Diretor da PJ diz que “aquilo que se fala não corresponde à verdade”

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2025

O diretor nacional da PJ alertou no parlamento que um estrangeiro detido "não é necessariamente um imigrante", exemplificando com os detidos nos aeroportos por tráfico de droga a nível internacional.

O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) alertou, no Parlamento, que um estrangeiro detido “não é necessariamente um imigrante”, exemplificando com os detidos nos aeroportos por tráfico de droga a nível internacional.

Todos temos a obrigação de combater as fake news, o que se fala não é verdade, temos de evitar o caos e não podemos segmentar as pessoas. São pessoas, independentemente do credo, da orientação sexual, da nacionalidade”, disse Luís Neves, referindo-se às tentativas do Chega em criar perceções falsas quanto ao aumento da criminalidade em Portugal.

“Um imigrante é estrangeiro, mas um estrangeiro não é necessariamente um imigrante. As cadeias têm muita gente que é estrangeira, mas não é imigrante”, disse Luís Neves, que está a ser ouvido no Parlamento a propósito dos dados sobre criminalidade em Portugal.

Em audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, por requerimento da Iniciativa Liberal, que pediu “esclarecimentos sobre o real estado da criminalidade em Portugal”, Luís Neves disse também que a PJ tem dados sobre a nacionalidade de todos os detidos, mas a sua divulgação não é permitida.

“A PJ conhece a nacionalidade de todos os nossos detidos, mas não partilhamos [esses dados] porque não nos tem sido permitido partilhar”, explicou Luís Neves a propósito da questão da introdução da nacionalidade no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), que tem sido discutida nos últimos tempos.

Luís Neves destacou ainda os crimes de homicídio e de violência doméstica, que representam uma elevada percentagem do total de crimes cometidos. “Isto é uma vergonha nacional, estes crimes são cometidos na maioria das vezes por cidadãos nacionais”, acrescentou.

Na sua intervenção inicial, Luís Neves falou sobre alguns dos números relacionados com criminalidade violenta, referindo que “a partir de 2010 houve grandes picos de criminalidade violenta, que foram depois estabilizando até ao período da pandemia”.

Esta audição foi pedida depois de o diretor nacional da PJ ter dito, durante a conferência sobre os 160 anos do Diário de Notícias que aconteceu no passado mês de janeiro, que o sentimento de insegurança é gerado pela desinformação e que não se confirma.

Em relação às detenções, Luís Neves esclareceu que, atualmente, o crime mais comum é o de furto simples e qualificado, seguido da violência doméstica, recusando a ideia de que os estrangeiros sejam responsáveis por níveis relevantes de criminalidade.

“Em 2009 tínhamos 631 estrangeiros” num universo de 400 mil imigrantes e no ano passado, perante mais de um milhão de estrangeiros residentes em Portugal, o “rácio de detidos é o segundo mais baixo” desde que há este tipo de contabilidade, explicou.

Olhando para os detidos em Portugal, Luís Neves salientou que, excluindo os oriundos de países europeus, africanos e latino-americanos — que estão relacionados com crimes que nada têm a ver com imigrantes –, os valores são muito baixos. Nas prisões portuguesas há 120 pessoas de países asiáticos num universo de mais de 10 mil reclusos, explicou.

“Qualquer número de crime é um número preocupante e é um número que nos faz a todos pensar quais são os melhores modelos para mitigarmos” a criminalidade, em particular a criminalidade violenta, salientou ainda.

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Mulheres são mais céticas no uso de inteligência artificial

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2025

Estudo revela que mulheres estão a adotar ferramentas de IA a uma taxa 25% menor do que os homens. Em causa estão questões éticas que o uso destas ferramentas pode levantar.

As mulheres são mais céticas ao uso de inteligência artificial generativa (GenIA) e questionam se é ético usar estas ferramentas, segundo um estudo da Harvard Business School.

O estudo revela que as mulheres são significativamente mais relutantes em usar a tecnologia do que os homens. “Há sempre uma grande disparidade de género”, refere Rembrand Koring, professor e um dos autores do estudo.

De acordo com o estudo, as mulheres estão a adotar ferramentas de IA a uma taxa 25% menor do que os homens, “apesar do facto de que os benefícios da IA se aplicariam igualmente a homens e mulheres”, disse o professor.

Segundo o autor do estudo, esta tendência pode ser justificada com a preocupação expressa pelo sexo feminino com as questões éticas que o uso destas ferramentas pode levantar, temendo também serem julgadas no local de trabalho.

O estudo salienta ainda que as empresas podem perder grandes ganhos de produtividade se as mulheres continuarem a evitar o uso da IA generativa, e as mulheres podem ficar para trás na construção de habilidades tecnológicas relacionadas com o uso da IA.

“É importante criar um ambiente no qual todos sintam que podem participar e experimentar estas ferramentas e não serão julgados por [usá-las]”, disse o professor.

Para a elaboração deste trabalho, os autores examinaram 18 estudos, envolvendo mais de 140.000 estudantes universitários e trabalhadores de países como os Estados Unidos, Suécia, México, China e Marrocos.

