Governo garante que não fecha Orçamento “sem conhecer propostas do PS”

  • Lusa
  • 24 Setembro 2024

Ministro dos Assuntos Paramentares reitera que "há boa vontade" para acolher propostas socialistas e que há interesse do Governo em que haja um consenso em torno do Orçamento.

O ministro dos Assuntos Parlamentares reiterou esta terça-feira que o Governo não vai fechar o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) sem conhecer as propostas do PS, salientando ter “boa vontade” para as acolher.

Não vamos fechar o Orçamento do Estado sem conhecer aquelas que são as propostas do PS, porque há boa vontade da nossa parte para as podermos acolher“, salientou Pedro Duarte aos jornalistas, à margem da Cimeira Empresarial Transatlântica, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Questionado sobre o ponto de situação de elaboração do OE2025, o ministro disse que o Governo está a “seguir o plano” e que está “na fase final de acerto da proposta”, que terá de ser entregue no parlamento em 10 de outubro.

“Não está fechado porque ainda estamos em contactos com os partidos”, reforçou Pedro Duarte, apontando que do PS ainda não conhecem nenhuma proposta.

O ministro defendeu ainda que o executivo está interessado “em que haja um consenso em torno do Orçamento, que seja viabilizado e o maior partido da oposição, o PS, tem responsabilidade acrescida”.

Já sobre a possibilidade de um Orçamento viabilizado sem o PS, Pedro Duarte respondeu que “não deve ser o Governo a fazer essa opção”.

O ministro disse ainda não considerar que o ambiente está “crispado”: “Temos de ter sentido de responsabilidade e de Estado, aqui não está em causa os humores de um líder partidário, o que está em causa é o futuro do país e a vida das pessoas”.

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IGCP prevê financiar-se menos a longo prazo e mais a curto prazo

Instituição liderada por Miguel Martín prevê financiar-se nos mercados em 15 mil milhões de euros em dívida a longo prazo e 4,8 mil milhões a curto prazo. Próximo leilão de BT a 16 de outubro.

O IGCP – Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública prevê emitir financiar-se menos através de dívida de longo prazo, mas mais através de dívida de curto prazo, face à estimativa anterior.

Segundo a atualização para o quarto trimestre do programa de financiamento da República Portuguesa para 2024, divulgado esta terça-feira, estima arrecadar 15 mil milhões de euros na totalidade de 2024 através de Obrigações do Tesouro (OT), menos mil milhões de euros comparativamente à estimativa apresentada na atualização do programa de financiamento para o terceiro trimestre.

Para o quarto trimestre, a instituição liderada por Miguel Martín prevê emissões de dívida a longo prazo com um montante indicativo entre 750 a 1.000 milhões de euros através de leilão.

Por outro lado, revê em alta o financiamento líquido através de Bilhetes de Tesouro (BT), esperando que registe um aumento em 2024: de uma estimativa no terceiro trimestre de 3,4 mil milhões de euros para 4,8 mil milhões de euros. Assim, para o quarto trimestre espera angariar na totalidade até 2.000 milhões de euros em emissões de curto prazo através de dois leilões.

O primeiro leilão está previsto para 16 de outubro, com BT a 11 meses e um montante indicativo entre 750 milhões e 1.000 milhões de euros, e o segundo para 20 de novembro, com BT a 12 meses e um montante indicativo entre 750 e 1.000 milhões de euros.

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Carolina Cunha integra Pragma Advogados

A Pragma reforçou a equipa de jurisconsultos com a integração de Carolina Cunha, especialista em Direito Comercial, Direito da Insolvência e Direito da Concorrência.

A Pragma Advogados reforçou a equipa de jurisconsultos com a integração de Carolina Cunha, especialista em Direito Comercial, Direito da Insolvência e Direito da Concorrência.

“É uma honra enorme poder contar com a Carolina Cunha. A sua chegada à Pragma é como adicionar uma nova peça mestre a um tabuleiro de xadrez. Com a sua estratégia e visão, estamos ainda mais preparados para antecipar movimentos e garantir as melhores jogadas jurídicas para os nossos clientes”, sublinha o sócio Ricardo Nascimento.

Em comunicado, o escritório afirma que a entrada de Carolina Cunha representa um “marco importante” no fortalecimento da capacidade da Pragma de oferecer soluções jurídicas “inovadoras” e de “alto nível técnico” aos clientes. “A sua visão estratégica e expertise em temas jurídicos complexos trarão um contributo decisivo para a nossa equipa”, acrescentam.

