Quem é Marlene Vieira, a chef que se intrometeu na cozinha dos homens?

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

Foi a Estrela mais aplaudida na Gala do Guia Michelin 2025. Marlene Vieira veio quebrar um jejum de mais de 30 anos – ela é a segunda chef mulher portuguesa a receber a distinção do Guia Michelin.

A noite em que Portugal voltou a fazer história na gastronomia foi temperada com emoção e simbolismo. Na passada terça-feira, o país celebrou não apenas mais uma estrela no firmamento da alta cozinha (na verdade são oito as novas Estrelas, mas desta vez foquemo-nos em apenas uma), mas um feito que rompeu um jejum de mais de três décadas. Marlene Vieira tornou-se a primeira mulher a conquistar uma Estrela Michelin em Portugal desde 1993 [a primeira foi Maria Alice Marto, do restaurante Ti’ Alice, em Fátima], uma distinção que, além de reconhecer o seu talento, resgata um espaço que há muito parecia inatingível para as mulheres no competitivo (e muito patriarcal) mundo da restauração.

A consagração aconteceu durante a aguardada cerimónia do Guia Michelin, no Porto, com o marido, João Sá (do restaurante Sála, distinguido em 2024 com a sua primeira Estrela), parceiro na vida e nos negócios, a aplaudir de pé na primeira fila. Juntos, Marlene e João, têm uma filha – Isabel, com 9 anos, que recebeu o nome da sua referência feminina na cozinha – e gerem quatro restaurantes (o Sála, o Marlene, o ZumZum Gastrobar e um corner no Time Out Market). “Eu sou do Porto e o João é de Sintra. Conhecemo-nos na cozinha. Num hotel, quando trabalhávamos juntos, em 2005. Fomos crescendo juntos durante todos estes anos”, partilhou a chef, em entrevista à Face Food Mag. 17 anos depois, têm uma vida desafiante, sobretudo quando se trata de gerir o work-life balance. “Temos diferentes formas de trabalhar. A minha preocupação é agradar a muita gente. O João gosta mais de trabalhar para o seu próprio agrado, ele é um artista. A sua cozinha é mais pessoal. E no Marlene quero trabalhar mais a criatividade e a sensibilidade…”, conta a chef.

O restaurante Marlene tem vindo a construir uma identidade gastronómica singular, valorizando ingredientes locais.

Já João Sá, desfaz-se em elogios para a mulher que trouxe para casa a segunda Estrela Michelin do casal: “A cozinha da Marlene é sobretudo muito rica em sabor português. Mas eu gostava de destacar a sua maneira de estar na cozinha, como se comporta com as pessoas que trabalham com ela… Ela é muito melhor ao comando do que eu”. E continua: “é difícil, porque quando temos quatro restaurantes com a nossa companheira, sem sócios nem mais ninguém, o restaurante é uma parte muito importante da nossa vida… Por isso mesmo, este ano tentámos não falar de trabalho em casa”, revelou. E Marlene acrescentou ainda: “Vemos o futuro juntos, a cozinhar numa quinta com animais. Gostávamos de ter um pequeno hotel com um restaurante. Bom vinho… Mas juntos. Nós trabalhamos com o coração”.

Ovação emotiva em casa
Quando o nome de Marlene Vieira ecoou na sala da Alfândega do Porto, foi recebido com uma ovação entusiástica – um aplauso que simbolizava mais do que uma conquista pessoal: representava uma vitória para todas as mulheres que batalham por um lugar de destaque num setor ainda dominado por homens. “Sempre me perguntaram se eu acreditava que um dia uma mulher poderia alcançar esta distinção em Portugal. Eu sempre acreditei, e hoje, aqui estamos nós”, afirmou a chef, visivelmente emocionada.

O seu restaurante, Marlene, situado em Lisboa, tem sido um laboratório de experiências sensoriais onde os sabores ganham uma nova dimensão. Com uma abordagem que funde tradição e inovação, Marlene tem vindo a construir uma identidade gastronómica singular, valorizando ingredientes locais e técnicas refinadas. O menu, meticulosamente elaborado, é um reflexo da sua filosofia culinária: respeito pela sazonalidade, paixão pelo detalhe e uma criatividade sem limites. “Cozinhar é contar histórias com sabores. Cada prato que envio para a mesa carrega um pouco da minha essência”, revelou.

A jornada até à conquista da estrela Michelin não foi fácil. Nascida na Maia, há 45 anos, cresceu a entrar em cozinhas de restaurantes, porque o pai tinha um talho e era ela quem fazia as entregas. Começou a trabalhar num restaurante nas férias – o Costa Brava, na Maia –, quando tinha apenas 12 anos e, aos 16, iniciou os estudos na área, na Escola de Hotelaria de Santa Maria da Feira. Durante o seu percurso diz orgulhosamente que não há nada que não tenha feito num restaurante. “Fiz de tudo. Comecei pela cozinha, mas também limpei casas de banho. E aos poucos, o mundo da cozinha invadiu-me. Não me apaixonei pela cozinha da avó ou da mãe. Apaixonei-me pela vida de um restaurante especial”, recordou a chef numa entrevista. Ela que, nem uma semana depois do famigerado 11 de Setembro e da queda das Torres Gémeas, estava de malas feitas para os Estados Unidos, onde trabalhou num restaurante português e acabaria a servir sardinhas assadas à cantora Norah Jones. “Era uma cozinha portuguesa tradicional num ambiente de luxo… [o restaurante Alfama, em Manhattan]. Era contraditório. Cozinha portuguesa era servida nas tascas. E eu estava, de repente, a servir umas sardinhas assadas à Norah Jones”, explicou. Foi neste país que descobriu verdadeiramente a gastronomia portuguesa. “Conhecia a comida da minha casa… não conhecia bacalhau à Brás. E quando conheço a cozinha portuguesa, a minha vida muda”.

Viveu entre tachos e panelas, num ambiente onde a resistência ao protagonismo feminino era evidente. “Muitas vezes duvidaram que eu tivesse a capacidade de liderar uma cozinha. Mas nunca deixei que isso me definisse”, recorda. A sua formação passou por algumas das cozinhas mais exigentes do mundo, onde aprendeu com mestres da alta gastronomia, absorvendo conhecimentos e lapidando um estilo próprio. De regresso a Portugal, tornou-se conhecida pelos portugueses ao participar como jurada no programa da RTP Masterchef. Pelo meio passou pelo Avenue, na Avenida da Liberdade, que lhe abriu as portas do Time Out Market em 2014. Em 2020, abriu o Zumzum Gastro Bar e, dois anos depois, o Marlene onde apostou numa cozinha autoral e diferenciada e só serve jantares, de quarta a sábado. Desde então, o sonho da estrela Michelin foi-se fazendo mais presente.”Não se trabalha a pensar nela? Não sei. Muitas vezes são os clientes, os pares, que nos vão relembrando: ‘Oh Marlene, porque é que tu não tens aqui uma estrela Michelin?'”, contou a chef a um canal de televisão.

