A chamada que o investidor não quer receber. O que é uma ‘margin call’ e que papel tem na turbulência dos mercados?

Mecanismo de defesa contra o excessivo endividamento dos investidores, a 'chamada de margem' resulta de quedas nos mercados, mas também acaba por exacerbá-las ao obrigar a venda de ativos.

Pediu um empréstimo ao corretor para iniciar ou aumentar o investimento em bolsa com a esperança de fazer mais-valias. Infelizmente, as ações que escolheu perdem valor e recebe uma chamada do corretor a pedir que transfira capital para restabelecer os rácios combinados ou, se não puder, que venda as ações.

Esta é uma definição simples da ‘chamada de margem’ (ou margin call, em inglês), um fenómeno que não só está a ser impulsionado pela turbulência nos mercados nos últimos dias, mas também a exacerbar as quedas nas bolsas mundiais.

“É uma medida automática de controlo de risco que protege tanto o investidor como a instituição contra perdas pronunciadas“, explicou ao ECO, João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa. “Numa conjuntura caracterizada por volatilidade persistentemente elevada e menor liquidez — agravada pelas tensões da guerra comercial —, as margin calls estão a ter um impacto visível nos mercados“.

A Reuters noticiou na terça-feira que – no meio do turbilhão que Donald Trump provocou nos mercados financeiros globais ao anunciar a 2 de abril a imposição de tarifas reciprocas para dezenas de países – vários hedge funds já estão a desfazer-se de todas ou da maioria das suas posições em ações. Esses fundos, muitos deles focados em investimentos alternativos e arriscados, foram mais afetados por são mais expostos à volatilidade, que disparou com a incerteza sobre da economia mundial criada pela guerra comercial. O VIX, índice visto como ‘indicador do medo’ em Wall Street, negociava esta quarta-feira perto dos 48 pontos, abaixo dos 52 pontos de segunda-feira mas muito acima dos 16 pontos de há um ano.

Esta quarta-feira, o Banco de Inglaterra afirmou que hedge funds enfrentaram chamadas de margem “significativas” por parte dos seus corretores principais, à medida que navegavam na extrema volatilidade do mercado na sequência dos anúncios de tarifas, avisando que o risco de “novas correções acentuadas” continua elevado.

Analistas do banco de investimento J.P. Morgan estimaram que a alavancagem líquida, que se refere aos empréstimos, dos hedge funds caíu entre 5% e 6% na semana passada em relação à anterior, e que a alavancagem líquida pode estar em torno do menor nível desde o final de 2023.

Pode ser mecanismo de estabilização

“Muitos players, sobretudo os mais alavancados ou com menor capacidade de cobertura, podem estar a ser forçados a reduzir as posições de forma acelerada”, explicou João Queiroz. “Tal pode contribuir para movimentos mais bruscos nas cotações e, por vezes, para uma espiral de liquidações técnicas decorrentes de fechos compulsivos de posições em risco, o que tende a amplificar ainda mais a instabilidade”.

Adicionalmente, esta pressão pode revelar desequilíbrios entre participantes mais estruturados, com mecanismos robustos de gestão de risco, e outros mais vulneráveis, que enfrentam dificuldades em cumprir os reforços exigidos, adiantou. “Em mercados menos líquidos, estas dinâmicas têm efeitos mais imediatos, com spreads, ou diferenciais, mais amplos e menos profundidade de mercado — o que dificulta a execução eficiente de ordens de maior dimensão”.

O head of trading do Carregosa sublinha o impacto da volatilidade nas margins calls. “À medida que os preços oscilam com maior intensidade e a confiança nos ativos denominados em dólares dos EUA se fragiliza, os requisitos de margem tendem a ajustar-se com maior frequência e exigência, forçando muitos investidores a liquidar posições e/ou a reforçar colateral num prazo muito curto”, explicou, ainda antes de Trump ter anunciado uma pausa de 90 nas tarifas para 75 países e uma tarifa reciproca de 10% durante esse período de negociação.

Este mecanismo pode acentuar quedas — sobretudo em mercados com liquidez reduzida —, desencadeando uma cadeia de vendas técnicas desligadas de fundamentos“, vincou. “Por outro lado, também poderá funcionar como um mecanismo de estabilização, forçando uma desalavancagem saudável e uma reavaliação mais prudente do risco”.

“Nos próximos dias, o seu impacto dependerá fortemente da resposta das autoridades monetárias, da evolução da guerra comercial e da perceção de risco dos investidores institucionais”, concluiu.

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Apoios ao investimento, internacionalização e formação são resposta nacional às tarifas de Trump

O Governo vai aprovar esta quinta-feira em Conselho de Ministros quatro mega-medidas para responder a duas consequências diretas das tarifas: Perda de competitividade e de mercado.

Apoios ao financiamento e à internacionalização, fundo de maneio, seguros de crédito à exportação e apoios à formação são algumas das soluções que devem fazer parte do pacote de medidas que o Governo vai aprovar, esta quinta-feira, em Conselho de Ministro para ajudar as empresas a mitigar os impactos da guerra comercial, mesmo depois de os EUA terem anunciado uma pausa de 90 dias nas tarifas para negociar e aplicarem imediatamente “uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante este período, de 10%”. Vão ser quatro mega-medidas para responder a duas consequências diretas das tarifas americanas: Perda de competitividade e perda de mercado.