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Fusão de empresas na Corticeira Amorim já custou 4 milhões em rescisões com 102 trabalhadores, diz sindicato

  • Lusa
  • 24 Setembro 2024

Amorim Cork Flooring, Amorim Cork Composites e Amorim Cork Insulation serão integradas numa nova unidade de negócio que irá incorporar a produção de pavimentos, isolamentos e compósitos de cortiça.

A Corticeira Amorim está a preparar a fusão de três empresas a concretizar em 2025, disse à Lusa fonte da companhia, o que já custou cerca de quatro milhões de euros em rescisões amigáveis, segundo o sindicato.

Segundo declara à agência Lusa fonte da Corticeira Amorim com sede no município de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, as três empresas que “desaparecerão como unidades individuais” são a Amorim Cork Flooring (com instalações em São Paio de Oleiros e Lourosa), a Amorim Cork Composites (em Mozelos) e a Amorim Cork Insulation (também nessa freguesia).

A partir de janeiro de 2025, as três serão integradas “numa nova unidade de negócio designada Amorim Cork Solutions”, que irá incorporar a produção de pavimentos, isolamentos e compósitos de cortiça.

A Amorim não indicou o número de trabalhadores dispensados nessas empresas nem se os trabalhadores absorvidos pela nova unidade de negócios vão manter a antiguidade dos seus vínculos laborais, para efeitos de reforma.

O dirigente do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, Alírio Martins, adianta, contudo, que na Amorim Cork Flooring foi negociada a saída amigável de 102 funcionários e que apenas “um não aceitou o acordo e vai disputar o despedimento em tribunal”.

Já na segunda-feira, a Comissão de Trabalhadores tinha adiantado à Lusa que a reestruturação da unidade de negócios de pavimento da Corticeira Amorim, anunciada em maio, levou à saída por mútuo acordo de mais de uma centena de trabalhadores, até ao momento.

Alírio Martins acrescenta que as rescisões abrangeram “todos os departamentos da empresa, desde pessoal de fábrica até administrativos”, e, considerando que “algumas indemnizações são superiores a 50.000 euros”, informa que “a Amorim já gastou nisso uns quatro milhões de euros”.

Nas outras duas estruturas “não houve cortes de pessoal” e, no caso concreto da Amorim Cork Composites, “até há a previsão de se contratarem mais 40 pessoas até final do ano”.

Com base nisso, o dirigente do sindicato lamenta que o grupo prefira “dispensar pessoas do que qualificá-las” para outras funções e insiste: “Não se percebe como é que de um lado sobram pessoas e do outro há pessoas a menos”.

A Corticeira Amorim diz que o processo de reestruturação em curso desde maio na Cork Flooring – dedicada a soluções em cortiça para o chão – “surgiu na sequência do exigente contexto económico e de intensificação da concorrência que têm impactado o mercado de pavimentos na Europa e, consequentemente, penalizado a atividade dessa unidade de negócios, que, nos últimos anos, tem apresentado um desempenho negativo”.

Inverter essa situação implicou na Cork Flooring “o ajustamento da sua estrutura produtiva e de suporte à dimensão atual das vendas, de modo a reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência”.

“Adicionalmente, foram identificadas e consideradas sinergias industriais, comerciais e de suporte entre a Amorim Cork Flooring e outras unidades de negócio ‘não rolha’, pelo que a partilha de meios e recursos, bem como a exploração da capacidade produtiva instalada e das respetivas tecnologias, trará maior eficiência e eficácia às operações”, adianta.

O grupo acredita na capacidade da futura Amorim Cork Solutions para, a partir de janeiro, “potenciar o crescimento sustentável da Corticeira Amorim” e defende que “as sinergias obtidas conduzirão a uma organização mais eficiente das operações ‘não rolha’, o que levará, a médio prazo, a um melhor desempenho, contribuindo para a diversificação do portefólio de aplicações” da marca.

Nos primeiros seis meses de 2024, os lucros da Corticeira Amorim encolheram 29% para 36,5 milhões de euros. As vendas consolidadas totalizaram 500,7 milhões de euros, o que representa um decréscimo de 7,1% face ao período homólogo de 2023.

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Joana Marques, na pele de life coach, é a cara de nova campanha do McDonald’s

  • + M
  • 24 Setembro 2024

Com planeamento de meios da OMD e presença em televisão, exterior, digital e lojas, a campanha é composta por três filmes, nos quais a personagem de Joana Marques tem como missão converter as pessoas.

A humorista Joana Marques, na figura de life coach, convida os consumidores, num avião, numa ponte pedonal ou numa aula de ioga, a saírem da sua zona de conforto. “McCrispy. Quem experimenta fica fã”, é o mote da campanha, assinada pela TBWA\Lisboa para o mercado nacional, com a qual a marca está a comunicar o lançamento de novas sanduíches de frango — a McCrispy Smoky Buffalo e a McCrispy Spicy.

