Nos lança campanha dirigida aos que querem sempre mais. Criatividade é d’O Escritório

  • + M
  • 3 Fevereiro 2025

Com produção da Playground e planeamento de meios a cargo da Arena Media, a campanha "sublinha o valor do inconformismo e da insatisfação permanente, na busca da excelência".

Dirigindo-se aos aos que querem sempre mais, a Nos lança esta segunda-feira uma nova campanha onde salienta as potencialidades do 5G+, destacando a “velocidade de upload até duas vezes superior”.

Assinada pel’O Escritório e tendo como claim “5G+. Para quem não se contenta com menos”, a campanha “sublinha o valor do inconformismo e da insatisfação permanente, na busca da excelência“.

Nos dois spots mostram-se equipas que conseguiram grandes feitos — como a chegada ao cume de uma montanha ou ao planeta Marte — mas em que há sempre um elemento eternamente insatisfeito, que quer sempre mais. “Foi para estas pessoas, que não se contentam com a excelência, que a Nos lançou a sua rede 5G Stand Alone, o 5G+“, refere-se em nota de imprensa.

“Em 2024, provamos aos portugueses que a rede móvel da Nos era a melhor em velocidade, cobertura e resiliência. Agora, com o lançamento do 5G+, podemos oferecer possibilidades ainda mais extraordinárias. Assim, aproveitando que a velocidade da net móvel 5G pode ser ainda melhor com o 5G+, lançamos esta campanha, em tom de desafio aos eternos insatisfeitos, para que nunca se contentem com menos e que procurem sempre a próxima conquista. Para esses, para os entusiastas do futuro, estará cá sempre a Nos”, diz António Fuzeta da Ponte, diretor de marca e comunicação da Nos, citado em comunicado.

Com produção da Playground e planeamento de meios a cargo da Arena Media, a campanha marca presença em televisão, digital e redes sociais.

“Recorde-se que o 5G+ da Nos tem como base uma arquitetura de rede mais avançada, tanto na rede core/serviços como na rede de acesso. Abre uma nova página na capacidade de desenvolvimento e implementação de serviços com características diferenciadoras como a garantia de qualidade de serviço orientada às diferentes aplicações (vulgo network slicing) e a capacidade de suportar de forma massiva equipamentos IoT, entre outros”, diz a marca em nota de imprensa.

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Calçado português volta a encolher nos pés dos estrangeiros. Exportações caem 6,5% em 2024

Fábricas nacionais afetadas por "notório abrandamento dos principais mercados internacionais, nomeadamente Alemanha, França e Países Baixos". Portugal calçou 67 milhões de pessoas em todo o mundo.

As exportações da indústria portuguesa do calçado até cresceram 3,3% em volume no ano passado, para um total de 67 milhões de pares, recuperando parte das quantidades perdidas no ano anterior. No entanto, o valor dessas vendas ao exterior diminuiu pelo segundo ano consecutivo (-6,5%) para 1.702 milhões de euros.

Segundo as estimativas da associação do setor (APICCAPS), com base nos dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística, o setor exportou mais de 90% da produção para 170 países em todos os continentes. No pódio estão Alemanha (383 milhões de euros), França (348 milhões) e Países Baixos (195 milhões de euros), seguidos do Reino Unido e EUA, onde as vendas aumentaram 25% nos últimos três anos.

“É o reflexo da dinâmica do mercado. O ano que terminou foi muito difícil no plano externo. É notório um abrandamento dos principais mercados internacionais, nomeadamente Alemanha, França e Países Baixos, que afetou os principais protagonistas do setor, e as nossas empresas em particular”, desabafa Luís Onofre.

O presidente da APICCAPS sublinha, por outro lado, citado num comunicado, que “começa a ser percetível a estratégia do setor de diversificar a oferta de produtos, ainda que muitas vezes recorrendo à subcontratação no exterior, a exemplo do que já fazem os nossos principais concorrentes internacionais”.

Começa a ser percetível a estratégia do setor de diversificar a oferta de produtos, ainda que muitas vezes recorrendo à subcontratação no exterior, a exemplo do que já fazem os nossos principais concorrentes internacionais.

Luís Onofre

Presidente da APICCAPS (calçado)

E isso começa a ser visível nas estatísticas. Apesar de ainda representarem mais de 80% das vendas em valor no estrangeiro, as exportações de calçado em couro recuaram 7% para 39 milhões de pares no ano passado, ao passo que o calçado noutros materiais (impermeável, plástico ou têxtil) progrediu 22,6% em termos homólogos, valendo já 28 milhões de pares à indústria nacional.

Luís Onofre reconhece que “esse é um caminho” que a indústria nacional deve “aprofundar”. “Ainda que acreditemos que o calçado em couro seja a melhor solução do mercado (…) porque é um produto natural, tecnicamente mais robusto e consideravelmente mais sustentável, na medida em que apresenta um período de vida mais longo, temos feito um esforço considerável para investir numa nova geração de produtos, nomeadamente no âmbito do projeto Bioshoes4all”, resume o líder do setor.

Melhores notícias continuam a chegar do setor dos artigos de pele e marroquinaria, que no ano passado voltaram a subir 8,5% para renovarem o máximo histórico nas exportações: 351 milhões de euros. Recorrendo aos dados provisórios libertados pelo gabinete de estatísticas, destaca-se o segmento “malas e bolsas” com um crescimento de 10,6% para 175 milhões de euros.

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“Guerra comercial generalizada” ameaça empresas e economias, adverte Allianz Trade

CEO da Allianz Trade, Aylin Somersan Coqui, aconselha as empresas a estarem "atentas às suas estratégias de crescimento no contexto das tensões geopolíticas e da crescente onda de protecionismo".

A Allianz Trade, acionista da companhia de seguros de crédito COSEC, melhorou a análise de risco país de 48 economias em 2024, mais do dobro das subidas de avaliação registadas em 2023. Apesar desta melhoria de outlook, a seguradora de crédito alerta que o risco país “continua altamente exposto às tensões geopolíticas e financeiras previstas para os próximos meses” e uma guerra comercial generalizada poderá travar o crescimento e fazer regressar as pressões inflacionistas.

“Embora as perspetivas económicas mundiais tenham melhorado, graças à desaceleração da inflação, à recuperação dos fluxos de crédito e à melhoria das condições de liquidez, muitos países com baixos rendimentos continuam a apresentar condições de negócio menos favoráveis, enquanto as economias com elevados rendimentos enfrentam uma incerteza política prolongada“, avisa Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade. O responsável destaca ainda que “dois terços das atualizações do Country Risk Atlas que fizemos no ano passado se baseavam em indicadores de curto prazo, o que indica que estas melhorias são cíclicas e potencialmente reversíveis”.

Perante este cenário, diz Aylin Somersan Coqui, “as empresas devem estar atentas às suas estratégias de crescimento no contexto das tensões geopolíticas e da crescente onda de protecionismo. É provável que as cadeias de abastecimento se tornem ainda mais complexas, o que torna ainda mais importante monitorizar o risco de cada país”.

