PS e BE exigem esclarecimento sobre contratação de escritório de Aguiar-Branco

  • Lusa
  • 17 Abril 2024

Oposição da Câmara de Lisboa rejeitou a proposta da liderança PSD/CDS-PP para novo vogal do CA da empresa municipal Gebalis, com PS e BE a pedirem dados da contratação do escritório de Aguiar-Branco.

A oposição na Câmara de Lisboa rejeitou a proposta da liderança PSD/CDS-PP de designar um novo vogal do conselho de administração da empresa municipal Gebalis, com PS e BE a pedirem dados sobre a contratação do escritório de Aguiar-Branco.

Em causa está um contrato celebrado pela empresa Gebalis – Gestão do Arrendamento da Habitação Municipal de Lisboa com a sociedade de advogados José Pedro Aguiar-Branco & Associados, para a prestação de serviços jurídicos no âmbito da cobrança de rendas em atraso, assinado em 28 de março, um dia depois de o social-democrata ser eleito como presidente da Assembleia da República.

Em comunicado, a vereação do PS disse que “a contratação do escritório de Aguiar-Branco foi assumida por um administrador que, em 2011, foi adjunto de Aguiar-Branco no Ministério da Defesa”, referindo-se a Gonçalo Saluce de Sampaio, que tomou posse como vogal do conselho de administração da Gebalis em dezembro de 2021.

“O referido administrador abandonou a Gebalis cinco dias depois desta contratação, assumindo posição como chefe de gabinete do ministro da Economia”, indicou o PS, pedindo dados sobre a contratação do escritório de Aguiar-Branco por parte da empresa de gestão de habitação municipal de Lisboa.

Apontando os mesmos factos, a vereação do BE considerou que “a confusão se adensa e é total”, afirmando que, apesar de existir o pelouro da Transparência, “nada foi analisado e todo o processo ocorreu sem transparência”.

Em reunião privada do executivo municipal, a liderança PSD/CDS-PP propôs a designação de Miguel Fernando Costa da Silva Pereira como vogal do conselho de administração da Gebalis, na sequência da renúncia ao cargo por parte de Gonçalo Saluce de Sampaio.

A proposta foi votada por voto secreto e foi rejeitada, com nove votos contra, uma abstenção e sete votos a favor.

Antes da votação, o PS anunciou que iria votar contra qualquer nome indicado pela câmara “enquanto a Gebalis não divulgar, em nome da transparência e da preservação do bom nome das empresas municipais, todos os dados sobre o processo de contratação da José Pedro Aguiar-Branco & Associados, incluindo o nome e condições dos escritórios preteridos”.

“A mesma opacidade encontra-se presente na plataforma Base.gov, onde, ao contrário do que é a prática há muito instituída pela autarquia, não são divulgados os nomes dos concorrentes”, apontou a vereação do PS, manifestando-se insatisfeita com o esclarecimento da Gebalis de que o contrato foi assinado através da consulta ao mercado a três entidades e a escolha recaiu sobre “o preço mais competitivo”.

Anunciando o voto contra, o BE sublinhou que o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), se tem recusado a dizer “que outras empresas, para além da do ex-ministro do PSD [José Pedro Aguiar-Branco], foram consultadas”, reforçando que “o processo é tudo menos transparente”.

Segundo a proposta de PSD/CDS-PP, o vogal do conselho de administração da Gebalis então designado apresentou, no dia 05 de abril, renúncia ao cargo para o qual havia sido eleito por deliberação da câmara, “pelo que cumpre proceder à respetiva substituição, por forma a assegurar o regular funcionamento do órgão e da empresa”.

Relativamente à designação de um membro para o conselho de administração, a proposta sublinha que “os gestores públicos são escolhidos de entre pessoas com comprovada idoneidade, mérito profissional, competência e experiência de gestão, bem como sentido de interesse público”, e eleitos nos termos da lei comercial, de acordo com o Estatuto do Gestor Público.

A Gebalis dispõe de um conselho de administração, que corresponde ao respetivo órgão de gestão, e é composto por um presidente – cargo atualmente ocupado por Fernando Angleu Teixeira – e um máximo de dois vogais, eleitos pela assembleia geral, sob proposta da câmara municipal.

Atualmente, o executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) – que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria absoluta –, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.

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Corretora Costa Duarte cresce 24% e está compradora de distribuidores

A corretora que a família desenvolve há mais de 100 anos quer continuar a crescer e está atenta a possíveis aquisições. Os negócios atingiram 8,44 milhões em 2023.

O volume de negócios da corretora Costa Duarte cresceu 24% para 8,44 milhões de euros em 2023, revelou a empresa. “Temos registado há vários anos um crescimento orgânico sustentado, cerca do dobro do crescimento do mercado Não Vida onde tradicionalmente operam os corretores”, refere João Costa Duarte, administrador, acrescentado que “este crescimento decorre de elevadas taxas de retenção dos clientes existentes e de abordagens comerciais ativas na angariação de novos clientes, tanto nacionais como multinacionais”.

João Costa Duarte: “Como projeto de futuro, oportunidades de aquisição significam estar atento a circunstâncias que num determinado momento possam surgir e que permitam consolidar a nossa presença no mercado”.

As razões para o aumento de negócios são detalhadas pelo administrador: “Foi um crescimento transversal aos vários ramos, sendo que há dois que são preponderantes, os Patrimoniais+RC e Saúde, que representam respetivamente 34% e 24% da nossa carteira”, afirma. Os seguros Não Vida foram 96% do valor dos prémios emitidos em 2023.

