Filhos não estão a aparecer na declaração de IRS? É assim que pode resolver

Filhos dão direito a um "desconto" maior no IRS, mas na declaração automática "não costumam aparecer", avisa Deco Proteste. Pode ser preciso preencher manualmente para incluir dependentes.

Os contribuintes que tenham filhos têm direito a deduções no IRS mais expressivas do que os demais portugueses. Mas, para que isso aconteça, têm de confirmar que esses dependentes estão devidamente indicados na Modelo 3, antes de avançarem com a entrega. Caso percebam que essa informação não está pré-preenchida, devem recusar a declaração automática e preencher manualmente.

O alerta é deixado Soraia Leite, a porta-voz da Deco Proteste, em declarações ao ECO: “No IRS automático, não costumam aparecer os filhos, que dão uma dedução maior“. Neste caso, “é melhor prescindir do IRS automático para conseguir preencher manualmente os dados dos dependentes“, explica a mesma.

No caso de os dependentes terem de ser indicados de forma manual pelos contribuintes, há que o fazer no “rosto” da Modelo 3, no quadro 6B, conforme explica o novo guia divulgado pela Ordem dos Contabilistas Certificados.

Nessa área, é preciso indicar o número de contribuinte do dependente e, se aplicável, grau de incapacidade comprovado por atestado multiúso.

Além de filhos biológicos, podem ser “adicionados” à declaração os adotados e enteados, bem como afilhados civis. Isto desde que cumpram as condições previstas no Código do IRS para que sejam considerados dependentes.

E que condições são estas? A lei prevê que podem ser considerados dependentes os filhos, adotados e enteados que sejam menores de idade e não sejam emancipados, mas também aqueles que sejam maiores de idade, mas não tenham mais do que 25 anos e não ganhem mais do que o salário mínimo nacional (11.480 euros, no conjunto do ano de 2024).

Podem ainda ser considerados dependentes, os filhos, adotados, enteados e sujeitos a tutela que sejam maiores, mas inaptos para o trabalho e para angariar meios de subsistência.

Além disso, podem ser abrangidos os afilhados civis (que tenham estado até à maioridade sujeitos à tutela do sujeito passivo), desde que não tenham mais do que 25 anos, nem aufiram mais do que o salário mínimo nacional, realça a Ordem dos Contabilistas Certificados, no guia.

“Descontos” por filho

– 726 euros por cada filho com menos de ou igual a três anos;
– 600 euros por cada filho com mais de três anos;
– 900 euros por cada filho com menos ou igual a três anos, caso seja 2.º dependente e seguintes;
– 1.187,50 euros por cada filho com deficiência;
– 1.900 euros das despesas de acompanhamento por cada filho em comum com grau de incapacidade igual ou superior a 90%.

Portanto, não podem ser considerados dependentes, na declaração de IRS, os menores emancipados, os maiores de 25 anos e os maiores de 18 anos que ganhem mais do que o salário mínimo nacional.

Quanto aos “descontos” no IRS associado a cada dependente, há que esclarecer que estes variam, antes de mais, em função da idade das pessoas. Por cada filho com três anos ou menos, a dedução correspondente é de 726 euros. Já por cada filho com mais de três anos, o “desconto” é de 600 euros.

Porém, caso seja 2º dependente e seguintes, a dedução é de 900 euros por cada filho com três anos ou menos. Já se estiver em causa um dependente com deficiência, o “desconto” é de 1.187,5 euros por cada filho. No caso de grau de incapacidade igual ou superior a 90%, podem também ser abatidos 1.900 euros de despesas de acompanhamento por cada filho.

Além destes “descontos”, os pais podem também abater ao IRS um conjunto de despesas dos dependentes, através das deduções à coleta, por exemplo, de saúde, educação e IVA pela exigência de fatura.

Filhos podem integrar mais do que um agregado?

Segundo realça a Ordem dos Contabilistas Certificados no seu guia, os dependentes não podem, simultaneamente, fazer parte de mais do que um agregado familiar, mesmo em caso de separação ou divórcio.

“Quando as responsabilidades parentais são exercidas em comum por mais do que um sujeito passivo, sem que estes estejam integrados no mesmo agregado familiar, os dependentes integram o agregado familiar do sujeito passivo a que corresponder a residência determinada no âmbito da regulação do exercício das responsabilidades parentais [ou] do sujeito passivo com o qual o dependente tenha identidade de domicílio fiscal no último dia do ano a que o imposto respeite”, esclarece a OCC.

Ainda assim, em caso de guarda conjunta, mesmo que só integre o agregado familiar de um dos progenitores, o dependente pode ser incluído na declaração de cada um dos sujeitos passivos (novamente, no quadro 6B) e as despesas podem ser apresentadas de forma partilhada. Aliás, é possível indicar a percentagem das despesas assumidas por cada sujeito. Caso não seja indicada essa percentagem, o Fisco assume uma partilha a meia, segundo a Deco Proteste.

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Bruxelas decide reprogramação do PRR sexta-feira

“A avaliação da Comissão sobre a revisão portuguesa do seu PRR será divulgada na sexta-feira”, avançou ao ECO fonte oficial da Comissão Europeia.

A Comissão Europeia só vai decidir sobre a reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português na sexta-feira, mas o Executivo está convicto de que receberá luz verde e por isso já agendou um evento para apresentar as novidades da ‘bazuca’.

A avaliação da Comissão sobre a revisão portuguesa do seu PRR será divulgada na sexta-feira”, avançou ao ECO fonte oficial da Comissão Europeia. Ao que o ECO apurou houve algum atraso face aos prazos previstos inicialmente.

O ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, já tinha reconhecido que a Comissão Europeia suscitou algumas questões na reprogramação. “Mas são pouco relevantes”, disse no ECO dos Fundos. Manuel Castro Almeida explicou que espera luz verde ainda em abril ou maio, dependendo de se a reprogramação fosse aprovada no Ecofin ou no Conselho de Assuntos Gerais.

Para já está agendado, para sexta-feira, dia em que o PSD apresenta o seu programa eleitoral, um evento para apresentar “as novidades do PRR, no âmbito da reprogramação e transparência”, com a presença do ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, o presidente da estrutura de missão Recuperar Portugal, Fernando Alfaiate, o presidente executivo do Banco de Fomento, Gonçalo Regalado, e o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Hélder Reis.

Portugal entregou a reprogramação do PRR a 1 de fevereiro.Em fevereiro e março, a Comissão esteve a analisar a nossa proposta de reprogramação. É suposto, nos últimos dias de março, tomar uma primeira posição sobre a nossa proposta. Uma posição que esperamos que nos seja favorável”, disse Castro Almeida ao ECO dos Fundos, o podcast quinzenal do ECO sobre fundos europeus, gravado na última semana de março. “Depois há que formalizar isso mais tarde, aprovando num Conselho de Ministros. E agora há aqui uma indefinição: se vai ser no Conselho de Ministros de abril ou no de maio, que será aprovada formalmente a reprogramação. Mas estamos confiantes que vai ser aprovada, com certeza”, disse o ministro.