O Country Risk Atlas, o segundo relatório publicado pela Allianz Trade, onde a seguradora explora o risco país, revelou uma “melhoria significativa” face a 2023, com Portugal a surgir avaliado com um risco país baixo. Em 2024, 48 países foram alvo de um upgrade e apenas cinco países registaram uma descida de avaliação.

Mas “a tendência positiva poderá facilmente inverter-se em 2025-2026, com as tensões geoeconómicas a pesarem na confiança das empresas e no mercado“. O relatório destaca que estas tensões “poderão ser exacerbadas por uma nova materialização de riscos de abrandamento”.

Uma guerra comercial generalizada é uma grande preocupação: a perda de atividade económica daí resultante e o regresso das pressões inflacionistas prejudicariam provavelmente a confiança dos investidores, mantendo-os num modo de ‘esperar para ver’ prolongado”, aponta Ana Boata, Diretora de Estudos Económicos da Allianz Trade.

Ana Boata nota ainda que, “ao mesmo tempo, a crescente polarização, já evidente em muitos países, impõe custos económicos significativos, enquanto intensifica as divisões sociais. A frequência e a gravidade da agitação civil também estão a aumentar, impulsionadas por fatores como a inflação, os ajustamentos orçamentais e o atraso no crescimento da produtividade. Neste contexto, os decisores políticos devem colmatar o crescente défice de confiança e atenuar os riscos de polarização”.

Tal como já era antecipado, o presidente norte-americano aprovou a implementação de novas tarifas sobre as importações do Canadá, México e da China, antecipando-se novos impostos sobre os bens que são exportados da Europa para os EUA. Uma situação que está a suscitar grande preocupação, com as regiões alvo de tarifas a prepararem-se para retaliar.

Portugal: crescimento moderado, mas resiliente

No caso de Portugal, a Allianz Trade avalia o país com um risco “baixo”, com um “crescimento económico moderado, mas resiliente”. “Para a Allianz Trade, Portugal tem registado um ritmo de crescimento sustentado nos últimos anos, com uma melhoria global do desempenho económico face à sua fraca posição após a crise da dívida soberana da zona euro”, refere o relatório.

A seguradora nota ainda que Portugal conseguiu reduzir a sua dívida pública de 134,1% do PIB em 2020 para 97,9% em 2023, devido ao forte crescimento nominal do PIB e às reformas de consolidação orçamental. Já o saldo orçamental regressou a um excedente em 2023 e, “de acordo com as previsões da líder mundial em Seguro de Crédito, é provável que se mantenha positivo, apesar de estar a diminuir, até 2026. Caso o défice orçamental se mantenha baixo, a dívida pública deverá estabilizar“.

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A liderar a comunicação da Visabeira focada nos objetivos do grupo, Catarina Pestana, na primeira pessoa

Chegada há mais de 12 anos ao grupo, Catarina Pestana é brand communication director da Visabeira. Cliente e criativa em simultâneo, encontra "nas barreiras formas para conseguir criar".

A comunicação é [feita] muito a par e passo com o board da Visabeira, uma empresa que assenta muito naquilo que é o crescimento orgânico, com uma estratégia de aquisição, pelo que a comunicação tem obviamente de estar muito ao lado do negócio. Não é propriamente uma comunicação centrada no cliente. Trabalhamos essencialmente para um mercado B2B [business to business] e não para o consumidor final. Temos obviamente uma definição de budget, de objetivo, mas é um fervilhar diário, com um trabalho muito próximo da administração e dos seus objetivos”.

As palavras são de Catarina Pestana, brand communication director da Visabeira, grupo que detém diversas empresas de diferentes setores, desde as telecomunicações à energia, construção, imobiliário ou cerâmica. Vista Alegre, Bordallo Pinheiro ou Constructel são algumas das suas marcas.

Segundo a responsável explica ao +M, a comunicação do grupo não é trabalhada da mesma forma que em muitas outras empresas, que “têm uma definição a 12 meses, e que por lá caminham com um à vontade muito mais distinto, ou seja, muito a pensar no produto, no consumidor, nas campanhas. Aqui é feita uma gestão mais fina, mais focada nos objetivos do grupo“.

No entanto, quando se tratam de marcas como a Bordallo Pinheiro ou a Vista Alegre, “que já são love brands“, o trabalho já é feito de uma “forma mais próxima daquilo que são estratégias a 12 meses e com um budget definido”.

Mas ainda assim tendemos a dissecar a coisa cada vez mais, até por uma questão de gestão de orçamentos. No caso da Vista Alegre, que se encontra a celebrar 200 anos, por exemplo, é uma marca que merece mundos e fundos para as celebrações, mas temos contingentes orçamentais grandes. Há muita coisa que se tem feito com esforço e sobretudo através de parcerias“, refere.

Num grupo tão grande e diversificado, o dia-a-dia de Catarina Pestana “nunca é propriamente aborrecido”, existindo sempre “novidades e desafios novos”. Embora normalmente esteja dedicada a projetos mais específicos — nesta altura encontra-s a trabalhar no livro dos 200 anos da Vista Alegre — são várias as outras iniciativas que estão a acontecer.

“O trabalho nunca é muito linear, e acho que é o normal quando se está numa estrutura muito grande, em que há oportunidades que surgem que são interessantes, imperdíveis, e que têm de ser ajustadas à dimensão dos recursos que se tem”, explica.

Em retrospetiva, Catarina Pestana considera que o seu percurso é “um bocadinho atípico”, uma vez que, embora trabalhe em comunicação e marketing, a sua origem está no design, área em que começou a trabalhar em Londres, na revista de luxo da Harvey Nichols e depois na Intersection Magazine. Esteve depois durante mais de dois anos com o designer gráfico britânico Peter Saville, que “trabalhou para todos os grandes nomes da moda”.

Esse percurso e ambiente na cidade londrina tiveram um “elevadíssimo impacto” no seu percurso, uma vez que Catarina Pestana se começou a aperceber que “a criatividade e o design permitiam fazer muitas coisas”.

Veio para Portugal, onde fundou a Dasein, a sua própria agência. “Nós aqui, num mercado mais pequeno como o nosso, temos de ter uma maior complementaridade e uma visão muito holística, ao contrário de outros mercados internacionais, onde se é contratado para ‘carregar num botão’. E eu acho que o início pelo design me permitiu isso e que o meu percurso e aquilo que eu faço hoje é muito fruto desse ecletismo“, explica.

Com a Dasein, agência que era uma “espécie de boutique de design”, trabalhou clientes como Caixa Geral de Depósitos, Central de Cervejas, Danone, Euronext Lisbon, Fundação Calouste Gulbenkian ou Vista Alegre Atlantis e Grupo Visabeira, “daí este crescimento orgânico dentro do grupo Visabeira à posteriori”.

Foi em 2012 que ingressou então no grupo Visabeira como responsável de comunicação institucional. Dentro do grupo encontrou “um mundo completamente gigante, multissetorial e com uma multiplicidade de marcas, desde marcas B2B a B2C, nacionais, internacionais, com posicionamentos completamente distintos”.

