EDP dispara 5% com elétricas europeias a serem encaradas como abrigo face às tarifas de Trump

Elétricas europeias são vistas como porto seguro face ao impacto negativo das tarifas anunciadas pelo presidente americano. Índice das 'utilities' avança 2% para máximos de 2008.

As ações da EDP EDP 0,00% disparam 5% esta quinta-feira e lideram as subidas no setor das utilities na Europa, visto como um abrigo defensivo numa altura em que as tarifas aduaneiras anunciadas por Donald Trump deverão provocar uma travagem económica.

Às 12h39 os títulos da EDP avançavam 4,60% para 3,286 euros cada, tendo chegado a negociar nos 3,30 euros. O índice setorial Stoxx 600 Europe Utilities avança 2% para máximos de setembro de 2008. A tendência vai em sentido contrário à geral dos mercados acionistas europeus, que seguem pressionados pelo anúncio do presidente americano de uma tarifa base de 10% para todas as importantes e tarifas recíprocas para vários países, incluindo 20% para os da União Europeia. O índice Stoxx Europe 500 desce 2,12%, com várias praças europeias a caírem entre 1% e 2%.

A EDP Renováveis, subsidiária da EDP para as energias ‘limpas’, sobe 5% para 8,14 euros, ajudando também o índice PSI a negociar no ‘verde’, com um ganho de 0,16%.

Os analistas do banco de investimento Morgan Stanley vêm as utilities europeias a continuarem a superar o mercado, à luz das tarifas. “Embora esta possa ser uma ‘vitória de Pirro’ em desempenho relativo (em vez de absoluto), esperamos, no entanto, que a mudança contínua para as defensivas beneficie as utilities“, referiram, numa nota citada pela Reuters.

 

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BCP já vale mais do que EDP Renováveis e passa a 4.ª maior cotada em Lisboa

Banco liderado por Miguel Maya acumula uma valorização de 25% este ano, e já vale mais 8,3 mil milhões de euros, tornando-se na quarta maior cotada na bolsa de Lisboa, à frente da EDP Renováveis.

O BCP BCP 0,00% já vale mais do que a EDP Renováveis na bolsa, tendo-se tornado na quarta maior cotada em Lisboa, com o banco liderado por Miguel Maya a apresentar um valor de mercado acima dos 8,34 mil milhões de euros.

Esta terça-feira, as ações do BCP voltaram a disparar à boleia de notas de research positivas do Deutsche Bank e do JPMorgan Chase. Os títulos avançaram 3,8% para 0,5728 euros, liderando os ganhos no PSI. O banco está a cotar em máximos desde março de 2016.

EDP Renováveis EDPR 0,00% caiu 0,94% para 7,905 euros, apresentando-se com uma capitalização de mercado nos 8,31 mil milhões de euros, menos 200 milhões de euros que o BCP.

Esta evolução reflete o sentimento geral dos investidores em relação às diferentes perspetivas que BCP e EDP Renováveis enfrentam atualmente.

A beneficiar de um ambiente de taxas de juro altas, o BCP acumula um ganho de 23% desde o início do ano e tem colecionado notas de research positivas umas atrás das outras. Deutsche Bank e JPMorgan acabaram de subir o preço alvo do título. No caso do banco americano, reviu o price target dos 0,60 euros por ação para os 0,65 euros, apontando para um potencial de valorização de 16% até final do ano.

Cita, entre outros fatores, “as perspetivas de crescimento atrativas” das economias de Portugal e Polónia, o que permitirá ao BCP conquistar mais quota de mercado no setor empresarial perante o alívio das taxas de juro.

Lembra ainda que o banco deverá atingir lucros anuais na ordem dos mil milhões de euros e que pretende distribuir pelos acionistas 75% dos resultados nos próximos anos, tal como anunciou no plano estratégico. Isto “traduz-se numa dividend yield atrativa de cerca de 11%”, explica a analista Sofie Petersens na nota a que o ECO teve acesso.

Em sentido contrário, a EDP Renováveis já perde 21% este ano — — em cima das perdas de 45,8% no ano passado — e transaciona em mínimos de 2019. A eleição de Trump nos EUA em novembro do ano passado colocou 0 título numa rota altamente depressiva, reação que a empresa considera “exagerada”. Recentemente viu a Exane BNP Paribas e Barclays cortarem o preço alvo para menos de 10 euros. Esta terça-feira o Morgan Stanley também reviu em baixa o price target dos 12 para os 10 euros.

Neste momento, a casa-mãe EDP mantém-se como a cotada mais valiosa em Lisboa, com um market cap de perto dos 13 mil milhões. Tem resistido às perdas, somando 0,4% desde o início do ano.

Seguem-se Jerónimo Martins e Galp, com valorizações bolsistas de 12,15 mil milhões de euros e 11,73 mil milhões, respetivamente. A retalhista soma mais de 6% este ano, acompanhando os ganhos de 7% do PSI, enquanto a petrolífera cede terreno.

BCP avança

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

(Notícia atualizada às 17h08 com cotações de fecho)

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EDP vai rever plano de negócios até 2030, diz Stilwell de Andrade

Stilwell disse que a EDP está a rever o plano de negócios para analisar resultados das decisões de Trump, mas confia que maioria do investimento até 2026 irá avançar. Ações continuam a afundar.

A EDP EDP 0,00% acredita que os seus projetos onshore nos Estados Unidos não serão afetados pelas decisões de Donald Trump sobre energia eólica, afirmou esta quarta-feira o CEO da elétrica à Reuters, mas a empresa vai nos próximos meses rever o plano de negócios até ao final da década e as expectativas de crescimento.

“Nos próximos meses, vamos voltar ao mercado e apresentar números revistos para o próximo período até 2030. Isto não significa que daremos orientações até 2030, mas estamos obviamente a analisar as nossas expectativas de crescimento para os próximos anos”, afirmou Miguel Stilwell de Andrade, à margem do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suiça.