Esta reprogramação teve como principais traços retirar do PRR tudo o que estava em risco de não ser concluído até junho de 2026, reforçar os investimentos na saúde e nas empresas, em detrimento das casas, das barragens e dos metros.

A saúde tem um reforço de 336 milhões de euros para a compra de equipamentos para as Unidades Locais de Saúde (ULS), “modernizando as infraestruturas e garantindo um melhor acesso aos cuidados de saúde”, segundo o comunicado do Ministério da Coesão. A ciência e ensino superior recebe um investimento adicional de 110 milhões para “equipamentos e modernização tecnológica das universidades, reforçando a capacidade científica e de investigação do país”. E para fomentar a inovação empresarial, a competitividade e o crescimento das empresas é criado um novo instrumento financeiro com uma dotação de cerca de 230 milhões de euros.

Mas em contrapartida alguns investimentos deixarão de ser financiados pelo PRR como a barragem do Pisão, a dessalinizadora do Algarve; a tomada de água do Pomarão; Linha violeta do Metropolitano de Lisboa e o investimento parcial na Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa que passam a ser assegurados pelo Portugal 2030.

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Não há novos interessados na mina de Moncorvo. Mas Governo está aberto a propostas

"Não há notícia, neste momento e no que diz respeito à exploração de minerais metálicos, de situações semelhantes às das Minas de Moncorvo", escreve o ministério do Ambiente.

O Governo terminou o contrato de concessão para a exploração das minas de Moncorvo, nas quais a empresa Aethel Mining estava encarregue de levar a cabo a exploração de ferro, alegando o incumprimento por parte da empresa de condições contratuais. Fonte oficial do ministério do Ambiente afirma que ainda não há interessados mas que novos candidatos são bem-vindos, já que o Estado tem “todo o interesse” na continuidade do projeto.

O aviso da revogação do contrato aviso foi publicado em Diário da República a 4 de abril, e, desde que essa decisão se tornou pública, não há conhecimento de potenciais interessados, informa o ministério do Ambiente, em resposta ao ECO/Capital Verde. No entanto, “o Estado continua a ter todo o interesse na reativação do projeto das Minas de Ferro de Moncorvo, pela sua importância económica e pelos benefícios que pode trazer ao Concelho de Torre de Moncorvo e à região.

Agora que a área está disponível, qualquer empresa interessada em explorar o recurso, e que considere ter capacidade para tal, pode apresentar junto da DGEG um pedido para que lhe seja atribuída a concessão. Contudo, “um eventual novo pedido não significa que a atual concessão será entregue, tal como está, ao novo concessionário”, ressalva o ministério. Os termos de uma eventual nova concessão serão os que resultarem do novo procedimento, e negociados entre o Estado e a empresa.

Por seu lado, a Aethel Mining admitiu, em declarações à Lusa, que vai recorrer aos tribunais contra anulação da concessão em Moncorvo.

Governo quer reforçar acompanhamento dos contratos

Não há notícia, neste momento e no que diz respeito à exploração de minerais metálicos, de situações semelhantes às das Minas de Moncorvo“, escreve o ministério do Ambiente. No entanto, de acordo com declarações da ministra da tutela, Maria da Graça Carvalho, o objetivo é reforçar o acompanhamento que é feito pela DGEG em relação aos contratos de concessão, tanto no que diz respeito às condições que são definidas inicialmente como também na concretização das medidas.

De momento, o acompanhamento dos contratos de concessão de depósitos minerais é feito pela Direção-Geral de Energia e Geologia, que vai verificando se as empresas estão a cumprir as suas obrigações contratuais, seja através das aprovações dos planos de trabalhos anuais ou de ações de fiscalização e visitas ao terreno.

Empresa não cumpriu prazos e pagamentos

De acordo com o ministério do Ambiente, existiram três razões para a DGEG ter decidido quebrar o contrato. A Aethel Mining, “apesar das várias insistências da DGEG”, nunca entregou os 700.000 euros que deveriam reforçar a garantia financeira, e também não pagou integralmente os encargos de exploração relativos à primeira fase do contrato, até 30 de julho de 2023. Em terceiro lugar, não foi cumprido o prazo de dar início à produção de concentrados de ferro até março de 2025, sendo que a empresa não havia sequer submetido um programa de trabalhos relativo a este ano e a DGEG não registou qualquer atividade no terreno na segunda metade de 2024.

A decisão foi tomada sob proposta da DGEG, “depois de seguir todos os procedimentos necessários e previstos na lei para a revogação do contrato”, entre os quais a audição da empresa.

Apesar da cessação do contrato, o Governo indica que a empresa ainda tem a obrigação de repor, “tanto quanto possível”, a situação que existia antes do início da exploração e a reflorestar a área afetada, no prazo de 12 meses.

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Avaliação da TAP ainda decorre. O que muda com o choque das tarifas

EY e banco Finantia ainda estão a trabalhar na avaliação para a privatização, diz o Governo. Novo contexto económico global tem impactos negativos e positivos para a companhia aérea.

A EY e o Finantia ainda prosseguem com os trabalhos de avaliação da TAP no âmbito do processo de privatização. Um trabalho que decorre agora num contexto económico muito diferente, marcado por uma intensa guerra comercial desencadeada por Trump. Quebra na procura por viagens pode penalizar a companhia aérea, mas queda do petróleo tem impacto positivo.

A consultora e o banco tinham sido selecionados pela Parpública para fazer a avaliação financeira para o processo de reprivatização da TAP lançado pelo anterior Governo. O novo relançou o processo e há cerca de seis meses pediu à EY e ao Finantia para atualizarem as contas. Um processo que ainda não está terminado.

“Os trabalhos de avaliação ainda decorrem”, respondeu ao ECO fonte oficial do Ministério das Infraestruturas sem, no entanto, esclarecer se o novo enquadramento económico vai ser considerado nos valores que vão ser entregues. A resposta foi dada ainda antes de Donald Trump na quarta-feira ter anunciado uma pausa de 90 dias nas tarifas, mantendo durante esse período de negociação tarifas reciprocas de 10% para 75 países.

O setor da aviação não foi poupado à forte queda das bolsas desencadeada pelo aumento global de tarifas anunciado por Donald Trump a 2 de abril e posteriores ações retaliatórias, mas apresentaram um desempenho bem melhor do que a generalidade do mercado.

As tarifas aduaneiras não se aplicam às passagens aéreas, mas há um impacto indireto que pode ser relevante. “Um ambiente de maior incerteza e receio quanto à evolução da economia global poderá levar a uma redução na procura de viagens, especialmente no segmento de negócios”, assinala ao ECO Nuno Esteves, analista financeiro que acompanha o setor.

Com a ampla incerteza global, o crescimento estagnou.