Depois de reunir com 24 associações ao longo de dois dias, o Governo vai apresentar um pacote de medidas que tenta responder às necessidades das empresas. “O Governo não vai reajustar em virtude de um congelamento”, disse o ministra da Economia em entrevista à Sic Notícias. “Avançaremos amanhã [quinta-feira] com a reflexão em Conselho de Ministros com medidas estruturais, de profundidade económica, com um grau de tecnicidade e integração entre elas que têm de ser muito bem pensadas”, disse Pedro Reis, recusando entrar no “festival eleitoral e fazer comparativos com outros países”.

“O importante é chegar ao terreno com medidas rápidas e vigorosas, que possam fazer a diferença, e bem ancoradas”, disse Pedro Reis, acrescentando que “o Governo há meses que tinha no radar esta questão dos Estados Unidos”. “Obviamente que não sabia a dimensão”, admitiu. Do encontro com as associações saiu um apelo geral de celeridade nos apoios.

O apoio ao financiamento será assegurado através de garantias operacionalizadas pelo Banco Português de Fomento. O apoio à internacionalização, para ajudar as empresas a diversificar mercados e contornar as tarifas de Donald Trump, deverá ser conseguido através do Compete. O ministro da Economia já tinha anunciado que o programa temático do Portugal 2030 seria usado na resposta à escalada da guerra comercial, tal como a instituição liderada por Gonçalo Regalado.

Em cima da mesa está ainda a disponibilização de seguros de crédito à exportação. O Executivo quer que o Banco de Fomento assuma um papel preponderante neste setor, embora a Cosec continue a manter a gestão dos seguros de crédito à exportação com garantia do Estado. Mas esta medida só funciona quando as empresas efetivamente têm encomendas para exportar, sublinhou ao ECO o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confecção (ANIVEC), César Araújo. “Não podem ficar em fábrica”.

Para ajudar, quando já existem dificuldades, o Governo vai apostar nos apoios à formação, nomeadamente através do programa formação-ação que é financiado pelo Compete. As empresas podem receber um apoio a 90%, de acordo como as atuais regras em vigor

Os setores mais afetados pelas tarifas pediram ao Executivo para recuperar também o lay-off simplificado, mas a medida não está a ser equacionada, para já, até porque a necessidade de recorrer a este instrumento não é por enquanto transversal, concluiu o ECO a partir do contacto com várias associações. E no entendimento do Governo, seria até criar um uma dramatização excessiva face aos desenvolvimentos das últimas horas. Este é, aliás, um pedido recorrente em momentos mais desafiantes para a economia, mas os governos têm sempre alguma resistência em avançar com esta medida extraordinária de apoio à manutenção dos contratos de trabalho, criada para responder às empresas obrigadas a fechar portas por decisão do Governo nos tempos da pandemia.

Em cima da mesa poderá estar ainda a introdução de algumas medidas de desburocratização e facilitação do licenciamento industrial. “A medida foi abordada, mas pode não ser para esta fase já”, admitiu ao ECO Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). “Deve ser necessário mais tempo para ver como as coisas correm”, disse, acrescentando que esta é uma medida que “pode ter uma carga mais alarmistas que pode não ser indicada para um período de campanha”.

As medidas que Portugal está a implementar estão a ser concertadas com a União Europeia, porque alguns apoios podem chocar com as regras de minimis, ou seja, os montantes a partir dos quais o incentivo do Estado poderia ser considerado ajuda de Estado e suscetível de afetar de forma significativa o comércio e a concorrência entre Estados-membros.

O primeiro-ministro admitiu, na quarta-feira, que o Executivo, apesar de estar em gestão, está “em diálogo permanente com a Comissão Europeia”. “Estamos também a tratar da nossa parte mais individualmente considerada”, disse Luís Montenegro, remetendo para quinta-feira uma resposta do ponto de vista nacional.

O Governo está ainda a “reequacionar a forma como os instrumentos de apoio às empresas podem ser mais eficazes”, tornar os “programas mais competitivos, com uma visão mais global da indústria”, como já tinha avançado ao ECO o presidente da ATP, Mário Jorge Machado. “O Governo deverá reforçar estes programas”, disse o responsável.

“Todas as medidas de apoio são bem-vindas”, disse, por seu turno, Manuel Oliveira, secretário-geral da Cefamol, “mas é preciso ver como são colocadas em prática e a celeridade das mesmas”. O responsável sublinha que “há um claro interesse que isso aconteça”.

A União Europeia aprovou esta quarta-feira, por maioria (só a Hungria votou contra), a aplicação de tarifas de 25% a produtos norte-americanos, em resposta às tarifas aplicadas pelos EUA às importações de aço e alumínio europeus. Mas insiste na “preferência por uma solução negociada com os EUA”, por isso, deixou claro que “estas contramedidas podem ser suspensas em qualquer momento, se houver um acordo com os EUA para uma solução justa e negociada”.

De acordo com a Comissão Europeia, as tarifas de 25% aplicadas às exportações dos EUA terão um valor de mais de 22 mil milhões de euros, de acordo com as importações feitas em 2024 para os países do bloco comunitário. Mas no total o valor poderá ascender aos 26 mil milhões, equiparando as consequências das tarifas que Washington aplicou aos 27 Estados-membros.

Horas mais tarde, Donald Trump anunciou a suspensão por 90 dias da aplicação das taxas a mais de 75 países, enquanto decorrem negociações comerciais. Mas manteve a implementação imediata de “uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante este período, de 10%”.