Stilwell disse que a EDP está a rever o plano de negócios, em termos investimento, para analisar os resultados das decisões da administração Trump, ordens executivas e outros fatores.

“Estamos provavelmente a falar de 2 a 3 mil milhões de dólares nos próximos dois anos até 2026… mas eu diria que na maior parte disso vamos avançar de qualquer forma, porque parece estar em áreas que não são afetadas por estas ordens executivas”, acrescentou.

Stilwell disse que a EDP está a rever o seu plano de negócios, em termos do seu programa de despesas de capital, para analisar os resultados das decisões da administração Trump, ordens executivas e outros fatores.

A maioria dos investimentos da EDP nos EUA está focada na energia solar e no armazenamento de baterias, nos quais existem muitas oportunidades de crescimento, disse Stilwell.

As ações do grupo têm estado a cair esta semana, com as da ‘casa mãe’ EDP a recuarem 3,55% esta quarta-feira para 3,146 euros cada, acumulando perdas de 5,71% em três sessões. As da EDP Renováveis tombaram 4,81% para 8,82 euros na sessão, acumulando uma descida de 7,83% esta semana.

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As cotadas portuguesas mais afetadas pelas políticas de Trump

As políticas protecionistas de Trump e as mais que esperadas alterações ao “Inflation Reduction Act” colocam empresas do PSI sob tensão, particularmente a família EDP e a Corticeira Amorim.

As políticas protecionistas e imprevisíveis de Donald Trump, que regressou esta segunda-feira à Casa Branca, estão a gerar preocupações entre as principais empresas portuguesas cotadas no índice PSI da Euronext Lisboa com forte exposição ao mercado norte-americano.

EDP EDP 0,00% , EDP Renováveis EDPR 0,00% e Corticeira Amorim COR 0,00% destacam-se como as mais vulneráveis às medidas anunciadas pela nova administração Trump, que prometeu impor tarifas de 10% sobre todas as importações e reverter incentivos às energias renováveis.

A EDP e a sua subsidiária EDP Renováveis são, de longe, as empresas do PSI mais expostas ao mercado norte-americano e, consequentemente, as que enfrentam maiores desafios com o regresso de Trump ao poder. E isso é bem visível no comportamento recente das ações das duas empresas, que entre 4 de novembro, um dia antes das eleições presidenciais dos EUA, e segunda-feira acumulam perdas de 14% (EDP) e de 26% (EDP Renováveis), enquanto o PSI registou uma queda marginal de 0,02% no mesmo período.

A política “America First” de Trump e a ameaça de impor tarifas de 10% sobre todas as importações podem encarecer significativamente os equipamentos e componentes que a EDP Renováveis importa para os seus parques eólicos e solares nos EUA.

Segundo o plano estratégico 2023-2026 da EDP, a empresa pretende investir cerca de 8,5 mil milhões de euros no mercado norte-americano até 2026, o que representa mais de um terço do seu investimento global previsto de 25 mil milhões de euros para o período. Já a EDP Renováveis tem mais de metade da sua capacidade instalada (51%) localizada nos EUA, de acordo com o relatório e contas de 2023.

O CEO da EDP e da EDP Renováveis, Miguel Stilwell, tem motivos para estar apreensivo. As promessas de Trump de reverter incentivos às energias renováveis e reforçar o apoio aos combustíveis fósseis ameaçam diretamente o ambicioso plano de expansão da EDP e da EDP Renováveis nos EUA.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A nova administração já sinalizou a intenção de cancelar o Inflation Reduction Act (IRA), aprovado por Joe Biden, que, entre outros, prevê mais de meio bilião de dólares em incentivos para projetos de energia limpa, hidrogénio e tecnologias renováveis. A concretizar-se esta promessa, seria um duro golpe para a EDP Renováveis, que contava com estes apoios para expandir a sua presença no mercado norte-americano.

Com a Casa Branca e o Congresso controlados pelos republicanos, o futuro do IRA é incerto. A escassez de maiorias no Senado e na Câmara dos Representantes pode representar um desafio para os legisladores republicanos na criação de uma coligação para a revogação total da IRA, uma vez que os incentivos da IRA beneficiaram os eleitores republicanos.

“No entanto, o IRA continua a ser vulnerável, uma vez que não são necessárias coligações no Congresso para ações executivas que ponham em causa a aplicação do IRA”, referem Riki Fujii-Rajani e Sanjay Patnaik, investigadores do Instituto de Brooking, num artigo publicado recentemente.

Além disso, a política “America First” de Trump e a ameaça de impor tarifas de 10% sobre todas as importações podem encarecer significativamente os equipamentos e componentes que a EDP Renováveis importa para os seus parques eólicos e solares nos EUA.

Donald Trump toma posse como 47.º presidente dos EUA esta segunda-feira, esperando-se que logo nas primeiras horas do seu mandato assine cerca de 200 ordens executivas.Lusa

Rolhas e papel também estão sob pressão

A Corticeira Amorim é outra empresa do PSI com uma exposição significativa ao mercado norte-americano que poderá ser afetada pelas políticas de Trump. Desde 4 de novembro, a cotação das ações da Corticeira Amorim resvalaram 4,6%.

Segundo o último relatório e contas anual, os EUA são o segundo maior destino das vendas da empresa liderada por António Rios de Amorim, com uma quota de mercado de 16,4%, logo após a França.

A ameaça de Trump de impor tarifas de 10% sobre todas as importações poderia encarecer significativamente os produtos da Corticeira Amorim no mercado norte-americano, reduzindo potencialmente a sua competitividade face a alternativas locais. Além disso, a empresa possui uma unidade industrial nos EUA, a Amorim Cork Composites, que poderá ser afetada por eventuais restrições à importação de matérias-primas ou componentes.