Ed Bastian

CEO da Delta Airlines

O CEO da Delta Airlines, Ed Bastian, assinalou esta quarta-feira na apresentação resultados do primeiro trimestre que “com a ampla incerteza global, o crescimento estagnou”. Para se proteger deste novo contexto de travagem da economia, a companhia aérea americana vai reduzir a oferta de voos planeada para a segunda metade do ano, que será afinal igual à de 2024, e irá “gerir ativamente” os custos e o investimento, anunciou. “Estamos a agir como se fossemos para uma recessão”, disse ao canal americano CNBC. O CEO da Air France – KLM reconheceu à mesma estação que estão a “registar uma ligeira quebra na classe económica” nos voos para os EUA.

Para a TAP, “uma eventual recessão nos EUA, aliada a uma depreciação do dólar, poderá traduzir-se num menor número de visitantes norte-americanos e numa redução da receita gerada por este mercado”, refere Nuno Esteves. A América do Norte foi responsável por 19,4% das receitas de 4.231 milhões conseguidas pela companhia aérea no ano passado.

Para 2025, a transportadora portuguesa antecipa um aumento de 2,8% na oferta de lugares e de 3% no número de passageiros neste mercado. Em resposta à agência Lusa, a TAP afirmou continuar confiante no sucesso das rotas que opera” para os EUA. “A melhor prova dessa confiança é que vai iniciar nos próximos três meses, três novas rotas, a saber, Lisboa/Los Angeles, Porto/Boston e Terceira/São Francisco”.

No reverso da moeda também há boas notícias para a TAP. Se em 2024 os resultados foram penalizados pela desvalorização do euro contra o dólar, nas últimas semanas tem acontecido o inverso. Depois de quase ter chegado à paridade, o euro transaciona agora na casa dos 1,10 dólares. “A apreciação do euro face ao dólar em 2025 (+5,91%) vai permitir uma menor fatura anual com o custo dos leasings (financeiros e operacionais) que em 2024 totalizavam os 2.037 milhões em moeda norte-americana, e tiveram um custo de 569 milhões de euros”, refere Nuno Esteves.

A cotação do barril (Brent) desce cerca de 20% desde o dia 2 de abril, o que se reflete no preço do jet fuel, a principal rubrica de custos da companhia aérea. “A TAP SA irá conseguir poupar aproximadamente 72,2 milhões de euros por cada diminuição de 10% no preço do jet fuel em 2025, considerando um nível de cobertura (hedging) de 31% e um nível de atividade em linha com o ano anterior”, estima o analista financeiro.

Apesar dos desafios atuais — nomeadamente a potencial perturbação do mercado norte-americano e a instabilidade no espaço europeu —, a TAP aparenta ter capacidade para gerir esta fase de uma forma relativamente controlada.

Nuno Esteves

Analista financeiro

“Apesar dos desafios atuais — nomeadamente a potencial perturbação do mercado norte-americano e a instabilidade no espaço europeu —, a TAP aparenta ter capacidade para gerir esta fase de uma forma relativamente controlada“, considera Nuno Esteves, que aponta a estabilidade laboral, a frota moderna, a forte presença no mercado brasileiro e o perfil de dívida como fatores favoráveis à companhia portuguesa.

Com a queda do Governo a privatização da TAP foi suspensa, embora os preparativos não tenham sido interrompidos. O Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, afirmou há duas semanas que o “trabalho de backoffice” para a venda da companhia aérea “continua a ser feito e será vertido para a pasta de transição”. A avaliação é um dos passos obrigatórios.

Nuno Esteves considera que “o facto de existirem atualmente três concorrentes europeus com uma elevada capacidade financeira, com know-how do setor e projetos estruturados que acrescentam valor ao país em setores da economia de elevado capital humano e tecnológico, vai permitir potenciar o preço de venda da TAP, com uma expectável recuperação dos valores injetados na empresa durante a pandemia”.

O analista financeiro avalia a TAP entre 1.720 e 1.745 milhões de euros, “recorrendo ao método dos cash-flows descontados e com base numa perspetiva prudente, ancorada nas quatro últimas transações e avaliações relevantes do setor — com destaque para a ITA Airways”. “Num espaço europeu onde cinco companhias aéreas detêm 76% da quota de mercado, manter a TAP isolada representa um risco elevado para o seu desempenho operacional e estratégico”, alerta.

O ECO questionou o Governo, o Grupo IAG e a Air France – KLM sobre o impacto que o atual contexto poderá ter na privatização da companhia aérea e todos preferiram não comentar.

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Acionistas da EDP reúnem-se em plena tempestade de Trump e das renováveis

Os acionistas da EDP têm, esta quinta-feira, reunião marcada. A Assembleia Geral acontece num momento em que a elétrica enfrenta vários desafios, nos Estados Unidos e negócio renovável.

A chegada de Donald Trump à Casa Branca criou instabilidade num dos principais mercados da EDP, os Estados Unidos, e incerteza em particular quanto ao futuro das energias renováveis, tecnologias que servem de pilar ao negócio da cotada portuguesa. É no meio desta ‘tempestade’ que os acionistas da EDP se reúnem esta quinta-feira.

Na mensagem que introduz o último relatório e contas da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade aponta tanto para “desafios significativos” como “oportunidades” que se apresentaram ao longo de 2024. Salienta que os custos de capital “mantiveram-se elevados” e que as mudanças políticas “introduziram novas incertezas”, referindo-se em particular à nova administração nos Estados Unidos e ao cenário no setor das energias limpas.

As cadeias de valor das renováveis estão distribuídas a nível global e vão ser negativamente afetadas por qualquer tipo de guerra de tarifas”, alerta Ben McWilliams, investigador no think tank Bruegel.

Isto, quer as tarifas se venham a demonstrar apenas uma ferramenta de negociação, quer se mantenham ativas por um longo período. “Vai ser um problema para a transição energética? Absolutamente”, afirma, por seu lado, o diretor do Boston Consulting Group, Bas Sudmeijer, citado pela Bloomberg. No entanto, defende que as indústrias ligadas à transição energética podem estar mais preparadas que outras para uma guerra comercial, já que se têm deparado com restrições comerciais crescentes na última década.

A América do Norte está “taco a taco” com o Brasil em termos da contribuição para o EBITDA da EDP: ambos os mercados entregam 18% desta rubrica. À frente deles só a Península Ibérica, que pesa 58%. Olhando do ponto de vista das tecnologias, as Renováveis, em conjunto com o segmento comercial, suportaram 67% do EBITDA da EDP.

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O setor das renováveis, em particular, já viu melhores dias, e o CEO da EDP também o reconhece: “Em 2024, o nosso negócio de Renováveis enfrentou um dos cenários mais desafiantes que o setor alguma vez experienciou”, lê-se na mensagem no último relatório e contas.

É desde 2022 que “os investidores têm vindo a olhar para as energias renováveis como uma alternativa pouco lucrativa e até pouco viável”, relata Vítor Madeira, analista da XTB, assumindo que é difícil determinar quando é que o mercado vai dar a volta a este sentimento, algo que está também dependente do desenvolvimento tecnológico.

João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, reforça que “o segmento das energias renováveis atravessa de facto um ciclo menos positivo” e prevê que este abrandamento se prolongue até pelo menos meados de 2026, “refletindo uma normalização do setor após um período de forte crescimento”. Para o analista, a pressão sobre as renováveis resulta de uma combinação de inflação, subida de juros, desafios regulatórios e atraso nas infraestruturas de suporte.