Por outro lado, aumentou para 125% as tarifas impostas aos produtos chineses, face ao aumento de 104% anunciado na terça-feira e que teve retaliação imediata de Pequim com uma taxa adicional de 50% sobre as importações oriundas dos Estados Unidos, para 84%, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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Suspensão das tarifas por 90 dias pode ser janela para escoar encomendas para os EUA

Muitas empresas do têxtil têm encomendas canceladas ou com pedidos de adiamento devido às tarifas impostas por Trump. Outras têm encomendas em suspenso, tal como a metalomecânica.

O anúncio do Presidente norte-americano Donald Trump de suspender por 90 dias a aplicação das taxas recíprocas a mais de 75 países, enquanto decorrem negociações comerciais, pode ser a janela de oportunidade que muitas empresas esperavam para exportar as encomendas que têm em carteira.

Na sequência dos anúncios sucessivos de imposição de tarifas e contra medidas, muitas empresas estão a ser confrontadas com o cancelamento de encomendas ou com pedidos de adiamento, avançaram ao ECO o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), Mário Jorge Machado, e o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confecção (ANIVEC), César Araújo.

Mas há ainda uma terceira consequência que é comum ao setor têxtil, mas também à metalomecânica: “Há clientes que estão a pedir para que as encomendas não sejam expedidas já”, relatou também ao ECO Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP).

Os pedidos para que as encomendas não embarquem já surgem na expectativa de que o Presidente dos EUA suspenda a imposição de tarifas”, explicou Mário Jorge Machado.

O anúncio de suspensão chegou ao final do dia de quarta-feira. “Mais de 75 países chamaram representantes dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos do Comércio, do Tesouro e o USTR [Escritório do Representante de Comércio dos EUA], para negociar uma solução para os assuntos que estão a ser discutidos em relação ao comércio, barreiras comerciais, tarifas, manipulação de moeda, e tarifas não monetárias”, escreveu Donald Trump na rede social, Truth Social.

Para estes países, que, sob uma “forte sugestão” do Chefe de Estado norte-americano, não retaliaram “de qualquer forma ou feitio contra os Estados Unidos”, Trump autorizou uma pausa de 90 dias na aplicação das tarifas e a implementação imediata de “uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante este período, de 10%”.

Esta pode ser a janela que se abre para as encomendas “retidas” serem despachadas. Porquê? Porque “é a data de embarque das encomendas” que dita o montante da tarifa a aplicar, explicou Mário Jorge Machado. Mas, “o nível de incerteza que se vive é tão grande que é tudo absolutamente imprevisível”, diz Rafael Campos Pereira.

A exposição direta das empresas de metalomecânica ao mercado americano é de “apenas de 800 milhões de euros, cerca de 3% das exportações do setor, mas há muitas exportações indiretas de equipamentos e componentes e peças técnicas nacionais que são incorporados em produtos finais franceses e alemães e até italianos, que são vendidos depois para os Estados Unidos, alerta o responsável da AIMMAP.

“Todos estão na expectativa”, diz César Araújo, porque “não sabemos quando e como isto acaba. E os nossos clientes não podem refletir o aumento de preços ao consumidor final que não está disposto a pagar”, diz o responsável da ANIVEC.

O cancelamento de encomendas na sequência das tarifas não é um exclusivo de toda a fileira do setor têxtil. Antes do anúncio de novas tarifas de 20% à União Europeia foram suspensas ou canceladas encomendas de vinho para o mercado norte-americano, revelou o presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP). “Há várias encomendas que foram suspensas ou anuladas à espera da clarificação da situação relativamente às tarifas”, afirmou António Filipe, citado pela Lusa, referindo-se a empresas associadas da AEVP.

O responsável especificou que esta situação aconteceu depois da ameaça feita pelo Presidente Donald Trump, em meados de março, de aplicar taxas de 200% a bebidas como o vinho proveniente da União Europeia. Em 2024, foram exportados cerca de 36 milhões de euros de vinho do Porto para os EUA, o que se traduz num aumento de 6,5% comparativamente com o ano anterior.

A União Europeia aprovou esta quarta-feira, por maioria (só a Hungria votou contra), a aplicação de tarifas de 25% a produtos norte-americanos, em resposta às tarifas aplicadas pelos EUA às importações de aço e alumínio europeus. Mas insiste na “preferência por uma solução negociada com os EUA”, por isso, deixou claro que “estas contramedidas podem ser suspensas em qualquer momento, se houver um acordo com os EUA para uma solução justa e negociada”.

De acordo com a Comissão Europeia, as tarifas de 25% aplicadas às exportações dos EUA terão um valor de mais de 22 mil milhões de euros, de acordo com as importações feitas em 2024 para os países do bloco comunitário. Mas no total o valor poderá ascender aos 26 mil milhões, equiparando as consequências das tarifas que Washington aplicou aos 27 Estados-membros.

Horas mais tarde, Donald Trump anunciou a suspensão por 90 dias da aplicação das taxas a mais de 75 países, enquanto decorrem negociações comerciais. Mas aumentou para 125% as tarifas impostas aos produtos chineses, face ao aumento de 104% anunciado na terça-feira e que teve retaliação imediata de Pequim com uma taxa adicional de 50% sobre as importações oriundas dos Estados Unidos, para 84%, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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Euforia em Wall Street com pausa nas tarifas. S&P teve maior ganho desde 2008

  • ECO
  • 9 Abril 2025

Principais bolsas dos EUA dispararam com recuo da administração Trump nas chamadas "tarifas recíprocas". Nasdaq registou o maior ganho desde 2001 e o S&P 500 desde 2008.

