BCE vai cortar juros pela sétima vez seguida antes de pausar para respirar em julho

A travagem da inflação e a resiliência da economia justificam um novo corte de 25 pontos base nas taxas de juro, mas a incerteza sobre as tarifas deverá levar o banco central a abrandar o ritmo.

O sétimo corte seguido nas taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE) — e oitavo num ciclo começado há um ano — já era dado como certo por economistas e investidores, mas a revelação esta semana de que a taxa de inflação homóloga da Zona Euro caiu para 1,9% em maio, abaixo da meta de 2% do banco central, removeu qualquer resquício de dúvida.

Apesar desta certeza, a conferência de imprensa após a reunião do Conselho do BCE esta quinta-feira não está isenta de temas de interesse, até porque não faltam incertezas por esta altura sobre as perspetivas económicas no turbilhão das tarifas de Donald Trump, o rumo da política monetária nos próximos meses e uma eventual saída antecipada da presidente Christine Lagarde.

“Consideramos que um corte de 25 pontos base na reunião do BCE desta semana está efetivamente garantido“, referiu Matthew Ryan, head of market strategy na Ebury, uma plataforma de sistemas de pagamento e gestão de risco cambial.

A visão de um corte é generalizada. Numa sondagem da Reuters, a opinião foi unânime, com os 81 economistas consultados a preverem uma descida da taxa da facilidade permanente de depósito para 2%.

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Futuro menos certo

O caminho para as taxas depois disso é menos claro“, alertou Matthew Ryan. “A julgar pelas comunicações recentes dos membros do Conselho, nomeadamente do economista-chefe Philip Lane, uma pausa na reunião seguinte, em julho, parece altamente provável, especialmente tendo em conta a opinião de que já podemos estar no nível neutro de taxas a longo prazo, ou próximo dele”, adiantou, descrevendo a reunião de setembro como “viva” embora muito dependente dos dados que entretanto serão divulgados.

A Ebury vê o BCE a executar dois cortes este ano, incluindo o de quinta-feira, levando a taxa de depósitos para 1,75% até dezembro. No entanto, a incerteza sobre as negociações entre a União Europeia e aos EUA relativamente à proposta americana de tarifas de 50% divide as opiniões dos economistas sobre o rumo da política monetária. Na sondagem da Reuters, 71% dos economistas sinalizaram que o BCE deverá fazer uma pausa nos cortes em julho, mas o inquérito não produziu um resultado claro, ou seja uma maioria de respostas, sobre o timing da próxima descida

Para Bas van Geffen, senior macro strategist no neerlandês Rabobank, o BCE deverá deixar as opções em aberto. “Continuamos a acreditar que esta poderá ser a última redução das taxas, mas os riscos continuam a apontar para uma redução adicional“, explicou. “Se isso se concretizar, acreditamos que setembro é uma data mais provável do que julho”.

Bas van Geffen sublinhou ainda que, no contexto atual, não exclui outra redução das taxas em julho. “No entanto, acreditamos que isso exigiria a materialização de um risco de evento grave, como o fracasso das negociações comerciais entre os EUA e a UE”, sublinhou. “Se as negociações não avançarem e Trump decidir impor uma tarifa de 50%, como ameaçou, isso seria um grande choque para a economia da Zona Euro, justificando uma intervenção do BCE”, diz.

O responsável do Rabobank salienta que o staff do BCE vai apresentar novas projeções económicas, recordando que as anteriores foram divulgadas em março, ou seja, antes do anúncio das tarifas do Dia da Libertação de Trump e aos desenvolvimentos subsequentes que ocorreram. “Portanto, uma revisão em baixa das projeções de crescimento não deve ser uma surpresa, especialmente para este ano e o próximo”, antevê.

Rumores sobre saída antecipada

Matthew Ryan vincou que a inflação na Zona Euro continua contida e apenas ligeiramente acima da meta de 2% (2,2% em abril). Entretanto, e já após a divulgação da nota da Ebury, o Eurostat informou esta terça-feira que a inflação homóloga desceu 0,3 pontos percentuais para 1,9% em maio face a abril, ficando abaixo da projeção compilada pela Bloomberg que apontava para 2,1%, além de ter ficado abaixo da meta de 2% fixada pelo BCE.

A inflação subjacente — que exclui energia e alimentos não transformados — terá desacelerado três décimas, para os 2,4%.

As pressões inflacionárias “também diminuíram desde o Dia da Libertação, principalmente devido à queda dos preços globais do petróleo (o Brent crude caiu 15% desde 2 de abril) e à valorização do euro (a taxa de câmbio ponderada do euro subiu quase 3%)”, explicou Matthew Ryan.

As pressões salariais também diminuíram, o que deverá reforçar ainda mais
a confiança na consecução da meta de inflação de 2%, com o crescimento salarial negociado a cair para um mínimo de três anos, 2,4% no primeiro trimestre (de 4,1%), adiantou.

O analista da Ebury acredita que apesar destes desenvolvimentos positivos é provável que, “em linha com o seu costume recente, pensamos que Lagarde manterá as suas cartas na manga, com o banco a aguardar os próximos dados e desenvolvimentos comerciais antes de decidir o próximo passo”.

Matthew Ryan acredita que a presidente do BCE poderá ser questionada na conferência de imprensa sobre relatos de que estaria a preparar-se para assumir a liderança do Fórum Económico Mundial (FEM). Christine Lagarde terá discutido sair do BCE antes do fim do mandato, que termina em 2027.

Segundo o fundador da organização, que foi afastado dos comandos do FEM após denúncias anónimas sobre conduta irregular, a transição entre cargos foi discutida com a própria Lagarde num encontro em abril em Frankfurt. “Mas essa especulação provavelmente será refutada”, concluiu Ryan.

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Bruxelas aperta o cerco a Portugal com cinco exigências. Defesa, PRR e Saúde estão no centro das prioridades

A Comissão Europeia alerta que Portugal tem de acelerar a "bazuca europeia" e investir mais na defesa e na saúde, ou arrisca-se a ser ultrapassado e a perder credibilidade junto dos seus parceiros.

A Comissão Europeia entregou na quarta-feira a Portugal um conjunto de cinco recomendações que funcionam como uma verdadeira agenda política para desenvolver este ano e no próximo.

O documento não poupa nas críticas ao ritmo de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e coloca pela primeira vez a questão da defesa no centro das preocupações europeias para o país.

As recomendações de Bruxelas chegam numa altura em que Portugal navega entre a pressão externa para acelerar reformas estruturais e a necessidade interna de equilibrar as contas públicas.

Com mais de um terço das medidas da “bazuca” europeia em estado crítico ou preocupante, segundo dados oficiais, a entidade liderada por Ursula von der Leyen deixa um aviso claro ao Governo de Luís Montenegro que toma posse esta quita-feira: há menos de um ano e meio para cumprir todas as metas do PRR, e o tempo está a esgotar-se.