Queremos dar resposta às necessidades dos nossos consumidores, que procuram cada vez mais uma maior variedade de opções de frango no nosso menu. Esta é uma das principais razões que nos levou ao relançamento da nossa plataforma McCrispy, agora com três receitas — a Smoky Buffalo, a Spicy e a Original. Continuamos, por isso, comprometidos em diversificar o nosso portefólio de produtos, com novas receitas que proporcionam experiências de sabor únicas e que prometem conquistar todos os que as experimentam”, explica Sérgio Leal, diretor de marketing da McDonald’s Portugal.

Estamos confiantes de que estas novas opções vão reforçar o nosso posicionamento enquanto destino de referência para o consumo de frango e motivar as pessoas a experimentarem os novos produtos. Afinal, ‘Quem experimenta fica fã’”, acrescenta, citado em comunicado, o responsável.

Com planeamento de meios da OMD e presença em televisão, exterior, digital e nos suportes de comunicação dos restaurantes, a campanha é composta por três filmes, nos quais a personagem de Joana Marques tem como missão converter as pessoas em novos fãs da marca, convencendo-as a criar novos hábitos através da experimentação de novas experiências.

 

 

 

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Filomena Cautela protagoniza nova campanha do BPI

  • + M
  • 24 Setembro 2024

Assinada pela Dentsu Creative Portugal, a campanha marca presença em televisão, rádio, digital, exterior e imprensa. A Mindshare foi a agência responsável pelo planeamento de meios.

Filomena Cautela é a cara da nova campanha institucional do BPI, lançada pelo banco para celebrar a conquista do prémio de “Melhor Banco em Portugal 2024”, atribuído pela revista britânica Euromoney.

A colaboração com a atriz e apresentadora portuguesa prevê a sua participação durante um ano em iniciativas de marketing, publicidade e responsabilidade social do BPI. Cautela junta-se à futebolista Kika Nazareth enquanto embaixadora da instituição bancária.

“Esta parceria surge de forma natural, uma vez que entendemos que a Filomena Cautela, com a sua energia, autenticidade e espírito solidário, representa valores importantes para o banco. A campanha celebra os prémios recebidos, mas, acima de tudo, reforça o compromisso contínuo do Banco BPI com a excelência dos seus serviços e o apoio constante aos clientes“, refere Constança Macedo, diretora de comunicação e marca do BPI, citada em comunicado.

Assinada pela Dentsu Creative Portugal, a campanha marca presença em televisão, rádio, digital, exterior e imprensa. A Mindshare foi a agência responsável pelo planeamento de meios.

Esta é a segunda vez nos últimos três anos que o Banco recebe o galardão da Euromoney, ao qual se juntam as distinções como ‘Melhor Banco para PME em Portugal’ e ‘Melhor Banco Digital em Portugal’ atribuídas pela mesma revista e também referenciados no spot por Filomena Cautela.

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Tribunais e Ministério Público passam a poder nomear advogado oficioso em caso de falha nas escalas

Como resposta ao protesto dos advogados oficiosos, organizado pela bastonária, a portaria passa a prever a nomeação de defensor oficioso por Tribunal, Ministério Público ou polícias.

O Ministério da Justiça acaba de lançar uma portaria para ser publicada com “carácter de urgência” que altera o Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais (SADT), passando agora a prever-se a possibilidade de o Tribunal, o Ministério Público ou os Órgãos de Polícia Criminal (como a PJ ou Autoridade Tributária) nomearem qualquer advogado oficioso que, sendo contactado, se manifeste disponível para aceitar a nomeação em caso de falhas nas escalas definidas. Esta alteração surge no decorrer do protesto da Ordem dos Advogados que teve início a 1 de setembro.

“O Ministério da Justiça considera imperioso defender a existência de um sistema de acesso ao direito que disponibilize aos cidadãos que dele precisem um defensor que assegure a proteção dos seus direitos. Ao acautelar a disponibilidade atempada de defensor oficioso, além de se garantir o apoio judiciário a todos que dele precisem, evitam-se atrasos e adiamentos nos processos, poupa-se tempo e recursos aos cidadãos e aos Tribunais, assim se contribuindo para a boa administração da justiça e maior eficiência do sistema judicial“, lê-se no comunicado.

a bastonária da Ordem dos Advogados, em declarações à Advocatus, defende que a “OA lamenta profundamente que a Ministra da Justiça, advogada, e a secretária de Estado Adjunta e da Justiça, juíza desembargadora, tenham gizado uma portaria ilegal, que viola a LAJ, como resposta a um protesto que justo, totalmente lícito e necessário para repor a dignidade há muito violada do SADT e da Retribuição que é devida à advocacia, nos termos da Lei e das recomendações do Conselho da Europa e do CCBE”, diz Fernanda de Almeida Pinheiro.