Na maioria dos estudos, a parcela de mulheres que adotaram ferramentas de IA foi de 10 a 40% menor do que a parcela de homens.

Entre novembro de 2022 e maio de 2024, as mulheres representavam apenas 42% dos 200 milhões de utilizadores mensais médios do site do ChatGPT, sendo que, no uso da aplicação para telemóveis, a diferença de género foi ainda maior, com 27% do total de ‘downloads’ da aplicação provenientes de mulheres.

Rembrand Koring identifica três possíveis ramificações para esta diferença entre os géneros.

As mulheres podem ter dificuldade para avançar na carreira ao não usar uma tecnologia que aumenta a produtividade, o que pode levar as empresas e a economia a perder um potencial crescimento.

Além disso, o ceticismo das mulheres leva a que as ferramentas de IA percam a sua contribuição, o que pode levar a respostas tendenciosas por parte destas ferramentas.

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Metlife quer recrutar 125 novos agentes de seguros exclusivos

  • ECO Seguros
  • 26 Fevereiro 2025

A seguradora procura candidatos com experiência no setor segurador ou noutras áreas comerciais como o imobiliário, valorizando perfis empreendedores, com competências digitais e de liderança.

A Metlife quer recrutar 125 profissionais para integrar a sua rede de agentes de seguros exclusivos, avançou a seguradora em comunicado esta quarta-feira.

Oscar Herencia, vice-presidente para o sul da Europa e diretor geral da MetLife na Ibéria: “Queremos continuar a expandir a nossa operação e a garantir um atendimento de proximidade aos clientes. Para isso, é essencial atrair talentos com visão empreendedora e vontade de crescer”

A empresa de seguros especializada em seguros de Vida e Acidentes Pessoais procura candidatos com experiência no setor segurador ou noutras áreas comerciais como o imobiliário, valorizando perfis empreendedores, com competências digitais e de liderança. O recrutamento está aberto de norte a sul do país com especial incidência nos distritos de Lisboa, Porto, Leiria e Santarém.

Atualmente, a seguradora conta com 364 agentes exclusivos e tem investido no crescimento de negócio das agências, segundo indica. Certificou 90 novos agentes em 2024, um crescimento de 12% face ao ano anterior. “Como reflexo dessa estratégia, a carteira de negócio individual das agências MetLife cresceu 6% em 2024, com resultados positivos em todos os segmentos”, lê-se no comunicado.

“Queremos continuar a expandir a nossa operação e a garantir um atendimento de proximidade aos clientes. Para isso, é essencial atrair talentos com visão empreendedora e vontade de crescer num setor que tem um impacto social relevante, assegurando a proteção financeira dos portugueses”, assinala Oscar Herencia, vice-presidente para o sul da Europa e diretor geral da MetLife na Ibéria.

A companhia com presença em mais de 40 mercados a nível global oferece formação gratuita até à conclusão do processo de certificação dos agentes para “apoiar a integração e o desenvolvimento destes profissionais” assinala a MetLife. Não obstante, as formações são dadas ao longo da progressão da carreira dos agentes.

“Criámos a MetLife Management Academy para capacitar os nossos agentes com competências essenciais em áreas como o empreendedorismo, desenvolvimento do negócio, liderança e comunicação. Este programa de três anos é uma mais-valia tanto para os nossos agentes atuais como para aqueles que pretendem integrar a MetLife”, assinala Ana Araújo, Diretora de Distribuição Face-to-Face em Portugal.

Para mais informações sobre o recrutamento, verifique a página de LinkedIn da Metlife.

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Negócio perdulário da TAP no Brasil. “Faria de novo? Não”, assume ex-CEO Fernando Pinto

No Parlamento, Fernando Pinto lembrou que, à época, a manutenção era o “melhor negócio do mundo na aviação” e que compra da Varig Manutenção & Engenharia contou com o “entusiasmo total” da Parpública.

Um dos temas mais polémicos na história da TAP neste século foi a aquisição da Varig Manutenção & Engenharia em 2006, que abriria um buraco de mais de 900 milhões na companhia aérea portuguesa. Fernando Pinto, que era a altura o presidente executivo da transportadora, afirmou esta quarta-feira no Parlamento que não faria o negócio, pelo menos não da mesma forma.

“No geral, isso [VEM/TAP ME Brasil] foi bom. Se me pergunta se faria de novo? Não, eu tentaria fazer de outra forma, para não ter esses custos, problemas e tudo mais, mas ninguém consegue adivinhar o futuro”, disse o gestor, que está a ser ouvido na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação sobre as conclusões da auditoria da Inspeção-Geral das Finanças (IGF) às contas da TAP, divulgada em agosto de 2024.

A análise da IGF considerou que o racional económico da aquisição da Varig Manutenção & Engenharia não ficou demonstrado, contabilizando perdas superiores a 906 milhões de euros, até 2023.

Na audição desta manhã, Fernando Pinto lembrou que, à época, a manutenção era o “melhor negócio do mundo na aviação”, mas o contexto alterou-se posteriormente, com as diversas crises, entre as quais a do petróleo, em 2008. Adicionalmente, explicou, os custos da VEM aumentaram com a valorização do real no Brasil, que levou também aos aumentos dos custos com mão-de-obra.