O reconhecimento do Guia Michelin é um marco na sua carreira, mas a chef garante que este é apenas o começo. “Receber esta estrela não é um ponto de chegada, é um ponto de partida. Quero continuar a surpreender, a evoluir e a inspirar outras mulheres a seguirem este caminho”, afirma. A sua presença na lista de premiados é um sinal de mudança no panorama da gastronomia nacional, um lembrete de que o talento e a dedicação devem ser os verdadeiros critérios de valorização, independentemente do género.

A conquista de Marlene Vieira não se esgota no brilho da estrela recebida; ela traz consigo um impacto profundo. A gastronomia portuguesa, tão rica e diversa, tem agora mais uma referência feminina a figurar entre os grandes nomes da cozinha contemporânea. A chef, que sempre sonhou em deixar a sua marca no mundo gastronómico, conseguiu não só esse feito, mas também inspirar uma nova geração de cozinheiras que olham para ela como um símbolo de possibilidade e mudança.

“Hoje, celebro não apenas a minha conquista, mas a de todas as mulheres que batalham diariamente neste setor. Espero que esta estrela ilumine muitos outros caminhos e que, em breve, vejamos mais mulheres a ocupar o lugar que lhes é devido na alta gastronomia”, conclui.

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Museu Nacional do Azulejo lança em março concurso público para obras de fundo

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2025

Obras de fundo vão incidir, na primeira fase, na requalificação da fachada e das coberturas, e na fase seguinte na recuperação estrutural do museu. Encerramento parcial temporário está a ser avaliado.

O concurso internacional para a primeira empreitada de obras no Museu Nacional do Azulejo (MNAz), em Lisboa, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), vai ser lançado na primeira quinzena de março, segundo fonte do Ministério da Cultura (MC).

As obras de fundo vão incidir, nesta primeira fase, na requalificação da fachada e das coberturas, e na fase seguinte na recuperação estrutural do museu cujo encerramento parcial temporário ainda está a ser avaliado, segundo as respostas da tutela a questões enviadas pela agência Lusa.

Necessárias há mais de quatro décadas, as obras de fundo deverão avançar no âmbito do PRR, segundo o MC, com “a primeira empreitada posta a concurso público na primeira quinzena de março de 2025”. “Seguir-se-á uma segunda empreitada que irá a concurso oportunamente no tempo sucessivo”, indicou fonte do gabinete da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.

Ainda segundo a tutela, “encontra-se em avaliação”, pela Museus e Monumentos de Portugal, em articulação com o Património Cultural-IP e a Associação de Turismo de Lisboa, “entidades envolvidas no processo de execução do investimento PRR relativo ao museu”, “o impacto das obras a levar a cabo, sendo de admitir que possa ser necessário o encerramento, porventura parcial, desse equipamento”.

Instalado no antigo Mosteiro da Madre de Deus, fundado em 1509 pela rainha D. Leonor, o MNAz, um dos mais importantes museus nacionais, pela sua coleção de azulejaria, foi o mais visitado na capital em 2023, com 276.209 visitantes, seguido pelo Museu Nacional dos Coches, com 226.634 entradas, segundo os dados estatísticos oficiais mais recentes.

Questionada sobre exatamente quais as obras necessárias e previstas no quadro do PRR para o MNAz, tendo em conta que o prazo do programa vai até 31 de março de 2026, a tutela indicou à Lusa que “respondem a problemas estruturais do equipamento”.

“Uma empreitada tratará da requalificação e recuperação das coberturas, vãos e fachadas do Museu; uma outra empreitada será focada na recuperação estrutural e de conservação e restauro do claustro e do claustrim, sem prejuízo de, nesta data, ainda estarem a ser equacionadas outras questões que afetam o museu”, enumerou.

A coleção deste museu abrange a produção azulejar desde a segunda metade do século XV até à atualidade, reunindo, além do azulejo, peças de cerâmica, porcelana e faiança dos séculos XIX a XX.

De acordo com o portal Mais Transparência, estão destinados 4,94 milhões de euros para as obras do PRR no museu, nomeadamente de “reabilitação das fachadas, Conservação e restauro da Torre Sineira e da Torre do Coruchéu, Beneficiação e restauro geral do Claustro, coro alto e revestimento azulejar da igreja”.

Em 2021, em entrevista à agência Lusa, o então diretor do museu, Alexandre Pais, atualmente presidente da MMP, sublinhava a importância de “resolver a médio prazo” os problemas de infiltrações de chuva nos corredores com que o museu se debatia, e também a degradação da fachada.

“A degradação da fachada exterior não dá uma boa imagem do museu. Basta fazer pesquisa nos ‘sites’ internacionais, e há vários que dizem que se [o turista] tiver meio-dia, em Lisboa, e quiser visitar um museu, o aconselham a ir ao Museu do Azulejo, porque a partir dali consegue perceber o que é a cultura e a sensibilidade portuguesas. É muito lisonjeador, mas também alertam os visitantes para não se deixarem desencorajar com o aspeto exterior, porque o interior é surpreendente”, relatou à Lusa, na altura.

De acordo com o mesmo estudo de 2018 sobre públicos dos museus nacionais, o MNAZ possui um grande peso de visitantes estrangeiros, com franceses, brasileiros e alemães a liderar as visitas, por esta ordem, num conjunto de 55 nacionalidades, segundo os dados então recolhidos.

Em dezembro de 2024, foi anunciado o nome de Rosário Salema de Carvalho, investigadora no ARTIS–Instituto de História da Arte, especialista em azulejaria portuguesa, para dirigir o museu, na sequência de concurso público internacional.

Fundado em 1965, o Museu Nacional do Azulejo atrai anualmente milhares de visitantes estrangeiros, que respondem por mais de 80% das entradas, segundo um estudo sobre o perfil dos visitantes dos museus nacionais realizado em 2015 pela então Direção-Geral do Património Cultural, em conjunto com investigadores universitários e divulgado em 2018.

O MNAz tem por missão recolher, conservar, estudar e divulgar exemplares representativos da evolução da cerâmica e do azulejo em Portugal, promovendo a inventariação, documentação, investigação, classificação, divulgação e conservação e restauro da cerâmica, em particular do azulejo.

O museu integra também a salvaguarda patrimonial da igreja e dos demais espaços do antigo Mosteiro da Madre de Deus, onde está instalado.

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Louis Vuitton veste o Real Madrid? Parceria de luxo pode estar a caminho

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

O futebol e a moda de luxo estão em vias de unir-se numa parceria histórica. A Louis Vuitton poderá vestir o Real Madrid, elevando o clube espanhol a um novo patamar de prestígio.