“Ao invés de fazer o que lhe compete, que é atualizar e rever uma tabela que está prestes a fazer o seu vigésimo aniversário, vem propor uma portaria que regride quase 18 anos o espírito do legislador, trazendo de volta a falta de transparência, a corrupção e o cambão, há muito irradicado dos tribunais. Não existe nenhuma lacuna na lei, o que existem são disposições de segurança para evitar a corrupção”, conclui.

Em causa a ação de protesto da Ordem dos Advogados (OA), que apelou à não inscrição de advogados nas escalas do SADT. O SADT é o sistema que permite que os cidadãos com menor poder económico tenham acesso aos tribunais para defender os seus direitos, uma vez que a justiça não pode ser negada a ninguém. Desta forma, foi criado um sistema sustentado pelo Estado que paga a advogados, os chamados advogados oficiosos, para defender estes tipos de casos.

Antes da alteração desta portaria, à OA competia receber as inscrições dos advogados interessados em prestar esse serviço, elaborar as escalas (presenciais ou de prevenção) e fornecer as escalas dos advogados inscritos aos tribunais. E, em caso de necessidade de recurso a um defensor oficioso, o tribunal recorre aos advogados previstos nas escalas presenciais (nas comarcas onde existam) ou recorre à escala de prevenção (não presencial), dando uma hora para que o advogado contactado se apresente em Tribunal.

Assim, o Ministério da Justiça apercebeu-se que a atual Portaria não prevê situações em que a nomeação de Defensor Oficioso não possa ser feita por, entre outras razões: indisponibilidade do sistema de informação que impeça a consulta das escalas, inexistência de escalas ou indisponibilidade do advogado escalado ou não comparência no prazo regulamentar.

75 oficiosos ausentes e duas diligências foram adiadas

Na terceira semana de setembro, entre os dias 16 e 20, faltaram 75 advogados oficiosos. No total, apenas duas diligências foram adiadas, segundo dados disponibilizados pelo Ministério da Justiça. O maior dia de faltosos aconteceu na segunda-feira, com 20, seguida da quarta-feira com 17 e da terça-feira com 15. Na quinta-feira faltaram 14 oficiosos e na sexta apenas nove.

Em agosto, a OA abriu as candidaturas “extraordinárias” para a inscrição nas escalas do SADT em forma de protesto, abrindo assim a possibilidade aos advogados de não se manterem inscritos nas mesmas. Esta ação insere-se num protesto da OA, que considera que as negociações com o Governo sobre a alteração das tabelas de honorários do SADT para o Orçamento de Estado de 2025 “não estão a decorrer com a prioridade que o assunto impõe”. A tabela remuneratória dos advogados oficiosos não é atualizada há quase 20 anos.

Um dos adiamentos aconteceu no Tribunal Central de Instrução Criminal da comarca de Lisboa, sendo a diligência de declarações para memória futura da ofendida, no âmbito de crime de violência doméstica. “A Comarca informou que a diligência foi adiada por falta de disponibilidade de Defensor Oficioso da escala presencial, indicando que estavam ocupados noutros processos. Foi tentada a nomeação através do SINOA (escala não presencial) e nenhum dos dois advogados nomeados atendeu, informaram que a aplicação não permite a nomeação de mais de 2 advogados”, referem.

Já o outro adiamento aconteceu nos serviços do Ministério Público da Amadora. “Tratava-se de audição de arguido, em processo de inquérito, presidida pelo magistrado do Ministério Público, por simulação de crime. O advogado (não oficioso) do arguido faltou e foi necessário recorrer a defensor oficioso, acionando-se a escala da Ordem dos Advogados (OA). O advogado inscrito na escala faltou. Foi contactada a OA não atendeu o telefone. Foi nomeado defensor oficioso através do SINOA (escalas de prevenção), que não compareceu e também não atendeu o telefone”, descrevem.

Por outro lado, a OA garante que o protesto tem causado vários constrangimentos em diversas diligências em todo o País. “Ao contrário do que erradamente tem sido difundido pelo Ministério da Justiça, muitas diligências foram adiadas ou dadas sem efeito, precisamente em virtude da falta de advogados disponíveis, como aliás já foi noticiado em alguns desses casos”, sublinha a bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro.