O antigo CEO, que deixou a TAP em 2017, referiu aos deputados que a compra da VEM contou com o “entusiasmo total” da Parpública, que considerava a manutenção de aeronaves “o melhor negócio”. O antigo responsável explicou que, a partir do momento em que a TAP percebeu que a ME Brasil não dava resultados, tentou-se a venda, várias vezes, mas sem sucesso.

Adicionalmente, Fernando Pinto apontou que encerrar a empresa não foi uma opção porque traria prejuízos muito maiores à TAP devido a questões fiscais no Brasil, que a empresa estava a questionar legalmente. “Naquele tempo, eu não apostava no encerramento. Apostava, sim, na recuperação e isso aconteceu em 2018, antes do problema com a Covid. Ela [VEM] teve resultados operacionais positivos”, realçou.

Questionado sobre as afirmações do antigo administrador da companhia aérea Diogo Lacerda Machado, de que o negócio no Brasil “foi de longe o melhor investimento que a TAP fez em 50 anos” e que sem ele a companhia, provavelmente, hoje não existiria, Fernando Pinto concordou que a manutenção ajudou ao crescimento do transporte aéreo – a TAP SA – que tinha bons resultados.

Quanto ao ex-acionista David Neeleman, Fernando Pinto considerou que Portugal tem muito a agradecer-lhe, por ter aberto o mercado americano à TAP.

Em entrevista à Lusa, em janeiro de 2022, a então presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, anunciou que, após tentativas de venda falhadas, o grupo tinha decidido encerrar gradualmente as operações de Manutenção e Engenharia Brasil (TAP ME), como parte do plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia no mês anterior, que exigia a separação dos ativos não-essenciais, nomeadamente o negócio de manutenção no Brasil, e os de ‘catering’ (Cateringpor) e de handling (Groundforce).

 

 

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Ministério da Modernização está a avaliar implicações do uso da IA chinesa DeepSeek

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2025

“A preocupação do Governo é assegurar que as ferramentas respeitam os regulamentos europeus e a legislação nacional”, justifica fonte do Ministério da Juventude e da Modernização.

O Ministério da Juventude e da Modernização está a avaliar as implicações da utilização do modelo de inteligência artificial chinês DeepSeek para suportar uma tomada de decisão por parte do Governo, disse esta quarta-feira à Lusa fonte oficial.

“Informamos que estão a ser avaliadas as implicações da utilização da ferramenta DeepSeek para suportar uma tomada de decisão por parte do Governo, tal como é aplicável para outras ferramentas”, adiantou fonte do gabinete da ministra Margarida Balseiro Lopes em resposta a questões colocadas pela Lusa.

“Naturalmente que a preocupação do Governo é assegurar que as ferramentas respeitam os regulamentos europeus e a legislação nacional“, acrescentou a mesma fonte.

A Lusa contactou o ministério no seguimento de vários países terem bloqueado o acesso à chinesa DeepSeek.

A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) está a investigar a atividade da tecnológica chinesa e quando estiver concluída a investigação serão divulgados os resultados, de acordo com fonte oficial.

“Seja qual for a tecnologia digital, os utilizadores devem ter cuidados no que respeita aos serviços/produtos que usam e/ou subscrevem, nomeadamente procurar saber se os fornecedores são reconhecidos e de confiança no contexto nacional”, disse recentemente à Lusa fonte oficial do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), quando questionada sobre o tema, recordando que a entidade disponibiliza um conjunto de instrumentos sobre cibersegurança.

Relativamente à IA generativa, nomeadamente os LLM (‘Large Language Models’, grandes modelos de linguagem), o CNCS sugere boas práticas como “evitar partilhar dados sensíveis e/ou pessoais na interação com a ferramenta de IA generativa”, “verificar noutras fontes a veracidade da informação disponibilizada pela ferramenta de IA generativa” e “escolher a ferramenta/tipo de subscrição de IA generativa obedecendo a uma análise de custo-benefício e privilegiando serviços com maior transparência”.

Também sugere “não utilizar a IA generativa para fins maliciosos, como a geração de conteúdos enganadores”, adianta fonte oficial.

A Lusa contactou também a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) sobre este tema e aguarda resposta.

Países da Europa, Ásia, América e Oceânia decidiram bloquear o uso da DeepSeek aos seus funcionários, depois de esta agitar o mercado com um barato modelo de código aberto, devido a suspeitas sobre questões de segurança, nomeadamente em termos de gestão de informação por parte de Pequim.

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Governo recebe relatórios de avaliação da TAP a 17 de março

  • ECO
  • 26 Fevereiro 2025

Banco Finantia e consultora EY estão a elaborar documentos de análise à performance da companhia aérea, que servirão como ponto de partida para conhecer o valor de mercado e prosseguir a privatização.

O Governo deverá receber dois relatórios independentes sobre a avaliação da TAP a 17 de março. A transportadora aérea está a ser avaliada pela consultora EY e pelo banco de investimento Finantia e as conclusões chegarão em meados de março, avança esta quarta-feira a Bloomberg.