A seu ver, para a EDP, esta fase implica maior prudência na expansão, com um foco em projetos de menor risco, mas não altera o posicionamento estratégico de longo prazo na transição energética. A EDP adicionou 4 gigawatts ao respetivo portefólio em 2024, “o maior aumento anual de capacidade até à data”, salientou Stilwell na mensagem no relatório e contas. Mas o responsável pelas Finanças da EDP Rui Teixeira, indicou que o investimento da EDP Renováveis deverá rondar os 3 mil milhões de euros em 2025 e situar-se abaixo desta fasquia em 2026, quando em 2024 se situava os 4,1 mil milhões de euros. A mesma tendência de abrandamento no investimento vai verificar-se na casa-mãe.

Mesmo num contexto mais desfavorável, “as renováveis continuam a disparar”, com volumes recorde de energia solar e eólica a serem atingidos todos os anos, e outras energias limpas a proliferarem, sublinha ainda o investigador do Bruegel. Considera ainda que o maior desafio da indústria é a competição no que toca ao fornecimento destas soluções, mais do que em relação à procura. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo global de eletricidade deverá crescer a um ritmo sem precedentes, enquanto se estima que a oferta elétrica aumente mais de 25% até 2030, com as renováveis a assumirem a liderança.

Contudo, os ventos não parecem para já soprar de feição, pelo menos os que vêm do outro lado do Atlântico. A administração dos Estados Unidos mostra-se avessa às energias renováveis. No caso da EDP, a incerteza em torno dos projetos de energia eólica offshore nos EUA impactou os resultados de 2024, com a Ocean Winds (joint-venture entre a EDP Renováveis e a Engie) a registar uma provisão para potenciais atrasos nos projetos, a qual afeta a EDP em 100 milhões de euros. Foi outro projeto da subsidiária de energias limpas, um de energia eólica na Colômbia que a EDP Renováveis deixou cair, que ditou um grande rombo nas contas de ambas as cotadas. Às contas da casa-mãe subtraiu 400 milhões de euros.

O CEO da EDP declarou-se “cautelosamente otimista” em relação aos Estados Unidos na chamada com analistas que decorreu no rescaldo da apresentação de resultados da EDPR, argumentando com o crescimento da procura que antevê neste território, muito apoiada na instalação de centros de dados. A empresa continua a ver este mercado como um de “baixo risco”, de acordo com o plano de investimentos divulgado em fevereiro.

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Os mercados têm vindo a reagir negativamente a um contexto mais imprevisível e menos favorável nas renováveis. A ação da EDP está a perder mais de 8% desde o início do ano, enquanto a subsidiária de energias limpas conta uma quebra de 30% no mesmo período. No horizonte de um ano as perdas são, respetivamente, de 17,4% e 44,6%.

No entanto, nem tudo são perspetivas negativas: caso as bolsas internacionais continuem a cair, as empresas defensivas, que incluem a EDP, podem sair beneficiadas, defende o analista da XTB. “No entanto, a empresa não deve esperar um forte crescimento” – deve apenas conseguir “aguentar-se nos níveis atuais”, prevê.

Resultados não impressionam. Redes seguram

No final de fevereiro, as duas cotadas do grupo EDP prestaram contas aos investidores. O primeiro número a sair, o dos resultados da EDP Renováveis, caiu com estrondo: um prejuízo de 556 milhões de euros. Horas depois – e imprevisivelmente, já que estava previsto para o dia seguinte – conheceu-se o lucro da casa-mãe, que também mostrou uma quebra, embora mais ligeira (de 16%), e manteve-se em terreno solidamente positivo. A elétrica contou 801 milhões de euros no final de 2024.

A EDP aguentou-se apoiada na solidez das redes. Este negócio contribui com 33% do EBITDA da empresa, tendo vindo a crescer paulatinamente, até aos atuais 1.590 milhões de euros. Desde 2023 que a cotada apresenta agregados na mesma rubrica os resultados obtidos com os segmentos de Renováveis e o Comercial, que em conjunto são responsáveis pelos restantes 3.329 milhões de euros do EBITDA.

“A valorização das redes como eixo estratégico é uma escolha racional e ajustada ao contexto”, entende João Queiroz, do Carregosa, adiantando que espera que este segmento reforce o seu peso e relevância. “A rede passa, assim, a constituir um ativo estratégico não apenas de estabilidade, mas também de transformação”, entende.

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Apesar do suporte das redes, o cenário não é brilhante. “Os valores fundamentais têm-se vindo a deteriorar nos últimos dois anos para a empresa. A EDP baixou as suas métricas financeiras e, como seria de esperar, o seu valor caiu”, resume Vítor Madeira.

Os lucros da EDP têm vindo a diminuir, assinala a XTB, ao mesmo tempo que sublinha que a empresa baixou as suas receitas durante oito trimestres consecutivos em relação ao período homólogo anterior. Em paralelo, a dívida tem subido para níveis inéditos, tendo superado os 19 mil milhões em 2024. O elevado volume “pode ditar mais encargos com a dívida quando as suas obrigações forem renovadas”, observa o analista da XTB.

É inequívoco que o desempenho menos favorável em alguns segmentos resulta sobretudo de fatores externos e não de falhas de gestão”, avalia João Queiroz, que deteta “pragmatismo” na forma como a gestão tem procurado um reequilíbrio, reforço da eficiência, desinvestimento em geografias “não core” e reposicionamento estratégico. “A EDPR, apesar das dificuldades em 2024, manteve a sua dinâmica de crescimento de capacidade e controlo de custos”, destaca.

Os principais riscos que João Queiroz identifica no que respeita a EDP são a incerteza regulatória em mercados-chave, a execução de projetos em geografias mais complexas, a exposição cambial — em particular no Brasil — e a possível erosão de resultados devido à redução dos ganhos com a rotação de ativos na EDPR. Estes riscos podem ser mitigados por uma gestão ativa da dívida, preferência por financiamento em moeda local nos mercados emergentes, controlo rigoroso de custos e foco em atividades com maior controlo e retorno.

Na mensagem que assina no relatório e contas, o CEO conclui que a empresa mantém-se focada “no cumprimento das metas financeiras para o período 2025-2026” e diz-se “confiante” na capacidade da elétrica de “gerar valor sustentável” para os acionistas.

Na mesa da Assembleia Geral vai estar, como habitual, a aprovação dos resultados da cotada, a distribuição dos resultados e de dividendos, a autorização para compra e alienação de ações próprias por parte do Conselho Executivo no que diz respeito à EDP e às suas participadas, assim como a avaliação da prestação da administração e órgãos de fiscalização da elétrica.

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A chamada que o investidor não quer receber. O que é uma ‘margin call’ e que papel tem na turbulência dos mercados?

Mecanismo de defesa contra o excessivo endividamento dos investidores, a 'chamada de margem' resulta de quedas nos mercados, mas também acaba por exacerbá-las ao obrigar a venda de ativos.