É um grupo onde sinto que tenho imensas profissões, não apenas pela característica da função que desempenho, mas também pelos diferentes cenários do grupo onde há uma coisa muito interessante, que é a sinergia entre marcas e que acaba por permitir ainda outros cenários, outras parcerias. É uma coisa muito vasta, muito rica“, diz.

De responsável de comunicação institucional passou depois para a direção de marketing e comunicação. No grupo, “a questão é que as coisas têm evoluído imenso e funcionado muito por estratégia de aquisição. E portanto as funções dentro do grupo também têm mudado consoante as escalas e as necessidades“, refere.

Em 2017 fundou a Bang Bang Agency, uma agência interna do grupo Visabeira que tinha como objetivo responder às necessidades criativas das marcas internas. No entanto, esta agência trabalhava ainda com marcas externas ao grupo, pelo que também trabalhou com a Control, Chicco, Fox Movies, ERA Imobiliária, Casino Lisboa e Casino Estoril, Jerónimo Martins ou Izidoro.

Na altura da pandemia, e tendo em conta que o grupo “começou também a articular as coisas de outra maneira”, a decisão passou por manter a Bang Bang Agency ativa mas apenas para clientes internos, situação que se mantém até hoje, “mesmo também por uma questão de otimização de recursos”. No entanto, o grupo também recorre a outras agências externas para algumas situações pontuais.

Aos 44 anos, a atual brand communication director é também professora. A experiência enquanto docente — da qual tem “gostado imenso” — começou por altura da pandemia, dando aulas atualmente no IADE e, sobretudo, na Universidade Católica.

“Tem sido muito giro. Era uma coisa que há uns anos seria impensável, mas é uma maneira muito gira de nos mantermos próximos do mercado. Dou aulas a executivos, e portanto são pessoas que estão no mercado de trabalho, são colegas. E eu também tenho uma maneira muito informal de me dar com as pessoas e acaba por ser uma forma de estar muito próxima do que são as novidades do mercado, de estudar, que é uma coisa que sempre gostei imenso“, refere.

Gosto mesmo muito de estudar, de refletir sobre as coisas, de investigar. E acho que isso aliado à minha atuação profissional, que é um fervilhar de coisas, ajuda-me bastante a estruturar as ideias”, refere. Nesta lógica, está até a pensar “aventurar-se por aí fora em termos académicos”, ou seja, tirar um doutoramento.

Atualmente, Catarina Pestana vive na zona de Alvalade, Lisboa, com o marido e as duas filhas, uma com três e outra com cinco anos, sendo que estas representam “um grande desafio”. Lisboeta de gema, nas veias corre-lhe uma “mistura de sangues” de outros locais, nomeadamente da Madeira, de Espanha e do Alentejo.

Recordando os seus momentos de infância e adolescência, confidencia — entre risos — que o seu “pior medo” é que as filhas lhe deem “um ínfimo” dos problemas que deu durante a sua fase de adolescente.

Foi esta rebeldia que levou os seus avós, por quem foi educada — sendo que o avô era oficial do exército — a acharem que o Instituto de Odivelas, colégio interno tutelado pelo exército, seria o sítio indicado para desenvolver os seus estudos, pelo teve uma “vivência lisboeta muito atípica, uma vez que só saía ao fim de semana”.

Tendo estudado no Instituto de Odivelas entre os nove e os 17 anos, Catarina Pestana tem “mixed feelings” em relação a esse período. “Não foi propriamente o que mais gostei, de estar interna, porque sempre apreciei muito a liberdade. Mas tenho amigas para toda a vida“, refere.

Foram tremendos anos de rebeldia. Custou a crescer. Foi um misto entre o ter de estar num sítio muito estereotipado, muito direito, muito militar, com muitas regras, e o crescer normal de alguém que se está a definir e a tentar encontrar“, recorda.

No entanto, esse período de internato e de regras deu-lhe também uma “ambivalência” em termos criativos. “Tenho um cérebro bastante criativo — digo isto como característica e não como qualidade — e também é verdade que a Visabeira se calhar não é o sítio mais esperado para uma pessoa tão artística. Mas é porque eu tenho esta ambivalência: preciso de saber exatamente quais são as regras e diretrizes, mesmo que seja para discordar delas“, explica.

Foi o facto de ter estudado no estrangeiro, em Londres, que depois lhe deu uma “noção de vida completamente diferente“. “Acho que Londres deu aquela noção de multiculturalidade que eu precisava para respirar. Acho que foi um ponto importantíssimo no meu crescimento”, refere. A ida para Londres deu-se porque na altura tinha um namorado que foi trabalhar para Londres, tendo resolvido ir com ele, pelo que mudou de faculdade, trocando a Faculdade de Belas-Artes pelo Chelsea College of Arts.

Entre as suas “imensas” áreas de interesse, encontra-se uma que está relacionada “com a criatividade, nas diferentes formas que isso possa ter”. “Acho que a criatividade, muitas das vezes, ainda está muito ligada a esta questão artística. Mas a criatividade a mim interessa-me muito no mundo da comunicação — que é onde atuo –, mas também sob outras formas, nomeadamente naquilo que é a construção do cérebro ou a maneira como vamos lidando com a nossa inteligência emocional“, diz, explicando a razão pela qual lê muitos livros relacionados com o tema.

Ainda no campo da literatura, tem-se dedicado ultimamente a ler as obras das 17 mulheres que já conquistaram um prémio Nobel da Literatura, até porque se diz uma “feminista convicta”. “Dá-me muito prazer ler mulheres e é engraçado que tenho descoberto que há muitas mulheres e homens que estão a querer ler mulheres. Esta é uma das questões da minha atualidade”, refere.

Além disso, é também “viciada” em teatro, tanto em termos de assistir a peças como de participar em aulas. “O teatro para mim é respirar. São momentos únicos, onde uma sala está em silêncio, onde se aplaude ao vivo uma coisa que está ou acabou de acontecer. É algo que acontece naquele momento, ao contrário do mundo do digital, em que podemos sempre gravar ou recuar. E eu acho que me estou a tornar muito numa pessoa do momento, em sentir o momento. O teatro traz-nos uma componente humana e uma história ao vivo. Ir ao teatro é sentir-me viva“, afirma.

Enquanto profissional, considera-se uma pessoa “super flexível”. “Acho que estou mesmo treinada para me adaptar a contextos, meios, cenários, porque eu própria preciso disso para criar as minhas próprias regras, barreiras, defesas. Sou sempre aquela pessoa que está à procura do briefing, para o destruir, construir, reconstruir. Procuro isso e tenho uma grande elasticidade nos meus processos e modo de atuação profissional“, refere.

Enquanto pessoa, considera também que não será “muito diferente disso”. “Eu fui sempre sobrevivente em contextos. E isso acho que sempre ativou a minha criatividade. Muitas vezes as pessoas dizem que precisam de liberdade para criar. Pouca gente estimará mais a liberdade do que eu, mas encontro nas barreiras formas para conseguir criar“.