As quatro seguradoras mais utilizadas para colocação dos seguros são, em proporção, quase as mesmas do ano anterior: 26% na Fidelidade, 20,5% na Generali Tranquilidade, 10,1% na Ageas Portugal e 5,8% Allianz.

Os resultados líquidos atingiram cerca de 2,3 milhões de euros, montante 75% superior ao obtido em 2022, já deduzida a gratificação especial de balanço atribuída aos colaboradores no montante 503 mil euros.

A empresa, que é a 9ª maior corretora em Portugal pelo ranking ECOseguros, desenvolve atividade através de mais duas empresas: a Specialty Risks, mediadora de seguros, vocacionada para a conceção de produtos inovadores e na dinamização de relações B2B junto de agentes, em que a Costa Duarte comprou no ano passado os 49% de capital que lhe faltava; e a Inter Risk Angola, que opera desde 2012, e é um dos principais corretores de seguros em Angola, dando apoio aos clientes em consultoria e corretagem de seguros a nível local.

Em relação a crescimento via aquisições, João Costa Duarte afirma que, embora a família tenha um passado com mais de 100 anos de ligação à atividade seguradora, a corretora “é essencialmente um projeto de futuro que sustenta o lema gerações de confiança”. Por esse motivo o administrador considera “como projeto de futuro, oportunidades de aquisição significam isso mesmo, estar atento a circunstâncias que num determinado momento possam surgir e que permitam consolidar a nossa presença no mercado”, conclui.

Outra linha de atuação definida para 2024 será o reforço do relacionamento junto dos parceiros internacionais representados pela Costa Duarte e que são a Gallagher Global Network, a Lockton Global Partnership e, ao nível dos seguros de crédito e de cauções, como membro da ICBA.

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Contribuição sobre lucros extraordinários gera cerca de 5 milhões de euros

  • Lusa
  • 17 Abril 2024

A contribuição foi paga pela primeira vez em setembro do ano passado, relativamente ao ano de 2022, e será paga novamente este ano, sobre o exercício de 2023, após o que termina.

A contribuição sobres os lucros inesperados dos setores energético e distribuição alimentar gerou uma receita de cerca de cinco milhões de euros em 2023, segundo as estatísticas das receitas fiscais.

A Contribuição de Solidariedade Temporária (CST) sobre os setores energético e do retalho alimentar, que foi paga pela primeira vez em setembro do ano passado, não está individualizada nas estatísticas das receitas fiscais, divulgadas esta terça-feira, do Instituto Nacional de Estatística (INE), estando incluída nos “outros impostos indiretos”, segundo indicou o INE, em resposta à Lusa.

De acordo com aqueles quadros do INE, a rubrica dos “outros impostos indiretos” registou 5,05 milhões de euros em 2023 – sendo que no ano anterior, quando a taxa não existia ainda, não tinha chegado aos 100 mil euros. Legislada no final de 2022, a Contribuição de Solidariedade Temporária é calculada após a entrega da declaração anual do IRC, tendo sido desenhada para incidir sobre os lucros excedentários apurados nos períodos de tributação para efeitos do IRC que se iniciem nos anos de 2022 e 2023.

A contribuição foi paga pela primeira vez em setembro do ano passado, relativamente ao ano de 2022, e será paga novamente este ano, sobre o exercício de 2023, após o que termina.

Para efeitos de aplicação desta taxa (que é de 33%) considera-se que constituem lucros excedentários a parte dos lucros tributáveis, relativamente a cada um dos períodos de tributação que excedam o correspondente a 20% de aumento em relação à média dos lucros tributáveis nos quatro períodos de tributação com início nos anos de 2018 a 2021.

Assim, na parte em que excede em 20% a média dos lucros tributáveis, as empresas foram chamadas a pagar uma taxa de 33%. Desta CST foram sendo dados alguns dados pelas empresas abrangidas, ainda que de forma não comparável. Na apresentação dos resultados relativos a 2023, a Sonae referiu que contabilizou um valor de 1,3 milhões de euros relativos à taxa sobre lucros extraordinários de 2022 e 2023.

A Jerónimo Martins, por seu lado, segundo noticiou o Público no início de março, pagou 700.000 euros de lucros extraordinários relativos ao exercício de 2022. Questionada pela Lusa, a Galp remeteu para o relatório e contas relativo a 2023, no qual o valor desta contribuição não está desagregado.

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Ministra da Justiça reúne com os partidos para falar de corrupção

  • Lusa
  • 17 Abril 2024

As reuniões vão decorrer no parlamento e começam às 14:30 com o grupo parlamentar do PSD, seguindo-se o PS, às 15:30, e o Chega, às 16:30.

A ministra da Justiça, Rita Júdice, começa a ouvir na sexta-feira os partidos com assento parlamentar sobre o combate à corrupção, adiantou à Lusa fonte oficial do Ministério da Justiça.

Segundo a mesma fonte, as reuniões vão decorrer no parlamento e começam às 14:30 com o grupo parlamentar do PSD, seguindo-se o PS, às 15:30, e o Chega, às 16:30.

Para segunda-feira, dia 22, ficaram agendados os encontros com Iniciativa Liberal (09:00), Bloco de Esquerda (10:00), PCP (11:00), Livre (12:00), CDS (14:30) e PAN (15:30).