A Navigator NVG 0,00% , uma das maiores produtoras mundiais de papel de impressão e escrita, enfrenta também desafios significativos com as políticas protecionistas de Donald Trump. Embora o relatório e contas de 2023 da empresa não especifique a percentagem exata de receitas provenientes dos EUA, as vendas para mercados fora da Europa são cruciais para a Navigator. Em 2023, as flutuações cambiais tiveram um impacto negativo líquido de cerca de 16 milhões de euros no EBITDA da empresa, indicando uma exposição considerável a mercados internacionais, incluindo os EUA.

A situação da Navigator é ainda mais complexa devido ao prolongamento em 2022 do processo anti-dumping que o Departamento de Comércio dos EUA tem em curso contra a empresa. Este processo, que foi estendido por mais cinco anos, pode resultar em tarifas adicionais sobre os produtos da Navigator no mercado norte-americano.

As potenciais tarifas de 10% sobre as importações, propostas por Trump, somadas às possíveis tarifas anti-dumping, poderiam afetar drasticamente a competitividade dos produtos da Navigator nos EUA.

As políticas de Trump têm o potencial de afetar significativamente várias empresas do PSI, seja diretamente através de tarifas e restrições comerciais, seja indiretamente através de mudanças nas dinâmicas globais de mercado.

Efeito de contágio em Portugal

Entre as 15 empresas que compõem atualmente o PSI, destaque ainda para as retalhistas Sonae SON 0,00% e Jerónimo Martins JMT 0,00% que, embora não tenham operações diretas nos EUA, poderão sentir os efeitos indiretos das políticas de Trump de maneiras significativas.

As tarifas sobre importações podem levar a um aumento generalizado dos preços dos produtos importados, afetando as cadeias de abastecimento globais destas retalhistas. Isso pode pressionar as margens das operações empresas, forçando a Sonae e a Jerónimo Martins a procurar fornecedores alternativos ou a repassar os aumentos de custos aos consumidores.

Além disso, as políticas protecionistas de Trump poderiam afetar o poder de compra dos consumidores em mercados onde a Sonae e a Jerónimo Martins operam, especialmente se houver uma desaceleração económica global como resultado de tensões comerciais.

A Galp Energia GALP 0,00% é outra das empresas do PSI que pode ser implicada pelas políticas energéticas de Trump. A promessa de impulsionar a produção de petróleo e gás nos EUA, espelhada num dos slogans da sua campanha “We will drill baby, drill” (“Vamos perfurar, perfurar”, numa tradução livre) que foi repetido uma vez mais na segunda-feira por Trump no discurso de tomada de posse, pode levar a uma maior oferta global do ouro negro, pressionando potencialmente os preços do petróleo.

A confirmar-se esta dinâmica, naturalmente as margens da Galp seriam afetadas, tanto nas suas operações de upstream (exploração e produção) quanto nas de downstream (refinação e distribuição).

Além disso, as políticas de Trump relativamente ao acordo nuclear com o Irão e as sanções a países produtores de petróleo poderiam causar volatilidade nos preços globais do petróleo, afetando a previsibilidade das receitas da Galp.

As políticas de Trump têm o potencial de afetar significativamente várias empresas do PSI, seja diretamente através de tarifas e restrições comerciais, seja indiretamente por mudanças nas dinâmicas globais de mercado. Às empresas portuguesas caberá demonstrarem agilidade e adaptabilidade sobre cada uma das medidas que Trump venha a aprovar.

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Descida dos juros nos EUA beneficia gigantes do PSI e pensões dos portugueses

Com uma forte exposição ao mercado dos EUA, o grupo EDP e o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social são dos grandes beneficiados com o recente corte de 50 pontos base das Fed Funds.

A Reserva Federal dos EUA (Fed) anunciou na quarta-feira um corte de 50 pontos base na taxa dos fundos federais (Fed Funds), reduzindo-a para o intervalo entre 4,75% e 5%. Foi a primeira redução desde 2020 e marca o início de um novo ciclo de política monetária nos EUA.

Esta decisão, que foi conhecida às 14 horas locais (19 horas em Lisboa), teve um efeito imediato nos mercados norte-americanos, com o índice de ações norte-americano S&P 500 a subir 0,7% e fechando na quinta-feira em novos máximos históricos.

Mas tal como sucede com a política norte-americana, também a política monetária promovida pelo Tesouro dos EUA tem efeitos globais. E isso foi espelhado esta quinta-feira também na Europa, com os principais índices a encerrarem o dia com ganhos.

Em Portugal, o corte “jumbo” de 50 pontos da Fed terá também um impacto direto e positivo nas suas contas, particularmente junto das empresas com forte exposição ao mercado norte-americano e ao dólar, como sucede com os dois maiores pesos-pesados do PSI: EDP e EDP Renováveis.

No caso da EDP, que no final do ano passado contava com ativos de 3,7 mil milhões de euros em parques eólicos e solares na América do Norte, o corte da Fed é de grande relevância. Desde logo porque a elétrica nacional tem a intenção de investir cerca de 8,5 mil milhões de euros no mercado norte-americano até 2026, segundo o seu plano estratégico 2023-2026 que engloba um investimento global de 25 mil milhões de euros.

Para a maioria das empresas do PSI, o impacto direto do corte de juros da Fed deverá ser mais limitado, dado que têm uma exposição menor ao mercado norte-americano. No entanto, todas serão impactadas indiretamente pela decisão da Fed.

A EDP Renováveis é outra das empresas do PSI que recebeu com bom agrado o corte das Fed Funds dada a forte exposição do seu negócio ao mercado dos EUA. Segundo o relatório e contas da empresa de 2023, 51% da capacidade instalada no final do ano passado estava localizada nos EUA.