1) Reforço da defesa torna-se prioridade nacional

A primeira recomendação marca uma viragem estratégica. A Comissão Europeia exige que Portugal “reforce as despesas globais com a defesa e a prontidão em consonância com as conclusões do Conselho Europeu de 6 de março de 2025″, que classificou a guerra na Ucrânia como “um desafio existencial para a União Europeia”. O documento do Conselho Europeu deixa claro que “a Europa deve tornar-se mais soberana, mais responsável pela sua própria defesa e estar melhor equipada para agir autonomamente”, numa referência direta à necessidade de reduzir dependências estratégicas e colmatar lacunas críticas nas capacidades militares.

O executivo comunitário reconhece que “as despesas gerais com a defesa em Portugal mantiveram-se estáveis em 0,8% do PIB de 2021 a 2023”, um valor que permanece abaixo da média europeia. Para permitir este aumento sem comprometer as finanças públicas, Portugal poderá recorrer à cláusula de escape nacional, que oferece flexibilidade orçamental para gastos militares.

“O período em que a cláusula de escape nacional está ativada (2025-2028) permite a Portugal dar nova prioridade às despesas públicas ou aumentar as receitas públicas para que despesas de defesa duradouramente mais elevadas não ponham em perigo a sustentabilidade orçamental a médio prazo”, esclarece a Comissão Europeia no documento.

2) PRR sob pressão: “Acelerar” é a palavra de ordem

A segunda recomendação de Bruxelas vai ao encontro de uma das principais preocupações do Governo. A Comissão Europeia pede para “acelerar a implementação do plano de recuperação e resiliência, incluindo o capítulo REPowerEU”, destacando que existem “desafios em termos de capacidade administrativa, regras de contratação pública e morosidade dos procedimentos de licenciamento”.

O documento revela que “para cumprir os compromissos do plano de recuperação e resiliência até agosto de 2026 é essencial que Portugal acelere a implementação das reformas e investimentos, abordando os desafios relevantes”. A situação é particularmente grave porque, segundo dados da Comissão Nacional de Acompanhamento, 20% das medidas estão em estado crítico e 13% em estado preocupante.

A Comissão Europeia sublinha ainda a importância de “maximizar o uso dos instrumentos da UE, incluindo o âmbito proporcionado pelo InvestEU e pela Plataforma de Tecnologias Estratégicas para a Europa, para melhorar a competitividade”.

3) Burocracia: O eterno calvário das empresas portuguesas

A terceira recomendação da Comissão Europeia vai ao centro de uma das principais queixas do tecido empresarial português de há vários anos. Bruxelas exige que Portugal “simplifique a regulamentação, melhore as ferramentas regulamentares e reduza os encargos administrativos sobre as empresas”.

Os argumentos da Comissão para esta recomendação assentam no facto de “51% das empresas considerarem que a complexidade dos procedimentos administrativos é um problema para a sua empresa quando fazem negócios em Portugal”, como refere o relatório. Mais grave ainda, “mais de 83% das empresas portuguesas reportam a regulamentação empresarial como um obstáculo ao investimento, comparado com 66% na União Europeia”.

O documento critica também o sistema fiscal nacional, apontando que “existem mais de 500 gastos fiscais em vários textos legais diferentes” e que “os pagamentos em atraso fiscais pendentes de Portugal relativamente ao PIB permanecem entre os mais elevados na União Europeia”. A Comissão Europeia pede ainda melhorias na “eficiência dos tribunais administrativos e fiscais, para diminuir a duração dos procedimentos”.

4) Fim dos subsídios aos combustíveis fósseis

A quarta recomendação coloca Portugal no centro da transição energética europeia. Bruxelas quer uma “redução da dependência global dos combustíveis fósseis no setor dos transportes, em particular através da eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis”.

Os técnicos da Comissão Europeia criticam o facto de Portugal “registar subsídios consideráveis aos combustíveis fósseis sem uma eliminação gradual planeada antes de 2030”. O documento especifica que “subsídios aos combustíveis fósseis como reduções e isenções fiscais para o gasóleo para empresas de carga e transporte público são economicamente ineficientes, perpetuam a dependência dos combustíveis fósseis e desincentivam a mudança para veículos elétricos e outras soluções sustentáveis”.

Bruxelas evidencia, por exemplo, que o setor dos transportes “representa 37,5% do consumo final de energia” e é “fortemente dependente do petróleo e produtos petrolíferos, que constituem 92% do seu consumo final de energia”, evidenciando com isso a dimensão do desafio.

5) SNS: Sustentabilidade versus acesso universal

A quinta e última recomendação aborda um dos temas mais sensíveis da política portuguesa: a saúde. A Comissão Europeia pede para “assegurar o acesso igual a cuidados de saúde e de longa duração de qualidade, preservando ao mesmo tempo a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”.

O documento identifica problemas graves no sistema, apontando que “o Serviço Nacional de Saúde continua a enfrentar escassez significativa de profissionais de saúde, com impacto na acessibilidade aos serviços de saúde”, referindo que “entre 2020 e 2024, apenas cerca de metade dos postos abertos para recrutar médicos para o Serviço Nacional de Saúde foram preenchidos”.

Bruxelas alerta ainda para o envelhecimento populacional, destacando que “quase um quarto da população portuguesa tem 65 anos ou mais” e que “o investimento público em cuidados de longa duração é inferior à média da União Europeia”.

O atraso na execução dos fundos europeus, a persistência de entraves burocráticos e a dependência de modelos económicos ultrapassados podem comprometer não só o acesso a recursos essenciais, mas também a credibilidade de Portugal junto dos seus parceiros europeus.

As recomendações da Comissão Europeia a Portugal traçam um roteiro exigente para os próximos anos, colocando o país perante escolhas determinantes para o seu futuro económico e social.

O reforço da defesa, a aceleração do PRR, a simplificação da burocracia, a transição energética e a sustentabilidade do SNS não são apenas metas técnicas, mas desafios que vão testar a capacidade de resposta das instituições e a vontade política de concretizar reformas estruturais.

O tempo para agir é limitado, como destaca a Comissão Europeia no relatório, e a margem de erro é cada vez mais estreita, sublinhando que o atraso na execução dos fundos europeus, a persistência de entraves burocráticos e a dependência de modelos económicos ultrapassados podem comprometer não só o acesso a recursos essenciais, mas também a credibilidade de Portugal junto dos seus parceiros europeus.

O apelo de Bruxelas é que sem ação decisiva e reformas profundas, o país arrisca-se a perder o ritmo da recuperação e a ficar à margem das prioridades estratégicas da União Europeia.

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Empresários “apreensivos” com reforço das tarifas sobre aço e alumínio que ameaçam exportações de 200 milhões

As tarifas de 50% no alumínio e aço ameaçam exportações de 200 milhões de euros. Associação teme que os compradores suspendam as remessas.