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, tinha declarado já na semana passada que o Governo iria entrar em contacto com os grupos parlamentares para calendarizar as reuniões para lançar o diálogo em matéria de combate à corrupção, no seguimento do que tinha anunciado na tomada de posse de ter, no prazo de dois meses, uma “agenda ambiciosa” nesta área.

O programa do Governo apresentado na semana passada propõe o alargamento das normas anticorrupção aos partidos políticos e a criminalização do enriquecimento ilícito, defendendo uma “agenda ambiciosa, célere e idealmente consensual” para o combate à corrupção.

O documento inclui ainda a regulamentação do ‘lobbying’, o reforço dos recursos humanos e técnicos para o combate à corrupção e a outros crimes no exercício de cargos públicos, o agravamento das sanções do Regime Geral de Prevenção da Corrupção e da pena acessória de proibição do exercício de função pública, e a ampliação das medidas de direito premial para aumentar os contributos na descoberta da verdade nos processos judiciais.

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Operação Influencer: Ana Catarina Mende exige explicações ao Ministério Público

  • Lusa
  • 17 Abril 2024

"O Ministério Público deve explicações aos Portugueses. Porque derrubou um Governo e um Parlamento, como se levantam suspeitas e se coloca", defende a deputada e ex-ministra do PS.

A deputada e ex-ministra do PS Ana Catarina Mendes considerou esta quarta-feira que o Ministério Público (MP) “deve explicações aos portugueses”, defendendo que António Costa, “sabendo que é inocente”, se demitiu para que não recaíssem suspeitas sobre as instituições.

No dia em que se conheceu a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, que rejeitou o recurso do Ministério Público, reduziu as medidas de coação dos arguidos a termo de identidade e residência e entendeu não existirem indícios de crimes, Ana Catarina Mendes recorreu às redes sociais para exigir explicações. “O Ministério Público deve explicações aos Portugueses. Porque derrubou um Governo e um Parlamento, como se levantam suspeitas e se coloca em causa o bom nome das Pessoas? Isto é gravíssimo em Democracia, já o tinha afirmado aqui há meses”, criticou a socialista.

Segundo Ana Catarina Mendes “António Costa, sabendo que é inocente, assumiu uma posição de estadista e demitiu-se para que não recaíssem suspeitas sobre as Instituições”. “Hoje, exige-se um esclarecimento do MP sobre o que aconteceu! Os cidadãos têm que ter confiança nas Instituições. Impõe-se uma explicação! Exige-se Responsabilidade(s)!!”, sustentou.

A deputada do PS partilha nesta publicação a ligação para uma notícia da CNN com o título “Relação diz ‘que não há qualquer indício’ de que António Costa tenha falado com Lacerda Machado sobre Sines”. O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) rejeitou esta quarta o recurso do Ministério Público (MP) no processo da Operação Influencer e decidiu reduzir as medidas de coação, ficando os arguidos apenas com Termo de Identidade e Residência (TIR).

Este Tribunal decidiu julgar improcedente o recurso do Ministério Público e procedentes os recursos interpostos pelos arguidos. Em causa nestes autos estavam as medidas de coação impostas a cinco arguidos individuais e uma arguida pessoa coletiva sendo que o Ministério Público pretendia o agravamento das mesmas e os arguidos recorrentes a sua revogação”, refere a decisão do TRL, a que Lusa teve acesso.

A legislatura anterior foi interrompida na sequência da demissão do primeiro-ministro António Costa, após ter sido divulgado que era alvo de um inquérito instaurado no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça após ter siso extraída uma certidão do processo-crime Operação Influencer. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou a demissão e dois dias depois anunciou ao país a dissolução do parlamento e a convocação de eleições, que se efetuaram em 10 de março, dando a maioria ao PSD/CDS-PP/PPM.

A Operação Influencer levou na altura à detenção de Vítor Escária (chefe de gabinete de António Costa), Diogo Lacerda Machado (consultor e amigo de António Costa), dos administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, que ficaram em liberdade após interrogatório judicial.

Existem ainda outros arguidos, incluindo o agora ex-ministro das Infraestruturas João Galamba, o ex-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira e a Start Campus. O caso está relacionado com a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e com o projeto de construção de um centro de dados (Data Center) na zona industrial e logística de Sines pela Start Campus

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Processo de António Costa ainda parado no DCIAP. Não há nenhum magistrado a investigar o caso

O inquérito que investiga o ex-PM de alegada prevaricação ainda não foi distribuído no DCIAP. Acórdão da Relação deita por terra os indícios contra Lacerda Machado, Escária e contra o próprio Costa.

O inquérito que investiga o ex-primeiro ministro António Costa está parado no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), não tendo ainda um magistrado do Ministério Público (MP) responsável pelo mesmo, apurou o ECO.

António Costa é suspeito do crime de prevaricação devido a uma lei alegadamente negociada entre João Tiago Silveira e João Galamba para beneficiar Start Campus. Segundo o Ministério Público, o ainda primeiro-ministro é suspeito da alegada prática do crime de prevaricação devido à aprovação do novo Regime Jurídico de Urbanização e Edificação no Conselho de Ministros do dia 19 de outubro de 2023.

Há precisamente uma semana, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu entregar a investigação relativa ao ex-primeiro-ministro, no âmbito da Operação Influencer, ao DCIAP. Ou seja, o processo de António Costa passou para a primeira instância, igual a qualquer cidadão, perdendo o foro especial de primeiro-ministro. Mas será investigado de forma autónoma às restantes investigações que envolvem Vítor Escária, Diogo Lacerda de Machado e Rui de Oliveira Neves.