Assim, o corte de juros anunciado por Jerome Powell, presidente da Fed, poderá beneficiar estas empresas de várias formas:

  • Redução dos custos de financiamento para novos projetos de energia renovável nos EUA.
  • Potencial estímulo à economia norte-americana, aumentando a procura de energia no país.
  • A possível desvalorização do dólar face ao euro poderá afetar os resultados quando convertidos para euros (embora ambas as empresas tenham mecanismos de cobertura cambial), com efeito direto também sobre os ativos nesses países.

Desta forma, Miguel Stilwell, CEO da EDP e da EDP Renováveis, terá motivos para sorrir com o corte das Fed Funds. Em 2023, o EBITDA recorrente da EDP superou os 5 mil milhões de euros (crescimento homólogo de 11%) e o resultado líquido recorrente alcançou um recorde de 1,29 mil milhões de euros. Com ventos mais favoráveis a soprarem dos EUA, estes números poderão melhorar ainda mais em 2024.

Investimentos e vendas nos EUA com potencial de escalar

Além do binómio EDP, a Corticeira Amorim é outra das empresas do PSI com forte exposição ao mercado norte-americano. Os EUA são inclusive o segundo maior destino das vendas da empresa liderada por António Rios de Amorim, logo após França, com uma quota de mercado de 16,4%, segundo o relatório e contas de 2023 da empresa.

É também nos EUA que a Corticeira Amorim tem localizado uma das suas duas unidades industriais da Amorim Cork Composites (líder mundial no desenvolvimento de novos materiais compósitos de cortiça) que fabricam produtos para empresas como a NASA, a Mazda e a Siemens — a outra fábrica está localizada em Portugal.

António Rios Amorim e os acionistas da Corticeira Amorim poderão ver no corte da Fed uma oportunidade para recuperar terreno, após um 2023 não tão positivo — em que a empresa recuou da mítica cifra dos mil milhões de euros de faturação –, dado que o corte das taxas de juro poderá beneficiar o negócio de várias formas:

  • Ao baixar o preço do dólar, a Fed concede um estímulo à economia dos EUA, potenciando o consumo, nomeadamente de vinho e, consequentemente, a procura por rolhas de cortiça.
  • A possível desvalorização do dólar, como é previsto pelos analistas do Morgan Stanley que anteveem que a moeda norte-americana possa alcançar a paridade face ao euro nos próximos meses, tornará os produtos da empresa portuguesa mais competitivos no mercado norte-americano.
  • Ao cortar as taxas de juro, o crédito em dólares ficará mais barato, provocando assim uma redução nos custos de financiamento para as operações da empresa nos EUA, onde a empresa contava no final do ano passado com uma unidade industrial e sete joint-ventures.

Destaque ainda para a Navigator, que embora o relatório e contas de 2023 não especifique a percentagem de receitas provenientes dos EUA, menciona que as vendas para mercados fora da Europa são importantes para a empresa e que as flutuações cambiais tiveram um impacto negativo líquido de cerca de 16 milhões de euros no EBITDA da empresa em 2023.

O FEFSS, excluindo o investimento em dívida pública portuguesa, tem uma carteira maioritariamente exposta aos EUA (51,1%), seguida pela Zona Euro (24,2%), Japão (8,0%) e Reino Unido (6,4%). Só em obrigações dos EUA, o fundo tinha 3,31 mil milhões de euros aplicados no final do ano passado.

Para a maioria das empresas do PSI, o impacto direto do corte de juros da Fed deverá ser mais limitado, dado que têm uma exposição menor ao mercado norte-americano.

No entanto, todas serão impactadas indiretamente pela decisão da Fed, desde logo pelo estímulo que o corte do preço do dólar gera na economia dos EUA, nomeadamente no plano do consumo, que em função da dimensão do mercado norte-americano, poderá repercutir-se globalmente através, por exemplo, do aumento da procura pelos produtos e serviços das empresas nacionais.

Efeitos colaterais do corte dos juros

Ao cortar o preço do dólar, a Fed também produz um “efeito borboleta” na política monetária dos restantes bancos centrais, pressionando as autoridades monetárias como o Banco Central Europeu a também cortarem as taxas de juro, gerando com isso uma redução nos custos de financiamento.

O corte de 50 pontos base das Fed Funds representa assim uma mudança significativa no panorama económico global, com repercussões potencialmente positivas para várias empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisboa e outras que exportem para o mercado norte-americano.

Além disso, há ainda um beneficiário do corte da Fed frequentemente esquecido, mas de extrema importância para Portugal, que é o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS). Com uma exposição significativa ao mercado dos EUA, o FEFSS poderá colher frutos substanciais desta mudança na política monetária norte-americana.

Segundo o relatório e contas de 2023 recentemente publicado, o FEFSS, excluindo o investimento em dívida pública portuguesa, tem uma carteira maioritariamente exposta aos EUA (51,1%), seguida pela Zona Euro (24,2%), Japão (8,0%) e Reino Unido (6,4%). Só em obrigações dos EUA, o fundo tinha 3,31 mil milhões de euros aplicados no final do ano passado, um aumento de 12% em relação a 2022.

Desta forma, o FEFSS poderá beneficiar da queda dos juros nos EUA, essencialmente, de duas formas:

  • Valorização das obrigações: Com a queda das taxas de juro, o valor das obrigações existentes tende a aumentar, pois os seus cupões tornam-se mais atrativos em comparação com as novas emissões a taxas mais baixas.
  • Estímulo ao mercado de ações: A redução das taxas de juro geralmente estimula o mercado de ações, o que pode beneficiar a parcela da carteira do FEFSS investida em ações americanas, que no final do ano passado era também substancial.

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Lucros da EDP Renováveis disparam 163% no semestre com aumento da energia produzida

Crescimento de 5% da produção ajuda a explicar forte aumento dos lucros da elétrica, bem como os ganhos da rotação de ativos, apesar de um aumento dos custos financeiros.

O primeiro semestre fica marcado por um forte crescimento dos lucros da EDP Renováveis EDP 0,00% . A empresa viu o resultado líquido na primeira metade do ano disparar 163%, atingindo os 210 milhões de euros, por comparação com os 80 milhões conseguidos no primeiro semestre do ano passado.