“Acresce que, precisamente por o protesto estar a forçar o adiamento ou cancelamento de diligências, chegou ao conhecimento da Ordem dos Advogados a verificação de casos de nomeações de advogados em violação da Lei de Apoio Judiciário e do Regulamento do Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais”, acrescenta a líder dos advogados.

Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 15ABR24
Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

Segundo a OA, num Tribunal tentaram impedir a saída de advogados da sala de audiências, por ordem do juiz, como forma de pressionar os mesmos a aceitarem a representação de arguidos sem advogado, a fim de se realizar uma diligência. “A OA reforça que quaisquer nomeações de advogado realizadas à margem da lei, além de serem ilegais e poderem constituir ilícito disciplinar para todos os envolvidos, não serão, naturalmente, remuneradas”, referem.

“Neste contexto, e não existindo até à data um sinal por parte do Ministério da Justiça no sentido de acomodar no Orçamento de Estado a reivindicação da Advocacia, consideramos que se mantêm os fundamentos para se prosseguir com o protesto no mês de outubro, abrindo mais um período de inscrição de escalas extraordinário, pelo período de um mês entre 23 e 27 de setembro”, revelam.

A realização do serviço de escalas depende da prévia inscrição dos advogados num sistema informático gerido pela Ordem, em que os mesmos demonstram disponibilidade para o efeito. No caso das escalas de prevenção não presenciais, os advogados, se não forem chamados para nenhum serviço, não recebem qualquer valor, “apesar de essa prevenção condicionar completamente a sua vida pessoal e profissional”.

A Ordem queixa-se de que a tabela remuneratória dos advogados oficiosos não é atualizada há quase 20 anos. A entidade propôs ao Governo um aumento da tabela de honorários em cerca de 20%. A bastonária, Fernanda Almeida Pinheiro, já teve três reuniões com o Ministério da Justiça, mas, até este momento, ainda não foi alcançado nenhum acordo. “A Ordem dos Advogados propõe que seja inserida uma verba de cerca de 20 milhões de euros no Orçamento do Estado para 2025″, assume a bastonária.

Mas quanto recebe um oficioso?

A tabela de honorários dos advogados, estagiários e solicitadores pelos serviços que prestem no âmbito do apoio judiciário foi atualizada em janeiro. O diploma atualiza o valor da Unidade de Referência (UR) com base no índice de preços no consumidor (IPC), sem habitação, e considerando todo o território nacional entre janeiro e setembro de 2023. O aumento foi de 3,2%, o que equivale a um aumento de 0,83 cêntimos, que significa na prática que a UR passa de 25,90 para 26,73 euros.

Por cada processo que um advogado oficioso patrocina, é aplicada a tabela da UR correspondente a cada tipo de processo. Ou seja: os mais complexos correspondem a mais UR e aos mais simples correspondem unidades mais baixas. Por exemplo, se um processo corresponder a oito unidades de referência, um advogado recebe 213,84 euros.

O valor da unidade de referência aplica-se ao apoio judiciário — defesa por parte de advogados oficiosos para cidadãos com menos condições económicas — para nomeação e pagamento da compensação do advogado patrono, pagamento da compensação de advogado oficioso, nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono e pagamento faseado da compensação do advogado oficioso.

A tabela de honorários dos advogados oficiosos não era atualizada desde 2009, tendo em 2020, 11 anos depois, o Governo efetuado um aumento de oito cêntimos. Um valor que na altura já tinha ficado aquém das expectativas, por não contemplar a inflação do ano respetivo, nem da quase uma década passada sem qualquer atualização ou reformulação dos honorários destes profissionais.

Dados relativos a novembro do ano passado mostram que a Segurança Social recebe, em média, quase 400 pedidos diários de proteção jurídica por parte de cidadãos sem capacidade para pagar a um advogado. A maioria é aceite, mas, ainda assim, há milhares de solicitações rejeitadas todos os anos. Entre 1 de janeiro de 2018 e 30 de setembro de 2023, foram apresentados 823.659 pedidos de proteção jurídica.

Só em 2022 foram pagos pelo Estado 132,6 milhões de euros em apoio judiciário, o que representa um aumento de quase 50% nos últimos dez anos. No ano passado, foram cerca de 140 mil pessoas que recorreram a este serviço.

O ECO sabe que mais de um terço deste valor, cerca de 50 milhões de euros, foi pago pelo Ministério da Justiça em serviços de advogados oficiosos, nomeados pela Ordem dos Advogados, sendo o restante valor relativo a despesas com perícias do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, serviços de interpretação e tradução, atos de notariado (por exemplo, em processos de inventário) e mediação e arbitragem.