Outro termo que costuma dar para se definir em termos profissionais é a de ser “não binária”. “Muitas das vezes, em contextos profissionais, ora estou como jurada em prémios de criatividade ou estou do outro lado, do cliente. E é giro porque no meio das agências eu sou sempre a que está do lado do cliente, e quando estou do lado do cliente, sou sempre a criativa. Portanto digo sempre que sou não binária”, refere.

Catarina Pestana em discurso direto

1 – Qual é a decisão mais difícil para um responsável de comunicação?

Há que esclarecer a definição de ‘’comunicação’’ primeiro. No meu caso, atuando na comunicação de marketing, o maior desafio que enfrento é a dinâmica eficaz entre a realidade entre as marcas que trabalho e o mercado onde elas se inserem. Estamos numa realidade acelerada com o desenvolvimento da inteligência artificial e do digital que afunilam, cada vez mais, as necessidades permanentes do cliente.

2 – No (seu) top of mind está sempre?

Marcas, sempre!

3 – O briefing ideal deve…

Ser consistente entre os restantes pedidos. Um briefing nunca deve ser isolado entre aquele que é o alinhamento da marca. Deve ser consciente quanto aos seus objetivos e olhando sempre também ao contexto externo – faz, ou não, sentido entre a concorrência, nos setores onde determinada marca se insere – e, finalmente, no discurso onde as diferentes pessoas internamente estabelecem o tom da marca. Tom esse que é impactado pelo consumidor mas que deve ser bem definido a nível interno de forma integrada e trabalhado omnicanal.

4 – E a agência ideal é aquela que…

Surpreende. Claro que tudo depende das necessidades de determinada marca. Mas, na verdade, e apesar de não ser a primeira resposta (sexy) que surge, qualquer marca precisa da agência que ‘’safe’’ em timings, volume, etc. A verdade é que a agência que consegue antecipar e inovar, é aquela que, conjuntamente com a estratégia da marca, permite que a marca vá desbravando o caminho naquela que é a comunicação inovadora de determinada marca antecipando a atenção do(s) consumidor(es).

5 – Em comunicação é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Gostaria muito de poder dizer ‘’arriscar’’. É a resposta que ficaria bem numa entrevista. Contudo… ‘’depende’’. Existe sempre uma participação de compromisso naquela que é a comunicação, e a base disso é a razoabilidade dos contextos (internos/externos), naquele que é o objetivo central. Independentemente da postura, do posicionamento de determinada marca, a avaliação sobre o modus operandi deve ser sempre fruto de uma avaliação consistente e sem impulsos gratuitos – isto, dito por mim, que gosto de fazer ‘’all in’’, mas que, fruto da experiência, sei também que o tempo e a consistência nos permitem resultados, tal como no poker, mais gratificantes. Em suma, arriscar de vez em quando, mas sendo fiel à consistência, permite-nos um bom ritmo na comunicação.

6 – Como um profissional de comunicação deve lidar e gerir crises?

Acima de tudo, gerir pela antecipação. Um pouco como as pessoas que têm receio de andar de avião. Estatisticamente, é raro haver acidentes. Isto porque o planeamento e a avaliação prévia nos obrigam à verificação global. E, claro, em havendo acidentes (crise), essa antecipação permite-nos atuar no timing correto por força da reação à incorporação de cenário prévios que nos permitem atuar com sangue frio. Isto, sempre, aliado à experiência. A senioridade traz-nos experiência, diria.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Isso não existe. Internamente, na Visabeira, e nas suas marcas, brincamos com isso. Mesmo as marcas que têm, supostamente, ‘’budgets ilimitados’’ têm sempre limitações impostas. Parece estranho, certo? Mas a verdade é que nada é ilimitado e é essa limitação que faz com que tenhamos de usar a ferramenta da criatividade para contornarmos as nossas contingências – que nem sempre serão as de budget –, que, em boa verdade, existem sempre.

8 – A comunicação em Portugal, numa frase?

Humana, autêntica, sempre numa permanente busca entre a tradição e a inovação que é isso com que nós, portugueses, nos identificamos.

9 – Construção de marca é?

Criação de valor. E não falo apenas para o consumidor, evidentemente. Para todos os que com ela lidam. Nem tão pouco de produto ou serviços apenas. Falo da construção permanente e contínua de experiência(s) que permite(m) que os diferentes interlocutores ajam em permanência entre as ideias, as potencialidades, as reações, a consistência que permite que os consumidores tenham determinada marca como top of mind, pelas boas razões, claro.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em comunicação?

Tenho a sorte de ter uma profissão que me permite ter muitas profissões. Isto é, quando se trabalha em comunicação somos criativos, somos produtores, somos estrategas, somos marketers, somos agentes de determinada marca. No meu caso, de várias. Se a marca é uma construção, somos a adição de tudo isso naquela que é a sua construção diária. Mas falando sobre outras profissões, diria que a direção de arte ligada ao teatro ou ao cinema, fariam de mim uma pessoa, igualmente, muito feliz!

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Dívida pública cai para 95,3% em 2024, abaixo da previsão do Governo

Finanças previam redução do rácio da dívida para 95,9% do PIB no final do ano passado. Afinal, caiu para 95,3%, o valor mais baixo desde junho de 2010, há 14 anos, revela o Banco de Portugal.

A dívida pública caiu para 95,3% do PIB no final do ano passado, abaixo das previsões do Governo, que apontavam para os 95,9%. Um melhor desempenho económico em 2024 ajudou a baixar o rácio para o valor mais baixo desde junho de 2010, há 14 anos.

As previsões das entidades oficiais variavam entre os 91,2% do Banco de Portugal e os 95,9% do Ministério das Finanças. A Comissão Europeia previa uma queda para os 95,7% e o FMI 94,4%.

Em termos absolutos, o endividamento subiu 8,8 mil milhões de euros em 2024, atingindo os 270,65 mil milhões em dezembro, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal.

Ou seja, a redução do peso da dívida pública face ao PIB em 2,6 pontos percentuais em relação ao final de 2023 deveu-se fundamentalmente ao bom desempenho da economia no ano passado, que cresceu 1,9%, superando as estimativas do Executivo (1,8%), segundo revelou o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) na semana passada.

Peso da dívida pública alivia

Fonte: Banco de Portugal

Para a subida do valor nominal do endividamento das administrações pública no ano passado contribuiu “em grande medida” o aumento dos títulos de dívida em 7,5 mil milhões de euros, especialmente de curto prazo (+5,9 mil milhões) e dos empréstimos (+1,4 mil milhões), explica o supervisor bancário.

Já as responsabilidades em depósitos reduziram-se 100 milhões de euros, devido sobretudo à diminuição dos certificados do Tesouro (-1,3 mil milhões de euros), que foi parcialmente compensada pelo crescimento dos certificados de aforro (700 milhões de euros).

O Banco de Portugal adianta ainda que os ativos em depósitos das administrações públicas aumentaram 1,9 mil milhões de euros em 2024. Assim, excluindo estes depósitos, a dívida pública observou um aumento de 6,9 mil milhões para 257,3 mil milhões.