Esta é uma etapa fundamental no processo de privatização e terá em conta o desempenho da TAP em 2024, segundo adiantou à agência financeira uma fonte conhecedora do assunto. A partir daí, poder-se-á determinar o valor de mercado justo para a TAP.

O Governo está a considerar a venda de, pelo menos, 49% da TAP na reprivatização da companhia. A confirmar-se este modelo, significa que poderá ser alienada uma participação minoritária, mantendo-se o Estado com o controlo do capital. Recorde-se que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, já afirmou por várias vezes que é contra a venda da maioria da companhia aérea.

A TAP registou um lucro de 118,2 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2024, período em que aumentou as receitas de passagens e do negócio de manutenção de aeronaves. O resultado beneficia do lucro de 117,8 milhões de euros conseguido entre julho e setembro, os meses mais fortes para a aviação.

“Estamos satisfeitos com a nossa performance no terceiro trimestre, apesar dos dois grandes desafios enfrentados: a situação difícil de gestão do espaço aéreo europeu, e as desvalorizações cambiais significativas”, afirma Luís Rodrigues, CEO da TAP, na altura da apresentação das contas.

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Alteração de solos rústicos para urbanos vai exigir prova de fontes de financiamento e viabilidade económico-financeira

As propostas de alteração dos partidos à lei dos solos foram esta quarta-feira discutidas na Comissão de Economia, no Parlamento. A votação final será feita no plenário na sexta-feira.

O PS conseguiu aprovar a sua exigência de que se conheçam as fontes de financiamento dos projetos urbanísticos e a existência de viabilidade económico-financeira nos projetos em que os solos rústicos serão convertidos em urbanos.

Esta é uma das muitas propostas de alteração à lei dos solos aprovadas na especialidade no Parlamento, esta quarta-feira, na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação. Outras mudanças significativas são a chamada das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) ao processo, a substituição do conceito de “preços moderados” por “habitação a custos controlados” e a exigência explícita de contiguidade territorial entre o terreno a reclassificar e a malha urbana.

Os socialistas exigiam a “demonstração da viabilidade económico-financeira da proposta, incluindo a identificação dos sujeitos responsáveis pelo financiamento, a demonstração das fontes de financiamento contratualizadas e de investimento público”. O PSD e a Iniciativa Liberal opuseram-se a este escrutínio económico-financeiro, mas os votos a favor do PS, Chega e Livre permitiram que tal seja adicionado ao articulado, passando a constar do artigo 72.º do Decreto-Lei 117/2024, de 30 de dezembro.

Os social-democratas cumpriram a indicação dos ministros das Infraestruturas e da Coesão Territorial e deram luz verde a duas “linhas vermelhas” socialistas. Por um lado, a indicação explícita da palavra “contiguidade” no diploma, o qual, no artigo 72.ºB, passa a apontar que a reclassificação fica sujeita a que “seja assegurada a contiguidade com o solo urbano, enquanto consolidação e coerência da urbanização a desenvolver com a área urbana existente”. Por outro, fica claro que as casas a construir se destinam a “arrendamento acessível” ou “habitação a custos controlados”.

Ainda por proposta do PS, a reclassificação passa a ter uma verificação extra-municipal. Enquanto o decreto-lei inicial deixava a decisão de reclassificação nas mãos do Executivo camarário e da Assembleia Municipal, a nova formulação aponta a obrigação de se ouvir as CCDR. Apenas quando o terreno rústico já seja público fica a CCDR fora do processo.

Com efeito, no artigo 123.º, o novo ponto 4 indica que as alterações de uso do terreno, “quando não ocorram em solo de propriedade exclusivamente pública, dependem de parecer não vinculativo da comissão da coordenação e desenvolvimento regional […] o qual deve ser proferido no prazo de 20 dias a contar da data do envio da proposta, sob pena de deferimento tácito”.

Outra alteração à lei do Governo é a impossibilidade de construção de casas para “trabalhadores agrícolas” em locais que não sejam contíguos com zonas urbanas. A exceção iria permitir que surgissem edifícios de habitação em áreas sem qualquer ligação à malha urbana, mas acabou revogada, com voto contra apenas do Chega.

Por proposta social-democrata surge um prazo máximo de quatro anos para “concretizar as obras de urbanização”, o qual contará da “data de publicação da deliberação do respetivo órgão deliberativo na 2.ª série do Diário da República”. Apesar de apenas o PSD ter votado a favor desta alteração ao ponto 11 do artigo 72.º, a abstenção socialista e do Chega permitiram passar a medida. Poderá ainda haver uma prorrogação de um ano “por razões excecionais, devidamente fundamentadas, e desde que as operações urbanísticas já tenham sido iniciadas”.

Em sentido contrário, verificou-se a rejeição de várias propostas, designadamente a do PS que previa a limitação da reclassificação aos casos em que não existam terrenos urbanos disponíveis e a exigência de que a passagem de rústico a urbano deveria “fundamentar-se nas necessidades demonstradas de salvaguarda de valores de interesse público relevantes em termos ambientais, patrimoniais, económicos e sociais”.