Os empresários portugueses estão “apreensivos” com a duplicação das taxas aduaneiras dos EUA sobre as importações de aço e alumínio, que ameaçam 200 milhões de euros de exportações da metalurgia nacional.

Já tínhamos ficado inquietos com as tarifas de 25%, agora com 50% mais inquietos ficamos”, diz Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP).

O porta-voz da associação que representa o setor recorda ao ECO que “as tarifas não abrangem todo o setor, mas abrangem uma parte substancial — para além das matérias-primas, algumas estruturas metálicas e alguns tipos de equipamentos”, estimando um impacto de 200 milhões de euros na exportações diretas para os EUA.

“Quando foram aplicadas as tarifas de 25%, alguns dos nossos compradores pediram-nos para suspender a remessa dos nossos produtos e equipamentos e admito que agora continuará na mesma senda”, prevê Rafael Campos Pereira.

Quando foram aplicadas as tarifas de 25% alguns dos nossos compradores pediram-nos para suspender a remessa dos nossos produtos e equipamentos e admito que agora continuará na mesma senda.

Rafael Campos Pereira

Vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal

Há mais de 25 anos que o Fapricela Group exporta para os Estados Unidos, o que torna esta questão das tarifas “um tema que preocupa”, disse Pedro Teixeira, CEO da Fapricela, no último episódio do Think Tank da Helexia Portugal.

Apesar de a Fapricela exportar apenas 6% da produção para o mercado norte-americano, Ivo Magalhães, diretor de operações da empresa, realça que o “tema das tarifas é muito preocupante“, apesar de enfatizar que não é isso que vai abalar a estrutura da empresa de trefilaria.

“Já da primeira vez, as tarifas dos 25% colocaram-nos alguns problemas, mas os nossos clientes locais, desde logo, assumiram esse diferencial, tendo em conta que o mercado local subiu os preços em 20% e do nosso lado ficou apenas um custo acrescido de 5%”, explica o diretor de operações da Fapricela, que emprega 400 pessoas e fatura 200 milhões de euros. No entanto, realça que, “agora com mais 25%, não há forma de acomodar”.

Quando Donald Trump impôs pela primeira vez tarifas sobre o aço e o alumínio, no seu primeiro mandato, em 2018, a Metalogalva foi uma das empresas apanhadas pelas taxas da nova administração norte-americana. Com a chegada de Joe Biden à Casa Branca, estas restrições foram retiradas, mas a empresa portuguesa especializada na engenharia e proteção de aço, que já chegou a exportar 70 milhões de euros para os EUA, preparou-se para não voltar a ser surpreendida. A abertura de uma unidade no Estado do Tennessee, em março de 2023, permitiu à empresa do VigentGroup proteger o grosso do negócio nos EUA das novas tarifas de Trump.

Com a construção da nova unidade no país, a empresa da Trofa consegue driblar as novas tarifas de 50% impostas pelos EUA sobre as importações de aço e de alumínio, que entraram em vigor esta quarta-feira.

Atualmente, a Metalogalva emprega 100 pessoas na fábrica dos EUA e fatura 60 milhões de euros. “O nosso produto é todo fabricado nos EUA e não somos afetados diretamente”, diz ao ECO o CEO da Metalogalva, António Pedro Antunes.

“O problema nesta guerra tarifária são os efeitos colaterais — quando há tarifas demasiado grandes nos Estados Unidos, a União Europeia, que tem um índice de exportação grande das siderurgias para os Estados Unidos, tem que proteger o seu mercado e ao proteger o seu mercado, vai pôr mais tarifas nas matérias-primas”, lamenta o líder da Metalogalva, destacando que “são as empresas que transformam o aço que compram matérias-primas mais caras e depois deparam-se com os produtos acabados iguais aos nossos a entrarem na UE sem serem taxados”, referindo-se aos produtos da China, Turquia e Índia. “É uma concorrência desleal”, lamenta António Pedro Antunes.

O problema nesta guerra tarifária são os efeitos colaterais.

António Pedro Antunes

CEO da Metalogalva

O vice-presidente executivo da AIMMAP corrobora a ideia do líder da Metalogalva e refere que o setor está “mais apreensivo ainda com o facto da União Europeia não taxar a importação de produtos acabados da mesma forma que taxa as matérias-primas”.

Segundo os dados mais recentes do INE, Portugal exportou, em 2024, cerca de 274 milhões de euros de produtos de aço e alumínio para o mercado norte-americano, o equivalente a 5,3% das exportações totais de aço e alumínio e a apenas 0,35% dos 79 mil milhões de euros de exportações de todos os bens e produtos exportados para todo o mundo em 2024.

A seguradora de crédito Coface acredita que “as empresas não vão voltar para os EUA”. Vão sim procurar outros mercados para fugir às taxas aduaneiras, promovendo uma reconfiguração do comércio mundial.

Temos de estar preparados para que haja mais tarifas” e “os EUA não vão ter acordos com todos os países, avisa Bruno de Moura Fernandes, head of macroeconomic research da Coface, na conferência Risco País.

No dia 31 de maio, Trump anunciou uma nova subida das tarifas sobre as importações de metais. Depois de ter fixado uma tarifa de 25% em março passado, comunicou que iria subir essas taxas para 50%, justificado com o objetivo de proteger a produção dos Estados Unidos.

“Vamos aumentar as tarifas sobre o aço nos Estados Unidos de 25% para 50%, o que dará ainda mais segurança à indústria do país”, anunciou o presidente num comício em Pittsburgh, na Pensilvânia, onde celebrou o acordo de investimento entre a siderurgia japonesa Nippon Steel e a empresa norte-americana U.S. Steel.

Ivo Magalhães considera que foi uma jogada estratégica de Trump anunciar o aumento das tarifas para 50% no dia em que celebrou o acordo entre a Nippon Steel e a U.S. Steel. O diretor de operações da Fapricela recorda que este investimento na siderurgia local “demorará dois a três anos a estar concluído”, e que apesar do presidente dos EUA quer proteger a indústria local, considera que “Trump vai voltar a recuar nas tarifas porque não tem alternativa”.

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Montenegro põe as fichas na reforma do Estado e arrisca na saúde. Os sinais sobre o novo Governo

Segundo Governo de Montenegro tem 16 ministérios, menos um do que o anterior. Gonçalo Matias é aposta para as reformas e Maria Lúcia Amaral a resposta com peso para pasta marcada pelas polémicas.

É um Governo de continuidade aquele que esta quinta-feira, às 18 horas, tomará posse, mas com alterações cirúrgicas que podem desencadear mudanças de fundo. Luís Montenegro entregou ao Presidente da República uma lista com 16 nomes, 13 dos quais a transitar da liderança das pastas do executivo cessante. A surpresa chegou contudo com a criação de um novo Ministério, o da Reforma do Estado, dando sinais de que será uma aposta forte do Executivo. Paralelamente, surgiu um super-ministério, que junta a economia e os fundos europeus, e o primeiro-ministro preferiu arriscar e manter a ministra da Saúde, apesar das críticas.