(Notícia atualizada às 11h35)

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Montenegro confia no “diálogo” para demover Trump de aplicar “carga tarifária excessiva” à UE

Primeiro-ministro português defende que a União Europeia deve "demonstrar com argumentação as virtudes de termos trocas comerciais que não estejam marcadas por uma excessiva carga tarifária".

Na semana em que Donald Trump dá o primeiro tiro de uma guerra comercial imprevisível com os seus principais parceiros comerciais, o primeiro-ministro português considerou esta segunda-feira que “a Europa está preparada” caso o Presidente dos EUA decida mesmo cumprir a ameaça e aplicar também novas taxas às importações da União Europeia (UE). Mas Luís Montenegro confia que o “diálogo” e a “argumentação” poderão demover Trump de intenções tarifárias mais extremas.

“É importante que a Europa veja este enquadramento numa perspetiva de diálogo. Os EUA são um parceiro comercial, político, de primeira linha da UE. Não há razão para não termos a capacidade de demonstrarmos com argumentação as virtudes de termos trocas comerciais que não estejam marcadas por uma excessiva carga tarifária”, reagiu o líder do Governo português a partir de Bruxelas, aonde se deslocou para participar num encontro informal de líderes europeus — convocado pelo presidente do Conselho Europeu, o português António Costa — onde se irá discutir também um maior investimento em Defesa.

Não há razão para não termos a capacidade de demonstrarmos com argumentação as virtudes de termos trocas comerciais que não estejam marcadas por uma excessiva carga tarifária.

Luís Montenegro

Primeiro-ministro de Portugal

Salientando que as ameaças de Trump “estão a ser levadas a sério” na Europa, por se tratar de um líder político com “toda a legitimidade” democrática, Montenegro insistiu: “A minha convicção é que o diálogo político deve ser a chave para podermos ter condições económicas, para ter boas taxas de crescimento, quer nos EUA, quer na Europa”.

O governante alertou que uma consequência desta guerra comercial será um aumento de preços ao qual os próprios norte-americanos não irão escapar. “Não é preciso um prémio Nobel da economia para perceber que o aumento das tarifas sobre produtos que colaboram para a formação do preço do lado das indústrias norte-americanas vai implicar um aumento de preços”, afirmou, indicando que “já aconteceu isso” na primeira Administração de Trump, quando as tarifas a produtos chineses “acabaram por redundar num aumento de preços das próprias produções americanas”.

“É minha convicção de que o aumento das tarifas que a Administração americana vem anunciando não favorece a própria economia dos EUA, mas isso é uma decisão que compete à Administração e que nós temos que respeitar”, admitiu Montenegro. A “excessiva carga tarifária” sobre os produtos importados da UE não será “muito auspicioso para a consolidação de ciclos de crescimento económico que sejam duradouros, que possam depois, quer do lado de lá do Atlântico, quer do lado de cá, esse crescimento económico ao serviço das pessoas”, defendeu o primeiro-ministro.

Apesar de a Europa estar “preparada”, como disse Montenegro, “tem muitos desafios pela frente”, confessou o primeiro-ministro: “Tem hoje uma situação económica que não é brilhante. Os dois principais motores da Europa estão, por assim dizer, engripados [sic] — quer a Alemanha, quer a França, enfrentam desafios políticos e financeiros, hoje, muito significativos, mas nós continuamos a ser um mercado interno de 500 milhões de pessoas e, do ponto de vista da inovação, do conhecimento, da capacidade da nossa indústria transformadora, um bloco comercial competitivo à escala global”.

Neste sábado, Donald Trump avançou com novas tarifas aduaneiras sobre os seus três principais parceiros comerciais, Canadá, México e China. O Presidente americano assinou uma ordem executiva em que define tarifas adicionais de 25% relativas a todas as importações do Canadá e México — com a exceção do petróleo e produtos de energia, que passam a ter uma taxa de 10% –, enquanto a China passa a ter um adicional de 10% nas exportações para os EUA.

Donald Trump reiterou também neste fim de semana que os produtos europeus vão ser sujeitos a taxas aduaneiras “muito em breve”. “Estão realmente a aproveitar-se de nós, temos um défice de 300 mil milhões de dólares [293 mil milhões de euros]. Não levam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas, praticamente nada, e todos nós compramos, milhões de automóveis, níveis enormes de produtos agrícolas”, disse no domingo o chefe de Estado norte-americano.

As novas tarifas provocaram um sell-off nas ações esta segunda-feira, enquanto o dólar valoriza mais de 1% face aos pares. Os três países que já foram alvo das tarifas de Trump estão a preparar formas de retaliação e a UE também já sinalizou que irá retaliar se Trump cumprir a sua ameaça.

Luís Montenegro está em Bruxelas para discutir o investimento europeu em Defesa, entre outros temas, com os outros líderes europeusLusa

Regulamentação atrasou Europa, incluindo na inteligência artificial

Na mesma ocasião, o primeiro-ministro admitiu que a Europa pode ter sido “demasiado ambiciosa” na aplicação de regras, afirmando mesmo que a UE “teve excesso de regulamentação nos últimos anos”. Isso fez com que, “em algumas tecnologias de ponta, os EUA e a China estivessem mais avançados” do que a UE.

Para exemplificar o atraso europeu face aos pares, Luís Montenegro apontou para um dos temas globais mais quentes ao nível tecnológico: “Veja-se, por exemplo, o caso da inteligência artificial”, disse.

Ademais, segundo Montenegro, até “em algumas áreas de comércio”, a regulamentação excessiva faz com que “a Europa seja penalizada, porque impõe aos seus produtores de vários setores de atividade da economia regras que são muito superiores àquelas que, noutras geografias, as empresas têm de abarcar”, notou o primeiro-ministro aos jornalistas.

Para o chefe do Governo português, “a Europa tem de estimular a sua própria capacidade de industrialização e de produção”, tendo à sua frente “anos em que terá de desenvolver as suas capacidades de inovação, de investigação e de se conformar, do ponto de vista interno, com regras de financiamento que possam alavancar o investimento”.

“Uma das grandes diferenças entre a Europa e os EUA é que o investimento privado na Europa está altamente limitado. Por isso é tão importante nós terminarmos de vez a União Bancária e podermos implementar um mercado de capitais comum, porque grande parte do capital europeu é investido na bolsa de valores de Nova Iorque. Grande parte das poupanças europeias é investida do lado de lá”, atirou.

Todavia, reconheceu que “a 27 é difícil”, ainda que seja “preciso” aproximar posições “em termos de políticas comuns”. Importa recordar que a comissária que representa Portugal, Maria Luís Albuquerque, tem a tutela destas áreas na Comissão Europeia.

Uma das grandes diferenças entre a Europa e os EUA é que o investimento privado na Europa está altamente limitado. Por isso é tão importante nós terminarmos de vez a União Bancária e podermos implementar um mercado de capitais comum, porque grande parte do capital europeu é investido na bolsa de valores de Nova Iorque.