Mas desde então nada aconteceu. Nem Costa foi ouvido nem tão pouco constituído arguido. Questionado pelo ECO/Advocatus, fonte oficial do gabinete de Lucília Gago, a titular da investigação criminal em Portugal, não deu qualquer resposta.

Antes de o processo ter sido enviado para o DCIAP, a defesa de António Costa, a cargo do advogado João Lima Cluny, enviou um requerimento para que o socialista fosse ouvido “com a maior celeridade possível” pela justiça portuguesa.

O ex-primeiro-ministro demitiu-se a 7 de novembro depois do seu nome ter sido citado num comunicado da Procuradoria-Geral da República sobre uma investigação judicial ao centro de dados de Sines e a negócios ligados ao lítio e hidrogénio.

Uma Operação influencer em que não houve influência?

Esta quarta-feira, os juízes do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) não encontraram quaisquer indícios de que tenha havido conversas entre António Costa e Diogo Lacerda Machado em que se “tenha falado, alguma vez, sobre a construção do data center em Sines”. O TRL decidiu contra o Ministério Público (MP) e manteve os arguidos da Operação Influencer apenas sujeitos a Termo de Identidade e Residência, a medida de coação menos gravosa prevista nas leis penais.

No acórdão a que o ECO/Advocatus teve acesso – com mais de 300 páginas – os magistrados explicam mesmo que o nome de António Costa não foi sequer invocado em “centenas de reuniões de trabalho” que Diogo Lacerda Machado realizou com a Start Campus. Contactado pelo ECO, o advogado de António Costa apenas disse que não faz “quaisquer comentários sobre o acórdão do Triibunal da Relação de Lisboa, hoje conhecido. Reitero apenas que, tal como o Dr. António Costa já afirmou publicamente e já solicitou formalmente, é nossa pretensão, o mais brevemente possível, esclarecer tudo o que o Ministério Público ainda possa entender relevante”.

Não faço quaisquer comentários sobre o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, hoje conhecido. Reitero apenas que, tal como o Dr. António Costa já afirmou publicamente e já solicitou formalmente, é nossa pretensão, o mais brevemente possível, esclarecer tudo o que o Ministério Público ainda possa entender relevante”

João Lima Cluny, advogado de António Costa

“Não há nos autos qualquer indício de que o arguido tenha falado, alguma vez, com o PM sobre o Projeto de construção e instalação do Data center, em Sines, pela empresa Start Campus; tão pouco com o seu amigo António Costa. Como jamais invocou o nome do PM, ou do seu amigo António Costa, em qualquer das muitas dezenas, ou mesmo centenas, de reuniões de trabalho em que participou com o Conselho de Administração e as equipas de colaboradores da Start Campus, com outras empresas, fornecedoras de bens e serviços para aquela, e com diferentes autoridades públicas, nacionais e da União Europeia”, diz a decisão do tribunal de segunda instância.

A única referência de algum episódio concreto que envolve António Costa terá sido a sua presença num evento de apresentação do projeto (do Data Center), depois do início da implementação do mesmo, no dia 23 de Abril de 2021, no qual também estiveram presentes, juntamente com o arguido Afonso Salema, o então Secretário de Estado Adjunto e da Energia João Galamba e o então Ministro da Economia Pedro Siza Vieira.

Os juízes consideram que deveria estar descrito “algum comportamento objetivo do primeiro-ministro passível de mostrar alguma recetividade ou predisposição para ouvir e acatar o que Diogo Lacerda Machado, o seu melhor amigo, teria para lhe dizer”. Seja em decisões sobre “políticas públicas e medidas legislativas no ambiente, nas energias renováveis, nos objetivos da transição energética e da transição digital, no campus de Data Center promovido pela Start Campus, S.A, no âmbito do Projecto Sines 4.0. ou sobre qualquer outro assunto da governação”. Mas tal não aconteceu.

Diogo Lacerda Machado, Vitor Escária, Nuno Mascarenhas, Afonso Salema, Rui de Oliveira Neves

 

Sobre Diogo Lacerda Machado, um dos principais arguidos da Operação Influencer, “nenhuma circunstância concreta relacionada com a forma de agir do Primeiro-Ministro e de interagir, no desenvolvimento da amizade entre ambos induz que António Costa tenha alguma vez pedido opinião ao seu melhor amigo para escolher ou demitir ministros e secretários de Estado”.

“Seria essencial que o MP tivesse conseguido descrever de forma empírica, objetiva, alguma situação, facto ou comportamento imputável ao arguido Diogo Lacerda Machado, dirigido ao Primeiro-Ministro, no sentido de tentar fazer com que escolhesse ou este ou aquele ministro ou secretário de Estado, ou que tenha tentado ou conseguido determinar o Primeiro-Ministro a agir fosse em que assunto da governação do País fosse, num ou noutro sentido escolhido por ele, arguido Digo Lacerda Machado”, concluiu o acórdão.

Deveria estar descrito algum comportamento objetivo do primeiro-ministro passível de mostrar alguma recetividade ou predisposição para ouvir e acatar o que Diogo Lacerda Machado, o seu melhor amigo, teria para lhe dizer. Seja em decisões sobre políticas públicas e medidas legislativas no ambiente, nas energias renováveis, nos objetivos da transição energética e da transição digital, no campus de Data Center promovido pela Start Campus, S.A, no âmbito do Projecto Sines 4.0. ou sobre qualquer outro assunto da governação. Mas tal não aconteceu”.