Luís Montenegro apresentou a Marcelo Rebelo de Sousa, na quarta-feira, a composição do seu segundo Governo, que terá 16 ministérios, menos um do que o anterior. “Há uma grande continuidade. Formalmente é um novo Governo, mas é mais uma reformulação do que existia do que um novo. A própria mensagem da campanha eleitoral foi “deixem o Luís trabalhar”, pelo que fazia pouco sentido que o deixassem trabalhar e substituíssem os ajudantes todos“, considera André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, em declarações ao ECO.

Apesar da continuidade, o primeiro-ministro indigitado avançou com pequenos ajustes e deu um sinal de que a reforma do Estado será uma “aposta forte”, com a criação de um ministério dedicado à sua execução. Desconhecendo-se ainda os detalhes, numa primeira leitura os politólogos consultados pelo ECO destacam este como um dos principais marcos da estrutura do novo Executivo. Para o liderar, Luís Montenegro foi buscar Gonçalo Matias, um repetente num governo da coligação PSD/CDS e na pasta que lhe coube.

O presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e professor de Direito da Universidade Católica foi Secretário de Estado Adjunto e para a Modernização Administrativa no segundo Executivo de Pedro Passos Coelho, entre outubro e novembro de 2015, e os sinais são de que será puxado para o núcleo duro do primeiro-ministro ao ser-lhe concedido o título de ministro-Adjunto.

Há uma intenção do primeiro-ministro com a questão da autonomização da reforma do Estado, claramente para tentar sinalizar uma aposta num ímpeto reformista, que foi uma crítica que foi feita ao Governo até dentro do próprio PSD, como Pedro Passos Coelho. Acaba por ser também o reconhecimento de que é preciso fazer mais“, refere André Azevedo Alves.

Gonçalo Saraiva Matias é o novo ministro Adjunto e da Reforma do EstadoHenrique Casinhas/ECO

As mudanças na orgânica do Governo não se ficaram por aqui. Numa saída (surpresa) de Pedro Reis da pasta da Economia, uma decisão que Luís Montenegro manteve para si até à última, o primeiro-ministro criou um super-ministério, o da Economia e da Coesão Territorial, e entregou-o a Manuel Castro Almeida, numa espécie de “promoção” que lhe compensa perder o título de ministro-adjunto. Castro Almeida passou, assim, a acumular os fundos europeus com o pelouro da economia, numa altura em que a incerteza internacional levanta desafios acrescidos ao crescimento e Portugal está a pouco mais de um ano do fim do prazo para cumprir os compromissos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Paula Espírito Santo, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP), assinala ao ECO que a junção dos dois pelouros é uma estratégia acertada. “Há aqui quase uma aclaração da área da economia. Em termos de concretização a economia acaba por estar muto dependente da execução dos fundos europeus. Temos de recordar que se fala do cumprimento do PRR enquanto grande motor económico e a relação com a Coesão tem também a ver com essa articulação”, argumenta.

Conforme esperado, Margarida Blasco abandonou a Administração Interna, depois de um ano marcado por polémicas. Para a substituir entrou em cena Maria Lúcia Amaral, até agora Provedora de Justiça. “Era uma substituição anunciada e o Governo conseguiu encontrar um nome forte, com credibilidade e independência“, destaca André Azevedo Alves sobre aquela que foi a primeira mulher a chegar à liderança da Provedoria. Antes disso, Maria Lúcia Amaral passou pelo Tribunal Constitucional como vice-presidente, órgão para o qual entrou em 2007, por escolha da Assembleia da República. Tem uma vida dedicada ao direito, nomeadamente com maior foco na área Constitucional.

Enquanto provedora requereu ao Tribunal Constitucional (TC) a declaração de inconstitucionalidade da lei da eutanásia, mostrou-se preocupada com o tempo de legalização dos imigrantes, mas foi durante a Troika que começou a ser referenciada pelos jornais por, no TC, estar contra algumas das oposições do órgão a medidas de austeridade, como o corte de salários.

Maria Lúcia Amaral é a nova ministra da Administração InternaLusa

A juntar-se à mesa do Conselho de Ministros onde o sotaque do Norte será o mais ouvido, ou a maioria dos escolhidos não fosse natural ou tivesse ligações a essa região do país, a começar pelo próprio primeiro-ministro, estará Carlos Abreu Amorim, que se viu promovido de secretário de Estado Adjuntos e dos Assuntos Parlamentares a ministro dos Assuntos Parlamentares, com a saída de Pedro Duarte, candidato à Câmara Municipal do Porto.

Deputado entre 2011 e 2019 e vice-presidente da bancada social-democrata quando Luís Montenegro e Hugo Soares lideraram os grupos parlamentares, tendo-se mostrado indisponível para se manter no cargo quando Rui Rio assumiu a presidência do PSD, era conhecido pelas posições muitas vezes polémicas nas redes sociais, sobre política e futebol.

É um tipo de posição que não é fácil de substituir, porque mais do que formação técnica é preciso um determinado perfil político. Sendo a substituição forçada pela saída do ministro [Pedro Duarte] para candidato autárquico faz algum sentido olhar para o secretário de Estado. Comporta algum risco pelo histórico de personalidade, mas as coisas não lhe correram mal e não existiram embaraços“, assinala André Azevedo Alves. E o risco pode ser mitigado pelo peso de Hugo Soares, líder parlamentar dos sociais-democratas.

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Arriscada é, contudo, segundo os politólogos ouvidos pelo ECO, a manutenção de Ana Paula Martins na pasta da Saúde. A manutenção da ministra já era dada como certa nos corredores, mas a confirmação oficial de que Montenegro lhe renova a confiança, mesmo perante as polémicas, gerou críticas dos partidos políticos e de representantes do setor.

É uma pasta difícil pela dificuldade do setor, mas também em progredir em termos de reforma estruturantes. Há uma aposta talvez mais pessoal do primeiro-ministro em continuar um trabalho que foi iniciado, mas que está longe de ser satisfatório, olhando às reações não só dos partidos como da Ordem dos Médicos“, frisa Paula Espírito Santos.

André Azevedo Alves, que descreve a ministra como “muito fragilizada”, considera que “é uma área onde Luís Montenegro arrisca, porque este ano a mensagem foi de que a culpa dos problemas era do PS que esteve no poder oito anos, mas daqui a três anos o que não funcionar já não será culpa do PS”.

Outra alteração cirúrgica abrange Margarida Balseiro Lopes, até agora ministra da Juventude e da Modernização, que com a saída já esperada de Dalila Rodrigues passa a acumular a Cultura com a da Juventude e do Desporto, perdendo o pelouro da Modernização Administrativa, transferida para as competências do recém-criado Ministério da Reforma do Estado.