Foi ainda aprovada com abstenção do PCP e restantes votos favoráveis a proposta de alteração que aponta a “demonstração do impacto da carga urbanística proposta, no sistema de infraestruturas existente, a previsão dos encargos necessários ao seu reforço, à execução de novas infraestruturas e à respetiva manutenção”.

Após a votação na especialidade desta quarta-feira, a votação final global decorrerá no Plenário da Assembleia da República na sexta-feira. Nesse dia, com a expectável aprovação do PSD e PS, surgirá um novo diploma, já com as alterações agora aprovadas ao Decreto-Lei 117/2024, abrindo-se caminho ao propósito de aumentar o número de solos com possibilidade de construção.

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Farfetch reduz “drasticamente” prejuízos para 32 milhões no primeiro ano em mãos coreanas

Coupang defende as decisões "difíceis" tomadas ao longo do último ano, que envolveram um duro plano de despedimentos, destacando que "as perdas diminuíram drasticamente". "Os números falam por si".

O duro plano de reestruturação na Farfetch implementado ao longo do último ano pela Coupang começa a mostrar resultados. Comprada pelo grupo sul-coreano no final de janeiro do ano passado por 500 milhões de dólares, a empresa de comércio eletrónico criada pelo português José Neves caminha a passos largos para voltar a dar lucros, mostrando uma “trajetória positiva” trimestre após trimestre.

O marketplace de bens de luxo fechou 2024 com receitas de 1,7 mil milhões de dólares e conseguiu reduzir os prejuízos para 34 milhões de dólares (32,4 milhões de euros), revelou a Coupang. “As perdas da Farfetch diminuíram drasticamente, atingindo um ponto de breakeven”, adiantou o líder da empresa, Bom Kim, numa conferência após a divulgação de resultados, confirmando a evolução positiva já antecipada na apresentação de resultados do terceiro trimestre, período em que os prejuízos da Farfetch encolheram para dois milhões.

Fonte: Coupang

A Farfetch não chegou a divulgar os resultados de 2023. As últimas contas conhecidas publicamente são referentes ao primeiro semestre de 2023, com a companhia a revelar nessa altura prejuízos de 281,34 milhões de dólares. Esse foi o último relatório conhecido antes de a empresa cancelar a divulgação dos números do terceiro trimestre — um acontecimento que precipitou a queda a pique das ações, levantando preocupações sobre a sustentabilidade financeira da companhia. Que se viriam a confirmar no final desse ano, com o empresário José Neves a ser forçado a fechar um acordo para vender a tecnológica e evitar o seu colapso.

Agora, o novo dono da Farfetch realçou que esta “reviravolta significativa foi alcançada com uma perda mínima de escala“, defendendo as “decisões difíceis” tomadas “com o objetivo de simplificar as operações e reorientar as equipas nas duas únicas coisas que realmente importam: experiência do cliente e excelência operacional”. “Os resultados falam por si”, rematou.

A aquisição da Farfetch pela Coupang por 500 milhões de dólares ficou fechada no final de janeiro de 2024, com os novos donos a anunciarem logo de seguida um plano de reestruturação que incluía a redução de 25% a 30% dos trabalhadores a nível global.

Bom Kim, CEO da Coupang

No mesmo dia em que foram comunicados os despedimentos foi também anunciada a saída de José Neves do cargo de CEO, assim como outros oito diretores da empresa. A liderança ficou entregue a Bom Kim e à sua equipa executiva. O líder da empresa, que já tinha defendido que comprar a Farfetch por 500 milhões de dólares revelou-se uma “oportunidade” para adquirir a tecnológica por “um preço muito atrativo”, voltou a defender o negócio.

Quando adquirimos a Farfetch no início de 2024, esta perdia centenas de milhões de dólares anualmente e enfrentava métricas de crescimento em declínio. No entanto, neste desafio vimos uma oportunidade rara: a Farfetch era líder do setor, com cerca de 4 mil milhões de dólares em volume de transações anuais e uma marca global em moda de luxo”, argumentou.

Quando adquirimos a Farfetch no início de 2024, esta perdia centenas de milhões de dólares anualmente e enfrentava métricas de crescimento em declínio. No entanto, neste desafio vimos uma oportunidade rara.

Bom Kim

CEO da Coupang

Bom Kim detalhou ainda que “no ano desde a aquisição, a equipa aplicou a mesma execução incansável e disciplinada que define as operações da Coupang”, acrescentando que “a Farfetch continua a atrair 49 milhões de visitantes mensais em mais de 190 países ao redor do mundo”.

Além do plano de despedimentos, ao longo dos últimos meses, a Coupang desinvestiu na FPS (Farfetch Platform Solutions), vendeu a retalhista de luxo Violet Grey, que tinha comprado em 2022 por mais de 50 milhões de dólares, e no final do ano foi a vez da Wannaby, conhecida como Wanna, ser vendida à Perfect Corp.

Houve mudanças no portefólio de marcas detidas pela Farfetch, mas também em termos de distribuição das equipas, com a transferência de algumas para Guimarães, onde a empresa concentra a maior parte da equipa nacional.