A relação entre o desporto e o luxo nunca foi tão estreita, e o mais recente rumor que percorre os sites especializados reforça essa tendência: a Louis Vuitton poderá tornar-se a marca responsável pelos trajes oficiais do Real Madrid. Embora a notícia ainda não tenha sido confirmada, a especulação já está a causar agitação tanto no mundo da moda como no universo do futebol.

De acordo com os zunzuns, marca francesa está prestes a assinar um acordo multimilionário com os campeões europeus, substituindo a Zegna como parceira oficial de moda do Real Madrid a partir da próxima temporada. A Louis Vuitton fornecerá vestuário de viagem de alta qualidade para as equipas masculina e feminina do Real Madrid, bem como para a equipa de basquetebol, consolidando a sua posição no universo desportivo de elite.

Este acordo está definido para ser uma parceria histórica que irá melhorar o já vasto portefólio de marcas do Real Madrid. Esta não é a primeira incursão da Louis Vuitton no mundo do futebol, com Jude Bellingham a ser anunciado como ‘amigo da maison‘ oficial no ano passado. Além disso, a casa francesa foi responsável pela icónica fotografia de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi para a campanha do Mundial de 2022, como sempre captada pela lente da fotógrafa Annie Leibovitz.

Sob a liderança do novo criador de moda masculina, Pharrell Williams, houve uma clara direção temática de futebol na marca. O lançamento do ‘Footprint’ Astros em dezembro de 2024 e as camisas apresentadas no desfile de moda em Paris nesta temporada reforçaram essa ligação. A parceria com o Real Madrid surge, portanto, como um passo natural nesta trajetória.

Se o rumor se confirmar, esta aliança poderá ditar uma nova tendência no futebol de alto nível, onde cada vez mais clubes procuram colaborações com marcas que representem os seus valores e aspirações. Para já, resta esperar por um anúncio oficial. Mas uma coisa é certa: se a Louis Vuitton vestir o Real Madrid, o futebol nunca terá estado tão elegante.

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Infraestruturas de Portugal pede retirada de publicidade colocada à beira da estrada

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2025

No caso das empresas que não removam as estruturas em 20 dias, a IP promoverá a remoção a expensas dos titulares. Algumas destas entidades já comunicaram que vão retirar os suportes no prazo indicado.

A Infraestruturas de Portugal (IP) está a enviar cartas a pedir a “retirada voluntária” de painéis publicitários “indevidamente colocados” junto a estradas e que podem representar um risco para a segurança rodoviária.

Até ao momento foram emitidas 71 cartas, envolvendo várias empresas do setor da publicidade“, disse à agência Lusa, através de correio eletrónico, a empresa que gere as redes rodoviária e ferroviária.

A medida insere-se numa campanha de sensibilização que tem “como objetivo principal garantir as condições de segurança da circulação e promover o cumprimento da lei“, no âmbito das competências da empresa, indicou a IP em comunicado.

Segundo a empresa pública, verifica-se um aumento de suportes publicitários colocados na zona de estrada da rede rodoviária que gere, sobretudo nos “locais com maior dinâmica económica e populacional”, que podem “perturbar a atenção do condutor e, consequentemente, constituir um fator de maior risco para a segurança rodoviária”.

Algumas das empresas contactadas já comunicaram que vão retirar os suportes no prazo indicado.

Passados 20 dias para remoção voluntária, a IP promoverá a remoção [dos painéis] a expensas dos titulares das infraestruturas, ao abrigo dos poderes de autoridade na zona da estrada“, referiu, adiantando estar a analisar respostas que recebeu, como pedidos de esclarecimento ou contestações da ilegalidade da instalação.

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Setor imobiliário de gama alta tem um peso substancial na economia portuguesa

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

Esta é uma das conclusões do relatório “Portugal Realty Premium Market”, um estudo pioneiro desenvolvido em parceria entre a Porta da Frente Christie’s e a NOVA School of Business & Economics.

“Uma das coisas que senti assim que entrei na Porta da Frente, há cerca de dois anos, foi a falta de dados sobre o mercado”, começou por explicar João Cília, o CEO da Porta da Frente Christie’s. “Como esses dados não existiam, nem a sua interpretação, vivia-se de perceções. E foi por isso que desafiei o professor Pedro Brinca, da Universidade Nova, a criar uma metodologia que nos ajudasse a compreender melhor o mercado”. Foi assim, de uma necessidade concreta, que nasceu o estudo “Realty Premium Market” – com base em dados fornecidos pelo Confidencial Imobiliário, pelo Idealista, pelo Instituto Nacional de Estatítica e pelos dados da Christie’s a que a Porta da Frente tem acesso – que caracteriza o mercado imobiliário de gama alta em Portugal, mostra o seu impacto na economia e permite antecipar algumas perspetivas futuras.

Cília começou por explicar a segmentação do mercado de gama alta – que representa os 10% de transações mais caras do mercado – que foi dividida em três categorias: Affluent (imóveis entre os 10% e os 5% mais caros), Premium (entre os 5% e os 2% mais caros) e Luxo (os 2% mais caros).

Geograficamente, os distritos de Faro, Lisboa e Porto lideram a oferta deste segmento, ocupando 95% do mercado (com a Madeira a começar a ter alguma expressão), sendo Cascais e Estoril, Quarteira, Santo António e Avenidas Novas as localizações com maior número de imóveis disponíveis. Contudo, enquanto Faro recuperou os níveis de oferta de 2021, Lisboa e Porto ainda estão abaixo desses valores.

Em termos de nacionalidades, a Porta da Frente trabalha maioritariamente com o segmento internacional, destacando-se as nacionalidades americana e brasileira entre as que atualmente mais procuram Portugal para residir. “Em grande parte atraídos pelo clima, pelo estilo de vida, pela segurança, pela estabilidade política, pelo acesso à saúde e à educação, bem como a proximidade de outras capitais europeias”, esclareceu ainda o CEO da Porta da Frente, citando um estudo da PWC, de 2024, que classifica Lisboa como a 10ª cidade europeia mais atrativa para investimentos imobiliários em 2025.

Tendências de oferta e procura
A oferta de imóveis de gama alta sofreu uma contração entre 2021 e 2022, seguida de uma recuperação gradual a partir do final de 2022. A explicação para essa contração é simples: “deu-se a pandemia de Covid-19, um período em que o mercado praticamente parou. Depois da paragem, voltou a acelerar com mais oferta de casas no mercado, um maior ritmo de nova construção. O mercado cresceu não só pela retoma das transações, mas também pelo aumento dos preços da construção, em muito ampliados pela inflação”, explicou João Cília.

Em termos tipológicos, as moradias representam cerca de um terço da oferta, enquanto os apartamentos T2 têm ganho protagonismo nas preferências, crescendo 5 pontos percentuais entre 2021 e 2024.