Um elenco governativo, composto por 10 homens e seis mulheres, que mereceu o assentimento de Marcelo Rebelo de Sousa, que lhe dará posse 18 dias depois das legislativas, tornando-se no processo mais rápido de formação de Governo do atual inquilino de Belém.

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Santander escolhe Manuel Preto para diretor de contabilidade a nível global

Manuel Preto, administrador financeiro do Santander Portugal, foi nomeado para diretor de contabilidade a nível global do grupo financeiro espanhol.

O Santander escolheu Manuel Preto, administrador financeiro do banco em Portugal, para diretor de contabilidade (Chief Accounting Officer) a nível global, segundo um comunicado interno de Ana Botín, presidente executiva do grupo espanhol, a que o ECO teve acesso.

O responsável português sucederá a José Doncel no cargo a partir do dia 31 de julho, após a apresentação dos resultados do segundo trimestre, estando a sua nomeação sujeita à aprovação do regulador.

Segundo Ana Botín, Manuel Preto “tem uma vasta experiência em finanças, contabilidade, negócios, tecnologia e custos” e “possui o perfil perfeito para liderar esta função crítica nesta fase de transformação” do grupo espanhol.

Para o lugar de José Doncel estava na calha Alexsandro Broedel Lopes, ex-executivo do Itaú Unibanco, mas o Santander deixou cair a nomeação na sequência das acusações de fraude do antigo banco contra esse gestor, de acordo com a agência Bloomberg.

Manuel Preto ingressou no Santander em 1996. Já desempenhou vários cargos de liderança no banco. Desde 2019 que ocupa o cargo de vice-presidente executivo, administrador financeiro (com responsabilidade pela contabilidade financeira e controlo de gestão) e de diretor de Estratégia do Santander Portugal, tendo um papel relevante na transformação do banco português nos últimos anos.

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Mariana Leitão é candidata à liderança da Iniciativa Liberal

  • ECO
  • 4 Junho 2025

A também candidata dos liberais a Belém anunciou que avança para a liderança da IL porque tem "a vontade e a capacidade de agregar um movimento que inspire uma mudança no país”.

Mariana Leitão anunciou esta quarta-feira que é candidata à liderança da Iniciativa Liberal (IL). “Agora que o país inicia um novo ciclo político também a Iniciativa Liberal precisa de iniciar um novo ciclo de energia e transformação”, escreveu na rede social X, depois de Rui Rocha se ter demitido de presidente da IL no último fim de semana.

Líder parlamentar do partido – reeleita por unanimidade para a nova legislatura–, e também candidata às presidenciais de 2026, Mariana Leitão explica que avança porque tem “vontade e a capacidade de agregar um movimento que inspire uma mudança no país: sem medo de ser liberal”.

Em defesa da sua candidatura, promete que o partido será líder da “defesa da liberdade económica, política e social, do direito a cada um fazer o seu caminho e escolher a forma como vive a sua vida, do direito a cada um ver o esforço do seu trabalho recompensado, do direito a cada um dar o máximo e ver o seu mérito reconhecido”.

E lembra as suas credenciais. “Fui membro de base da Iniciativa Liberal, coordenadora de núcleo territorial, presidente do conselho nacional, deputada municipal, chefe de gabinete parlamentar, deputada da nação e líder parlamentar. Exerci todas estas funções com energia e entusiasmo”, diz.

No comunicado, nas redes sociais, a liberal ataca também o Estado, e os seus “abusos”, e “quaisquer formas de coletivismo que limitem, ou tentem limitar, a justa ambição e iniciativa dos portugueses”.

Recuso a ideia de que o que temos hoje é o melhor que Portugal pode ser. Acredito num país que se constrói em liberdade, com prosperidade e oportunidades para todos”, afirma ainda.

O nome da deputada é o primeiro da IL a avançar para a corrida à liderança. Ainda não há data marcada para a próxima convenção dos liberais.

Rui Rocha, o quarto líder do partido desde 2017, demitiu-se no passado sábado depois da IL ter reforçado o número de votos e engrossado as fileiras liberais com mais um deputado – para nove – num Parlamento que virou ainda mais à direita nas últimas legislativas de maio. Os críticos apontaram o resultado ‘poucochinho’ num partido que, durante a campanha eleitoral, já admitia participar no Governo em coligação com a AD.

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Putin acusa Kiev de terrorismo e questiona condições para dialogar

  • Lusa
  • 4 Junho 2025

"Entre pesadas perdas, recuando em todos os setores da frente, numa tentativa de intimidar a Rússia, a liderança em Kiev passou a organizar ataques terroristas", disse o presidente russo.

O Presidente russo, Vladimir Putin, acusou esta quarta-feira a Ucrânia de organizar “ataques terroristas” contra o seu país e questionou se há condições para dialogar “com aqueles que se apoiam no terror”.

“Entre pesadas perdas, recuando em todos os setores da frente, numa tentativa de intimidar a Rússia, a liderança em Kiev passou a organizar ataques terroristas”, declarou Putin durante uma reunião com o Governo transmitida em direto pela televisão.

O líder do Kremlin, que se referiu a recentes ataques ucranianos nas regiões fronteiriças de Bryansk e Kursk e à ponte da Crimeia, colocou de seguida em causa a exigência por parte de um cessar-fogo de 30 dias antes de negociações de paz, bem como de um encontro tripartido de alto nível, que incluiria o Presidente norte-americano, Donald Trump.

“Pedem a cessação das ações militares durante 30 ou mesmo 60 dias. Pedem uma reunião ao mais alto nível. Mas como é que uma reunião como esta pode ser realizada nestas condições? Para discutir o quê? Quem conversa com aqueles que se apoiam no terror, com os terroristas?”, questionou.

Vladimir Putin acrescentou que uma trégua serviria apenas para “encher o regime [de Kiev] com armas ocidentais, continuar a mobilização forçada e preparar outros atos terroristas semelhantes aos cometidos nas regiões de Bryansk e Kursk”, onde as autoridades russas indicaram sete mortes e dezenas de feridos em resultado de explosões no passado fim de semana em duas pontes ferroviárias.

O Presidente russo concordou, por outro lado, com o seu chefe da diplomacia, Serguei Lavrov, que afirmou que Moscovo deve usar todos os meios ao seu dispor, incluindo as negociações, para atingir os objetivos estabelecidos ao lançar a sua campanha militar na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Putin transmitiu ainda esta quarta ao Papa Leão XIV querer alcançar a paz por meios “diplomáticos”, enquanto acusou a Ucrânia de procurar escalar as hostilidades.

“Vladimir Putin chamou a atenção para o facto de o regime de Kiev apostar na escalada do conflito e levar a cabo ações de sabotagem contra infraestruturas civis em território russo”, indicou o Kremlin (presidência russa) num comunicado, a propósito da conversa telefónica entre o líder russo e o chefe da Igreja Católica.

O Presidente russo “reafirmou o interesse em alcançar a paz por meios políticos e diplomáticos, salientando que, para chegar a uma resolução definitiva, justa e global da crise, era necessário eliminar as suas causas profundas”, acrescentou o Kremlin.