Já depois de ter encerrado os escritórios em Braga e no Porto (Avenida da Boavista), também fechou o Centro de Creative Operations (CrOps), em Leça do Balio, Matosinhos. Essas pessoas foram transferidas para o vimaranense Avepark, como escreveu o ECO. Apesar do encerramento da unidade de operações em Matosinhos, a Farfetch manteve operações nesta localização, embora mais curtas.

José Neves, presidente da Fundação José Neves e CEO da Farfetch, em entrevista ao ECO - 21JUN22
José Neves, fundador da FarfetchRicardo Castelo/ECO

Após todas estas mudanças, que permitiram reduzir custos e colocar a empresa rumo à rentabilidade, Bom Kim mostra-se otimista para o futuro. Diz ter a expectativa que a Farfetch continue a contribuir positivamente para os resultados da Coupang, que encerrou o ano com vendas recorde na casa dos 30 mil milhões de dólares.

“Embora estejamos orgulhosos do que a equipa Farfetch conseguiu até agora, estamos ainda mais entusiasmados com o potencial da equipa para desenvolver esta base promissora para fornecer inovações que transformarão a experiência do cliente no comércio global de luxo”, concluiu o gestor.

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Parpública paga 36 mil euros a escritório de advogados para redigir atas. PS questiona “decisão inédita”

Sociedade que vai gerir a privatização da TAP contratou a Sérvulo para uma função que "sempre foi desempenhada internamente". PS questiona "decisão inédita" e eventual "conflito de interesses".

A Parpública, liderada por Joaquim Cadete que foi nomeado pelo atual Governo, decidiu contratar por 36 mil euros anuais o escritório de advogados Sérvulo&Associados para redigir atas de reuniões. Uma decisão considerada “inédita” pelo grupo parlamentar do PS, já que, argumenta, essa “tarefa sempre foi desempenhada pelos juristas internos da empresa”. Por isso, os socialistas enviaram, esta quarta-feira, uma pergunta ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, segundo o requerimento a que o ECO teve acesso.

Os deputados escrevem que, “de acordo com a informação que veio a público, a escolha terá recaído sobre a sociedade Sérvulo & Associados, num contrato de 36 mil euros anuais para a prestação de 16 horas mensais de serviço”.

“Esta decisão é inédita e suscita questões sobre a necessidade e a fundamentação desta opção, bem como sobre eventuais conflitos de interesse, dado que a Parpública desempenha um papel estratégico na gestão das participações do Estado, incluindo no processo de privatização da TAP, bem como no quadro das alienações que possam vir a decorrer do levantamento das empresas do setor empresarial do Estado consideradas estratégicas”, alertam os socialistas.

No final do ano passado, o Executivo criou um grupo de trabalho, que é liderado pelo vice-presidente da Parpública, João Carlos da Silva Sacadura Pinhão, para “proceder ao levantamento das empresas do setor empresarial do Estado consideradas estratégicas”, segundo um despacho de dezembro de 2024, assinado pelo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes.

A Parpública é uma sociedade que gere participações do Estado em empresas como a Estamo, Companhia das Lezírias, Águas de Portugal ou a Inapa e também está a gerir o processo de privatização da TAP.

Para além disso, a lei do Orçamento do Estado para 2025 estabelece, no artigo 17.º, que “os estudos, pareceres, projetos e serviços de consultoria, bem como quaisquer trabalhos especializados […] devem ser realizados por via dos recursos próprios das entidades contratantes”.

“A decisão de contratar a aquisição de serviços ao setor privado que tenham por objeto estudos, pareceres, projetos e serviços de consultoria ou outros trabalhos especializados, incluindo a renovação de eventuais contratos em vigor, apenas pode ser tomada em situações excecionais devidamente fundamentadas, desde que demonstrada a impossibilidade de satisfação das necessidades por via de recursos próprios da entidade contratante e após autorização do membro do Governo responsável pela
área setorial”, de acordo com o mesmo diploma.

No requerimento entregue esta quarta-feira ao presidente da Assembleia da República, os deputados do PS solicitam ao ministro das Finanças que responda às seguintes questões:

  1. Por que motivo decidiu a Parpública contratar um escritório de advogados externo para redigir atas das reuniões da comissão executiva e do conselho de administração, quando esta tarefa sempre foi desempenhada por juristas internos?
  2. Existia alguma razão específica para a nova administração da Parpública considerar que os juristas internos da empresa não podiam continuar a desempenhar esta função? O Ministério das Finanças partilha dessa avaliação?
  3. Qual foi o mecanismo de contratação utilizado para a seleção da Sérvulo & Associados? Tratou-se de um ajuste direto ou houve um processo concursal? Quantas sociedades foram convidadas e quais os critérios de seleção?
  4. Tendo em conta que os advogados da Sérvulo & Associados passam a estar presentes nas reuniões da comissão executiva e do conselho de administração, onde se discutem temas estratégicos e sigilosos, como garante o Governo que não há riscos de conflitos de interesse, nomeadamente no âmbito da privatização da TAP ou de outras empresas participadas?
  5. Há precedentes noutras empresas públicas para a contratação de escritórios de advogados externos para redigir atas? Se não, como justifica o Ministério esta exceção na Parpública?
  6. O contrato com a Sérvulo & Associados tem um custo anual de 36 mil euros para um total de 16 horas mensais de serviço. Considera o Ministério das Finanças que este gasto é justificável e compatível com os princípios subjacentes à reforma da Administração Pública em curso?”.