Segundo a empresa, esta melhoria reflete “a recuperação do desempenho operacional e os ganhos de rotação de ativos, apesar da subida de 64 milhões de euros dos custos financeiros”. O resultado líquido inclui ainda “um impacto negativo de 46 milhões de euros relacionado com projetos em desenvolvimento na Colômbia”, refere o relatório enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Nos seis meses até junho, a EDP Renováveis realizou três transações no âmbito da estratégia de “rotação de ativos” — nos EUA, Canadá e Itália — “num total de 0,8 GW de capacidade renovável”, que contribuíram com 171 milhões de euros de ganhos para o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Este cresceu 26% na comparação homóloga e totalizou 960 milhões de euros no semestre.

A EDP Renováveis destaca ainda o contributo da subida de 5% observada na produção de energia renovável, que totalizou 18,9 TWh (terawatts-hora), com o mercado da América do Norte a registar, de longe, o maior crescimento da produção, na ordem dos 15%. Esta variação compara com um aumento menor, de 4%, na geração elétrica na Europa e um decréscimo acentuado de 41% no mercado da América do Sul.

Preço das ações da EDP Renováveis em Lisboa:

No período, a elétrica também beneficiou da estabilização do preço médio de venda nos 60,6 euros por MWh (megawatt-hora), um aumento marginal face à primeira metade do ano passado. Os preços “mais baixos” na Europa foram “compensados pela geração com coberturas a preços competitivos e o desempenho de preço positivo na América do Norte”.

Assim, a EDP Renováveis conseguiu vendas de eletricidade de 1.145 milhões de euros no período em apreço, mais 5% do que no semestre homólogo, mas as receitas totais diminuíram 1%, para 1.209 milhões. A empresa explica que este recuo está relacionado com um impacto de 34 milhões de euros na Colômbia, “custos de unwinding de coberturas na Roménia de 26 milhões de euros” e um impacto contabilístico nos contratos de aquisição de energia avaliado em 18 milhões de euros.

Apesar do já referido aumento dos custos financeiros, os custos operacionais da EDP Renováveis no primeiro semestre desagravaram-se em 1%, para 509 milhões de euros. Enquanto isso, o investimento bruto totalizou 1,6 mil milhões de euros, com mais de 80% deste montante a ser aplicado na Europa e na América do Norte, mercados que a empresa vê como sendo “de baixo risco”.

Enquanto isso, a dívida líquida da EDP Renováveis aumentou 1,7 mil milhões de euros face a dezembro de 2023, para 7,5 mil milhões de euros, “refletindo os investimentos de caixa feitos no período, com mais rotação de ativos e rendimentos de tax equity esperados para o final do ano, compensando a evolução dos investimentos a ser realizados durante o ano”.

(Notícia atualizada pela última vez às 7h54)

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EDP Renováveis consegue novo contrato para vender energia à Google durante 15 anos

Elétrica do grupo EDP vai vender energia solar à tecnológica nos EUA, no Estado do Indiana, durante 15 anos, em mais uma parceria entre as duas empresas.

A EDP Renováveis EDPR 0,00% fechou um novo contrato de energia renovável com a Google.

Desta vez, a empresa com raízes portuguesas vai vender à tecnológica norte-americana, durante 15 anos, a energia produzida por um novo projeto solar no Condado de Dubois, no Estado norte-americano do Indiana, que “deverá entrar em operação em 2025”.

Numa nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) em Portugal, a EDP, que detém 71,3% da EDP Renováveis, indica que o projeto em causa tem uma capacidade “de 100 MWac (138 MWdc)” e que “está situado dentro de uma Comunidade de Energia” numa “antiga área de mineração de carvão”.

“O projeto irá reforçar o objetivo da Google de operar continuamente com energia livre de carbono em todas as redes onde opera até 2030. O acordo foi alcançado através do LEAP (LevelTen Energy’s Accelerated Process), desenvolvido em conjunto pela Google e LevelTen Energy para tornar a compra e venda de energia renovável mais eficiente”, lê-se no comunicado.

Para a EDP, este contrato de aquisição de energia “reforça” a presença da empresa na América do Norte, “representando uma oportunidade para expandir os atuais 3,1 GW de capacidade solar em operação e em construção”.

Este não é o primeiro acordo entre a EDP e a Google. No dia 24 de abril de 2023, foi anunciado um acordo entre a tecnológica e a EDP Renováveis para “desenvolver cerca de 650 MWp (500 MWac) em comunidades de energia renovável em seis Estados norte-americanos”, num total de mais de 80 projetos de energia distribuída.

Na altura, a elétrica explicou num comunicado que “a Google começou a colaborar com a EDP Renováveis há quase dois anos para desenvolver uma iniciativa de energia limpa que promove a transição energética justa e reduza o custo com energia para as comunidades”. “Este acordo visa assim democratizar o acesso a energia mais limpa, tornando os seus benefícios acessíveis a famílias com baixos rendimentos”, acrescentou a EDP.

Pouco depois, no dia 14 de junho de 2023, a EDP Renováveis, através da Kronos Solar, empresa sedeada na Alemanha da qual detém a maioria, assinou um contrato de aquisição de energia de longo prazo com a Google para esta “adquirir parte da produção de energia limpa de quatro centrais fotovoltaicas que estão a ser desenvolvidas nos Países Baixos”, segundo outro comunicado.

Cotação da EDP Renováveis na bolsa de Lisboa:

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EDP está “confortável” com estrutura e não planeia integrar Renováveis na “casa-mãe”, diz CEO

O CEO da energética disse que a estrutura atual, com a EDPR separada e cotada, não só dá visibilidade ao negócio como também "tem sido uma boa forma de levantar capital".