Por outro lado, a procura por imóveis de gama alta mais do que duplicou entre 2021 e 2023, estabilizando posteriormente, “o que pode estar relacionado com o aumento das taxas de juro e com o fim do regime de Residente Não Habitual e dos Vistos Gold”, acrescentou Cília. Ainda assim, o segmento Luxo mostrou uma resiliência superior aos segmentos Affluent e Premium. Estima-se que as vendas totais do segmento de gama alta, em 2024, devem representar 5.581 milhões de euros.

O impacto económico do setor
O estudo evidencia que o setor imobiliário de gama alta tem um peso substancial na economia portuguesa. Em 2022, foi o ano de maior atividade económica do segmento, com a construção e a venda de imóveis contribuindo para um volume de produção de 8,1 milhões de euros e gerando mais de 106 mil empregos em termos de equivalentes a tempo completo. “Foi um ano extraordinário, foi o ano que maior atividade económica gerou e, por conseguinte, mais riqueza e mais remunerações para mais postos de trabalho”, comentou Pedro Brinca, coordenador do estudo junto com João B. Duarte. Contudo, em 2023, houve uma ligeira retração, reflexo das incertezas macroeconómicas e do aumento dos custos de construção, que cresceram cerca de 30% entre 2021 e 2024. O investimento no setor manteve-se alto, mas os desafios estruturais, como a escassez de mão-de-obra qualificada, continuam a ser um obstáculo ao crescimento.

O preço dos imóveis de gama alta registou um aumento nominal de 23% entre 2021 e 2024, mas em termos reais, se descontarmos o efeito da inflação, esse crescimento foi de apenas 3%. Esse fenómeno demonstra que, apesar da valorização, os aumentos de preço estão a ser compensados pelo aumento do custo de vida.

Dentro dos segmentos, o Luxo lidera os preços, seguido pelo Premium e pelo Affluent, como seria de esperar. A maior diferenciação nos preços entre os segmentos Luxo e Premium, comparada com a diferença entre Premium e Affluent, indica que os imóveis mais exclusivos têm vindo a ganhar maior valorização no mercado.

Desafios e oportunidades para o futuro
O estudo apontou vários desafios e oportunidades para o mercado de gama alta em Portugal, evidenciando, desde logo, que o mercado de habitação em Portugal precisa de mais medidas, sobretudo para reforçar a oferta, sobretudo para a classe média. “Só existem duas opções para a crise na habitação: ou se reduzem os preços da construção, ou se aumentam os ordenados das pessoas. Senão, não há milagres. O mercado está mal regulado. Não faz sentido existirem impostos sobre as transações. Isso impede que as pessoas redimensionem as suas casas consoante a fase da vida em que estão. Sabe-se hoje que 68% das pessoas vivem em casas sobredimensionadas e 12% queixa-se do oposto. Ou seja, têm de haver medidas fiscais. Neste momento estamos com fatores económicos favoráveis: os salários subiram, as taxas de juro desceram, há mais rendimento disponível e melhores condições de financiamento, sobretudo para os jovens. Mas, sem intervir na construção, no fundo estamos a subsidiar a procura e, consequentemente, o aumento dos preços. E está tudo certo: os preços sobem e aumenta a confiança dos investidores. Mas não vai ser assim que se resolve o problema da habitação em Portugal”, criticou Pedro Brinca.

Apesar dos desafios do mercado em geral, o mercado imobiliário de gama alta em Portugal permanece robusto, com previsões otimistas para os próximos anos. A sua resiliência e capacidade de adaptação serão fatores decisivos para o seu crescimento sustentado num cenário económico global em constante transformação.

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Empresa familiar de Montenegro revela lista de clientes com avenças mensais. Veja aqui

Radio Popular, Ferpinta e Solverde estão entre as cinco empresas que mantêm um "vínculo permanente" com a consultora da família do primeiro-ministro, pagando avenças mensais até 4.500 euros.

A empresa familiar de Luís Montenegro revelou esta sexta-feira uma lista de clientes que com ela “mantêm um vínculo permanente”, com avenças mensais entre 1.000 e 4.500 euros, incluindo os casinos Solverde, a metalomecânica Ferpinta e a cadeia de lojas Radio Popular. O comunicado da Spinumviva é divulgado no dia em que foi noticiado pelo Expresso que a Solverde paga à empresa da esfera do primeiro-ministro uma avença mensal de 4.500 euros, deixando o chefe do Governo debaixo de fogo da oposição.

A atividade da Spinumviva ganhou contornos políticos este mês, levantando questões sobre o papel que o primeiro-ministro ainda terá nesta sociedade. O caso motivou o Chega a apresentar uma moção de censura ao Governo, chumbada na passada sexta-feira. Uma semana depois, porém, o assunto volta a aquecer com as suspeitas de um potencial conflito de interesses entre o primeiro-ministro e a Solverde, levando Montenegro a convocar um Conselho de Ministros extraordinário para este sábado, seguido de uma declaração ao país às 20h.

O documento de três páginas divulgado ao início da tarde desta sexta-feira começa por expor “as empresas que mantêm um vínculo permanente com a consultora Spinumviva na área da implementação e desenvolvimento de planos de ação no âmbito da aplicação do Regulamento Geral de Proteção de Dados”.

“Os preços cobrados e pagos pelos serviços prestados atendem à dimensão e complexidade dos trabalhos com cada cliente e oscilam entre os 1.000 euros e os 4.500 euros mensais”, refere a consultora, nomeadamente:

  • Lopes Barata, Consultoria e Gestão, Lda: uma empresa que, segundo informações consultadas pelo ECO na plataforma InformaDB, não tem atualmente atividade, tendo já adotado a designação JCB – Produtos Farmacêuticos, Lda.
  • CLIP – Colégio Luso Internacional do Porto, SA: um colégio privado dos ensinos pré-escolar, básico e secundário com instalações no Porto.
  • Ferpinta, SA: um grupo que diz ser “o maior fabricante ibérico de tubos de aço”, com atividade na indústria metalomecânica, fundado em 1972 pelo comendador e milionário português Fernando Pinho Teixeira.
  • Solverde, SA: empresa que explora casinos em Portugal, incluindo online, sendo detida pela família Violas, e da qual Montenegro é “amigo pessoal dos acionistas”, como assumiu o próprio no debate da moção de censura.
  • Radio Popular, SA: conhecida cadeia de lojas de venda de pequenos e grandes eletrodomésticos, telemóveis, computadores e outros produtos do género.

A Spinumviva revela também, em comunicado, a identidade de dois colaboradores que trabalham atualmente na empresa, designadamente a advogada Inês Patrícia e o jurista André Costa. Ambos os profissionais colaboram com a empresa desde 2022, de acordo com a referida nota.

“Não é admissível que se ponha em causa a prestação destes serviços, aos quais estão documentados e comprovados por contactos e rotinas que em muitos casos são diários”, aponta a Spinumviva. Mais acrescenta a empresa que a relação contratual com cada um dos clientes “teve início numa altura em que o Senhor Dr. Luís Montenegro era sócio e gerente desta sociedade, mas não tinha qualquer atividade política”.