Numa fase em que a Rússia coloca pressão máxima nas frentes leste e norte da Ucrânia e prossegue os seus bombardeamentos em várias cidades do país, as forças de Kiev lançaram no domingo uma operação especial bem-sucedida denominada “Teia de Aranha”, que consistiu num ataque de drones a partir de camiões pesados contra cinco aeródromos militares russos, dois dos quais na Sibéria.

O Presidente norte-americano revelou que manteve uma conversa com Vladimir Putin, que lhe transmitiu “com muita veemência” que pretende responder aos recentes ataques ucranianos, e admitiu que este telefonema não vai levar “à paz imediata”. Especialistas russos e ocidentais esperam que Moscovo responda ao ataque ucraniano, realizado na véspera da segunda ronda de negociações entre as partes, na segunda-feira em Istambul.

Do encontro na cidade turca, resultou um acordo para a troca de todos os prisioneiros até aos 25 anos, bem como de todos os doentes e gravemente feridos, além dos corpos de soldados em posse das partes.

A Rússia divulgou entretanto a sua proposta de paz, que inclui as suas exigências maximalistas de reconhecimento internacional sobre as quatro províncias que ocupa parcialmente na Ucrânia (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia), além da Península da Crimeia, e a retirada das tropas ucranianas destes territórios antes de assinar um cessar-fogo.

Moscovo pretende também a rejeição dos planos de Kiev de adesão à NATO e dos seus projetos de militarização. A Ucrânia, por seu lado, recusa ceder a soberania sobre aqueles territórios e exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de avançar nas conversações. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referiu-se a “um ultimato” de Moscovo, e reiterou a proposta para um encontro tripartido de alto nível com Putin e Trump, porque o atual formato negocial já “não tem sentido”.

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Reserva Federal alerta para desaceleração da atividade económica

  • Lusa
  • 4 Junho 2025

O livro bege do banco central dos EUA indica que "todas as regiões reportaram elevados níveis de incerteza económica e política", com as famílias e empresas a serem mais "cautelosas".

A Reserva Federal (Fed) norte-americana alertou esta quarta-feira para a desaceleração da atividade económica devido à incerteza política e comercial, em consequência da política tarifária de Donald Trump.

A Fed observou um “ligeiro declínio” no desempenho da economia dos EUA no seu “Livro Bege”, um relatório publicado oito vezes por ano, que analisa as condições económicas por região. “Todas as regiões reportaram elevados níveis de incerteza económica e política, o que levou à indecisão e a uma abordagem cautelosa nas decisões empresariais e familiares”, apontou o relatório.

No que se refere aos gastos, os dados revelam que algumas regiões apresentam uma desaceleração, enquanto outras têm aumentos pontuais. Por sua vez, a atividade industrial “decresceu ligeiramente” e os gastos dos consumidores tiveram quedas ligeiras ou mantiveram-se estáveis na maioria das regiões analisadas.

Esta semana, entrou em vigor um aumento das tarifas sobre o aço e o alumínio para 50%, ou seja, o dobro, uma medida que afeta países como o Canadá, México, Brasil, Coreia do Sul ou Vietnam

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Novo Governo. CIP elogia reforma do Estado. CCP espera o “famoso choque fiscal”

  • Lusa
  • 4 Junho 2025

A primeira medida para a reforma do Estado deve ser a identificação do desperdício, uma vez que existem serviços que “não servem ninguém”, defende Armindo Monteiro.

A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) destacou o papel central da Economia na composição do novo Governo e o facto de estar nas suas preocupações a reforma da administração pública. Já a Confederação dos Serviços e Comércio de Portugal (CCP)vê vantagens na junção da Economia e Coesão Territorial

Um país que não tem uma administração pública eficiente e os serviços a funcionar de forma eficiente para as pessoas, famílias e empresas, é um país que não funciona ou não está ao nível do seu potencial”, afirmou o presidente da CIP, Armindo Monteiro, em declarações à Lusa.

Para a confederação, a primeira medida para a reforma do Estado deve ser a identificação do desperdício, uma vez que existem serviços que “não servem ninguém”. Já sobre o ministro que vai assumir esta pasta, Gonçalo Matias, a CIP disse ser um profissional com provas dadas, que conhece bem o Estado e as suas funções e que sabe construir métricas que identifiquem os desperdícios e ineficiências que existem.

Armindo Monteiro destacou ainda a centralidade que a Economia “parece ter neste novo elenco”, ao surgir em quarto lugar na orgânica do Estado, sublinhando que o que permite pagar todas as funções do Estado são os impostos gerados pela economia. “Se não tivermos o cuidado de olhar para o mundo e perceber que a governação de Portugal tem a ver com o momento em que nos encontramos, vamos ter um país menos próspero, com mais dificuldades”, apontou.

Relativamente à escolha de Castro Almeida para ministro da Economia, acumulando com a Coesão Territorial, Armindo Monteiro afirmou que se trata de alguém com “profunda experiência administrativa a nível central e local”, que conhece bem o território e o tecido empresarial. A CIP espera ainda que haja uma capacidade de trabalho em equipa, de modo a que Portugal tenha capacidade de crescer e ser um país próspero.

Já o presidente da CCP, João Vieira Lopes, classificou de “positiva” a junção dos ministérios da Economia e da Coesão Territorial e espera que o próximo orçamento do Estado traga o “famoso choque fiscal”.

Na leitura do presidente da CCP, “o Ministério da Economia tem sido desvalorizado” por “muitos governos, de todas as cores políticas”, considerando que um “dos grandes problemas” residia no facto de os projetos e a aplicação dos fundos comunitários “circular entre dois ministérios”, o que gerava “entropias”.

Neste contexto, Vieira Lopes vê como positiva a junção das duas áreas sob a mesma tutela, mas aponta dois desafios. “O primeiro [desafio] é se se consegue combater a burocracia e tudo aquilo que perturba neste momento a aplicação dos fundos”, referiu, apontando que se correm sérios riscos de o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] não poder ser aplicado integralmente numa série de projetos e os atrasos no Portugal 2030.

A este junta-se o desafio de inverter a degradação dos centros das cidades, através de uma política de cidades: “Neste momento, os centros das cidades estão a degradar-se. Estão a prejudicar não só os habitantes das localidades, mas como também a própria economia e, qualquer dia, também o mesmo turismo. E não tem havido uma coordenação clara do urbanismo comercial, enfim, licenciamentos, mobilidade nos centros das cidades”, afirmou.

Olhando já para a preparação da proposta do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), João Vieira Lopes espera que esta integre de “forma muito mais clara” o “famoso choque fiscal”, considerando que as medidas tomadas até agora “foram de pequena monta”.