Pediu um empréstimo ao corretor para iniciar ou aumentar o investimento em bolsa com a esperança de fazer mais-valias. Infelizmente, as ações que escolheu perdem valor e recebe uma chamada do corretor a pedir que transfira capital para restabelecer os rácios combinados ou, se não puder, que venda as ações.

Esta é uma definição simples da ‘chamada de margem’ (ou margin call, em inglês), um fenómeno que não só está a ser impulsionado pela turbulência nos mercados nos últimos dias, mas também a exacerbar as quedas nas bolsas mundiais.

“É uma medida automática de controlo de risco que protege tanto o investidor como a instituição contra perdas pronunciadas“, explicou ao ECO, João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa. “Numa conjuntura caracterizada por volatilidade persistentemente elevada e menor liquidez — agravada pelas tensões da guerra comercial —, as margin calls estão a ter um impacto visível nos mercados“.

A Reuters noticiou na terça-feira que – no meio do turbilhão que Donald Trump provocou nos mercados financeiros globais ao anunciar a 2 de abril a imposição de tarifas reciprocas para dezenas de países – vários hedge funds já estão a desfazer-se de todas ou da maioria das suas posições em ações. Esses fundos, muitos deles focados em investimentos alternativos e arriscados, foram mais afetados por são mais expostos à volatilidade, que disparou com a incerteza sobre da economia mundial criada pela guerra comercial. O VIX, índice visto como ‘indicador do medo’ em Wall Street, negociava esta quarta-feira perto dos 48 pontos, abaixo dos 52 pontos de segunda-feira mas muito acima dos 16 pontos de há um ano.

Esta quarta-feira, o Banco de Inglaterra afirmou que hedge funds enfrentaram chamadas de margem “significativas” por parte dos seus corretores principais, à medida que navegavam na extrema volatilidade do mercado na sequência dos anúncios de tarifas, avisando que o risco de “novas correções acentuadas” continua elevado.

Analistas do banco de investimento J.P. Morgan estimaram que a alavancagem líquida, que se refere aos empréstimos, dos hedge funds caíu entre 5% e 6% na semana passada em relação à anterior, e que a alavancagem líquida pode estar em torno do menor nível desde o final de 2023.

Pode ser mecanismo de estabilização

“Muitos players, sobretudo os mais alavancados ou com menor capacidade de cobertura, podem estar a ser forçados a reduzir as posições de forma acelerada”, explicou João Queiroz. “Tal pode contribuir para movimentos mais bruscos nas cotações e, por vezes, para uma espiral de liquidações técnicas decorrentes de fechos compulsivos de posições em risco, o que tende a amplificar ainda mais a instabilidade”.

Adicionalmente, esta pressão pode revelar desequilíbrios entre participantes mais estruturados, com mecanismos robustos de gestão de risco, e outros mais vulneráveis, que enfrentam dificuldades em cumprir os reforços exigidos, adiantou. “Em mercados menos líquidos, estas dinâmicas têm efeitos mais imediatos, com spreads, ou diferenciais, mais amplos e menos profundidade de mercado — o que dificulta a execução eficiente de ordens de maior dimensão”.

O head of trading do Carregosa sublinha o impacto da volatilidade nas margins calls. “À medida que os preços oscilam com maior intensidade e a confiança nos ativos denominados em dólares dos EUA se fragiliza, os requisitos de margem tendem a ajustar-se com maior frequência e exigência, forçando muitos investidores a liquidar posições e/ou a reforçar colateral num prazo muito curto”, explicou, ainda antes de Trump ter anunciado uma pausa de 90 nas tarifas para 75 países e uma tarifa reciproca de 10% durante esse período de negociação.

Este mecanismo pode acentuar quedas — sobretudo em mercados com liquidez reduzida —, desencadeando uma cadeia de vendas técnicas desligadas de fundamentos“, vincou. “Por outro lado, também poderá funcionar como um mecanismo de estabilização, forçando uma desalavancagem saudável e uma reavaliação mais prudente do risco”.

“Nos próximos dias, o seu impacto dependerá fortemente da resposta das autoridades monetárias, da evolução da guerra comercial e da perceção de risco dos investidores institucionais”, concluiu.

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Apoios ao investimento, internacionalização e formação são resposta nacional às tarifas de Trump

O Governo vai aprovar esta quinta-feira em Conselho de Ministros quatro mega-medidas para responder a duas consequências diretas das tarifas: Perda de competitividade e de mercado.

Apoios ao financiamento e à internacionalização, fundo de maneio, seguros de crédito à exportação e apoios à formação são algumas das soluções que devem fazer parte do pacote de medidas que o Governo vai aprovar, esta quinta-feira, em Conselho de Ministro para ajudar as empresas a mitigar os impactos da guerra comercial, mesmo depois de os EUA terem anunciado uma pausa de 90 dias nas tarifas para negociar e aplicarem imediatamente “uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante este período, de 10%”. Vão ser quatro mega-medidas para responder a duas consequências diretas das tarifas americanas: Perda de competitividade e perda de mercado.

Depois de reunir com 24 associações ao longo de dois dias, o Governo vai apresentar um pacote de medidas que tenta responder às necessidades das empresas. “O Governo não vai reajustar em virtude de um congelamento”, disse o ministra da Economia em entrevista à Sic Notícias. “Avançaremos amanhã [quinta-feira] com a reflexão em Conselho de Ministros com medidas estruturais, de profundidade económica, com um grau de tecnicidade e integração entre elas que têm de ser muito bem pensadas”, disse Pedro Reis, recusando entrar no “festival eleitoral e fazer comparativos com outros países”.

“O importante é chegar ao terreno com medidas rápidas e vigorosas, que possam fazer a diferença, e bem ancoradas”, disse Pedro Reis, acrescentando que “o Governo há meses que tinha no radar esta questão dos Estados Unidos”. “Obviamente que não sabia a dimensão”, admitiu. Do encontro com as associações saiu um apelo geral de celeridade nos apoios.

O apoio ao financiamento será assegurado através de garantias operacionalizadas pelo Banco Português de Fomento. O apoio à internacionalização, para ajudar as empresas a diversificar mercados e contornar as tarifas de Donald Trump, deverá ser conseguido através do Compete. O ministro da Economia já tinha anunciado que o programa temático do Portugal 2030 seria usado na resposta à escalada da guerra comercial, tal como a instituição liderada por Gonçalo Regalado.

Em cima da mesa está ainda a disponibilização de seguros de crédito à exportação. O Executivo quer que o Banco de Fomento assuma um papel preponderante neste setor, embora a Cosec continue a manter a gestão dos seguros de crédito à exportação com garantia do Estado. Mas esta medida só funciona quando as empresas efetivamente têm encomendas para exportar, sublinhou ao ECO o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confecção (ANIVEC), César Araújo. “Não podem ficar em fábrica”.