Luís Montenegro

Primeiro-ministro de Portugal

Investimento europeu em Defesa deve ser “coordenado” e com “financiamento comum”

Luís Montenegro falou também de Segurança e Defesa, o principal assunto que o levou a Bruxelas esta segunda-feira, numa altura em que a UE também está a ser pressionada por Trump para reforçar o investimento nestas áreas. Para acolher esses pedidos deste importante aliado da NATO, Luís Montenegro pediu “uma linha de financiamento própria”, lembrando as virtudes dessa estratégia na “experiência” da ‘bazuca’ depois da pandemia.

Esse investimento deve ainda ser “coordenado” entre os 27 Estados-membros, para “que não haja grande repetição”, pediu Montenegro. Desta forma, evita-se que as finanças públicas sejam “de alguma maneira incomodadas por uma matéria que é tão específica e que hoje está tão prevista e assumida num compromisso temporal curto”, afirmou.

Dito isso, Montenegro lembrou que os ministérios da Economia e da Defesa Nacional já constituíram uma “task force” para atrair para Portugal “novas indústrias de defesa”, como “armamento” e “munições, por exemplo”. Essa equipa já está “a trabalhar” e terá “de se conformar com a estratégia que sair” da posição conjunta a ser tomada nesta reunião.

"1% do nosso produto gasto com comparticipação para o orçamento da UE é manifestamente pouco para ombrear com os grandes blocos comerciais do mundo.”

Luís Montenegro

Primeiro-ministro de Portugal

O Governo português anunciou no mês passado a antecipação em um ano, para 2029, do objetivo de gastar 2% do PIB em Defesa, um “esforço financeiro grande” para o país, disse então Luís Montenegro. No entanto, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, já alertou que “o objetivo de 2% do PIB definido há uma década não chegará para os desafios do amanhã”. No cimo da mesa dos aliados está o aumento deste peso para 5% do PIB, que, porém, o chefe do governo português entende não ser “exequível”.

Pelo contrário, Portugal está, sim, disponível para reforçar as contribuições para o orçamento comunitário, sinalizou esta segunda-feira: “1% do nosso produto gasto com comparticipação para o orçamento da UE é manifestamente pouco para ombrear com os grandes blocos comerciais do mundo”, apontou o governante.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h46)

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IA: não podes combatê-la. Junta-te a ela!

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  • 3 Fevereiro 2025

No contexto da apresentação do estudo salarial no mercado tecnológico, a Damia Group Portugal juntou gestores de empresas que escolheram Portugal para os seus Tech Hubs para discutir o futuro do setor

A Damia Group Portugal, que opera no setor do recrutamento de talento tecnológico, apresentou, a 30 de janeiro, a mais recente edição do seu estudo anual, o HTTP: Hiring Tech Talent in Portugal e aproveitou o momento para juntar um painel composto por cinco líderes do setor. Além dos resultados do estudo, foi também discutido um dos temas mais prementes da atualidade: a Inteligência Artificial e os seus efeitos, imediatos e futuros, nas empresas de tecnologia. A conversa, moderada por Cláudio Menezes, CEO da Damia Group Portugal, e por Simon Brand, Data Science Manager da SIXT, abordou exaustivamente este grande cisma – irá a IA substituir, ou não, os programadores informáticos?

Os convidados começaram por apresentar diferentes perspetivas sobre o impacto do estudo HTTP 2025, a cuja apresentação tinham assistido momentos antes, e de como este se alinha com a realidade do mercado e contextos atuais.

Cláudio Menezes, CEO da Damia Group Portugal

Pedro Torres, Senior Director de Software Engineering da Salsify, unicórnio norte-americano que escolheu Lisboa para o seu primeiro escritório europeu, elogiou a transparência, credibilidade e rigor do estudo, destacando que revela que Portugal «não é um país barato, mas que possui talentos de classe mundial e cost-effective». O responsável destacou ainda a revelação de que os salários nas tecnológicas começaram a subir, contrastando com os salários baixos que se praticavam neste setor no início dos anos 2000, em Portugal, e assinalou esta mesma mudança na tendência do mercado de trabalho.

O painel dedicou-se, depois, às diferentes abordagens das empresas em relação às políticas de escritório pós-COVID. Stefanie Beckmann, co-fundadora e Managing Director da 7.1 Tech Hub no Porto, o braço tecnológico do grupo alemão de media ProSiebenSat.1 Media, partilhou que, no seu hub, seguem um modelo de trabalho flexível, exigindo 90 dias de trabalho presencial por ano, ficando os restantes dias sujeitos às preferências dos colaboradores, destacando, no entanto, que a realização regular de eventos de qualidade na empresa é altamente apreciada e incentiva a presença nos escritórios.

Rui Gramacho, VP de R&D Europa da norueguesa Vizrt, líder mundial em soluções de produção para a indústria de Media e transmissão de conteúdos, que também elegeu Portugal para o seu Tech Hub, revelou que a abordagem varia conforme a cultura dos países onde a empresa se encontra. Nos países nórdicos, por exemplo, o trabalho é baseado no escritório, enquanto em Portugal é totalmente remoto, com apoio aos colaboradores que precisem de um espaço.

Na Salsify, Pedro Torres partilhou que a política não mudou após a COVID-19. As pessoas podem escolher entre trabalhar remotamente ou ir aos escritórios em Lisboa e em Boston. A flexibilidade é total.

Tempos difíceis: como a Airbus Portugal recrutou em Portugal logo após a pandemia

Quanto aos grandes desafios de recrutamento enfrentados, um dos temas da noite, destacou-se o caso da Airbus Portugal, representada no painel pelo seu Head of Operations, Marc Braun, que tem a seu cargo mais de 250 engenheiros do Tech Hub português. A Airbus contratou mais de mil pessoas em pouco mais de três anos e o segredo, para este responsável, foi «humildade e aprendizagem, frequentando muitos eventos de recrutamento como este». Evitar erros e elaborar descrições de trabalho claras foram elementos essenciais nos primeiros tempos. Tendo em conta que os passos iniciais de recrutamento foram dados logo a seguir à pandemia, a Airbus enfrentou desafios pesados, como o desconhecimento do mercado sobre a empresa em Portugal e as dúvidas sobre a indústria da aviação que os anos de COVID 19 suscitaram. Marc Braun evidenciou também «a necessidade de uma marca forte e de uma boa cultura para atrair talentos» elementos que, segundo o responsável, não faltam à sua empresa. «Atualmente, o esforço de recrutamento é menor, pois as pessoas já nos conhecem bem, o que facilita a atração de novos talentos», referiu.

Portugal, porto seguro para os Tech Hubs

O painel debruçou-se, de seguida, na experiência dos gestores convidados ao instalaram os seus Tech Hubs em Portugal.