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Governo anuncia requalificação de estrada no “coração” dos vinhos do Douro

  • Lusa
  • 24 Setembro 2024

O ministro das Infraestruturas anunciou o lançamento do concurso de requalificação e alargamento de parte da EN 222. Agora, frisou, é preciso pressionar o colega das Finanças.

O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, anunciou hoje o lançamento do concurso de requalificação e alargamento do troço da Estrada Nacional (EN) 222, entre Bateiras e São João da Pesqueira, que há décadas é reclamado pela população. “Estamos a falar de reperfilamento da via, de redes pluviais, de uma nova camada de desgaste”, explicou Miguel Pinto Luz aos jornalistas, em São João da Pesqueira, no distrito de Viseu, considerando que se trata de um investimento “absolutamente essencial para servir esta região”.

Segundo o governante, “estima-se que a obra rondará os 12 milhões de euros”, devendo a adjudicação ser feita “no final desde ano, princípio de 2025”.

Ao intervir durante a sessão pública realizada na Câmara de São João da Pesqueira, Miguel Pinto Luz aconselhou o seu presidente, Manuel Cordeiro, e o deputado parlamentar Carlos Silva a fazerem pressão sobre o ministro das Finanças, tal como fizeram consigo. Questionado pelos jornalistas sobre a disponibilidade da verba necessária, Miguel Pinto Luz garantiu que ela existe, mas tem de haver “essa luz verde do Ministério das Finanças”, o que deverá acontecer “nas próximas semanas”.

“Acreditamos que no final deste ano, princípio de 2025, podemos fazer a adjudicação e iniciar esse percurso” que irá até à entrega da obra feita, acrescentou.

O governante contou que percebeu, “desde a primeira hora, que era absolutamente necessária” esta obra, o que confirmou hoje, ao percorrer o troço da estrada que será intervencionado. “Estamos num dos concelhos mais exportadores em termos de vinho do país e a EN 222 é a única forma de fazer escoar este bem tão escasso, mas tão rico, para a economia nacional, como é o vinho, e neste caso o vinho do Porto”, frisou. Segundo Miguel Pinto Luz, esta será “uma primeira de várias intervenções que estão previstas” para a EN 222, que serão anunciadas posteriormente e sobre as quais hoje não quis falar.

Manuel Cordeiro lembrou que já reivindicava a requalificação deste troço de 16 quilómetros da EN222 desde que exerce as funções de presidente da Câmara de São João da Pesqueira, há sete anos. O autarca contou que neste troço que atravessa o seu concelho – que é o maior produtor de vinho do Porto e onde são produzidos cerca de 20% dos vinhos de toda a região do Douro – se verificam frequentemente acidentes de viação. Além de ser por esta via que circulam os camiões carregados de vinho, é também por ela que os habitantes têm de viajar para chegarem ao hospital de Vila Real, acrescentou Manuel Cordeiro, frisando que, por isso, a sua requalificação é uma obra prioritária para a região.

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Commerzbank endurece luta contra avanço do italiano Unicredit

Chanceler Olaf Scholz considerou avanço dos italianos sobre o rival alemão como “um ataque inimigo”. Dentro do Commerzbank também prometem resistência.

A Alemanha promete uma forte resistência ao avanço do Unicredit sobre o Commerzbank. Depois das declarações do chanceler alemão Olaf Scholz, que referiu que se trata de um “ataque inimigo”, dentro do banco alemão também começa a endurecer a voz contra a potencial entrada dos italianos com a promessa de luta até ao fim.

“Nós não queremos isto”, afirmou o vice-presidente do Commerzbank, Uwe Tschäge, citado pela agência Reuters, à porta da sede do banco alemão em Frankfurt, com três membros da administração ao lado e dezenas de trabalhadores com cartazes de protesto atrás.

Apetece-me vomitar quando ouço promessas de poupanças de custos”, acrescentou Tschäge, referindo-se ao CEO do Unicredit, Andrea Orcel.

À medida que o banco italiano vai abrindo caminho para uma oferta hostil sobre o Commerzbank, vai endurecendo o discurso não só dentro do banco alemão, mas também em Berlim. “Ataques não amigáveis e aquisições hostis não são algo positivo para os bancos e é por isso que o governo alemão se posicionou claramente nesta direção”, declarou Scholz esta segunda-feira, depois de o Unicredit ter anunciado um reforço da sua posição para 21% na instituição germânica.

Stefan Wittmann, outro membro do conselho de supervisão do Commerzbank, criticou Orcel, que não é de confiar e deve estar preparado para uma longa batalha.

“Este debate sobre a aquisição não terminará até que o último argumento tenha sido trocado e a última barreira tenha caído. E há um caminho muito, muito longo a percorrer até lá. O senhor Orcel deve estar preparado para isso”, apontou.