Juízes desembargadores da Relação de Lisboa

O que dizem os juízes de Lacerda Machado e Vítor Escária

O Tribunal da Relação de Lisboa manteve os arguidos da Operação Influencer apenas sujeitos a Termo de Identidade e Residência, a medida menos gravosa prevista nas leis penais. Assim sendo, o arguido Diogo Machado deixa de ter de pagar a caução de 150 mil euros e a obrigação de não se ausentar para o estrangeiro e Vítor Escária deixa de estar sujeito à obrigação de não se ausentar para o estrangeiro. O Tribunal terá então de entregar os passaportes a ambos.

“Nenhum dos factos adiantados se traduziam em crimes” e não ultrapassam “o desenvolvimento das funções de cada um dos intervenientes tendo todos eles atuado no âmbito das mesmas”, diz o comunicado enviado pelo tribunal. O Tribunal salientou, contudo, “que não existe legislação em Portugal sobre a atividade de lóbi, legislação que, a existir, evitaria muitas situações dúbias como algumas daquelas que foram apuradas nos autos”.

Na verdade, o Tribunal chama a atenção para “a incorreção de se tratarem assuntos de Estado à mesa de restaurantes olvidando procedimentos e esquecendo a necessidade de se documentarem as relações havidas entre representantes de interesses particulares e os governantes no âmbito das suas funções”, acrescenta. Concluiu assim o Tribunal “que os factos apurados não são, só por si, integradores de qualquer tipo criminal”.

O acórdão chama de “meras conjeturas” e “especulações” a conclusão das escutas telefónicas que, entendem os juízes desembargadores, só provam que os arguidos falaram ao telefone. E faz ainda uma crítica dura aos procuradores titulares do processo: diz que, no recurso, o MP alega factos que não eram sequer referidos no documento de apresentação dos arguidos a interrogatório, o que viola os deveres de “probidade e boa fé” a que o Ministério Público está especialmente obrigado.

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Novo canal de informação da Medialivre vai chamar-se News Now

A ERC deu esta quarta-feira, dia 17, parecer favorável ao lançamento do canal. De acordo com o documento, ao qual o +M teve acesso, o canal vai chamar-se News Now.

O novo canal de informação da Medialivre, dona do Correio da Manhã, vai chamar-se News Now, apurou o +M. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deu esta quarta-feira parecer favorável ao lançamento do projeto que, como o +M avançou em março, vai concorrer com a CNN e com a SIC Notícias, no segmento dos canais de informação.

A deliberação, assinada pela ERC esta quarta-feira, revoga uma deliberação do regulador de dia 10 de abril, que não chegou a ser efetivada. Nesta, era autorizado “o exercício da atividade de televisão através de um serviço de programas temático, de cobertura nacional e acesso não condicionado com assinatura, denominado Canal9“.

O nome Canal9, que deu entrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no dia 20 de fevereiro com um pedido de registo, pressupunha que seria esta a posição ocupada pelo novo projeto do grupo também dono da CMTV, do Jornal de Negócios ou do Record, o que pode não se confirmar em todos os operadores, apurou também o +M.

O News Now, pretende posicionar-se num segmento informativo, para “reforçar a informação de qualidade e de referência para os públicos mais qualificados, colocando o foco principal da grelha noticiosa nas temática políticas, económicas, nos grandes desafios da civilização, como o aquecimento global ou a inteligência artificial, na informação internacional, em particular a relacionada com o espaço europeu (…). O projeto “criará ainda o ambiente mais propício à inovação digital e ao aprofundamento da oferta online e multiplataforma (…) um caminho para a informação de qualidade (…).”, lê-se na deliberação da ERC.

O canal, que pretende chegar a “novas audiências, nomeadamente nos segmentos premium e mais jovens“, vai levar à criação de 58 novos postos de trabalho, 26 na área editorial e 32 nas áreas técnicas e de apoio.

O lançamento do News Now, ainda sem data completamente fechada, pode avançar ainda antes do verão. O comentário, e os espaços de frente-a-frente serão uma das apostas do canal que, como Marques Mendes avançou no seu comentário de domingo na SIC, conta com o ex-primeiro-ministro António Costa como comentador. O Observador também já avançou o nome do cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude de 2023 e ex-presidente do Grupo Renascença Multimedia como comentador. Judite de Sousa, que já participou, na CMTV, na cobertura das eleições legislativas, é outro dos nomes apontados, embora não confirmados, como um dos rostos do canal.

O novo projeto de televisão da Medialivre, que agora sabemos que se chama News Now, será liderado por Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial do grupo, terá Paulo Oliveira Lima como diretor-executivo, avançou o Correio da Manhã a 14 de março. “O jornalista liderará a preparação e conceção de todo o desenho tecnológico, organizativo, gráfico e videográfico do futuro projeto televisivo“, explicava o título.

No início de março a Medialivre inaugurou um novo estúdio de televisão, um espaço com 200 metros quadrados e que permite a criação e utilização de vários sets em simultâneo, com câmaras robotizadas. O espaço, escrevia o título, foi construído a pensar na noite eleitoral de 10 de março, mas irá também servir o futuro próximo da estação.

A ideia foi melhorar a capacidade de resposta para as eleições, mas, na verdade, esta é uma infraestrutura fundamental para a Medialivre, porque esta é uma casa de notícias, onde temos uma forma muito simples de enfrentar o mundo: com trabalho. E por isso, com este espaço abrimos novos mundos ao mundo das notícias”, dizia no CM.