“De resto, a prestação de serviços em causa é totalmente alheia a qualquer envolvimento político, razão pela qual se lamenta profundamente que uma relação puramente empresarial seja agora afetada tão injustamente”, sublinha ainda a consultora, atualmente gerida pela esposa de Montenegro, Carla Montenegro, e os filhos, Diogo e Hugo, depois de o atual primeiro-ministro ter vendido a sua quota à mulher num negócio que está a ser posto em causa, por serem casados em regime de comunhão de adquiridos.

Para as cinco empresas mencionadas, e “através de colaboradores qualificados”, a empresa da esfera de Montenegro diz prestar um vasto conjunto de serviços, incluindo “aconselhamento para aplicação de medidas corretivas face a práticas em desconformidade”, “contactos com a autoridade de controlo” e “elaboração ou revisão de documentos”, entre outros.

No rescaldo da notícia sobre a avença da Solverde paga à Spinumviva, Luís Montenegro reagiu esta sexta-feira de manhã com um apelo aos clientes para que se identificassem nas próximas horas, e afirmou: “Tenho uma vida pessoal e profissional que é absolutamente transparente dentro daquilo que são as balizas do exercício da advocacia e da consultoria. Não tenho nenhum problema em esclarecer aquilo que tem de ser esclarecido dentro da legalidade, da ética.”

Montenegro, que esteve com Emmanuel Macron no âmbito da visita do Presidente francês a Portugal, admitiu ainda ter “a obrigação ética” de pedir escusa de “todas as decisões ou perspetivas de decisões que envolvem pessoas ou instituições” com quem teve “relacionamentos profissionais ou até pessoas”. “Vou fazer a minha avaliação da situação pessoal, familiar e política e anunciarei ao país a minha decisão para encerrar este assunto de vez”, sublinhou.

Dito isso, o primeiro-ministro concluiu: “Vou fazer a minha avaliação da situação pessoal, familiar e política e anunciarei ao país a minha decisão para encerrar este assunto de vez.”

(Notícia atualizada pela última vez às 15h36)

Leia o comunicado na íntegra:

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o documento.

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De segunda mão a primeira escolha: o fenómeno da revenda de luxo

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

O luxo está a mudar. Com o mercado de segunda mão a crescer a um ritmo recorde, plataformas como a Fashionphile lideram uma revolução onde exclusividade, sustentabilidade e investimento se encontram.

Nos últimos anos, o mercado de luxo em segunda mão deixou de ser um nicho para se tornar um dos segmentos de crescimento mais rápido dentro da indústria de bens de luxo. Com uma valorização global estimada em mais de 50 mil milhões de dólares, este setor atrai cada vez mais consumidores que procuram exclusividade, sustentabilidade e investimento em peças intemporais. Empresas como a Fashionphile, fundada em 1999, estão na vanguarda desta revolução, redefinindo a forma como se compram e vendem artigos de luxo.

A origem e evolução da Fashionphile
Criada por Sarah Davis como uma pequena operação no eBay, a Fashionphile rapidamente cresceu e se tornou uma referência em revenda de artigos de luxo nos Estados Unidos. Em 2006, a empresa estabeleceu a sua própria plataforma, investindo num sistema de autenticação rigorosa e num processo de compra facilitado. No fundo, trata-se de uma empresa tecnológica com a missão de tornar as marcas mais cobiçadas do mundo mais acessíveis, quebrando as barreiras do luxo tradicional.

O grande salto aconteceu em 2019, quando a Neiman Marcus adquiriu uma participação maioritária na empresa, tornando-se a primeira grande department store a investir diretamente no mercado de luxo em segunda mão. Com isto, os clientes passaram a poder vender as suas peças diretamente nas lojas Neiman Marcus, revertendo o valor obtido em novas compras.

A expansão da Fashionphile não parou por aí. A marca implementou um sistema avançado de avaliação e definição de preço, utilizando inteligência artificial para determinar o valor de mercado das peças com base em procura, condição e raridade. Além disso, reforçou os seus centros de autenticação e logística, garantindo um serviço eficiente e seguro para compradores e vendedores.

De acordo com a própria Fashionphile, que celebrou no ano passado 25 anos de atividade, acrescentando ao seu portefólio marcas como Khaite, The Row, Jacquemus, Phoebe Philo, Chrome Hearts, Rimowa, Loro Piana e Tag Heuer, os números não mentem: em 2023, o mercado global de produtos usados ​​foi estimado em 197 mil milhões de dólares. A projeção é que este valor aumente cerca de 100 mil milhões de dólares até 2026. Mas com esta escala maior surge uma série maior de desafios, como carteiras de designer ‘super falsas’ ou imitações que podem ser difíceis de distinguir das originais.

Este fluxo de falsificações convincentes — algumas das quais atingem preços de quatro dígitos — ocorre depois de as casas de luxo terem aumentado os seus preços nos últimos anos, levando os compradores a procurar réplicas de alta qualidade. E dão o exemplo da carteira Jackie, da Gucci, que sofreu um aumento de preço de 30% na plataforma. Outras marcas também registaram aumentos de preços impressionantes, como a Goyard (15%), Loewe (15%), Hermes (13%), Fendi (10%), Prada (9%) e Celine (9%).

“À medida que avançamos para o próximo quarto de século, continuamos empenhados em equipar a nossa comunidade com o conhecimento e a sensibilização para fazer escolhas informadas e participar ativamente na luta contra as falsificações”, defende a marca.

No final de Janeiro, a Fashionphile anunciou que 2024 foi o seu ano mais rentável até à data, tendo alcançando um notável aumento de 67% nos lucros ano após ano.

O crescimento do mercado de luxo em segunda mão
O mercado de revenda de luxo tem registado um crescimento impressionante. De acordo com um relatório da Bain & Company, a revenda de bens de luxo aumentou a um ritmo três vezes mais rápido do que o próprio mercado primário, prevendo-se que atinja 80 mil milhões de dólares até 2030. A mudança de mentalidade dos consumidores, aliada ao impulso da economia circular, tem impulsionado plataformas como a Fashionphile, The RealReal, Vestiaire Collective e Rebag.

Comprar produtos em segunda mão, principalmente de luxo, está a tornar-se cada vez mais popular, graças à Geração Z. Esta geração está a redefinir o mercado ao dar prioridade ao impacto ambiental em todos os aspetos da vida, incluindo a revenda de luxo, que tem uma pegada climática notavelmente mais baixa. A abordagem consciente do valor da Geração Z está a transformar rapidamente a perceção do luxo em segunda mão.

A popularidade deste mercado está associada a vários fatores, nomeadamente a sustentabilidade, a exclusividade, a raridade e o investimento. O consumo consciente tem levado os consumidores a optar por artigos em segunda mão, reduzindo o desperdício e prolongando o ciclo de vida dos produtos. Sendo que, muitos artigos vendidos nas plataformas de revenda são edições limitadas ou peças descontinuadas, tornando-se verdadeiros achados para colecionadores.
O valor de algumas peças de luxo, como carteiras Hermès e relógios Rolex, pode aumentar com o tempo, levando consumidores a considerá-las ativos de investimento.