Para Wittmann, o governo pode encontrar outro investidor para manter o banco independente. “Orcel não é o único com bolsos fundos”, disse.

Ao mesmo tempo, um grupo de trabalhadores do Commerzbank protestava à entrada do banco, soprando assobios e com cartazes bem claros em relação ao interesse do Unicredit: “Parem o horror da fusão” e “Estamos melhor sozinhos”.

O banco italiano anunciou na segunda que vai reforçar a sua participação no Commerzbank dos 9% para os 21% quando “obtiver as aprovações necessárias”, tendo pedido autorização ao regulador bancário europeu para deter uma posição de 29,9% de ações do rival alemão.

O banco italiano está a considerar um avanço sobre o Commerzbank porque acredita que “há um valor substancial que pode ser desbloqueado, quer individualmente ou dentro do Unicredit, para benefício da Alemanha e dos stakeholders do banco”.

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Porto Law assessora lançamento da startup Topics Chat

A equipa envolvida na operação foi liderada por Fábio Nave Moreira, sócio e managing partner da Porto Law | BMFS Advogados, contando com uma assessoria legal full-service em todo o processo.

A Porto Law assessorou a operação de constituição da startup portuguesa Topics Chat Portugal, fundada por Tiago Paiva, empreendedor e CEO da empresa.

A equipa envolvida na operação foi liderada por Fábio Nave Moreira, sócio e managing partner da Porto Law | BMFS Advogados, contando com uma assessoria legal full-service em todo o processo de negociação e estruturação societária.

“O lançamento público da aplicação de comunicação Topics Chat será realizado, nos dias 29, 30 de setembro e 1 de outubro, num evento que irá decorrer no Algarve Race Resort e que vai juntar 300 influencers, algumas das maiores marcas do digital”, revela a firma.

 

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Plano de ação para os media é anunciado nas próximas semanas

  • Lusa
  • 24 Setembro 2024

Atualização da legislação, modernização da RTP e da Lusa, criação de incentivos à profissão e combate à desinformação são os quatro pilares do plano de apoio aos media.

O Governo vai apresentar “nas próximas semanas” o plano de ação para os media, que vai incluir um “código” da comunicação social, e quer ter o “maior consenso possível”, anunciou esta terça-feira o ministro dos Assuntos Parlamentares.

“Estamos a trabalhar num plano que vamos anunciar nas próximas semanas, não demorará muito tempo a apresentar o plano de ação para os media, temos vindo a trabalhar ouvindo o maior número de pessoas”, nomeadamente os meios de comunicação social e representantes dos jornalistas, disse o ministro, que tem a tutela dos media, na 4.ª edição da Cimeira Empresarial Transatlântica, em Lisboa.

Pedro Duarte explicou que o Governo considera ser “evidente” que é necessário agir, já que “uma democracia não pode prescindir de uma comunicação social livre, independente e pluralista“. No entanto, admitiu que é preciso perceber como fazê-lo, “porque há riscos grandes de distorções“, bem como de “desincentivar a inovação“.

O plano de ação terá então quatro pilares, segundo o ministro, sendo o primeiro relacionado com a “regulação e legislação”, já que a lei de imprensa em vigor é de 1999. “Vamos criar um código da comunicação social que vai poder trazer a legislação para os novos tempos“, sinalizou.

o segundo pilar será focado no serviço público de televisão e agência de notícias que existe hoje, a RTP e a Lusa, que o Governo diz ser necessário preservar mas também “modernizar”. O Governo está a preparar “trazer a RTP para o 2.º quartil do século XXI e antecipar o que aí vem, ir ao encontro de novos públicos e adaptar o modelo de televisão ao que é hoje em dia”, disse.

O terceiro pilar prende-se com “incentivos ao jornalismo e aos jornalistas, que é uma profissão que está em risco” e, finalmente, o quarto pilar relaciona-se com o “combate à desinformação e com a literacia mediática“.

O ministro sublinhou ainda que o Governo vai “fazer um esforço para que isto seja assumido de forma mais consensual possível na sociedade portuguesa”. “A predisposição é tentar encontrar no parlamento o maior consenso possível face a esta matéria”, disse Pedro Duarte.

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Guterres critica impunidade “indefensável” desde o Médio Oriente até Europa

  • Lusa
  • 24 Setembro 2024

Guterres traçou um cenário sombrio do mundo atual, que está "num estado insustentável", onde "guerras acontecem sem nenhuma pista de como terminarão"

O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou esta terça-feira o nível de impunidade “politicamente indefensável e moralmente intolerável” praticado por “um número crescente de Governos” em todo o mundo, desde o “Médio Oriente” até ao “coração da Europa” ou no “Corno de África”.