Ainda assim, admite que a revisão em baixa do crescimento da economia e a possibilidade de regresso a défices a partir de 2026 projetadas por vários organismos possa colocar risco no cumprimento de algumas promessas eleitorais, ressalvando que é, no entanto, necessário avançar no caminho do desagravamento fiscal.

Para a CCP é ainda fundamental que a Concertação Social seja valorizada e que sejam cumpridos os acordos já assinados, sendo este um desafio para o Ministério do Trabalho e que Maria do Rosário Ramalho terá, após as “circunstâncias políticas” terem levado o Governo anterior a viver “muito tempo, na prática, em campanha eleitoral”.

“Achamos que, neste momento, tem que ser valorizada claramente a Concertação Social, têm de ser cumpridos os acordos já assinados e vários aspetos que ficaram pendentes como o gestão do trabalho e outros têm que ser abordados”, precisou.

O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, apresentou esta quarta-feira o seu segundo Governo, que terá 16 ministérios, menos um do que o anterior, e vai manter treze dos 17 ministros do executivo cessante.

A posse do XXV Governo Constitucional será na quinta-feira às 18:00, 18 dias depois das eleições, o que constitui o processo mais rápido de formação de Governo nos mandatos presidenciais de Marcelo Rebelo de Sousa.

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Uma promoção e duas novidades, quem são os novos ministros de Montenegro?

Há duas caras novas no Governo de Luís Montenegro, e uma promoção interna a ministro. Conheça o breve perfil dos novos governantes.

A composição do XXV Governo Constitucional traz três caras novas. Gonçalo Saraiva Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos foi o escolhido por Luís Montenegro para liderar o novo Ministério da Reforma do Estado. A Provedora de Justiça, Maria Lucília Amaral, substitui Margarida Blasco na Administração Interna e Carlos Abreu Amorim sobe de secretário de Estado a ministro dos Assuntos Parlamentares.

Veja aqui o perfil dos novos rostos do Governo:

Um jurista para reformar o Estado

Gonçalo Saraiva Matias será um repetente num governo da coligação PSD/CDS e volta à pasta que então lhe coube. O professor de Direito da Universidade Católica foi Secretário de Estado Adjunto e para a Modernização Administrativa no segundo Executivo de Passos Coelho, o mais curto da democracia portuguesa, entre outubro e novembro 2015. Agora integra o Governo de Luís Montenegro como ministro-adjunto e da Reforma do Estado.

Gonçalo Saraiva Matias, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos
Gonçalo Saraiva Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos.Hugo Amaral

Gonçalo Saraiva Matias já vinha a ser referido como um nome provável para o novo Governo. Nos últimos anos, ganhou relevância pública como presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, cargo que ocupava desde 2022, depois de ter entrado em 2018 para a administração da entidade criada por Alexandre Soares dos Santos, antigo presidente da Jerónimo Martins.

Nasceu em Lisboa, em 1979. O pai é advogado da Saraiva Matias & Associados e a mãe foi professora primária. Gonçalo Saraiva Matias seguiu Direito, licenciando-se em 2002 na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, ficando como professor e onde ainda dá aulas. Depois de se doutorar, em 2014, foi Dean da Católica Global School of Law entre 2018 e 2022.

Aos 26 anos foi viver para Washington. Um ano “extraordinário”, como contou ao programa Geração 70, da SIC Notícias. Foi visiting scholar na Georgetown University Law School e mais tarde professor convidado da Washington University, em Saint Louis.

Gonçalo Saraiva Matias tem dado particular atenção ao tema da imigração. Foi diretor do Observatório das Migrações entre 2014 e 2015 e era desde outubro de 2024 membro do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo.

Entra para o Executivo com o peso de ministro-adjunto do primeiro-ministro e com a tarefa de entregar uma reforma do Estado há muito pedida mas nunca efetivada. No último Conselho Nacional do PSD, na quinta-feira, o primeiro-ministro já tinha apontado a modernização administrativa e o combate à burocracia como grandes prioridades do novo Governo.

“Vamos lançar um procedimento sem nenhuma comparação com todos os esforços que já fizemos até hoje para tornarmos a nossa administração menos burocrática e para mobilizarmos o país para uma estratégia de confiança no funcionamento das instituições públicas”, prometeu o primeiro-ministro.

Há uma competição feroz [por talento], que passa por salários, pelo sistema fiscal, mas não só. Passa pela atratividade dos países em várias dimensões. Uma delas é a política migratória e até a simplificação burocrática. Alguém que tem de tomar uma decisão de emigrar para algum lugar vai ter todos esses aspetos em consideração, incluindo a burocracia.

Gonçalo Saraiva Matias

Da Provedoria de Justiça à pasta da Administração Interna

É mais uma mulher – num Governo com apenas seis – à frente da Administração Interna. Maria Lúcia Amaral sucede a Margarida Blasco, que já era apontada como uma das prováveis “remodeláveis” neste novo Executivo de Luís Montenegro.

A provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, durante uma cerimónia de apresentação de cumprimentos de Bom Ano novo ao Presidente da República, no Palácio de Belém, em Lisboa, 02 de janeiro de 2020. JOSÉ SENA GOULÃO/LUSAJOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Maria Lúcia Amaral transita do cargo de Provedora da Justiça que ocupa desde 2017, tendo começado o seu segundo mandato em 2021. Foi mesmo a primeira mulher a ocupar o cargo. Antes disso, estava como vice-presidente do Tribunal Constitucional, órgão para o qual entrou em 2007, também por escolha da Assembleia da República.

Tem uma vida inteira dedicada ao direito, nomeadamente com maior foco na área Constitucional. Nasceu em Angola, em 1957, licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa em 1980, tendo tirado depois uma pós-graduação em Ciências Jurídico-Políticas e um doutoramento em Direito Constitucional. É professora catedrática da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

À frente da Provedoria de Justiça, tinha como função defender as pessoas que vejam os seus direitos fundamentais violados ou se sintam prejudicadas por atos injustos ou ilegais da administração ou de outros poderes públicos. Por esse motivo, o PS já criticou o trânsito de um cargo para outro, por passar de alguém que vigia e combate eventuais abusos das autoridades, com independência, para a gestão de um ministério como o da Administração Interna.

A atividade de polícia é uma atividade administrativa do Estado que, assim, tal como as suas demais atividades, está vinculada aos direitos fundamentais tal como eles resultam da Constituição – e que são na sua substância a “tradução” para o direito interno dos Direitos Humanos. Quer isto dizer que no Portugal da terceira República, não pode haver oposição entre atividade policial, por um lado, e os direitos humanos, por outro. As duas coisas fazem parte da mesma unidade.

Maria Lúcia Amaral

Ex-secretário de Estado promovido a ministro

Carlos Abreu Amorim é um dos três novos ministros do novo Governo. O até aqui secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, que estava com a tutela da comunicação social, foi promovido à equipa executiva liderada pelo primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro. No gabinete dos Assuntos Parlamentares, a mudança estava previamente anunciada, uma vez que Pedro Duarte precisava de sucessor por ter decidido candidatar-se à presidência da Câmara Municipal do Porto.