Dia de champanhe nas principais bolsas nova-iorquinas depois do presidente Donald Trump ter anunciado, nas redes sociais, uma pausa de 90 dias no plano das chamadas “tarifas recíprocas”, que tinham acabado de entrar em vigor esta quarta-feira. Apesar do agravamento do braço-de-ferro com a China – com Trump a subir as taxas para 125% em resposta à retaliação chinesa para 84% durante a manhã –, Nasdaq disparou 12,16%, marcando o maior ganho desde 2001 e o S&P 500 teve a maior valorização desde 2008.

No fecho da sessão, o índice de referência S&P 500 ganhou 9,52%, para os 5.456,90 pontos, o industrial Dow Jones subiu 7,87%, para os 40.608,45 pontos, e o tecnológico Nasdaq teve a maior valorização, ao disparar 12,16%, para os 17.124,97 pontos. O ganho desta quarta-feira é o terceiro maior desde a Segunda Guerra Mundial para o S&P 500

Entre as grandes tecnológicas (Big Tech), mais castigadas pela política comercial da administração Trump, a descompressão foi total e várias tiveram ganhos de dois dígitos. Foi o caso da Meta, dona do Facebook, com 14,76%, da Nvidia, com 18,72% e Tesla (22,69%). Já a Alphabet (dona do Google), a Microsoft e a Apple subiram 9,88%, 10,13% e 15,33%, respetivamente.

Empresas do setor retalhista, dependentes de importações, também viram as ações a disparar. Entre essas, a Wayfair valorizou 22,87% em bolsa, a Levi Strauss 20,21%, a Deckers, 13,91 e a Crocs 11,5%. Também as ações da Nike, Walmart e Target valorizaram 11,36%, 9,55% e 10,06% respetivamente.

Na sua rede social, Truth Social, Donald Trump tinha avisado os investidores que “era uma boa hora para comprar”. Passado pouco tempo, anunciou na mesma plataforma a trégua de 90 dias à política das tarifas, com exceção da China. Um dos títulos que mais valorizou, no fecho em Wall Street, foi mesmo a empresa do presidente, Trump Media & Technology Group, que ganhou 21,67%.

Os mercados têm reagido com quedas à medida que Trump anunciava a imposição de tarifas aduaneiras. Ao longo das quatro sessões de negociação anteriores, o S&P 500 sofreu uma perda de 12%, uma queda não vista desde a pandemia. A queda empurrou brevemente o índice de referência para território do urso (bear market), quando um índice cai 20% em relação ao seu último pico.

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Estação de Gaia fica em cima de curso de água e Reserva Ecológica, segundo proposta da Lusolav

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

Em causa está uma proposta de alteração do consórcio LusoLav, responsável pela linha de alta velocidade Porto-Oiã, para mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia.

A nova localização proposta pela LusoLav para a estação ferroviária de alta velocidade em Gaia localiza-se por cima de uma ribeira, e por isso em zona de Reserva Ecológica Nacional, consultou esta quarta-feira a Lusa.

A localização proposta constitui um território peri-urbano, que se encontra atualmente desocupada, por se tratar de uma área que, face ao PDM, apresenta” as servidões e Restrições de Utilidade Pública de Reserva Agrícola Nacional (RAN) e “Reserva Ecológica Nacional [REN] decorrente da presença de uma linha de água”, pode ler-se em documentos municipais a que a Lusa teve acesso.

Em causa está uma proposta de alteração do consórcio LusoLav (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto), responsável pela linha de alta velocidade Porto – Oiã, para mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária.

Os documentos a que a Lusa teve acesso irão a votação numa reunião extraordinária da Câmara de Gaia que se realiza na quinta-feira às 16:00, bem como numa Assembleia Municipal no mesmo dia às 21:00.

Relativamente à Carta de Qualificação do Solo, no solo rural a localização proposta localiza-se numa “Quinta em Espaço Rural” e em “Áreas Agrícolas”, no solo Urbano em “Áreas de Transição”, “Áreas Industriais Existentes”, “Área Urbanizada em transformação – tipologia moradias”, e nas categorias comuns ao solo rural e ao solo urbano em “Áreas naturais – áreas ribeirinhas”, “Zonas inundáveis ou ameaçadas pelas cheias” e “Estrutura Ecológica Fundamental”.

“Apesar de se tratar, maioritariamente, de solo rural, dado o caráter excecional (interesse nacional) do Projeto da Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto, admite-se que será sempre possível ultrapassar as restrições à edificação decorrentes dos regimes jurídicos da RAN e da REN”, consideram os serviços da Câmara de Gaia sobre a proposta do consórcio LusoLav.

Num vídeo que acompanha a proposta e a que a Lusa também teve acesso, refere-se que a estação, tal como a inicialmente projetada para Santo Ovídio, é da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura (aqui com André Campos), contando ainda com um parque urbano da autoria do arquiteto paisagista Sidónio Pardal.

Referem-se e demonstram-se ainda a existência de duas zonas de tomada e largada de passageiros, estacionamento com 505 lugares, quatro linhas de comboio e a extensão da Linha Rubi do Metro do Porto. Os serviços municipais alertam, porém, para “um esforço financeiro significativo por parte do Município”, especialmente ao nível de acessibilidades, mas também refere “um conjunto significativo de vantagens”.

O consórcio Lusolav propôs que o município “teria que executar/pagar o tramo da ‘Avenida até ao Mar’ e o tramo da VL3 até à nova rotunda, bem como o arruamento de ligação à EN1/Rua Alto das Torres”, ao passo que o consórcio “faria a ligação da rotunda (VL3) até à estação, executando também a ‘praça principal’ de entrada na estação, bem como os acessos de emergência”.