Olhando para o futuro, e de acordo com este relatório da Bain, algumas tendências devem continuar a moldar o setor:

Integração de revenda pelas próprias marcas – Mais marcas de luxo estão a explorar o mercado de segunda mão internamente, como a Gucci, que lançou o seu próprio serviço de revenda Gucci Vault. A Chanel e a Louis Vuitton também estão a testar modelos de recompra e revenda controlados.
Expansão da certificação digital – O uso de NFTs e blockchain para autenticação de produtos de luxo está a ganhar força, permitindo que os compradores tenham um histórico transparente de propriedade e autenticidade.
Personalização da experiência de compra – Plataformas de revenda estão a investir em algoritmos de recomendação mais sofisticados, oferecendo uma experiência de compra cada vez mais personalizada.
Crescimento na Ásia e Médio Oriente – Estes mercados emergentes estão a tornar-se cada vez mais relevantes no segmento de luxo em segunda mão, com consumidores chineses e do Médio Oriente a impulsionar a procura por peças vintage e raras.
Com a aceitação crescente do mercado de segunda mão, a Fashionphile e outras plataformas estão bem posicionadas para redefinir a relação dos consumidores com o luxo, combinando exclusividade, sustentabilidade e inovação tecnológica. O futuro do luxo pode já não estar apenas no que é novidade, mas também na história e na longevidade dos seus produtos icónicos.

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Tendência: chuteiras ou ténis? O futebol a inspirar o que calçamos

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

A moda tem o dom de transformar o desporto em estilo de vida, e a mais recente tendência é prova disso: ténis inspirados em chuteiras de futebol. O fenómeno conquistou as passerelles e as ruas.

Nos últimos anos, o calçado desportivo tem vivido uma revolução, com o design a cruzar fronteiras entre performance e estilo. Se os ténis chunky dominaram a cena no final da década passada e os modelos retro runner continuam em alta, a nova aposta recai agora sobre silhuetas que evocam diretamente o universo do futebol.

A estética das chuteiras clássicas, com os seus materiais técnicos, linhas aerodinâmicas e detalhes minimalistas, tem sido reinterpretada para um público urbano que procura referências desportivas aliadas ao conforto e à sofisticação. Este movimento surge também impulsionado pelo crescente fascínio pelo futebol enquanto símbolo cultural global, aliado a um desejo de peças versáteis que transitam facilmente entre diferentes ambientes e ocasiões.

Must-have: os novos LV Footprint Soccer
No interior da coleção masculina primavera-verão 2025 da Louis Vuitton, apresentada em desfile, uma série de sapatos LV Footprint Soccer completa as identidades globetrotter em exposição: viajantes, trabalhadores, atletas, estrelas.

A linha LV Footprint Soccer é a primeira do género desenhada por Pharrell Williams, inspirada nas chuteiras autênticas do mundo do desporto. Estes ténis elegantes, compostos por uma parte superior em pele com atacadores e uma sola de borracha acolchoada, expressam as assinaturas da marca em todo o seu design. Motivos florais retirados do Monograma Louis Vuitton e um logótipo LV interligado são esticados para formar uma pegada estilizada de cinco dedos na sola articulada, dando-lhe a capacidade de deixar um carimbo LV em solo macio.

A parte superior é acolchoada em linhas inclinadas à volta do dedo do pé, rampa e calcanhar, reforçadas pelo suporte e aerodinamismo de uma chuteira de futebol moderna. Uma língua de couro, que se dobra para a frente para cobrir um atacador com monograma, é gravada com um logótipo LVERS UNITED que faz referência ao universo do futebol profissional. O logótipo distinto da LV é repetido em grande formato como um detalhe na lateral do sapato, acima de um selo Vuitton mais pequeno numa fonte com um tom atlético. O ano de 1854 surge no verso, como referência ao ano de nascimento da maison.

Os LV Footprint Soccer chegam numa paleta ousada e monocromática, cada uma com um único tom sólido com destaques em branco: preto, branco, azul, vermelho ou verde floresta. A sua sola é uma continuação da cor do cabedal, com padrões num tom mais claro para dar mais dimensão ao efeito.

Veja inspira-se no movimento Panenka e inova
Inspirado no nome de uma jogada de futebol dos anos 70, conhecida como o suave movimento picado para marcar um penalti, a Veja apresenta Panenka – um novo modelo de inspiração retro que combina a herança do futebol e a cultura urbana do Brasil. Com cores clássicas que fazem referência aos antigos equipamentos de futebol e um design claramente influenciado por chuteiras vintage, Panenka contempla elegantes linhas frontais costuradas para uma silhueta mais robusta. Com uma estética acolchoada, graças à técnica de matelassé, as linhas evidenciam o estilo retro típico do futebol e a língua com cortes serrilhados complementa este visual, estando disponíveis em três combinações de cores.

Produzido no Brasil, este modelo conta com uma parte superior inteiramente feita em Organic Traced Leather, o couro mais macio da VEJA até ao momento, proveniente de fazendas com certificação 100% orgânica no Uruguai. A sola combina borracha proveniente da Floresta da Amazónia e borracha reciclada.

O futebol como estética global
Este movimento não é apenas uma tendência passageira, mas sim mais um exemplo da forma como o futebol influencia o universo da moda. Das camisolas oversized usadas como peças statement aos ténis que evocam os tempos áureos do desporto-rei, a cultura futebolística continua a deixar a sua marca. E com a popularidade crescente dos sneakers como peça essencial do guarda-roupa contemporâneo, é seguro dizer que esta fusão entre chuteiras e ténis terá um impacto duradouro no mercado. Uma tendência que, como o próprio jogo, promete conquistar multidões.

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PS, PSD e CDS aprovam alterações à lei dos solos no Parlamento. Já só falta Marcelo

Depois da discussão na especialidade, nova lei dos solos recebeu luz verde no plenário desta sexta-feira.

A alteração ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, vulgarmente conhecida por lei dos solos, passou a derradeira estação antes da chegada ao Palácio de Belém. No plenário desta sexta-feira, a Assembleia da República validou as votações decorridas na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação na passada quarta-feira, aprovando o diploma com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS.

A alteração à lei dos solos, promotora da passagem de terrenos rústicos a urbanos por decisão das câmaras municipais, é um instrumento considerado pelo Governo como indispensável para criar habitação nova para a classe média e média-baixa.

Nesta sexta-feira, teve a esperada validação do PS após várias cedências do grupo parlamentar do PSD às exigências de alteração ao Decreto-Lei 117/2024, em medidas como a inscrição do critério da contiguidade territorial na lei – não permitindo a construção desgarrada no país sobre terrenos rústicos – e a adoção de preços nas casas a construir sob o princípio da habitação a custos controlados.