Para ajudar, quando já existem dificuldades, o Governo vai apostar nos apoios à formação, nomeadamente através do programa formação-ação que é financiado pelo Compete. As empresas podem receber um apoio a 90%, de acordo como as atuais regras em vigor

Os setores mais afetados pelas tarifas pediram ao Executivo para recuperar também o lay-off simplificado, mas a medida não está a ser equacionada, para já, até porque a necessidade de recorrer a este instrumento não é por enquanto transversal, concluiu o ECO a partir do contacto com várias associações. E no entendimento do Governo, seria até criar um uma dramatização excessiva face aos desenvolvimentos das últimas horas. Este é, aliás, um pedido recorrente em momentos mais desafiantes para a economia, mas os governos têm sempre alguma resistência em avançar com esta medida extraordinária de apoio à manutenção dos contratos de trabalho, criada para responder às empresas obrigadas a fechar portas por decisão do Governo nos tempos da pandemia.

Em cima da mesa poderá estar ainda a introdução de algumas medidas de desburocratização e facilitação do licenciamento industrial. “A medida foi abordada, mas pode não ser para esta fase já”, admitiu ao ECO Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). “Deve ser necessário mais tempo para ver como as coisas correm”, disse, acrescentando que esta é uma medida que “pode ter uma carga mais alarmistas que pode não ser indicada para um período de campanha”.

As medidas que Portugal está a implementar estão a ser concertadas com a União Europeia, porque alguns apoios podem chocar com as regras de minimis, ou seja, os montantes a partir dos quais o incentivo do Estado poderia ser considerado ajuda de Estado e suscetível de afetar de forma significativa o comércio e a concorrência entre Estados-membros.

O primeiro-ministro admitiu, na quarta-feira, que o Executivo, apesar de estar em gestão, está “em diálogo permanente com a Comissão Europeia”. “Estamos também a tratar da nossa parte mais individualmente considerada”, disse Luís Montenegro, remetendo para quinta-feira uma resposta do ponto de vista nacional.

O Governo está ainda a “reequacionar a forma como os instrumentos de apoio às empresas podem ser mais eficazes”, tornar os “programas mais competitivos, com uma visão mais global da indústria”, como já tinha avançado ao ECO o presidente da ATP, Mário Jorge Machado. “O Governo deverá reforçar estes programas”, disse o responsável.

“Todas as medidas de apoio são bem-vindas”, disse, por seu turno, Manuel Oliveira, secretário-geral da Cefamol, “mas é preciso ver como são colocadas em prática e a celeridade das mesmas”. O responsável sublinha que “há um claro interesse que isso aconteça”.

A União Europeia aprovou esta quarta-feira, por maioria (só a Hungria votou contra), a aplicação de tarifas de 25% a produtos norte-americanos, em resposta às tarifas aplicadas pelos EUA às importações de aço e alumínio europeus. Mas insiste na “preferência por uma solução negociada com os EUA”, por isso, deixou claro que “estas contramedidas podem ser suspensas em qualquer momento, se houver um acordo com os EUA para uma solução justa e negociada”.

De acordo com a Comissão Europeia, as tarifas de 25% aplicadas às exportações dos EUA terão um valor de mais de 22 mil milhões de euros, de acordo com as importações feitas em 2024 para os países do bloco comunitário. Mas no total o valor poderá ascender aos 26 mil milhões, equiparando as consequências das tarifas que Washington aplicou aos 27 Estados-membros.

Horas mais tarde, Donald Trump anunciou a suspensão por 90 dias da aplicação das taxas a mais de 75 países, enquanto decorrem negociações comerciais. Mas manteve a implementação imediata de “uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante este período, de 10%”.

Por outro lado, aumentou para 125% as tarifas impostas aos produtos chineses, face ao aumento de 104% anunciado na terça-feira e que teve retaliação imediata de Pequim com uma taxa adicional de 50% sobre as importações oriundas dos Estados Unidos, para 84%, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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Suspensão das tarifas por 90 dias pode ser janela para escoar encomendas para os EUA

Muitas empresas do têxtil têm encomendas canceladas ou com pedidos de adiamento devido às tarifas impostas por Trump. Outras têm encomendas em suspenso, tal como a metalomecânica.

O anúncio do Presidente norte-americano Donald Trump de suspender por 90 dias a aplicação das taxas recíprocas a mais de 75 países, enquanto decorrem negociações comerciais, pode ser a janela de oportunidade que muitas empresas esperavam para exportar as encomendas que têm em carteira.

Na sequência dos anúncios sucessivos de imposição de tarifas e contra medidas, muitas empresas estão a ser confrontadas com o cancelamento de encomendas ou com pedidos de adiamento, avançaram ao ECO o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), Mário Jorge Machado, e o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confecção (ANIVEC), César Araújo.

Mas há ainda uma terceira consequência que é comum ao setor têxtil, mas também à metalomecânica: “Há clientes que estão a pedir para que as encomendas não sejam expedidas já”, relatou também ao ECO Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP).

Os pedidos para que as encomendas não embarquem já surgem na expectativa de que o Presidente dos EUA suspenda a imposição de tarifas”, explicou Mário Jorge Machado.

O anúncio de suspensão chegou ao final do dia de quarta-feira. “Mais de 75 países chamaram representantes dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos do Comércio, do Tesouro e o USTR [Escritório do Representante de Comércio dos EUA], para negociar uma solução para os assuntos que estão a ser discutidos em relação ao comércio, barreiras comerciais, tarifas, manipulação de moeda, e tarifas não monetárias”, escreveu Donald Trump na rede social, Truth Social.

Para estes países, que, sob uma “forte sugestão” do Chefe de Estado norte-americano, não retaliaram “de qualquer forma ou feitio contra os Estados Unidos”, Trump autorizou uma pausa de 90 dias na aplicação das tarifas e a implementação imediata de “uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante este período, de 10%”.

Esta pode ser a janela que se abre para as encomendas “retidas” serem despachadas. Porquê? Porque “é a data de embarque das encomendas” que dita o montante da tarifa a aplicar, explicou Mário Jorge Machado. Mas, “o nível de incerteza que se vive é tão grande que é tudo absolutamente imprevisível”, diz Rafael Campos Pereira.

A exposição direta das empresas de metalomecânica ao mercado americano é de “apenas de 800 milhões de euros, cerca de 3% das exportações do setor, mas há muitas exportações indiretas de equipamentos e componentes e peças técnicas nacionais que são incorporados em produtos finais franceses e alemães e até italianos, que são vendidos depois para os Estados Unidos, alerta o responsável da AIMMAP.

“Todos estão na expectativa”, diz César Araújo, porque “não sabemos quando e como isto acaba. E os nossos clientes não podem refletir o aumento de preços ao consumidor final que não está disposto a pagar”, diz o responsável da ANIVEC.

O cancelamento de encomendas na sequência das tarifas não é um exclusivo de toda a fileira do setor têxtil. Antes do anúncio de novas tarifas de 20% à União Europeia foram suspensas ou canceladas encomendas de vinho para o mercado norte-americano, revelou o presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP). “Há várias encomendas que foram suspensas ou anuladas à espera da clarificação da situação relativamente às tarifas”, afirmou António Filipe, citado pela Lusa, referindo-se a empresas associadas da AEVP.