Com a CMTV registada como canal generalista, o novo canal do grupo tenderá a posicionar-se para concorrer com a SIC Notícias e a CNN Portugal. “O segredo é o posicionamento”, comenta com o +M fonte próxima do processo no início de março. E o posicionamento passará pelo lançamento de um canal premium com capacidade para atrair novos segmentos de público e reforçar a penetração em televisão do grupo que também dono do Jornal de Negócios, do Record e da Sábado.

Embora ainda não existisse informação disponível relativamente à tipologia, ao posicionamento, ou o público-alvo, como notava Rodrigo Albuquerque, managing partner da Arena Media, o lançamento era visto como uma boa notícia para os anunciantes e agências de meios e o facto de ser lançado pela Medialivre aporta confiança.

Penso que é sobretudo uma excelente notícia existirem investidores/empreendedores com coragem e que continuam disponíveis para investir e continuarem a inovar no meio TV em Portugal. Há sempre espaço para projetos de qualidade e inovadores. E tratando-se de um projeto da Medialivre parece-me que isso está assegurado, tendo em conta o histórico de sucesso de outros projetos, pelo que aguardo com muita expectativa”, adianta o responsável da agência de meios do grupo Havas.

Sobre o impacto que o novo canal terá nos restantes, Rodrigo Albuquerque dizia que a resposta dependerá muito do posicionamento do novo projeto. Ou seja, será necessário perceber “se será apenas mais um canal de informação, ou se, por outro lado, procurará vir dar resposta a alguma tipologia de procura específica, ocupando um posicionamento novo que possa não estar ainda a ser tão bem explorado pelos canais existentes”.

“Acredito que haverá espaço para que isso possa acontecer. Assistimos neste momento a um consumidor cada vez mais polarizado e a audiências cada vez mais fragmentadas e nesse sentido abrem-se também novas oportunidades”, acrescentava o managing partner da Arena Media.

Ricardo Torres Assunção, secretário-geral da Associação Portuguesa de Anunciantes, não fez prognósticos sobre existir ou não espaço para o novo projeto. “Essa é uma questão que será respondida pelo mercado e é assim que deve ser, o espaço que o projeto terá depende dele e dos portugueses”, dizia ao +M, saudando no entanto “a liberdade e a competitividade do mercado em Portugal”.

 

 

(notícia atualizada às 11h de dia 18, com mais dados da deliberação)

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Regulador propõe ligeiro alívio no preço regulado da luz. Reduz 0,1% em junho

O preço regulado da luz passa a ser 2,8% mais alto em 2024 do que no ano anterior, ao contrário da subida de 2,9% que estava prevista anteriormente.

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) propõe a redução do preço da eletricidade no mercado regulado no próximo mês de junho. O preço deverá cair em média 0,1% em comparação com aquele que estará em vigor em maio. Assim, o preço regulado da luz passa a ser 2,8% mais alto em 2024 do que no ano anterior, ao contrário da subida de 2,9% que estava prevista anteriormente.

Nas contas do regulador, o impacto na fatura média mensal, para um casal sem filhos, será de cerca de 20 cêntimos. Num casal com dois filhos, a poupança contabiliza-se nos 10 cêntimos.

Esta é uma revisão excecional. Os preços da luz para o ano seguinte são definidos em meados de dezembro do ano anterior. Mas, face a determinadas condições do mercado que o justifiquem, o regulador pode operar mudanças intercalares.

A componente do preço que diz respeito ao Acesso às Redes vai, na verdade, aumentar 35,6 euros por megawatt-hora para os consumos de baixa tensão, onde se incluem os consumos domésticos. No entanto, no mercado regulado, “o efeito conjugado do aumento da tarifa de Acesso às Redes com a componente que diz respeito à energia em si, que tem vindo a aliviar substancialmente, resulta nesta “pequena redução de 0,1%” no preço final da luz.

“Os preços da energia registados no mercado grossista (MIBEL), no 1.º trimestre de 2024, foram em média de 44,4 euros por MWh, muito abaixo dos 88,3 euros por MWh previstos pela ERSE para o cálculo das tarifas em 2024”, indica o regulador justificando este novo balanço.

No entanto, as tarifas de Acesso às Redes definidas pelo regulador não afetam apenas o mercado regulado: devem também ser aplicadas pelos restantes comercializadores que atuam no mercado livre. “É expectável que o aumento, ora proposto, das tarifas de Acesso às Redes possa ser compensado por descidas na componente de energia que alguns comercializadores têm vindo a repercutir nos preços finais pagos pelos consumidores e, desse modo, atenuar (ou mesmo anular) na fatura do consumidor o aumento da tarifa de Acesso às Redes”, prevê o regulador.

(Notícia atualizada pela última vez às 18h48)

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Tribunal Constitucional volta a rejeitar estatutos do PAN

  • Lusa
  • 17 Abril 2024

A nova versão dos estatutos do partido não estipula expressamente quais os "comportamentos suscetíveis de constituir infrações disciplinares", remetendo para o regulamento disciplinar".

O Tribunal Constitucional (TC) rejeitou as alterações aos estatutos do PAN aprovadas no último congresso, que decorreu em Matosinhos em maio do ano passado, por não especificarem quais os comportamentos que podem constituir infrações disciplinares. “Decide-se indeferir o pedido de anotação das alterações aos estatutos do partido PAN, aprovadas no IX Congresso Nacional”, lê-se no acórdão divulgado no site do TC.