A EDP EDP 0,00% e a subsidiária EDP Renováveis EDPR 0,00% foram no mês passado obrigadas a rever em baixa os seus planos de investimento, para os ajustar às condições de mercado mais difíceis, mas o grupo não planeia integrar as duas empresas, porque a Renováveis atrai visibilidade e capital como entidade separada e cotada, explicou o CEO das duas empresas, Miguel Stilwell de Andrade.

Questionado se uma fusão, com a integração da EDP Renováveis na ‘casa mãe’, é analisada pelo board, o CEO disse que “obviamente é sempre uma opção”, mas adiantou que “o ponto aqui é que estamos confortáveis com a atual estrutura, portanto, só vamos mudar a estrutura, uma coisa que funciona, se houver condições boas para fazê-lo, se os prós forem maiores que os contras”.

Stilwell falou aos jornalistas no final da segunda edição da conferência “We Choose Earth Tour”, organizada pela empresa esta quinta-feira em Munique, Alemanha, que conta com líderes globais e empresários para debater um futuro mais sustentável para o planeta.

A EDP, em 2017, lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP Renováveis, mas não teve sucesso.

Até este momento não houve condições para isso, não achámos que era oportuno, e, portanto, não temos nenhuns planos para voltar em integrar as duas”, salientou Stilwell de Andrade esta quinta-feira.

“Aliás, a EDP Renováveis têm momentos melhores e piores, mas a verdade é é que é das poucas empresas puras de renováveis que existe no mercado“, adiantou. “Há muitas delas, aliás, que já entraram na bolsa, já saíram da bolsa, e a EDP Renováveis tem-se mantido, e isso, para além de dar bastante transparência e visibilidade aos ativos e ao negócio, também tem sido uma boa forma de levantar capital”.

Stilwell de Andrade sublinhou que no ano passado a EDPR “levantou” mil milhões de euros na EDPR Renováveis, e, há três anos, 1.500 milhões de euros.

Nos últimos mesmos três anos, entre a EDPR e a EDPR Renováveis, levantámos 4.000 e 4.500 milhões de euros de capital. Portanto, quando se fala que as empresas portuguesas não estão capitalizadas, a verdade é que isso é mais do que a capitalização bolsista da maior parte das empresas portuguesas”, adiantou.

“Temos tido essa capacidade de atrair capital para ir crescer, e obviamente ter as duas, por agora, tem sido muito positivo”, explicou.

Jogar no meio campo

Pressionadas pela forte queda dos preços da energia, especialmente na Europa, e a manutenção de um ambiente de taxas de juro altas, entre outros fatores, as duas empresas cortaram em maio os planos de investimento até 2026.

A EDP explicou que irá fazer uma desaceleração do investimento, com 17 mil milhões de euros de investimento bruto, e que irá aplicar “critérios de investimento seletivos e disciplinados, priorizando o retorno sobre o volume”, enquanto cortou o plano em três mil milhões de euros.

Stilwell de Andrade justificou esta quinta-feira a decisão: “Qualquer negócio tem que ser realista e procura maximizar e acelerar ao máximo o seu potencial de crescimento.”

“Estamos num mundo onde, claramente, o custo de capital está muito mais alto, o preço de energia está mais baixo e, portanto, nós ajustámos, em função do nosso balanço, em função também destas perspetivas que nós vemos, ajustámos o nosso plano de investimento, que, ao mesmo tempo, continua a ser dezenas de milhares de milhões de euros ao longo deste período, até 2026″, adiantou.

“Ajustámos isso em função das condições de mercado e, aliás, isso foi reconhecido pelos investidores. Quando comunicámos as novas metas, que eram mais baixas, as nossas ações subiram”, disse.

Questionado se a EDP passou de uma estratégia de estar ao ataque para estar mais à defesa, o CEO respondeu: “Utilizando essa analogia, nós temos de ganhar o campeonato.”

“Às vezes, é preciso jogar entre o ataque e a defesa, mas, acima de tudo, temos de estar focados no objetivo final, que é ganhar o campeonato”, rematou o CEO em Munique, uma das cidades que acolhe o Euro 2024 de futebol masculino sénior.

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EDP fecha contrato no Canadá para vender energia armazenada em baterias

Novo contrato prevê a venda de energia pelo período de 20 anos à Ontario Independent Electricity System Operator. Início da operação previsto para 2027.

A EDP Renováveis assegurou um contrato de longo prazo no Canadá para a venda de energia, de capacidade e serviços conexos a partir de baterias.

O contrato prevê a venda de energia pelo período de 20 anos à Ontario Independent Electricity System Operator, a partir da instalação Edgeware BESS. Esta tem a capacidade de armazenar 300 megawatts-hora (MWh) de energia através de baterias.

O projeto está localizado na cidade de St. Thomas, no Ontário, e prevê-se o início da operação para 2027.

A EDPR já garantiu aproximadamente 10 gigawatts de adições de capacidade para o período de 2024 a 2026, mais de 70% do objetivo. A revisão do Plano Estratégico foi apresentada em maio de 2024, e a empresa afirma continuar “a reforçar o seu perfil de baixo risco e estratégia de crescimento”, sustentada no desenvolvimento de projetos “competitivos” e com visibilidade de longo prazo.

Na altura, a EDP anunciou uma “desaceleração do investimento” até 2026, colocando como objetivo para o horizonte entre 2024 e 2026 um investimento bruto de 17 mil milhões de euros.

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“Espero ter o mínimo de problemas geopolíticos, mas não os ignoro”, diz novo chairman da EDP

António Lobo Xavier diz que diversidade da EDP a nível global, incluindo acionistas variados com perspetivas diferentes, é "difícil de gerir". Mas acredita que tem o perfil certo para criar consensos.

Eleito em abril para presidir ao Conselho Geral e de Supervisão (CGS) da EDP EDP 0,00% , António Lobo Xavier reconhece que o órgão é “difícil de gerir” e que tem de ter em atenção os acionistas, que no caso da energética têm perspetivas, pretensões, preocupações e perfis culturais diferentes.