Chega, deputado não inscrito Miguel Arruda, Livre, IL, PAN, PCP, BE e a deputada socialista Cláudia Santos votaram contra, juntando-se ainda a abstenção do deputado do PS Filipe Neto Brandão.

Entre as novidades promovidas pelo PS está a obrigatoriedade de se fazer prova da viabilidade financeira dos projetos urbanísticos que venham a ser desenvolvidos sobre terrenos atualmente rústicos. A imposição de transparência financeira estende-se igualmente aos responsáveis pelo financiamento.

A conversão de terrenos rústicos em urbanos seguirá as regras estabelecidas no texto final apresentado pela Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação relativo à apreciação parlamentar feita ao referido decreto-lei.

A lei dos solos tem estado envolta em polémica, principalmente depois das controversas ligações entre alguns membros do Governo e empresas imobiliárias.

A lei “abre porta à especulação, à corrupção e atentados ambientais”, voltou a dizer Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, nesta sexta-feira, em plenário. Também à esquerda o Livre diz que o diploma “nunca devia ter existido” e que “corrigir o desastre é essencial”, apontando-se que “a única opção responsável é [o diploma] ser revogado”.

O Chega, por seu lado, diz que “nunca se viu contra o princípio da proposta de lei, mas detetou fragilidades e procurou apresentar propostas de alteração”, as quais não foram aprovadas na passada quarta-feira, pelo que “a lei continua má, permeável à corrupção”, o que levou ao voto contra do partido, explicou a deputada Marta Silva.

O comunista Alfredo Maia aponta uma “solução concertada pelo bloco central” e apelida as alterações produzidas na Comissão de Economia de “remendos muito fracos para tornar mais decente um fato mal talhado, mal cosido e que não devia ter sido feito”.

O “projeto de lei inicial já era claramente insuficiente” e, com as alterações, “tornou-se “inútil” e “a lei impraticável”, ao impor preços para terrenos privados, acusou Mariana Leitão, do Iniciativa Liberal. “Mais oferta e mais construção, é desse lado que estaremos sempre.”

“Estamos a alargar as áreas urbanizáveis para que os preços possam descer”, defendeu, por seu turno, Paulo Núncio, do CDS, parceiro de coligação.

Já a socialista Maria Begonha diz que “o Governo falha no essencial” e que “a prioridade” socialista “não seria recuperar a lei dos solos”, mas sim medidas como a reabilitação de fogos devolutos. A lista de alterações imposta pelo PS “não resolve, mas o diploma melhorou”.

“Recebemos uma urgência habitacional e que tem vítimas”. Apesar da necessidade do voto favorável do PS para passar a “Lei dos Solos”, os social-democratas não se coibiram de apontar responsabilidade pela crise habitacional ao PS.

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Reforço das interligações energéticas com França é “crítica”

O ministro da Economia disse que "conta muito" com França para estabelecer a ligação da energia produzida na Península Ibérica com o centro da Europa.

O reforço das interligações energéticas com a Europa é crítico para as empresas do setor e para acelerar a transição energética, avisam os empresários, reforçando que a ligação através de França é essencial para permitir que a energia produzida na Península Ibérica chegue ao centro da Europa. O ministro da Economia, Pedro Reis, diz que “conta muito” com os gauleses para permitir esta interligação.

Não há forma de colocar a nossa energia no centro de Europa sem passar por França e contamos muito com França nessa matéria“, defendeu Pedro Reis no Fórum Económico Luso-Francês, que decorre no Palácio da Bolsa, na cidade do Porto, e é organizado pela CIP, no âmbito da visita do Presidente francês Emmanuel Macron a Portugal.

A questão das interligações energéticas tem sido uma das exigências portuguesas e uma das preocupações das empresas do setor, na medida em que Portugal e Espanha não conseguem passar a energia para o centro da Europa devido à oposição francesa às interligações elétricas e de hidrogénio.

Nelson Luís, Diretor-Geral Adjunto da Akuo Portugal, no Fórum Económico Luso-FrancêsRicardo Castelo

O reforço das interligações com França é chave para conseguir transformar a ibéria numa power house da Europa“, referiu Nelson Luís, diretor-geral adjunto da Akuo Portugal, num debate dedicado ao tema das energias renováveis. Em Portugal desde 2018, devido a ter identificado o país com tendo condições para renováveis excelentes, a empresa francesa olha para Portugal como um investimento “estratégico”.

Nelson Luís diz que é preciso “mais investimentos e fazer com que esta transição energética seja um sucesso.”

Hugo Costa, Country Manager de Portugal da EDPRicardo Castelo

A maior circulação de energia entre a Península Ibérica e o resto da Europa será crítica”, concorda Hugo Costa, country manager de Portugal da EDP Renováveis. O responsável destacou ainda “a inovação e investimentos conjuntos em novas áreas que estão a ocorrer na área do hidrogénio verde”, mas alertou que, “sem consumo, não faz sentido instalar novas centrais de hidrogénio verde”. É preciso criar condições para que o consumo aumente.

Carlos Rosário, Country Manager e Managing Director Renewables de Portugal da EngieRicardo Castelo

Carlos Rosário, country manager e managing director renewables em Portugal da Engie, outra empresa francesa presente em Portugal, destaca que o país tem uma “meta ambiciosa na descarbonização” e a Península Ibérica “tem metas ambiciosas em termos de renováveis”.

O responsável da Engie, que tem em Portugal um dos países onde mais está a apostar, indica a necessidade de eletrificação do consumo. “Aqui também a eletricidade renovável tem um papel importante”, aponta.

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Pedro Nuno Santos exige explicações “cabais” a Montenegro. “Não podemos ter um primeiro-ministro sobre o qual recaiam suspeitas”

Líder socialista defende que não se pode ter um primeiro-ministro "sobre o qual recaiam suspeitas" e quer saber o motivo do aumento da faturação no ano em que Montenegro se tornou líder do PSD.

O secretário-geral do PS exigiu esta sexta-feira explicações “cabais” ao primeiro-ministro sobre a da Spinumviva, a empresa familiar de Luís Montenegro, entre as quais as razões da “explosão” de faturação em 2022. Pedro Nuno Santos defendeu que não podem recair quaisquer suspeitas sobre o chefe de Governo e que este não se pode escudar no silêncio.

O que precisamos é de um primeiro-ministro que dê as respostas. Não passa pela cabeça de ninguém que possamos continuar nesta situação, sem que o primeiro-ministro seja claro e responda de forma cabal a todas as dúvidas que se instalaram“, afirmou Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas no Parlamento. “Precisamos de um um primeiro-ministro que não tenha suspeições sobre si, tenha a confiança do país e que assuma a responsabilidade“, acrescentou.