No seu discurso de abertura do Debate da 79.ª sessão da Assembleia Geral da ONU (UNGA79, na sigla em inglês), Guterres traçou um cenário sombrio do mundo atual, que está “num estado insustentável”, onde “guerras acontecem sem nenhuma pista de como terminarão” e a “postura nuclear e novas armas lançam uma sombra escura” sobre o planeta.

“Estamos a caminhar em direção ao inimaginável — um barril de pólvora que corre o risco de engolir o mundo”, afirmou o líder das Nações Unidas (ONU), recordando que 2024 é o ano em que metade da humanidade vai às urnas e em que todos “serão afetados”.

Avaliando que a impunidade, desigualdade e incerteza estão ligadas e em colisão, o ex-primeiro-ministro português focou-se na ausência de punição em algumas geografias, onde “um número crescente de Governos” e outros atores “se sentem no direito de ter ‘um cartão de saída livre da prisão'”, ou seja, de cometerem crimes impunemente.

“Eles podem atropelar o direito internacional. Podem violar a Carta das Nações Unidas. Podem fechar os olhos a convenções internacionais de direitos humanos ou decisões de tribunais internacionais. Podem fazer pouco caso do direito internacional humanitário. Podem invadir outro país, devastar sociedades inteiras ou desconsiderar completamente o bem-estar do seu próprio povo. E nada vai acontecer”, criticou Guterres.

“Assistimos a essa era de impunidade em todos os lugares — no Médio Oriente, no coração da Europa, no Corno de África e mais além”, especificou.

O debate de alto nível da UNGA79 arrancou hoje, em Nova Iorque, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo, e irá prolongar-se até ao próximo dia 30.

Sobre o conflito na Ucrânia, o líder da ONU repetiu que é hora de uma paz justa baseada na Carta da ONU, no direito internacional e nas resoluções aprovadas pelas Nações Unidas.

Gaza, afirmou, “é um pesadelo ininterrupto que ameaça levar toda a região com ele” e “basta olhar para o Líbano”.

“Deveríamos todos ficar alarmados com a escalada. O Líbano está à beira do abismo. O povo do Líbano — o povo de Israel — e o povo do mundo — não se podem dar ao luxo de que o Líbano se torne outra Gaza”, disse Guterres, suscitando aplausos da audiência.

O secretário-geral sublinhou que a velocidade e a escala da matança e destruição em Gaza, um conflito que já matou mais de 200 dos funcionários das Nações Unidas, são diferentes de tudo o que já viu ao longo dos seus dois mandatos como líder da ONU.

Guterres aproveitou a presença na Assembleia-Geral da ONU de dezenas de chefes de Estado e de Governo para prestar uma homenagem especial à Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinianos (UNRWA) – alvo constante de ataques de Israel – e a todos os trabalhadores humanitários em Gaza.

O líder da ONU apelou à comunidade internacional para que se mobilize em prol de um cessar-fogo imediato no enclave palestiniano, da libertação de todos os reféns e de um processo irreversível no sentido de uma solução de dois Estados.

Numa mensagem aparentemente dirigida a Israel, que tem promovido milhares de colonatos na Cisjordânia, Guterres questionou: “Para aqueles que continuam a minar esse objetivo com mais colonatos, mais apropriação de terras, mais incitação, eu pergunto: Qual é a alternativa? Como é que o mundo poderia aceitar um futuro de um Estado que inclui um número tão grande de palestinianos sem nenhuma liberdade, direitos ou dignidade?”.

O ex-primeiro-ministro português abordou ainda o conflito no Sudão, onde uma luta brutal pelo poder desencadeou uma “violência horrível”, incluindo violações e agressões sexuais generalizadas.

“Uma catástrofe humanitária está a desenrolar-se à medida que a fome se espalha. No entanto, potências externas continuam a interferir sem uma abordagem unificada para encontrar a paz”, lamentou.

No Sahel, disse Guterres, a expansão dramática e rápida da ameaça terrorista requer uma abordagem conjunta, enraizada na solidariedade, sem que a cooperação regional e internacional funcione.

Também Myanmar, República Democrática do Congo, Haiti e Iémen registam níveis assustadores de violência e sofrimento humano, perante uma “falha crónica” em encontrar soluções, apesar de que “os desafios que enfrentamos são solucionáveis”, assumiu o secretário-geral.

A Cimeira do Futuro, que decorreu nos últimos dois dias em Nova Iorque, “é um primeiro passo, de um longo caminho a percorrer”, adiantou.

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