Timo Steinbrenner, VP de Software Engineering da SIXT, que viajou de Munique para este evento e que tem a seu cargo mais de 300 engenheiros de software, revelou que, tal como Marc Braun, para constituir a sua equipa em Portugal, teve de participar em muitos eventos de recrutamento em vários países, mas que foi em Portugal que encontrou «cultura e talento adequados à marca». Enfrentados e corrigidos os erros iniciais, uma seleção cuidadosa e uma comunicação eficaz com a equipa nuclear permitiram poder, hoje, partilhar «uma história de sucesso».

Timo Steinbrenner, VP de Software Engineering da SIXT

No caso da 7.1 Tech Hub, Stefanie Beckmann destacou que o processo foi (e ainda é) «trabalhoso, mas divertido», e que um dos «segredos» foi terem apostado no envolvimento das pessoas e obter as suas opiniões e o seu input para entender como as coisas funcionavam localmente. «No início», relatou, «fizemos muitas perguntas e demos grande atenção aos detalhes».

Já Pedro Torres frisou a importância de «ter um bom parceiro de recrutamento, como a Damia», a que recorreu em ocasiões anteriores, para ajudar a escalar no novo mercado. «Um bom parceiro é crucial para introduzir e estabelecer a empresa num mercado onde não é conhecida».

Profissionais portugueses vs resto do mundo: melhores ou piores?

Os convidados da Damia para este debate revelaram-se unânimes. Habituados a recrutar e a lidar com equipas multinacionais, concordam que os colaboradores portugueses são tão qualificados quanto os de outros países, apresentando um nível técnico e mindset semelhantes.

Para Pedro Torres, «os profissionais de engenharia formados em Portugal são comparáveis aos dos EUA, Alemanha ou Países Baixos».

Stefanie Beckman acredita que a principal diferença nos é favorável: «os Portugueses falam muito bem inglês», algo que os distingue dos espanhóis, dos italianos ou dos gregos, tendo sido essa, revelou, uma das razões que levaram a 7.1 a instalar-se em Portugal.

Rui Gramacho apontou o dinamismo como fator diferenciador. «Portugal tem muitas startups e uma cultura aberta à inovação, o que o torna um ambiente dinâmico para negócios», referiu.

Partindo de uma perspetiva concorrencial, Pedro Torres lembrou ainda que a ausência de grandes empresas tech como uma Google, uma Uber ou um Airbnb, em território português, permite que empresas tecnológicas menores ou menos conhecidas tenham mais facilidade em atrair talentos, sem concorrência de salários impossíveis de igualar, fator que torna o país ainda mais interessante neste contexto.

Empresas não estão a substituir equipas por IA, mas sim a usá-la para aumentar a eficiência dos colaboradores

O fantasma da substituição iminente de pessoas por máquinas parece, por ora, adormecido. Ainda que todos os convidados do painel concordem que a Inteligência Artificial é incontornável, diferentes perspetivas foram abordadas no debate promovido pela Damia.

«A IA é uma ferramenta para potenciar as equipas, não para substituir pessoas. O foco está em melhorar a produtividade sem cortes de postos de trabalho.» Quem o diz é Pedro Torres, da Salsify. Na mesma linha, Rui Gramacho, afirmou que na Vizrt «a IA é há muito utilizada em conteúdos televisivos de desporto», mas que do ponto de vista das equipas, a abordagem é sobretudo «explorar as melhores ferramentas para maximizar o impacto e os resultados».

Pedro Torres, Senior Director de Software Engineering da Salsify

Claramente visto como complemento, e não como substituição, ficou, no entanto, vincada a ideia de que a adoção da Inteligência Artificial se fará sentir mais depressa nuns contextos do que noutros. Um desses é, inegavelmente, entre os gestores intermédios (middle management). Pareceu reunir consenso no painel de que o papel destes profissionais continuará relevante se conseguir ser gradualmente mais estratégico e humano. Foi Simon Brand, da Sixt, no papel de co-moderador, que promoveu uma conversa mais aprofundada sobre esta polémica.

«Se os gestores intermédios forem apenas operacionais, podem estar em risco, pois a IA lida bem com dados e processos. Mas se assumirem um papel estratégico e forem “o elemento humano do processo”, continuam valiosos, já que a IA não toma decisões nem assume riscos».

Para Pedro Torres, outros profissionais que «podem ser mais afetados por esta onda são os IC júniores», referindo-se aos colaboradores individuais sem funções de gestão, uma vez que as empresas podem optar por soluções mais baratas que a IA proporciona. Um pouco contra a corrente, o mesmo responsável referiu que os middle managers são fundamentais para o ambiente de trabalho e para a retenção de talento pois, mesmo que a tecnologia avance, ainda existe um enorme risco de se confiar cegamente em máquinas. A respeito deste tema, Rui Gramacho levantou a questão de accountability: «se algo falhar, quem assume a responsabilidade: a máquina ou o ambiente em que opera?», questionou.

"A IA ajuda na escrita, especialmente para quem não tem o inglês como língua materna. Ferramentas como Grammarly garantem um tom adequado e reduzem fricções na comunicação digital, tornando as interações mais eficazes”

Pedro Torres, Senior Director de Software Engineering da Salsify

A fechar, foram partilhados vários exemplos de como a IA pode ser uma valiosa ajuda. Para Pedro Torres, «a IA ajuda na escrita, especialmente para quem não tem o inglês como língua materna. Ferramentas como Grammarly garantem um tom adequado e reduzem fricções na comunicação digital, tornando as interações mais eficazes», referiu.

No caso da Vizrt, Rui Gramacho partilhou que a empresa implementou uma ferramenta (Jellyfish) para recolher dados sobre produtividade, permitindo ajustes rápidos sem penalizar indivíduos. A IA, sublinhou, «ajuda a entender melhor como as equipas trabalham».

O papel da IA na otimização da gestão de equipas grandes reuniu, aliás, concordância de outros membros do painel, sendo que, no computo geral, a IA parece ser vista como um recurso para melhorar a eficiência e a colaboração, não apenas para reduzir custos. As empresas podem adotar a IA para impulsionar a inovação e melhorar a eficiência, especialmente em tarefas administrativas.

Marc Braun referiu que, na Airbus Portugal «há uma atitude positiva em relação à IA e à automação. Ferramentas como a Synthesia (conversão de texto para vídeo) melhoram as ações no campo da formação, enquanto outras soluções automatizam processos transacionais que antes eram manuais. «Isso permite que as equipas se foquem em tarefas mais estratégicas, como o desenvolvimento de pessoas, em vez de burocracia», reforçou, lembrando ainda que a Airbus «promove projetos piloto e discute a IA ao mais alto nível», garantindo que a empresa está preparada para essa transformação.

A mensagem de encerramento partilhada pelo painel foi de que a melhor forma de lidar com a IA é adotá-la proactivamente, experimentando novas ferramentas e mantendo-se atualizado para assegurar a relevância no mercado.

Pedro Torres acredita que «a IA não substituirá pessoas, mas deve ser usada para aumentar a produtividade» e a felicidade no trabalho. Para o responsável da Salsify, «o cenário da IA muda rapidamente – como o provou o recente caso da DeepSeek -, e os que se tornarem especialistas desde cedo terão uma grande vantagem competitiva».