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Ministro das Finanças confiante num crescimento de 2,5% em 2025

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2025

Ministro justifica que com efeito 'carry over' do 4º trimestre, a expetativa é de um crescimento de 2,5%. Diz ainda que não ficaria surpreendido se a S&P subisse o 'rating' do país na sexta-feira.

A economia portuguesa deverá crescer 2,5% em 2025 “se não sofrer nenhum choque económico externo”, revelou o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, num evento na terça-feira à noite em Londres.

O crescimento económico desde a pandemia foi um dos mais elevados da zona euro a nível europeu“, afirmou durante um jantar promovido pelo Centro Português de Estudos (CPE).

A mais recente estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta para um crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, mas o ministro destacou que “o último trimestre foi excecionalmente bom”.

“A nossa previsão oficial continua a ser de 2,1%. No entanto, com o crescimento que esperávamos em outubro, quando apresentámos o orçamento no Parlamento, e agora com este ‘carry over’ de 1,3% (do PIB), teremos 2,5% de crescimento real (do PIB). É essa a nossa expetativa, se nenhum choque económico externo nos afetar”, explicou.

Joaquim Miranda Sarmento falava durante um jantar onde foi o convidado de um grupo maioritariamente de portugueses que constituem o CPE, vários dos quais trabalham em instituições financeiras, como o presidente da seguradora Legal & General, António Simões.

Segundo o ministro português, “os resultados superaram as expectativas em 2024: mais crescimento do que o inicialmente previsto, menos emprego, um excedente orçamental mais elevado, menos dívida e menos inflação do que o previsto”.

“Olhando para a economia portuguesa, mesmo que haja uma recessão no próximo ano, ficaremos abaixo dos 3% de défice (orçamental) em termos de PIB“, garantiu.

Miranda Sarmento congratulou-se por as principais agências de ‘rating’ fazerem atualmente uma avaliação positiva da dívida pública portuguesa, o que reduziu as taxas de juro sobre as obrigações de tesouro. Esta situação contrasta com a classificação de ‘lixo’, ou seja, de risco elevado, durante a crise da dívida soberana durante grande parte dos anos 2010. Em janeiro, a agência de notação financeira DBRS decidiu subir o ‘rating’ de Portugal para ‘A’ (elevado).

Na sexta-feira, será a vez da S&P pronunciar-se, seguindo-se a Fitch a 14 de março e a Moody’s a 16 de maio, se acordo com os calendários publicados pelas agências.

Não me surpreenderia que a S&P também aumentasse o ‘nosso rating’ na sexta-feira“, afirmou o ministro.

Apesar das “boas notícias neste ambiente internacional incerto”, o ministro reconheceu que Portugal continua a enfrentar “problemas e dificuldades”, referindo, entre outras questões, a baixa produtividade e a necessidade de modernização da administração pública.

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Altice France anuncia acordo para eliminar 8,6 mil milhões de dívida. Patrick Drahi mantém-se no comando

Acordo reduz a dívida líquida da Altice France em 8,6 mil milhões de euros e coloca na posse dos credores 45% das ações ordinárias empresa. Mas Patrick Drahi consegue manter-se aos comandos.

A Altice France e os respetivos credores chegaram a um acordo que elimina 8,6 mil milhões de euros de dívida da empresa e prolonga a maturidade da dívida existente, mantendo o multimilionário Patrick Drahi aos comandos da companhia. Em troca, os credores ficam com uma fatia de 45% da empresa.

Segundo um comunicado divulgado esta quarta-feira pela Altice France, que detém a operadora de telecomunicações SFR em França, este acordo traduz-se numa “redução substancial” da dívida líquida consolidada da empresa, de 24,1 mil milhões para 15,5 mil milhões de euros, ao mesmo tempo que prolonga a maturidade média da dívida dos atuais 3,1 para 6,1 anos.

Mais surpreendente é o facto de Patrick Drahi, o franco-israelita que fundou o grupo Altice e o transformou numa multinacional com presença em vários continentes, ter conseguido manter-se no controlo da Altice France. “Os acionistas existentes” passarão a deter 55% das ações ordinárias, mais de metade do capital da empresa, de acordo com a informação divulgada.

Já os detentores de dívida garantida, onde se encontram nomes como BlackRock, Elliott Investment Management e Pacific Investment Management, irão “receber uma parcela de capital de 31% em ações ordinárias”. Os credores com dívida não garantida, emitida pela Altice France Holding, ficam com 14% das ações.

O multimilionário Patrick Drahi conseguiu fechar um acordo para reestruturar a dívida da Altice FranceEPA/JUSTIN LANE

Passou quase um ano desde que a administração da Altice France, na apresentação dos resultados de 2023, deixou os credores de queixo caído ao sugerir um perdão de dívida para baixar os seus rácios de alavancagem. As declarações mobilizaram os obrigacionistas para um período de negociações que conhece agora este desfecho.