O responsável especificou que esta situação aconteceu depois da ameaça feita pelo Presidente Donald Trump, em meados de março, de aplicar taxas de 200% a bebidas como o vinho proveniente da União Europeia. Em 2024, foram exportados cerca de 36 milhões de euros de vinho do Porto para os EUA, o que se traduz num aumento de 6,5% comparativamente com o ano anterior.

A União Europeia aprovou esta quarta-feira, por maioria (só a Hungria votou contra), a aplicação de tarifas de 25% a produtos norte-americanos, em resposta às tarifas aplicadas pelos EUA às importações de aço e alumínio europeus. Mas insiste na “preferência por uma solução negociada com os EUA”, por isso, deixou claro que “estas contramedidas podem ser suspensas em qualquer momento, se houver um acordo com os EUA para uma solução justa e negociada”.

De acordo com a Comissão Europeia, as tarifas de 25% aplicadas às exportações dos EUA terão um valor de mais de 22 mil milhões de euros, de acordo com as importações feitas em 2024 para os países do bloco comunitário. Mas no total o valor poderá ascender aos 26 mil milhões, equiparando as consequências das tarifas que Washington aplicou aos 27 Estados-membros.

Horas mais tarde, Donald Trump anunciou a suspensão por 90 dias da aplicação das taxas a mais de 75 países, enquanto decorrem negociações comerciais. Mas aumentou para 125% as tarifas impostas aos produtos chineses, face ao aumento de 104% anunciado na terça-feira e que teve retaliação imediata de Pequim com uma taxa adicional de 50% sobre as importações oriundas dos Estados Unidos, para 84%, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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Euforia em Wall Street com pausa nas tarifas. S&P teve maior ganho desde 2008

  • ECO
  • 9 Abril 2025

Principais bolsas dos EUA dispararam com recuo da administração Trump nas chamadas "tarifas recíprocas". Nasdaq registou o maior ganho desde 2001 e o S&P 500 desde 2008.

Dia de champanhe nas principais bolsas nova-iorquinas depois do presidente Donald Trump ter anunciado, nas redes sociais, uma pausa de 90 dias no plano das chamadas “tarifas recíprocas”, que tinham acabado de entrar em vigor esta quarta-feira. Apesar do agravamento do braço-de-ferro com a China – com Trump a subir as taxas para 125% em resposta à retaliação chinesa para 84% durante a manhã –, Nasdaq disparou 12,16%, marcando o maior ganho desde 2001 e o S&P 500 teve a maior valorização desde 2008.

No fecho da sessão, o índice de referência S&P 500 ganhou 9,52%, para os 5.456,90 pontos, o industrial Dow Jones subiu 7,87%, para os 40.608,45 pontos, e o tecnológico Nasdaq teve a maior valorização, ao disparar 12,16%, para os 17.124,97 pontos. O ganho desta quarta-feira é o terceiro maior desde a Segunda Guerra Mundial para o S&P 500

Entre as grandes tecnológicas (Big Tech), mais castigadas pela política comercial da administração Trump, a descompressão foi total e várias tiveram ganhos de dois dígitos. Foi o caso da Meta, dona do Facebook, com 14,76%, da Nvidia, com 18,72% e Tesla (22,69%). Já a Alphabet (dona do Google), a Microsoft e a Apple subiram 9,88%, 10,13% e 15,33%, respetivamente.

Empresas do setor retalhista, dependentes de importações, também viram as ações a disparar. Entre essas, a Wayfair valorizou 22,87% em bolsa, a Levi Strauss 20,21%, a Deckers, 13,91 e a Crocs 11,5%. Também as ações da Nike, Walmart e Target valorizaram 11,36%, 9,55% e 10,06% respetivamente.

Na sua rede social, Truth Social, Donald Trump tinha avisado os investidores que “era uma boa hora para comprar”. Passado pouco tempo, anunciou na mesma plataforma a trégua de 90 dias à política das tarifas, com exceção da China. Um dos títulos que mais valorizou, no fecho em Wall Street, foi mesmo a empresa do presidente, Trump Media & Technology Group, que ganhou 21,67%.

Os mercados têm reagido com quedas à medida que Trump anunciava a imposição de tarifas aduaneiras. Ao longo das quatro sessões de negociação anteriores, o S&P 500 sofreu uma perda de 12%, uma queda não vista desde a pandemia. A queda empurrou brevemente o índice de referência para território do urso (bear market), quando um índice cai 20% em relação ao seu último pico.

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Estação de Gaia fica em cima de curso de água e Reserva Ecológica, segundo proposta da Lusolav

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

Em causa está uma proposta de alteração do consórcio LusoLav, responsável pela linha de alta velocidade Porto-Oiã, para mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia.

A nova localização proposta pela LusoLav para a estação ferroviária de alta velocidade em Gaia localiza-se por cima de uma ribeira, e por isso em zona de Reserva Ecológica Nacional, consultou esta quarta-feira a Lusa.

A localização proposta constitui um território peri-urbano, que se encontra atualmente desocupada, por se tratar de uma área que, face ao PDM, apresenta” as servidões e Restrições de Utilidade Pública de Reserva Agrícola Nacional (RAN) e “Reserva Ecológica Nacional [REN] decorrente da presença de uma linha de água”, pode ler-se em documentos municipais a que a Lusa teve acesso.

Em causa está uma proposta de alteração do consórcio LusoLav (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto), responsável pela linha de alta velocidade Porto – Oiã, para mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária.

Os documentos a que a Lusa teve acesso irão a votação numa reunião extraordinária da Câmara de Gaia que se realiza na quinta-feira às 16:00, bem como numa Assembleia Municipal no mesmo dia às 21:00.

Relativamente à Carta de Qualificação do Solo, no solo rural a localização proposta localiza-se numa “Quinta em Espaço Rural” e em “Áreas Agrícolas”, no solo Urbano em “Áreas de Transição”, “Áreas Industriais Existentes”, “Área Urbanizada em transformação – tipologia moradias”, e nas categorias comuns ao solo rural e ao solo urbano em “Áreas naturais – áreas ribeirinhas”, “Zonas inundáveis ou ameaçadas pelas cheias” e “Estrutura Ecológica Fundamental”.

“Apesar de se tratar, maioritariamente, de solo rural, dado o caráter excecional (interesse nacional) do Projeto da Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto, admite-se que será sempre possível ultrapassar as restrições à edificação decorrentes dos regimes jurídicos da RAN e da REN”, consideram os serviços da Câmara de Gaia sobre a proposta do consórcio LusoLav.

Num vídeo que acompanha a proposta e a que a Lusa também teve acesso, refere-se que a estação, tal como a inicialmente projetada para Santo Ovídio, é da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura (aqui com André Campos), contando ainda com um parque urbano da autoria do arquiteto paisagista Sidónio Pardal.

Referem-se e demonstram-se ainda a existência de duas zonas de tomada e largada de passageiros, estacionamento com 505 lugares, quatro linhas de comboio e a extensão da Linha Rubi do Metro do Porto. Os serviços municipais alertam, porém, para “um esforço financeiro significativo por parte do Município”, especialmente ao nível de acessibilidades, mas também refere “um conjunto significativo de vantagens”.