O consórcio faria ainda os “acessos sul, desde a Rua de S. Caetano e o acesso norte (ligação ao Metro), sendo que seria obrigação do Município executar o arruamento de acesso a poente”, bem como a via que delimita o parque ao lado nascente, estando o parque urbano da estação também a cargo do município.

Quanto às vantagens, o município aponta que “a nova localização é ‘equidistante’ da A1 (a nascente), do IC1 (a poente) e da A29 (a sul), permitindo uma melhor acessibilidade à estação a uma escala regional”, o descongestionamento da zona de Santo Ovídio, o facto de se tratar “de uma obra ‘mais fácil’, sem movimentos de terra significativos e numa área envolvente de baixa densidade”, a criação de uma “nova centralidade” no concelho ou a execução de “novos eixos viários municipais há muito previstos” e a extensão da Linha Rubi.

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Von der Leyen e Costa convidam empresas dos EUA a investir na UE

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

"A Europa está aberta ao comércio e ao investimento, foi essa a minha mensagem para a Câmara do Comércio dos Estados Unidos", afirmou a presidente da Comissão.

Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu convidaram esta quarta-feira as empresas norte-americanas a investirem na UE, assegurando que o bloco comunitário está contra uma guerra comercial por causa das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

A Europa está aberta ao comércio e ao investimento, foi essa a minha mensagem para a Câmara do Comércio dos Estados Unidos. Nós estamos a negociar e não a intensificar [uma guerra comercial] para continuarem a fluir as cadeias de abastecimento entre a UE e os EUA“, escreveu Ursula von der Leyen nas redes sociais, depois de uma reunião com representantes daquele organismo.

O presidente do Conselho Europeu, o português António Costa, que também esteve presente neste encontro considerou que os acordos comerciais entre os 27 e Washington “são melhores do que as tarifas”.

“Na nossa reunião, sublinhei que a UE continua a fazer todos os esforços para assegurar uma solução negociada sobre as últimas decisões de tarifas por parte da administração norte-americana”, escreveu António Costa nas redes sociais. Para o ex-primeiro-ministro português, a relação entre os EUA e a UE é “das mais fortes”.

Há uma semana, o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas de 20% para produtos importados da UE, acrescendo às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.

Em resposta, a UE aprovou, por maioria, a aplicação de tarifas de 25% a produtos norte-americanos, a entrar em vigor a partir de 15 de abril.

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Benfica. Corrupção de árbitros não está na acusação, lembra juiz do processo Saco Azul

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

O presidente do Benfica, Rui Costa, garantiu em tribunal que "existia confiança" nas pessoas responsáveis pelos contratos sob suspeita e admitiu que o clube temeu que caso o prejudicasse a equipa.

O presidente do Benfica, Rui Costa, garantiu em tribunal que “existia confiança” nas pessoas responsáveis pelos contratos sob suspeita no processo ‘Saco Azul’, e admitiu que o clube temeu que caso o prejudicasse a equipa dos encarnados.

“Quando o caso foi tornado público, sentimos mais revolta do que preocupação, até porque sabemos que muitas vezes isto se reflete em campo. A revolta foi grande internamente, mas o foco passou a ser dentro do campo”, disse Rui Costa, acrescentando: “Tememos o medo que os árbitros poderiam ter a apitar jogos do Benfica”.

Quando foi conhecida a existência de um alegado ‘Saco Azul’ no Benfica, alguma comunicação social indicou que o mesmo poderia ter sido usado para corromper árbitros, algo que não consta na acusação, como o juiz Vítor Teixeira e Costa fez questão de frisar em tribunal.

“A acusação não faz a relação entre o dinheiro e o seu uso”, disse o presidente do coletivo de juízes, durante a inquirição do líder dos ‘encarnados’.

Rui Costa, o primeiro a depor, na qualidade de representante da SAD do clube, garantiu que nada o leva a crer que os contratos em causa “não tenham sido úteis e importantes para o clube, admitindo que “muitos dos contratos eram assinados sem passar pelo Conselho de Administração”, e que muitas vezes era feita uma súmula dos mesmos por Miguel Moreira, à data diretor financeiro (CFO) dos ‘encarnados’ e também arguido no processo.

“Grande parte desses contratos passava pelo Miguel Moreira, ele tinha autonomia, o Luís Filipe Vieira [presidente do clube à data dos factos] não tinha conhecimentos de tecnologia informática (IT)”, afirmou Rui Costa, que garantiu “nunca ter tido conhecimento da circulação de grandes quantidades de dinheiro vivo” no clube.

Neste processo, que começou esta quarta-feira a ser julgado no Juízo Central Criminal de Lisboa, está em causa um alegado esquema de pagamentos fictícios a uma empresa de informática externa ao grupo Benfica, a Questãoflexível, num valor que ultrapassa 1,8 milhões de euros.

Na sessão da tarde foram ouvidas, durante mais de duas horas, as declarações de José Bernardes durante a fase de instrução, sendo que, depois, perante o coletivo, o arguido respondeu a várias questões, mas não quis falar sobre as transferências de dinheiro do Benfica para a empresa.

BenficaLusa

José Bernardes, da empresa QuestãoFlexível, admitiu que, “relativamente a contratos, falava sempre com Miguel Moreira”, e garantiu que nunca esteve com Luís Filipe Vieira, que liderou o clube entre 2003 e 2021.