Questionado, em entrevista ao site da EDP, sobre as prioridades do mandato, Lobo Xavier começou por responder que o CGS “tem funções raras no contexto português”. “Este órgão mistura responsabilidades de conselho de administração, com responsabilidades de conselho fiscal, com responsabilidades de assembleia geral”, explica. “É muito difícil de gerir, são funções muito variadas”.

Sublinha que tem de “ter em atenção os acionistas e de ver as suas pretensões e preocupações, gerir a informação e a discussão com eles”, além de colaborar com os executivos, não só para conhecer o negócio, mas também para participar na definição da estratégia a médio e longo prazo.

Segundo o site da EDP, a China Three Gorges, controlada pelo Estado chinês, é a maior acionista da empresa, com 21,01% do capital. Em segundo lugar está a Oppodium Capital (detida em 55,9% pela espanhola Masaveu Internacional, com os restantes 44,1% a pertencerem ao Liberbank) com 6,83% e em terceiro a norte-americana BlackRock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, com 6,33%.

“A EDP tem uma enorme diversidade, o que é uma ajuda”, afirma Lobo Xavier, vincando que se as coisas estão a correr mal num lado, podem estar a correr bem no outro. “Mas é algo muito difícil de gerir. Não quero exagerar, mas em grande medida, uma parte do mundo está em pré-guerra. Todos os negócios com exposição a muitas geografias têm o drama da geopolítica. A EDP também. Depois também temos acionistas variados, com perspetivas diferentes sobre o mundo“.

“Espero ter o mínimo de problemas geopolíticos, mas não os ignoro”, diz o chairman. Salienta que escala global da EDP é algo a que está habituado, sobretudo na experiência na embalagem de vidro, BA Glass, onde foi administrador, numa empresa que tem presença no México, Roménia, Bulgária, Polónia, Grécia, Espanha, Portugal e já teve o Brasil. “Estou habituado a perceber as diferenças das jurisdições: do sistema legal, do sistema de pensamento, do sistema cultural”, afirma.

“Eu julgo que o que se espera de mim – que tenho experiência política e até fiz parte de um Conselho de Estado – é que tenha alguma capacidade para proteger os interesses da EDP em presença de tantas diferenças” explica. “Quer das jurisdições, quer até dos estilos e dos perfis culturais de acionistas, e dos perfis culturais dos colaboradores“.

Em relação à transição energética, Lobo Xavier diz que é preciso convencer os stakeholders que o percurso continua a ser importante. “Nós estamos numa situação internacional em que há, novamente, enormes forças de recuo – o mundo do oil & gas está com mais força hoje, paradoxalmente, do que tinha há dois anos”, aponta. “Isso é fruto de várias razões, entre elas a incerteza do mundo, das crises económicas, as guerras, a própria pandemia e as dificuldades geopolíticas”.

Recorda que e EDP estava na linha da frente da transição energética, “levava a bandeira, de repente para o mundo, isso já não é um valor assim tão aceite“.

“Há muitas pressões para que se proteja um valor de curto prazo recuando na passada da transição energética” e esse é um dos grandes desafios: “convencer os stakeholders da EDP de que o trajeto continua a ser importante, mesmo do ponto de vista da criação de valor”.

“Já não se trata apenas de uma missão de salvar o mundo, é também uma missão de se contribuir para a sustentabilidade do mundo, mas produzindo valor Isso hoje nem sempre está claro”, conclui.

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Direitos da EDP Renováveis sobem 4,9% no último dia de negociação. Títulos vão ser convertidos em novas ações

Os direitos de incorporação das ações da EDP Renováveis acumularam uma valorização de 21,5% desde 6 de maio. Em breve serão convertidos em novas ações que serão negociadas a partir de 24 de maio.

Os mais de 1 milhão de direitos de incorporação da EDP Renováveis que estavam em negociação desde 6 de maio encerraram a sessão desta segunda-feira a subir 4,9% face ao fecho de sexta-feira para 0,2429 euros. Nas 11 sessões de bolsa em que estiveram a negociar em bolsa, apenas por três ocasiões fecharam no vermelho.

Esta foi a última sessão em que os investidores puderam negociar estes títulos que, em breve, serão convertidos em novas ações da EDP Renováveis na proporção de 63 direitos por uma nova ação — que começarão a ser negociadas a 24 de maio juntamente com as já existentes na Euronext Lisboa.

Depois de no primeiro dia de negociação estes títulos terem fechado a cair 25%, com a cotação a resvalar até aos 0,1508 euros, que rapidamente recuperaram e, desde então, a cotação esteve sempre acima dos 0,2 cêntimos com que começaram a negociar a 6 de maio.

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De acordo com uma operação aprovada a 4 de abril em Assembleia Geral que permitirá aumentar o capital da EDP Renováveis até 81,3 milhões de euros, foi entregue aos acionistas da empresa um direito de incorporação por cada ação detida da empresa liderada por Miguel Stilwell até 30 de abril e mantida até 3 de maio (data de registo).

Posteriormente, os acionistas puderam tomar uma de três decisões: vender os direitos no mercado e encaixar o dinheiro da operação ao preço que o mercado estava a negociar, vender à EDP Renováveis até 17 de maio ao preço fixo de 20 cêntimos ou manter os direitos em carteira.

Os investidores que ao dia de hoje ficaram em carteira com um número de direitos diferentes de um múltiplo de 63 (rácio de conversão dos direitos pelas novas ações) perderão os direitos pela respetiva diferença, não recebendo nada em troca por esses títulos.

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BCE e Galp “ligam” máximos de uma década em Lisboa

2024 está a ser amigo para as bolsas. "Pior já ficou para trás", admitem analistas. Lisboa escala para máximos de dez anos. Galp brilha com descoberta de petróleo na Namíbia. O que esperar a seguir?

