulhou nas informações regulatórias da Altice UK e apurou que esta controla 2,44 mil milhões de ações da BT, títulos que foi adquirindo no mercado entre junho de 2021 e maio de 2023, e que agora irá vender.

Estas ações valiam 3,18 mil milhões de libras com base na cotação de fecho de sexta-feira, mas terão custado à empresa de Drahi 4,17 mil milhões de libras, com base nos preços a que a BT negociava no momento de cada operação entre 2021 e 2023.

Assim, feitas as contas, a posição que Drahi construiu no capital da empresa britânica desvalorizou 990,9 milhões de libras até ao final da semana passada, um sinal de que a venda à Bharti Enterprises agora anunciada poderá implicar prejuízos para o homem que também é dono da Altice Portugal.

Queda das ações da BT desde junho de 2021:

Fonte: Refinitiv

Segundo a Bloomberg, este cálculo tem em conta apenas a desvalorização das ações. Isto é, não contabiliza os dividendos de 23,4 pence por ação pagos desde que Drahi investiu na BT e que, de acordo com a agência, contrabalançam, ainda que só uma parte, da queda em valor.

Esta segunda-feira soube-se que a Bharti, dona da Airtel, a segunda maior operadora móvel da Índia, presente em 17 mercados no sul asiático e continente africano, irá comprar 9,99% da BT numa fase inicial e os restantes 14,51% após obter autorização dos reguladores. Em reação, as ações da BT estão esta segunda-feira a subir 7,24% na bolsa de Londres, para 139,95 pence.

A empresa anunciou também que não pretende adquirir a totalidade da BT nem procura obter um assento no Conselho de Administração.

A saída do capital da BT é mais uma venda por parte de uma empresa controlada por Patrick Drahi, numa altura em que o multimilionário franco-israelita está sob pressão para reduzir a avultada dívida da Altice. Os centros de dados em França, os ativos de media nesse mercado e a plataforma de publicidade digital Teads são apenas alguns dos ativos vendidos por Drahi nos últimos meses.

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Altice vende empresa de publicidade digital Teads em negócio de mil milhões de dólares

Patrick Drahi aceitou fundir a sua plataforma de publicidade digital com a norte-americana Outbrain, recebendo 725 milhões de dólares à cabeça, mas ficando com 42% da nova empresa.

A Altice International, dona da Altice Portugal, assinou um acordo para vender a empresa de publicidade digital Teads à norte-americana Outbrain, numa operação que totaliza mil milhões de dólares (cerca de 916 milhões de euros). O negócio é feito numa altura em que o dono da Altice, Patrick Drahi, está sob pressão para reduzir a montanha de dívida do grupo.

Nos termos deste acordo, anunciado no passado dia 1 de agosto, a Teads vai fundir-se com a Outbrain, criando “uma das maiores plataformas abertas de publicidade na internet”, com presença em mais de 50 mercados e um EBITDA combinado entre 180-190 milhões este ano, disse a empresa num comunicado.

A Outbrain vai pagar à Altice, à cabeça, 725 milhões de dólares, e outros 25 milhões de dólares no futuro. A Altice recebe ainda 35 milhões de ações comuns da Outbrain, avaliadas em 170 milhões de dólares ao preço de fecho do dia 31 de julho, mais 105 milhões de dólares num instrumento financeiro que paga dividendos e que pode ser convertido em ações.

Assim, a Altice ficará dona de 42% da nova empresa, mas a sua posição poderá aumentar até 47% após a conversão desse instrumento. A Altice indicou esperar que esta transação fique concluída no primeiro trimestre do ano que vem, estando ainda sujeita à aprovação regulatória e dos acionistas da Outbrain.

O grupo controlado por Patrick Drahi comprou a Teads em 2017 num negócio avaliado em 285 milhões de euros, sujeito ao cumprimento de metas de receita. A empresa, fundada em 2011, é especializada em anúncios de vídeo que são reproduzidos automaticamente à medida que os utilizadores descem numa página na internet.

A Outbrain, por sua vez, fornece recomendações e vários tipos de conteúdos no final de artigos na internet. Após a finalização desta fusão, o CEO da Outbrain, David Kostman, irá liderar a nova empresa, enquanto os co-CEO da Teads, Bertrand Quesada e Jeremy Arditi, serão co-presidentes.

Para a Altice, este negócio é mais uma necessidade do que uma decisão estratégica. À Bloomberg, Alexis Sebah, portfolio manager da gestora de ativos Edmond de Rothschild, comentou que a avaliação da Teds fica aquém das expectativas, “mas fechar um negócio era essencial” para o grupo. Patrick Drahi tem estado a vender ativos em vários mercados e ainda este ano também esteve perto de vender a Altice Portugal, dona da Meo.

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