O arguido explicou detalhadamente a cedência de posições em duas empresas relativamente a serviços prestados ao Benfica, bem como a criação da empresa QuestãoFlexível Lda, criado por ele e pela mulher e que tinha o Benfica como único cliente.

José Bernardes continuará a ser ouvido na próxima sessão, marcada para 08 de maio, na qual falará também Luís Filipe Vieira, arguido e presidente do clube à data dos factos.

De acordo com a acusação, confirmada em junho do ano passado por um juiz de instrução, o ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira é suspeito de três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento, assim como Domingos Soares de Oliveira, antigo administrador — que está fora do país e só marcará presença em tribunal em julho – e o ex-diretor financeiro do clube Miguel Moreira.

Os mesmos crimes são também imputados em coautoria com a empresa QuestãoFlexível, da qual é proprietário o empresário José Bernardes, que vai responder também pelo crime de branqueamento de capitais.

Num processo no qual são também arguidos Paulo Silva e José Raposo, a Benfica SAD está acusada de dois crimes de fraude fiscal qualificada e a Benfica Estádio de um crime de fraude fiscal e 19 de falsificação de documento.

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Pilotos da Portugália aprovam acordo com administração e terminam greve

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

Uma larga maioria, 91% dos trabalhadores da Portugália, votou a favor "do acordo alcançado com a administração, terminando assim a greve decretada”.

Os pilotos da Portugália aprovaram esta quarta-feira o acordo alcançado com a administração da empresa e terminaram a greve decretada, anunciou o Sindicato Independente de Pilotos de Linha Aérea (SIPLA). “Foi aprovado hoje, em assembleia-geral extraordinária, com 91% de votos a favor, o acordo alcançado com a administração, terminando assim a greve decretada”, lê-se num comunicado enviado aos associados do SIPLA, a que a Lusa teve acesso.

Para o sindicato, o acordo representa uma “verdadeira salvaguarda” dos postos de trabalho e do futuro dos pilotos, uma conquista que disse só ter sido possível graças à união dos trabalhadores. A estrutura sindical agradeceu ainda aos pilotos não associados que se juntaram ao esforço coletivo e a todos os setores da empresa, que demonstraram solidariedade ao longo do processo.

O SIPLA disse que esta greve, a primeira da sua história, constituiu um “símbolo da união dos pilotos da Portugália” e garantiu que a partir desta quarta começa uma nova fase, com tranquilidade e dignidade.

Em 27 de março, o sindicato que representa os pilotos da Portugália tinha decidido renovar a greve a tempo parcial aos voos realizados para a TAP de 28 de março a 11 de abril. De 12 a 27 de março já tinha decorrido uma paralisação, que contou com uma adesão média de 95%.

O SIPLA revelou, na altura, que lhes foi transmitido que a TAP iria reduzir a frota da Portugália de 19 para 17 aeronaves, e que não haveria garantias de trabalhadores serem integrados na companhia aérea de bandeira. Este sindicato também tinha avançado com uma queixa junto da Autoridade da Concorrência (AdC) por violação das regras da concorrência no Regulamento do Recurso à Contratação Externa (RRCE).

Criado em 1998, este regulamento tinha como objetivo funcionar como um travão à contratação de voos externos pela TAP, incluindo à Portugália que representa a maior fatia, impondo limites que, caso sejam ultrapassados, revertem a favor dos pilotos da TAP através do pagamento de compensações indemnizatórias.

Este protocolo, usado por várias companhias europeias, originou custos de 60 milhões de euros no ano passado, como resultado do pagamento de seis salários-base extraordinários a cada piloto da TAP, como o Expresso tinha noticiado em maio de 2024.

Os pilotos da Portugália, que em 2023 realizou cerca de 25% do total de voos da TAP de acordo com o relatório da TAP SGPS, têm vindo a criticar as consequências deste protocolo e defendem que só reforça que é “considerada uma empresa externa”.

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CNE alerta Governo para se abster de ações de publicidade em período eleitoral

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

A queixa refere-se a uma publicação nas redes sociais do Governo, em março, relativa à inauguração do Biopolis, em Vila do Conde, Porto.

A Comissão Nacional de Eleições ordenou ao Governo a remoção de uma publicação sobre a inauguração de uma estrutura científica em período eleitoral, e recomendou que “se abstenha de realizar ações” que consubstanciem publicidade institucional proibida.

A deliberação consta da ata da reunião de 03 de abril da Comissão Nacional de Eleições (CNE), divulgada esta quarta-feira, e foi tomada por maioria, com o voto de qualidade do presidente, juiz conselheiro José António Cabral.

Em causa está uma participação apresentada pelo PS contra o primeiro-ministro, a ministra do Ambiente e Energia e o ministro da Educação por alegada “violação da proibição de publicidade institucional” em período eleitoral — as eleições legislativas realizam-se em 18 de maio.

A queixa refere-se a uma publicação nas redes sociais do Governo, em março passado, relativa à inauguração do Biopolis, em Vila do Conde, Porto, qualificado como o “maior projeto português na área da biologia Ambiental, Ecossistemas e Biodiversidade“.

É possível concluir que a conduta descrita é suscetível de permitir uma leitura favorável e como tal ser percecionada como promoção da obra realizada pelo Governo, cujo primeiro-ministro é (re)candidato ao mesmo cargo“, lê-se na deliberação.

A CNE considera que a publicação “constitui uma forma de publicidade institucional proibida” e “delibera ordenar a remoção da publicação em causa e recomendar ao Governo, na pessoa do primeiro-ministro, para que, até ao final do processo eleitoral em curso, se abstenha de realizar ações que consubstanciem formas de publicidade institucional proibida”, lê-se.