O socialista reagia assim ao agudizar da polémica em torno da empresa Spinumviva, depois de se tornar público esta sexta-feira que a Solverde, empresa que tem concessão de casinos, está a pagar 4.500 euros por mês à sociedade da família de Luís Montenegro.

Pedro Nuno Santos considerou que a “notícia é grave” e confirma que “o PS tinha razão”, nomeadamente nas questões que colocou. “Os portugueses merecem e têm direito a ter confiança no seu primeiro-ministro. Essa confiança tem de ser restabelecida“, disse, acrescentando: “É fundamental termos todos a certeza que o primeiro-ministro não ficou a dever favor a ninguém”.

O líder socialista reforçou as três perguntas que tinha colocado a Montenegro durante o debate da moção de censura: “quais foram e quais são os clientes da empresa do primeiro-ministro?“, “quais são os serviços que foram prestados a estas empresas e por que preços?” e “quem é que presta os serviços da empresa, nomeadamente desde que o primeiro-ministro se afastou da empresa e que preço foi pago a quem presta os serviços”.

Pedro Nuno Santos avançou ainda com uma quarta questão, que considerou ser fundamental: “quais são as razões para a explosão da faturação em 2022, ano em que o primeiro-ministro decide afastar-se da empresa e é candidato à liderança do PSD?“.

O secretário-geral do PS realçou que “nunca esteve em causa o direito a ter uma empresa” e que isto “não é nenhum perseguição a um empresário”.

“Somos todos adultos. Não tem de ser na sequência da oposição que o primeiro-ministro deve responder ao país. Se o primeiro-ministro só fala na sequência de ações de outros partidos, estamos muito mal“, disse, acrescentando que o silêncio não pode ser a opção. “O que é importante é que o primeiro-ministro responda de forma cabal a todas as perguntas, colocada por nós PS, mas também às perguntas órgãos de comunicação social têm feito”.

Esta sexta-feira, o primeiro-ministro anunciou que irá falar ao país às 20 horas de sábado, após a realização de um Conselho de Ministros extraordinário e de fazer uma “avaliação pessoal, familiar e política”.

Quando o caso Spinumviva foi conhecido, Montenegro explicou que tinha vendido a quota que tinha na sociedade à mulher, o que, contudo, é um negócio sem efeitos práticos, uma vez que o primeiro-ministro vive em regime de comunhão de adquiridos. O Chega avançou mesmo com uma moção de censura, que não passou no Parlamento, mas nesse debate, pressionado pela oposição, Montenegro recusou-se a revelar a lista de empresas que contratou a sua sociedade. Logo naquele dia, foi conhecido que a Solverde seria um dos clientes, mas só esta sexta-feira veio a público que o grupo que tem uma concessão de casinos continuava a pagar mensalmente um valor de 4.500 euros, mesmo com Montenegro como primeiro-ministro.

(Notícia atualizada pela última vez às 13h29)

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Albuquerque Foundation: uma nova jornada cultural em Sintra

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

A Albuquerque Foundation oferece uma imersão na cerâmica chinesa antiga e contemporânea. Uma visita essencial para este fim de semana, repleta de cultura.

A Albuquerque Foundation, fundada pelo colecionador brasileiro Renato de Albuquerque e sua neta, Mariana A. Teixeira de Carvalho, abriu as suas portas ao público no dia 22 de fevereiro, em Sintra, trazendo consigo um novo olhar sobre a cerâmica chinesa antiga e contemporânea. Este projeto ambicioso combina a preservação do passado com a celebração da inovação artística, proporcionando uma experiência única aos visitantes.

O destaque inicial da fundação é a extraordinária Coleção Albuquerque de Cerâmica Chinesa, que compreende mais de 2600 peças reunidas ao longo de seis décadas por Renato de Albuquerque. Considerada uma das mais relevantes coleções privadas de porcelanas chinesas das dinastias Ming e Qing, esta coleção inclui exemplares imperiais, de exportação, e algumas raras “Primeiras Edições” – as primeiras encomendas de porcelana feitas por portugueses, com iconografia europeia.

Ao apresentar-se ao público pela primeira vez, a coleção oferece uma oportunidade única de explorar o legado e a história da cerâmica chinesa, com peças que datam de séculos passados, cujas influências transcenderam fronteiras culturais. A fundação tem como objetivo reforçar as ligações entre o Oriente e o Ocidente, destacando o papel histórico de Portugal nesse intercâmbio cultural e comercial.

A programação inaugural: conexões e contemporaneidade
A programação da Albuquerque Foundation é marcada por duas exposições de grande relevância. A primeira, “Connections”, curada por Becky MacGuire, dá início à exposição permanente, explorando a complexa rede de influências que moldaram a cerâmica chinesa. O público terá a oportunidade de apreciar peças que ilustram as interações globais, desde a dinastia Tang até o impacto da chegada dos europeus à China no século XVI. A curadoria traz uma abordagem inovadora ao mostrar como as diferentes culturas influenciaram a produção de porcelana ao longo dos séculos.

A segunda grande atração da fundação é a exposição de Theaster Gates, um dos artistas contemporâneos mais prestigiados da atualidade. A exposição “A Mão Sempre Presente” será inaugurada com uma instalação única, repleta de azulejos de cerâmica negra feitos em Tokoname, no Japão, que o artista apresenta pela primeira vez na Europa. Gates, conhecido por seu trabalho que mistura cerâmica, urbanismo e performance, explora temas como resistência, poder e a beleza do trabalho artesanal, criando um diálogo entre sua obra e a coleção histórica da fundação.

O espaço e a missão da Fundação
A Albuquerque Foundation ocupa uma quinta histórica transformada pelo atelier Bernardes Arquitetura. A arquitetura do espaço mistura tradição e modernidade, criando um ambiente perfeito para o encontro entre arte, história e comunidade. A fundação inclui também uma biblioteca especializada, um pavilhão para exposições temporárias de cerâmica contemporânea, um restaurante de gastronomia local e sustentável, e uma concept store que reflete a dedicação da fundação à cerâmica e ao saber-fazer português.

Além das exposições, a Albuquerque Foundation oferece um programa de residências artísticas e atividades educativas que visam promover o estudo e a valorização da cerâmica, tanto no contexto histórico quanto contemporâneo. Com uma proposta de ser um centro de excelência, a fundação busca criar um impacto social significativo, promovendo a inovação no mundo da cerâmica e convidando artistas e visitantes a participar ativamente da sua missão.

Mariana A. Teixeira de Carvalho, cofundadora da fundação, expressa a missão do projeto: “Este projeto honra a coleção do meu avô e, simultaneamente, suscita o diálogo e a criatividade em torno da cerâmica como prática artística. A nossa missão é celebrar a herança cultural, criar impacto social e difundir a inovação no mundo da cerâmica”.

Albuquerque Foundation
Rua António dos Reis, nº189, Sintra
Horários: Terça – domingo: 10h00 – 18h00

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