O ano de 2024 tem sido amigo para as bolsas. Lisboa acumula ganhos de 8% desde o início do ano e encontra-se a negociar no nível mais elevado em dez anos. A perspetiva de alívio dos juros está a animar os investidores. O Banco Central Europeu (BCE) poderá cortar as taxas já no próximo mês. E o facto de os principais índices de ações estarem em máximos históricos leva a crer que o pior já passou, segundo os analistas.

Apesar do bom desempenho, o PSI — que dá um pulo de mais de 1% esta sexta-feira, para 6.907,01 pontos, o valor mais elevado desde junho de 2014 — está longe de acompanhar os ganhos de 16% do Stoxx 600, o índice de referência europeu. Melhor performance regista o alemão DAX, que soma 20% no mesmo período.

Mas a praça nacional não sai tão mal na fotografia se compararmos com os desempenhos dos principais índices de Espanha e França: o madrileno IBEX-35 valoriza 9,4% e o CAC-40 de Paris avança quase 7%.

PSI escala para máximos de uma década

Fonte: Refinitiv

“O bom desempenho dos mercados bolsistas este ano (não só na Europa, mas também nos EUA) deve-se ao facto de o combate à inflação estar num bom caminho e de as perspetivas de alívio das políticas monetárias dos bancos centrais a curto prazo, em particular o BCE, estarem a apoiar as valorizações destes mercados”, explica Henrique Tomé, analista da XTB.

“Apesar de se a inflação ter vindo a revelar algo mais persistente do que o desejado pelos bancos centrais, limitando assim a sua margem de manobra em termos de cortes de taxas, a verdade é que assumiu uma tendência consistentemente decrescente que permite ao mercado projetar taxas de juro mais baixas para um futuro próximo, ajudando assim também a justificar as elevadas avaliações do mercado acionista”, completa Fernando Castro e Sollar, partner da Baluarte.

"A verdade é que já se assumiu uma tendência consistentemente decrescente que permite ao mercado projetar taxas de juro mais baixas para um futuro próximo, ajudando assim também a justificar as elevadas avaliações do mercado acionista.”

Fernando Castro e Solla

Partner da Baluarte

Tomé adianta ainda que com os principais índices bolsistas na Europa em máximos históricos, e numa altura em que começam a surgir sinais de melhorias na dinâmica económica, “os mercados estão a assumir que a pior fase em termos de macroeconómica já passou”.

Fernando Castro e Solla concorda: “Parece agora mais evidente que a temida recessão económica terá sido evitada“.

Em suma, estamos perante “um contexto que agrada aos mercados: crescimento com inflação controlada e resultados em alta“, destaca o responsável da Baluarte.

Stoxx soma o dobro do PSI

Fonte: Refinitiv

Namíbia dá asas à Galp

O ano tem sido particularmente positivo para meia dúzia de cotadas nacionais, com a Galp GALP 0,00% em grande evidência.

As ações da petrolífera já valorizaram quase 50% desde 1 de janeiro. Os ganhos aceleraram depois da descoberta de petróleo muito promissora na Namíbia e permitiram à Galp retirar à EDP o título de maior cotada da bolsa de Lisboa.

Para CTT, BCP, Navigator, Semapa e Altri o ano de 2024 também tem sido bastante positivo. Cada cotada tem uma história diferente para apresentar, mas todas acumulam ganhos na ordem dos 20%.

“Os resultados fortes e as suas perspetivas futuras impulsionaram os preços das ações dessas empresas. Estas empresas encontram-se em setores que beneficiaram dos seus contextos”, explica Henrique Tomé.

“BCP e CTT beneficiaram da subida das taxas de juro por parte do BCE. No caso da Galp, beneficiou do contexto geopolítico e da descoberta na Namíbia, e as produtoras de papel beneficiaram do preço da matéria-prima”, frisa o analista da XTB.

Winners and losers no PSI

Fonte: Refinitiv

Nem todos têm razões para sorrir, ainda assim. Três pesos pesados da bolsa registam perdas este ano, desempenhos que condicionam a performance geral do PSI.

A EDP Renováveis EDPR 0,00% perde mais de 21% este ano e a casa-mãe EDP EDP 0,00% cede quase 19%, o que também ajuda a explicar a ultrapassagem da Galp como cotada portuguesa mais valiosa.

As ações da Jerónimo Martins acumulam uma desvalorização de 13%.

"BCP e CTT beneficiaram da subida das taxas de juro por parte do BCE. No caso da Galp, beneficiou do contexto geopolítico e da descoberta na Namíbia, e as produtoras de papel beneficiaram do preço da matéria-prima.”

Henrique Tomé

Analista da XTB

O que esperar a seguir?

Para Henrique Tomé, os dados da economia estáveis dão margem para “mais aumentos generalizados em todas as empresas” do PSI, “em linha com os índices europeus”.

Ainda assim, o analista recomenda que se esteja atento à “trajetória da inflação” e, ligado a isso, ao rumo “das políticas monetárias”, e ainda aos resultados das empresas cotadas. Estes fatores devem estar no centro das atenções e “deverão ser o driver dos mercados” nos próximos tempos.

Fernando Castro e Solla sublinha o fenómeno da Inteligência Artificial que vai continuar a impulsionar, “em primeira linha, todo o universo de empresas tecnológicas mais diretamente ligadas ao ecossistema que lhe está associado, mas dando já alguns sinais de arrastamento de outras áreas da economia que por outras vias, nomeadamente por via dos ganhos de produtividade, são também beneficiários líquidos do fenómeno”.

Mas “há naturalmente um conjunto de riscos presentes no atual contexto e vários deles com potencial para perturbar este ambiente de glodilocks (de equilíbrio ideal)”, atira o partner da Baluarte.

“Até ao momento têm sido menos valorizados pelo mercado”, com os investidores mais atentos ao desempenho económico das empresas.

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