Em sede de contraditório, os visados defenderam que a situação em causa não se enquadra na noção legal de publicidade institucional e que “não pode a CNE, sem a necessária habilitação legal, criar — qual legislador — uma noção inovatória de publicidade institucional, ampliando o conceito fixado na lei”.

Por outro lado, alega o Governo que a linguagem usada não foi propagandística mas sim “objetiva” para informar os cidadãos quanto à atividade do Governo, precisando que se tratava de difundir informação relativa à inauguração da sede do BIOPOLIS, quais os membros do Governo que participaram e qual o papel da estrutura.

Numa declaração de voto, Mafalda Sousa justificou o voto contra considerando que a deliberação “perfilha um entendimento contrário ao que vem sendo reiteradamente difundido pela CNE no que diz respeito aos elementos que compõe o conceito de publicidade institucional proibida”.

Num documento divulgado no dia 27 de março no seu “site”, a CNE sistematiza o que a lei e a jurisprudência prevê o que pode ser considerado publicidade institucional interdita às entidades públicas em período eleitoral, como por exemplo campanhas de comunicação ou atos isolados, como anúncios únicos, realizados ou financiados por recursos públicos, para a promoção da imagem, com o uso de linguagem “identificada com atividade propagandística”.

O uso de imagens ou de expressões `que ultrapassem a mera necessidade de informação do público, como é o caso da imagem de titulares de cargos políticos, de expressões como `promessa cumprida´, `fazemos melhor´ ou quaisquer outras que pretendam enaltecer o órgão” é um dos exemplos.

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TGV. Câmara do Porto desconhecia proposta de construção de duas pontes

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

A autarquia indica ainda que não foi informada "até ao momento" da proposta pela Infraestruturas de Portugal.

A Câmara do Porto não tinha conhecimento da proposta de abandonar a solução de uma ponte rodoferroviária sobre o Douro para a linha de alta velocidade e passar para duas, apresentada pelo consórcio LusoLav, disse fonte oficial à Lusa.

“A Câmara Municipal do Porto não tinha conhecimento da solução da proposta de duas pontes, não tendo recebido informação por parte da IP [Infraestruturas de Portugal], até ao momento”, pode ler-se numa resposta de fonte oficial da Câmara do Porto a questões da Lusa.

A Lusa questionou também a IP sobre a proposta do consórcio LusoLav, responsável pela linha de alta velocidade Porto – Oiã, de mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária, e aguarda resposta. A proposta tem de ser aprovada pela IP.

De acordo com documentos a que a Lusa teve acesso, esta quarta-feira, e que irão a votação numa reunião extraordinária da Câmara de Gaia que se realiza na quinta-feira às 16:00, bem como numa Assembleia Municipal no mesmo dia às 21:00, em causa está a alteração do que foi inicialmente apresentado.

Quanto à travessia do Rio Douro, “a solução agora apresentada volta a separar, em duas pontes distintas, o modo ferroviário e o modo rodoviário”, pode ler-se em documentos municipais de Gaia consultados pela Lusa. Os mesmos apontam que “o consórcio sustenta essa opção na necessidade de redução do risco de financiamento, redução do risco de incumprimento do prazo e na clara separação das futuras responsabilidades de manutenção de cada uma das pontes”.

Na fase de estudo prévio, a IP propôs e pôs a concurso uma travessia rodoferroviária entre o Porto e Gaia, uma solução consensualizada entre os autarcas do Porto, Rui Moreira, e de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues. Aquando da adjudicação ao consórcio LusoLav, foi apresentado um vídeo com a apresentação do desenho da travessia, da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura e engenharia de Armando Rito.

A proposta referia que o tabuleiro superior da nova ponte rodoferroviária sobre o Douro entre Porto e Gaia teria “um alçado muito semelhante ao do tabuleiro da ponte de São João”, e o inferior será em estrutura metálica, segundo consultou a Lusa. Já o tabuleiro inferior, dedicado à circulação rodoviária, ciclável e pedonal, “foi projetado em estrutura metálica, permitindo a redução do seu peso e potenciando a transparência da leitura entre tabuleiros”.

O tabuleiro à cota superior, para a alta velocidade ferroviária, teria 1.181,5 metros de extensão, e o à cota baixa, rodoviária, ciclável e pedonal, 677,5 metros de extensão.

O tabuleiro ferroviário, que cruza a totalidade do vale onde a ponte se insere, é suportado pela ponte principal, com um vão total de 885 metros, e por dois viadutos de acesso, um a sul (Viaduto de Mafamude) com 129,5 metros de extensão, e outro a norte (Viaduto de Campanhã), com 166,5 metros de comprimento”, refere o documento.

A unir os dois tabuleiros estão projetadas “três torres em forma de ‘A’, que suportam o tabuleiro superior e suspendem o tabuleiro inferior”.

“Embora este tipo de torre em ‘A’ seja a solução mais utilizada em pontes atirantadas, não deixa de criar nos seus utilizadores uma sensação de grande porta de entrada/saída na cidade”, pode ler-se no documento. Segundo o júri, “a solução da ponte proposta, embora se destaque das pontes já existentes sobre o rio Douro, integra-se perfeitamente no seu contexto”.

A nova ponte situa-se a “cerca de 200 a 300 metros a montante da ponte de São João”, e “invoca o princípio da similaridade”, dialogando ainda com a ponte do Freixo, a cerca de um quilómetro de distância. “A solução adotada para a componente ferroviária da ponte – que é a mais marcante do ponto de vista visual, em pórtico de betão armado e de cor branca –, é a tipologia que melhor se enquadra na envolvente existente”, considerou o júri.