A escolha recaiu sobre quem se encontrava na posição logo abaixo, o também governante Carlos Abreu Amorim, secretário de Estado do XXIV Governo Constitucional, que tomou posse em abril de 2024.

O secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, fala aos jornalistas durante a conferência de imprensa sobre Plano de Ação para a Comunicação Social, em Lisboa, 08 de outubro de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

Nascido em 1963, Carlos Abreu Amorim é doutorado em Direito e professor académico na Escola de Direito da Universidade do Minho. Especialista em temas de Direito Administrativo, Direito do Ambiente, Direito Constitucional e Direitos Fundamentais, é investigador no centro JusGov e coordenador do Glob – Globalização, Democracia e Poder. Na Assembleia da República, foi deputado nas XII e XIII legislaturas e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD.

Enquanto ministro dos Assuntos Parlamentares está encarregue de acompanhar a atividade parlamentar, formular, conduzir, executar e avaliar as políticas públicas nas áreas do desporto e da comunicação social. A governação dos media é uma temática com a qual está familiarizado, uma vez que já teve em mãos o plano de ação de apoio aos media, a Lusa e a RTP. É defensor de uma imprensa “livre, isenta e crítica”, bem como do combate à desinformação através da “aposta nos instrumentos de verificação de factos”.

A democracia não pode subsistir, sobreviver sem uma informação livre, sem uma Comunicação Social livre, isenta e crítica

Carlos Abreu Amorim

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Trump fala ao telefone com Putin. “Não haverá paz imediata” na Ucrânia

  • Lusa
  • 4 Junho 2025

Durante a conversa de uma hora e 15 minutos, "Putin disse, e com muita veemência, que terá de ripostar ao recente ataque aos aeródromos" russos, numa operação surpresa das forças ucranianas.

O Presidente norte-americano revelou esta quarta-feira que manteve uma conversa com o homólogo russo, Vladimir Putin, que lhe transmitiu “com muita veemência” que pretende responder aos recentes ataques ucranianos, e admitiu que este telefonema não vai levar “à paz imediata”.

Discutimos o ataque aos aviões russos estacionados [em aeródromos militares], por parte da Ucrânia, e também vários outros ataques que têm vindo a ocorrer de ambos os lados. Foi uma boa conversa, mas não uma conversa que conduza à paz imediata”, indicou Donald Trump na sua rede Truth Social.

Segundo o líder da Casa Branca, durante a conversa de uma hora e 15 minutos, “Putin disse, e com muita veemência, que terá de ripostar ao recente ataque aos aeródromos” russos, numa operação surpresa das forças ucranianas no passado domingo.

A presidência da Rússia adiantou esta quarta que vai fazer tudo o que for possível para esclarecer os ataques ucranianos no domingo contra os aeródromos da aviação militar russa, que resultaram na destruição de vários bombardeiros. O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, disse que se tratou de um crime que vai ser investigado.

Na operação, com o nome “Spider’s Web” (“Teia de Aranha”), drones ucranianos lançados a partir de camiões dentro da Rússia atacaram cinco aeródromos militares, dois dos quais na Sibéria, que foi pela primeira vez alvo de ataques das forças de Kiev. O Ministério da Defesa russo admitiu que os ‘drones’ ucranianos conseguiram atingir os objetivos em Irkutsk e Murmansk.

O Presidente russo, Vladimir Putin, ainda não tinha comentado estes ataques. A Ucrânia reclamou a destruição de um terço dos aviões militares da Rússia que integram um dos três elementos da estratégia nuclear de Moscovo, juntamente com os submarinos atómicos e os mísseis intercontinentais.

Especialistas russos e ocidentais esperam que Moscovo responda ao ataque ucraniano, realizado na véspera da segunda ronda de negociações de paz, na segunda-feira em Istambul (Turquia), a par da intensificação das operações russas no leste e norte da Ucrânia. Do encontro na cidade turca, resultou um acordo para a troca de todos os prisioneiros até aos 25 anos, bem como de todos os doentes e gravemente feridos, além dos corpos de soldados em posse das partes.

A Rússia divulgou entretanto a sua proposta de paz, que inclui as suas exigências maximalistas de reconhecimento internacional sobre as quatro províncias que ocupa parcialmente na Ucrânia, além da Península da Crimeia, e a retirada das tropas ucranianas destes territórios antes de assinar um cessar-fogo.

Moscovo pretende também a rejeição dos planos de Kiev de adesão à NATO e dos seus projetos de militarização. A Ucrânia, por seu lado, recusa ceder a soberania sobre aqueles territórios e exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de avançar nas conversações. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referiu-se hoje a “um ultimato” de Moscovo, e reiterou a proposta para um encontro tripartido de alto nível com Putin e Trump, porque o atual formato negocial já “não tem sentido”.

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PSD “espantado” por André Ventura anunciar alegadas buscas policiais na Câmara de Bragança

  • Lusa
  • 4 Junho 2025

André Ventura anunciou que estavam a decorrer alegadas buscas na autarquia de Bragança. Hugo Soares "espantado" por a operação ter sido avançada pelo líder do Chega.

O líder parlamentar do PSD manifestou-se esta quarta-feira “espantado” por o presidente do Chega ter comunicado uma alegada realização de buscas na Câmara de Bragança, podendo ter como alvo o ex-secretário de Estado social-democrata Hernâni Dias.

Hugo Soares transmitiu esta posição na Assembleia da República, depois de ter sido confrontado com palavras minutos antes transmitidas aos jornalistas por André Ventura, também no parlamento, sobre a realização de buscas na autarquia de Bragança – em relação às quais o presidente do Chega disse não dispor de confirmação.

O presidente da bancada social-democrata começou por responder que Hernâni Dias, enquanto deputado do PSD, não está fragilizado. “Mas aquilo que mais me espanta, aquilo que me espanta mesmo, é que, aparentemente, buscas na Câmara Municipal de Bragança tenham sido anunciadas ao país pelo deputado André Ventura”, reagiu.

Ainda em declarações aos jornalistas, Hugo Soares acrescentou: “Eu não tenho as mesmas fontes que o deputado André Ventura [tem], mas vocês poderiam perguntar-lhe quais são as fontes” dele.

Antes, o presidente do Chega dissera o seguinte aos jornalistas: “Deixo esta informação – entre parênteses – por poder não ser correspondente totalmente à verdade, mas tanto quanto eu soube a PJ está esta tarde também na Câmara de Bragança, por causa, precisamente, de alguns negócios e elementos relacionados com Hernâni Dias”.

Instado a dar mais detalhes sobre o caso, André Ventura alegou: “É a informação que tenho, não consegui confirmar, por isso vos disse entre parênteses, que esta informação estava sujeita a análise, mas é mais um [caso] se for verdade – e se se confirmar”.

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