Houve cedências de parte a parte. Patrick Drahi consegue manter-se na liderança da sua subsidiária francesa, ao contrário do pretendido por alguns credores, mas os 45% de que abdica da Altice France representam uma parcela muito superior aos 15% que chegou a admitir ceder numa proposta inicial.

O acordo implementa também novas proteções para os credores, que receberão igualmente um pagamento em dinheiro de cerca de 1,5 mil milhões de euros, acrescidos de juros até à data de fecho da transação, no caso dos titulares de dívida garantida.

Ademais, os credores que assinem o acordo antes do dia 12 de março ficam elegíveis para receber também um total de 2,5% do montante em dívida garantida da Altice France, que aumenta em mais 500 milhões de euros se houver “participação total”.

Com a situação controlada no mercado francês, as atenções voltam-se agora para os outros mercados onde a Altice está presente. A Bloomberg refere esta quarta-feira que o fim das negociações em França dará lugar a novas conversações em torno da dívida da Altice International, que detém a Altice Portugal, dona da Meo. Mas a dívida desta subsidiária é bastante inferior, situando-se nos 8,58 mil milhões de euros no final do terceiro trimestre.

Enquanto isso, segundo a agência financeira, a Altice USA, que é cotada na bolsa norte-americana, tem mantido discussões confidenciais internas sobre como endereçar a sua avultada dívida, que no final do ano passado ascendia a 23,241 mil milhões de dólares (quase 22,2 mil milhões de euros).

(Notícia atualizada pela última vez às 12h56)

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Bruxelas avança 100 mil milhões de euros para a indústria limpa e propõe banco para a descarbonização

A Comissão Europeia anuncia esta quarta-feira um conjunto de medidas para a área da energia, sustentabilidade e descarbonização.

A Comissão Europeia quer apoiar a indústria no processo de descarbonização. Nesse sentido, o Executivo europeu avança com a mobilização de 100 mil milhões de euros para apoiar a indústria limpa no curto-prazo e anuncia a criação de um “banco para a descarbonização industrial”, cujo financiamento deverá atingir exatamente o mesmo montante.

A Comissão Europeia apresenta, esta quarta-feira, três pacotes relacionados com energia: o Ato da Indústria Limpa, o Plano de Ação para uma Energia Acessível e o Omnibus, que vai simplificar diplomas relacionados com sustentabilidade como a Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade ou a Taxonomia Europeia.

No âmbito do Ato para a Indústria Limpa, a Comissão refere que irá mobilizar 100 mil milhões de euros para o fabrico de tecnologias limpas na Europa, no âmbito do Quadro Financeiro Plurianual, de forma a proporcionar “alívio de curto prazo”, lê-se numa nota publicada pelo executivo europeu.

Numa introdução ao tema, em conferência de imprensa, o comissário europeu para a Ação Climática, Wopke Hoekstra, salientou algumas “ações emblemáticas” que destaca nestes pacotes. Entre elas, apontou que vai ser proposta a criação do “Banco para a Descarbonização Industrial”, parcialmente baseado no sistema de comércio de emissões do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE). Este banco poderá, nos próximos 10 anos, chegar aos 100 mil milhões de euros, o que permitirá uma alavancagem que poderá chegar aos 400 mil milhões, assumiu o comissário. A intenção é que, com estes montantes, se reduzam as emissões industriais até 30%, e que permita “um reforço sem precedentes no investimento em redes e na energia limpa“.

No âmbito deste diploma, a Comissão prevê que, em junho de 2025, seja lançado um quadro de auxílios de Estado para acelerar a instalação de energias renováveis, descarbonizar a indústria e assegurar o fabrico de tecnologias limpas. Este vai “tornar mais fácil” a atribuição de apoios ao nível dos Estados membros, lê-se na nota. “A Europa vai ter de se tornar um destino de investimento em energias limpas”, rematou, na mesma conferência de imprensa, Stéphane Séjourné, vice-presidente executivo para a Prosperidade e Estratégia Industrial da Comissão Europeia.

O mesmo responsável afirmou que os europeus passarão a ser “muito mais estratégicos na política de aquisição e produção de matérias primas na Europa”, sendo que será criada uma plataforma de aquisição comum de matérias primas, na qual poderão ser negociados materiais críticos como o lítio e o cobalto a um preço que se espera mais baixo. Assumiu ainda que o mercado da reciclagem está a ser “subexplorado”, pelo que será incentivada legislação em relação a economia circular.

O comissário Hoekstra salientou ainda a criação de um rótulo voluntário de intensidade carbónica para produtos industriais, que começa a aplicar-se ao aço em 2025, e depois alastrará para o setor cimenteiro. Em paralelo, vão ser revistas as regras para a adjudicação de contratos públicos, em 2026, para incluir fatores de sustentabilidade e para que seja dada preferência a fornecedores europeus em setores chave. Por fim, apesar de o Omnibus ser o programa da simplificação, é dentro do próprio Ato da Indústria Limpa que a Comissão pretende simplificar o Mecanismo Transfronteiriço de Ajustamento de Carbono (CBAM, na sigla em inglês).

(Notícia atualizada pela última vez às 12h52)

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