O consórcio Lusolav propôs que o município “teria que executar/pagar o tramo da ‘Avenida até ao Mar’ e o tramo da VL3 até à nova rotunda, bem como o arruamento de ligação à EN1/Rua Alto das Torres”, ao passo que o consórcio “faria a ligação da rotunda (VL3) até à estação, executando também a ‘praça principal’ de entrada na estação, bem como os acessos de emergência”.

O consórcio faria ainda os “acessos sul, desde a Rua de S. Caetano e o acesso norte (ligação ao Metro), sendo que seria obrigação do Município executar o arruamento de acesso a poente”, bem como a via que delimita o parque ao lado nascente, estando o parque urbano da estação também a cargo do município.

Quanto às vantagens, o município aponta que “a nova localização é ‘equidistante’ da A1 (a nascente), do IC1 (a poente) e da A29 (a sul), permitindo uma melhor acessibilidade à estação a uma escala regional”, o descongestionamento da zona de Santo Ovídio, o facto de se tratar “de uma obra ‘mais fácil’, sem movimentos de terra significativos e numa área envolvente de baixa densidade”, a criação de uma “nova centralidade” no concelho ou a execução de “novos eixos viários municipais há muito previstos” e a extensão da Linha Rubi.

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Von der Leyen e Costa convidam empresas dos EUA a investir na UE

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

"A Europa está aberta ao comércio e ao investimento, foi essa a minha mensagem para a Câmara do Comércio dos Estados Unidos", afirmou a presidente da Comissão.

Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu convidaram esta quarta-feira as empresas norte-americanas a investirem na UE, assegurando que o bloco comunitário está contra uma guerra comercial por causa das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

A Europa está aberta ao comércio e ao investimento, foi essa a minha mensagem para a Câmara do Comércio dos Estados Unidos. Nós estamos a negociar e não a intensificar [uma guerra comercial] para continuarem a fluir as cadeias de abastecimento entre a UE e os EUA“, escreveu Ursula von der Leyen nas redes sociais, depois de uma reunião com representantes daquele organismo.

O presidente do Conselho Europeu, o português António Costa, que também esteve presente neste encontro considerou que os acordos comerciais entre os 27 e Washington “são melhores do que as tarifas”.

“Na nossa reunião, sublinhei que a UE continua a fazer todos os esforços para assegurar uma solução negociada sobre as últimas decisões de tarifas por parte da administração norte-americana”, escreveu António Costa nas redes sociais. Para o ex-primeiro-ministro português, a relação entre os EUA e a UE é “das mais fortes”.

Há uma semana, o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas de 20% para produtos importados da UE, acrescendo às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.

Em resposta, a UE aprovou, por maioria, a aplicação de tarifas de 25% a produtos norte-americanos, a entrar em vigor a partir de 15 de abril.

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Benfica. Corrupção de árbitros não está na acusação, lembra juiz do processo Saco Azul

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

O presidente do Benfica, Rui Costa, garantiu em tribunal que "existia confiança" nas pessoas responsáveis pelos contratos sob suspeita e admitiu que o clube temeu que caso o prejudicasse a equipa.

O presidente do Benfica, Rui Costa, garantiu em tribunal que “existia confiança” nas pessoas responsáveis pelos contratos sob suspeita no processo ‘Saco Azul’, e admitiu que o clube temeu que caso o prejudicasse a equipa dos encarnados.

“Quando o caso foi tornado público, sentimos mais revolta do que preocupação, até porque sabemos que muitas vezes isto se reflete em campo. A revolta foi grande internamente, mas o foco passou a ser dentro do campo”, disse Rui Costa, acrescentando: “Tememos o medo que os árbitros poderiam ter a apitar jogos do Benfica”.

Quando foi conhecida a existência de um alegado ‘Saco Azul’ no Benfica, alguma comunicação social indicou que o mesmo poderia ter sido usado para corromper árbitros, algo que não consta na acusação, como o juiz Vítor Teixeira e Costa fez questão de frisar em tribunal.

“A acusação não faz a relação entre o dinheiro e o seu uso”, disse o presidente do coletivo de juízes, durante a inquirição do líder dos ‘encarnados’.

Rui Costa, o primeiro a depor, na qualidade de representante da SAD do clube, garantiu que nada o leva a crer que os contratos em causa “não tenham sido úteis e importantes para o clube, admitindo que “muitos dos contratos eram assinados sem passar pelo Conselho de Administração”, e que muitas vezes era feita uma súmula dos mesmos por Miguel Moreira, à data diretor financeiro (CFO) dos ‘encarnados’ e também arguido no processo.

“Grande parte desses contratos passava pelo Miguel Moreira, ele tinha autonomia, o Luís Filipe Vieira [presidente do clube à data dos factos] não tinha conhecimentos de tecnologia informática (IT)”, afirmou Rui Costa, que garantiu “nunca ter tido conhecimento da circulação de grandes quantidades de dinheiro vivo” no clube.

Neste processo, que começou esta quarta-feira a ser julgado no Juízo Central Criminal de Lisboa, está em causa um alegado esquema de pagamentos fictícios a uma empresa de informática externa ao grupo Benfica, a Questãoflexível, num valor que ultrapassa 1,8 milhões de euros.

Na sessão da tarde foram ouvidas, durante mais de duas horas, as declarações de José Bernardes durante a fase de instrução, sendo que, depois, perante o coletivo, o arguido respondeu a várias questões, mas não quis falar sobre as transferências de dinheiro do Benfica para a empresa.

BenficaLusa

José Bernardes, da empresa QuestãoFlexível, admitiu que, “relativamente a contratos, falava sempre com Miguel Moreira”, e garantiu que nunca esteve com Luís Filipe Vieira, que liderou o clube entre 2003 e 2021.

O arguido explicou detalhadamente a cedência de posições em duas empresas relativamente a serviços prestados ao Benfica, bem como a criação da empresa QuestãoFlexível Lda, criado por ele e pela mulher e que tinha o Benfica como único cliente.

José Bernardes continuará a ser ouvido na próxima sessão, marcada para 08 de maio, na qual falará também Luís Filipe Vieira, arguido e presidente do clube à data dos factos.

De acordo com a acusação, confirmada em junho do ano passado por um juiz de instrução, o ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira é suspeito de três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento, assim como Domingos Soares de Oliveira, antigo administrador — que está fora do país e só marcará presença em tribunal em julho – e o ex-diretor financeiro do clube Miguel Moreira.

Os mesmos crimes são também imputados em coautoria com a empresa QuestãoFlexível, da qual é proprietário o empresário José Bernardes, que vai responder também pelo crime de branqueamento de capitais.

Num processo no qual são também arguidos Paulo Silva e José Raposo, a Benfica SAD está acusada de dois crimes de fraude fiscal qualificada e a Benfica Estádio de um crime de fraude fiscal e 19 de falsificação de documento.

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