Os juízes do Palácio Ratton assinalam que a nova versão dos estatutos do partido Pessoas-Animais-Natureza não estipula expressamente quais os “comportamentos suscetíveis de constituir infrações disciplinares”, remetendo para o regulamento disciplinar, a “elaborar e aprovar pela Comissão Política Nacional”, órgão máximo de direção política entre congressos.

O TC refere igualmente questões relacionadas com os prazos para o Conselho de Jurisdição Nacional se pronunciar sobre queixas relativas à aplicação de sanções, considerando “essencial a fixação de um prazo máximo para que o órgão interno com competência para apreciar recursos de decisões que apliquem sanções disciplinares – no caso, o Conselho de Jurisdição Nacional – decida as impugnações”.

“A remissão para mero regulamento partidário da identificação (ainda que parcial) dos ilícitos disciplinares, por um lado, e a ausência da previsão de um prazo máximo para decisão do recurso sobre a aplicação de uma sanção ou a remissão da sua concreta duração para o referido regulamento, por outro, desrespeitam as garantias constitucional e legalmente impostas em sede sancionatória”, sustenta o TC na decisão divulgada.

O TC já tinha rejeitado as alterações aos estatutos do partido liderado por Inês de Sousa Real aprovadas no congresso anterior, em junho de 2021, em Tomar.

Na decisão, de janeiro de 2022, o TC apontou também que o capítulo referente a “disciplina e sanções” carecia de “correção e aperfeiçoamento” e alertando para uma “violação do princípio da legalidade sancionatória”, consagrado na Constituição, e para uma violação da Lei dos Partidos Políticos.

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PSD e PS com números diferentes sobre execução dos fundos europeus em Portugal

  • Lusa
  • 17 Abril 2024

Os social-democratas defenderam a criação de uma comissão eventual para acompanhamento e fiscalização da execução dos fundos comunitários e traçaram um diagnóstico pessimista.

O PSD acusou esta quarta-feira os governos socialistas de terem feito uma execução “medíocre” dos fundos europeus, mas o PS negou os números apresentados pelos sociais-democratas e contrapôs que Portugal regista dos melhores indicadores na União Europeia.

Na primeira declaração política da sessão plenária, o deputado social-democrata Jorge Paulo Oliveira defendeu a criação de uma comissão eventual para acompanhamento e fiscalização da execução dos fundos comunitários e traçou um diagnóstico pessimista sobre a situação do país neste campo.

Na sua intervenção, Jorge Paulo Oliveira afirmou que Portugal tem ainda verbas do Portugal 2020 por executar (e este programa está a acabar); estimou que no Portugal 2030 uma percentagem na ordem dos 99,5 do montante total esteja ainda por executar; e que, com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) já a meio sua duração, mais de 700 milhões de euros se encontram retidos em Bruxelas e o quinto pagamento está atrasado.

A taxa de execução do PRR é de 20%. Estamos perante um balanço medíocre. A execução dos fundos europeus é por isso uma prioridade do Governo. Queremos que a execução se faça com mecanismos de transparência e com meios de combate à fraude e à corrupção”, acentuou o deputado social-democrata.

O porta-voz do Livre Rui Tavares assinalou logo que a ideia de criar uma comissão eventual sobre acompanhamento dos fundos europeus não é nova, já que uma comissão com essa finalidade vigorou na anterior legislatura. E o deputado socialista Nuno Fazenda afirmou que os “números apresentados pelo PSD não têm qualquer adesão à realidade”. De acordo com o ex-secretário de Estado socialista, pelo contrário, assiste-se “a uma plena absorção dos fundos do Portugal 2020”.

“E em matéria de PRR basta uma simples consulta para se verificar que Portugal é o sexto Estado-membro da União Europeia com mais verbas arrecadadas e o quarto com maior taxa de execução”, referiu. Na sua breve interpelação, Nuno Fazenda contra-atacou, apontando que no Programa do Governo, em matéria de fundos europeus, “nada se explica sobre o papel das comissões de coordenação de desenvolvimento regional” – entidades que gerem quase 40% do total de verbas.

Pela parte do CDS-PP, em resposta ao PS, o deputado do CDS João Almeida advogou que “há uma diferença entre a execução estatística e a realidade”, salientando então as dificuldades das empresas no acesso aos fundos europeus. João Almeida disse então que as empresas precisam de obter uma rápida resposta em relação às suas candidaturas para terem depois possibilidade de concretizarem investimentos. Por outro lado, realçou a importância de serem cumpridos os calendários dos avisos para abertura de concursos.

Pela Iniciativa Liberal, o deputado Carlos Guimarães Pinto colocou a questão de forma diferente, assumindo como seu objetivo central “libertar Portugal da dependência” de fundos comunitários. Ouviu depois Rui Tavares, do Livre, dizer-lhe que a própria Alemanha acede a fundos europeus.

Filipe Melo, do Chega, procurou colar o PSD ao PS em matéria de fundos europeus, dizendo que o atual Governo, tal como o anterior, tirou os fundos comunitários do Ministério da Economia e colocou-se no Ministério da Coesão Territorial. “Significa que o grosso dos fundos é para a administração pública e não para as empresas”, sustentou.