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Trump cede. Pausa de 90 dias para negociar com 75 países, mas sobe tarifas contra a China para 125%

Presidente norte-americano anunciou uma tarifa reduzida recíproca de 10% durante o período de suspensão das chamadas "tarifas recíprocas". No entanto, contra-ataca a China com taxas de 125%.

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou esta quarta-feira uma pausa de 90 dias na guerra de tarifas com mais de 75 países e uma tarifa reduzida recíproca de 10% durante esse período de negociação, com efeitos imediatos. Contudo, subiu as taxas para as importações chinesas para 125%, a aplicar-se desde já.

Numa publicação na rede social Truth, Donald Trump revelou que aceitou uma pausa de 90 dias com os países que convocaram representantes norte-americanos para negociar uma solução para a guerra comercial e que “não retaliaram de forma alguma” contra os Estados Unidos”.

Em conferência de imprensa, o secretário de Estado do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, realçou o anúncio de Trump, explicando que aos países a quem foi aplicada a tarifa de 10% irá manter-se a taxa de 10%. Canadá e o México não vão ter tarifas adicionais de 10%, clarificou mais tarde a Casa Branca. A Casa Branca indicou que não ia publicar a lista de países com os quais estava a negociar.

A União Europeia também está incluída na trégua, adiantou a agência Efe, citando uma fonte da administração Trump. “Estou feliz” que a UE tenha retido as tarifas, confirmou, depois, Trump, em declarações aos jornalistas na Sala Oval. O Secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, acrescentou que esperava que a UE adiasse a retaliação.

A União Europeia aprovou esta quarta-feira uma resposta conjunta às tarifas norte-americanas aos produtos europeus de aço e alumínio. Os Estados-membros deram ‘luz verde’ à proposta da Comissão Europeia para aplicar taxas alfandegárias até 25% a uma lista de bens dos Estados Unidos em três fases distintas: abril, maio e dezembro. No entanto, Bruxelas explicou, contudo, que “as contramedidas podem ser suspensas a qualquer momento, caso os EUA concordem com uma solução negociada justa e equilibrada”.

O responsável norte-americano indicou que manteve esta quarta-feira negociações com o Vietname, tendo previstas negociações como o Japão, Coreia do Sul e Índia. Acho que agora temos mais clareza. Vamos negociar de boa fé e esperamos que os outros países façam o mesmo“, afirmou, acrescentando que “esta foi sempre a estratégia do Presidente [Trump], conseguir a máxima alavancagem negocial“.

No entanto, o conflito com Pequim sobe de tom e o chefe de Estado americano anuncia um novo aumento para 125% das taxas alfandegárias aplicadas aos produtos norte-americanos, argumentando com “a falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais”. O imposto já chegava aos 104%.

“Em algum momento, esperançosamente num futuro próximo, a China irá perceber que os dias de roubo aos EUA e a outros países já não são sustentáveis ​​ou aceitáveis”, refere.

Presidente dos EUA, Donald Trump. EPA/Samuel Corum/POOLEPA/Samuel Corum / POOL

Esta segunda-feira tinha entrado em vigor o aumento das taxas americanas sobre os produtos chineses de 34% para 84%, que se junta aos 20% impostos desde janeiro. Um cenário que levou a China a anunciar esta tarde tarifas de 84% sobre os produtos norte-americanos já a partir desta quinta-feira, 10 de abril — acima da taxa de 34% anunciada anteriormente.

Em comunicado divulgado esta quarta-feira, Pequim considera que a Casa Branca cometeu “um erro em cima de um erro” ao aumentar as tarifas contra o gigante asiático e que a decisão do Presidente dos EUA de aumentar as tarifas “é um exemplo típico de unilateralismo, protecionismo e intimidação económica”.

Depois do anúncio, as bolsas nova-iorquinas dispararam. O Dow Jones subia 2.169,93 pontos, ou 5,76%, para 39.801,82, o S&P 500 ganhava 321,89 pontos, ou 6,46%, para 5.304,66, e o Nasdaq disparava 1.229,20 pontos, ou 8,04%, para 16.497,11.

(Notícia atualizada às 21h42 com mais informação)

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Banco polaco do BCP fez provisões de 103 milhões de euros no primeiro trimestre

  • ECO
  • 9 Abril 2025

O valor final das provisões para riscos legais nos resultados dos primeiros três meses do ano deverá ser conhecido no próximo dia 12 de maio de 2025.

O Bank Millennium, o banco polaco do BCP, estima constituir provisões relacionadas com empréstimos hipotecários em moeda estrangeira de 411 milhões de zlótis (cerca de 95,8 milhões de euros à cotação atual), no primeiro trimestre de 2025.

Além disso, em comunicado ao mercado, o banco prevê ainda constituir provisões de 34 milhões de zlótis (aproximadamente oito milhões de euros) para riscos legais relacionados com a carteira de crédito originada pelo Euro Bank, “contudo sem impacto nos resultados líquidos”, lê-se em comunicado enviado esta quarta-feira ao mercado. No total, são perto de 103 milhões de euros.

O valor final das provisões para riscos legais nos resultados dos primeiros três meses do ano deverá ser conhecido no próximo dia 12 de maio de 2025, aquando a divulgação do relatório financeiro do primeiro trimestre, segundo a nota informativa divulgada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

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