Isabel Pires, do Bloco de Esquerda, lembrou as posições críticas do Tribunal de Contas e de outras instituições sobre a lei que flexibilizou a contratação pública aprovada pelo Governo PS em 2021 e que teve a abstenção do PSD, perguntando aos sociais-democratas se estão disponíveis para repor e reforçar normas de transparência.

o deputado do PCP Alfredo Maia condenou a forma como os fundos europeus têm sido aplicados em Portugal, defendendo que beneficiam principalmente os grandes grupos económicos e que reforçaram a “dependência e o desmantelamento do aparelho produtivo nacional”.

“Os salários e os níveis ridículos de investimento público têm sido as variáveis de ajustamento” de Portugal na União Europeia, concluiu Alfredo Maia, antes de a deputada do PAN Inês Sousa Real ter falado em baixos níveis de execução dos programas destinados ao combate às alterações climáticas.

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Sporting SAD: Ações convertidas das VMOC admitidas em bolsa na próxima sexta

A SAD leonina pediu a admissão à negociação de 135 milhões de ações, que resultam da conversão dos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC). Novos títulos admitidos na sexta.

A Sporting SAD avançou com um pedido de admissão à negociação de um bloco de 134.990.453 ações, que resultou da conversão de valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC) em ações. Novos títulos deverão ser admitidos em bolsa no dia 19 de abril, a próxima sexta-feira.

“O Prospeto respeita à admissão à negociação no mercado regulamentado Euronext Lisbon, gerido pela Euronext Lisbon – Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados, S.A. (“Euronext”), de 134.990.453 ações escriturais e nominativas, com o valor nominal unitário
de €1,00 e montante global de €134.990.453, representativas de 66,83% do capital social da Sporting Clube de Portugal – Futebol SAD (a “Sporting SAD” ou o “Emitente”), inscritas, na presente data, na Central de Valores Mobiliários (“CVM”), operada pela Interbolsa”, adianta o prospeto divulgado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

As ações, “não tendo sido imediatamente admitidas à negociação, pelo que não são fungíveis com as demais ações representativas do capital social da Sporting SAD, embora confiram aos seus detentores os mesmos direitos que as ações existentes, incluindo no que respeita ao direito a receber dividendos”, refere o prospeto divulgado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Segundo o mesmo documento, em causa estão 83.571.872 ações, resultantes dos dois aumentos do capital social da Sporting SAD, realizados no dia 31 de julho de 2022, e 51.418.581 ações, resultantes dos dois aumentos do capital social da Sporting SAD, realizados no dia 15 de fevereiro de 2024.Foi solicitada a admissão à negociação das ações no mercado regulamentado Euronext Lisbon, sendo previsível que a mesma venha a ocorrer em 19 de abril de 2024“, refere o prospeto.

Estas operações poderão ser um sinal que o clube esteja disponível para aumentar o número de ações nas mãos dos pequenos investidores (free float), através da realização de colocações junto dos pequenos investidores de parte da posição das ações que foram convertidas das VMOC.

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Banco de Portugal alerta para fraude que altera IBAN do beneficiário de transferências

  • Lusa
  • 17 Abril 2024

O BdP aconselha os utilizadores a lerem com atenção todos os detalhes que são apresentados na página de confirmação da transferência ou no SMS enviado pelo banco, antes de autorizarem a operação.

O Banco de Portugal (BdP) alertou esta quarta-feira para situações de fraude em que, durante a realização de uma transferência bancária através do homebanking, o IBAN do beneficiário é alterado por um terceiro. Num comunicado divulgado na sua página eletrónica, o banco central explica que esta fraude é concretizada com recurso a malware (software malicioso) previamente instalado no computador da pessoa que faz uma transferência através do homebanking, através do qual “um terceiro altera o IBAN da conta de pagamento do beneficiário no momento da realização dessa transferência”.

Se, após a introdução dos dados da transferência no homebanking do seu banco (mesmo que use a lista de beneficiários frequentes), o ecrã do seu computador ficar estático (poderá aparecer uma mensagem com indicação de ‘em atualização’) ou se lhe surgir uma mensagem para instalação ou atualização de software a que se segue um bloqueio temporário do equipamento, poderá estar a ser vítima de uma tentativa de fraude”, adverte o BdP.

Segundo explica, “durante esse período, o infrator pode estar a alterar o IBAN da conta de destino dos fundos”. Para evitar esta situação, o BdP aconselha os utilizadores a lerem sempre com atenção todos os detalhes que são apresentados na página de confirmação da transferência ou no SMS enviado pelo banco, antes de autorizarem a operação.

Confirme, especialmente, se o IBAN do beneficiário da transferência que está a autorizar corresponde ao IBAN pretendido”, enfatiza, acrescentando: “Em caso de dúvida ou suspeita, não prossiga com a operação e contacte o seu banco de imediato, através dos canais habituais”. Caso o utilizador detete que realizou uma transferência em que possa ter sido vítima de fraude, o banco central aconselha a que relate a situação junto dos órgãos de polícia criminal competentes (PSP, GNR ou PJ) ou do Ministério Público.

Se necessário, deverão ser solicitadas junto do banco novas credenciais de acesso ao homebanking. Para prevenir este tipo de fraudes, o BdP aconselha a que se aceda sempre ao sítio de Internet oficial do banco, digitando o endereço eletrónico (e nunca através de motores de busca) e verificando que o endereço começa por “https://” e que aparece um cadeado.

“Nunca clique em links desconhecidos, nem abra mensagens duvidosas. Não divulgue informação pessoal, credenciais de acesso ao homebanking ou às apps, ou códigos de autorização que o banco lhe envie para o telemóvel”, salienta.

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