A chave, acredita Rui Gramacho, «é expor as equipas a novas tendências, testar ferramentas e adotar as melhores opções» de forma pragmática. «Criar uma cultura de inovação é essencial. A empresa dedica tempo a explorar novas tecnologias e incentiva os colaboradores a acompanhar as tendências do mercado», partilhou.

Stefanie Beckman acredita que «trabalhar com tecnologia de ponta atrai talentos. Os profissionais mais bem-sucedidos são aqueles que abraçam a mudança em vez de resistir a ela».

«A IA deve ser vista não só como uma necessidade, mas como algo divertido e estimulante.», rematou Timo Steinbrenner.

O conselho geral é experimentar, adaptar-se e liderar a mudança, pois os que abraçam a IA serão os mais valorizados no futuro.

Leia aqui o artigo sobre as principais conclusões do estudo HTTP: Hiring Tech Talent in Portugal

O relatório “HTTP: Hiring Tech Talent in Portugal” está disponível para download no site da Damia Group Portugal.

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Inflação na zona euro voltou a acelerar em janeiro para 2,5%

Inflação na zona euro voltou a acelerar em janeiro para 2,5%. Uma décima mais face a dezembro e a quarta progressão consecutiva.

A inflação na zona euro voltou a acelerar em janeiro para 2,5%, de acordo com a estimativa rápida divulgada esta segunda-feira pelo Eurostat. O indicador tinha terminado o ano passado a acelerar 2,4%. Os serviços são a componente que mais pesaram para este desempenho, mas a energia sofreu o maior aumento.

Olhando para as principais componentes da inflação da zona euro, os serviços apresentem a taxa anual mais elevada em janeiro (3,9%) ainda assim desacelerou uma décima face a dezembro. Em seguida surgem os alimentos, álcool e tabaco (2, 3%, face a 2,6% em dezembro).

Já a energia sofreu o maior agravamento ao acelerar para 1,8% contra os 0,1% registados em dezembro. A inflação subjacente, ou seja sem energia e alimentos frescos, manteve-se nos 2,7% pelo quinto mês consecutivo, de acordo com a estimativa do Eurostat.

A inflação está a acelerar há quatro meses consecutivos. Em setembro de 2024 a taxa de inflação estava nos 1,7% e no arranque de 2025 já escalou para 2,5%. Ainda assim, o Banco Central Europeu optou por descer as taxas de juro na última reunião de política monetária na quinta-feira. O BCE baixou, pela quarta reunião consecutiva, a principal taxa diretora em 25 pontos base que está agora nos 2,75%. Nas palavras de Christine Lagarde este processo de desinflação está a prosseguir “aos solavancos”, com altos e baixos.

No entanto, o BCE já sugeriu que deverá flexibilizar ainda mais a política monetária, já que a inflação poderá regressar à meta de 2% até ao final do Verão, o crescimento económico está anémico e uma guerra comercial com os EUA é uma possibilidade cada vez mais certa.

O maior risco para os preços e para a trajetória descendente dos juros é se o Presidente norte-americano, Donald Trump, aplicar novas tarifas à União Europeia e como o bloco irá responder.

As tarifas abrandam o crescimento, pois reduzem a procura de produtos europeus no estrangeiro, pesando sobre as exportações, um dos principais motores do crescimento há décadas. Mas as medidas de retaliação podem aumentar a inflação interna ao tornar os produtos importados dos EUA mais caros. As tarifas também alteram a perspetiva da política monetária e exercem uma pressão subtil sobre a inflação através da taxa de câmbio.

De acordo com a estimativa rápida do Eurostat a croácia é o Estado-membro com a taxa de inflação mais elevada em janeiro (5%), seguido da Bélgica (4,4%) e da Eslováquia (4,1%). No extremo oposto está a Irlanda (1,5%), a Finlândia (1,6%) e a Itália (1,7%). Portugal está acima da média da zona euro com 2,7%.

(Notícia atualizada com mais informação)

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OpenAI e Softbank alertam para “problemas de segurança” em alusão ao DeepSeek

  • Lusa e ECO
  • 3 Fevereiro 2025

"Dependendo do país de origem, podem surgir situações muito perigosas se utilizarmos esta tecnologia de forma incorreta", avisa fundador da SoftBank. ChatGP vai ter ferramenta de pesquisa aprofundada.

A empresa tecnológica norte-americana OpenAI e a japonesa Softbank alertaram para possíveis “problemas de segurança” relacionados com a inteligência artificial (IA), numa alusão feita em Tóquio à DeepSeek, concorrente chinesa no setor.

“Temos de proteger a segurança humana. Embora a tecnologia e o resultado sejam semelhantes, as características para a segurança humana são diferentes”, disse o fundador da SoftBank, Masayoshi Son, num evento na capital japonesa, que contou também com a presença do diretor executivo da OpenAI, Sam Altman.

Num encontro entre os dois, Son mencionou a DeepSeek e deixou uma pergunta a Altman sobre a empresa chinesa, ao que Altman, sem se referir à concorrente da China, respondeu que “a sociedade tem de decidir quais são os limites do setor”.

“Dependendo do país de origem, podem surgir situações muito perigosas, se utilizarmos esta tecnologia de forma incorreta, o que pode desencadear uma situação muito má para a humanidade”, afirmou Son.

Altman, de forma mais positiva, disse que a sociedade como um todo “vai conseguir fazer as coisas corretamente”.

Quanto aos comentários sobre se a IA poderia roubar trabalho, os dois empresários mostraram-se otimistas, afirmando que a humanidade “encontra sempre novos empregos” e que a tecnologia “é capaz de gerar novo conhecimento”.

Também hoje, os responsáveis das duas empresas anunciaram um acordo de parceria estratégica para criar a empresa conjunta SB OpenAI Japan, com um projeto de IA generativa chamado “Crystal”.

Son afirmou que o objetivo é desenvolver “soluções de ponta” para as empresas e disse que a SoftBank se vai tornar no primeiro utilizador do projeto no âmbito do serviço de mensagens Line ou da aplicação de pagamentos PayPay.

O anúncio surge depois de vários meios de comunicação social terem noticiado, na semana passada, que a SoftBank está em negociações para investir até 25 mil milhões de dólares (24 mil milhões de euros) na OpenAI, num negócio que a tornaria o maior financiador do fabricante do ChatGPT.

A notícia surge também depois de o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado um investimento de até 500 mil milhões de dólares (488 mil milhões de euros) no setor privado para construir uma infraestrutura de IA.

Este projeto avançado por Trump vai ser formado pela OpenIA, SoftBank e Oracle, que terá início com um investimento num centro de dados no Texas, sul dos Estados Unidos, expandindo-se depois a outros estados.

OpenAI anuncia ferramenta de “pesquisa aprofundada” para ChatGPT

A norte-americana OpenAI anunciou também esta segunda-feira uma ferramenta de “pesquisa aprofundada” para o ChatGPT, pouco antes de uma reunião em Tóquio com o parceiro SoftBank, numa altura em que a chinesa DeepSeek intensifica a concorrência na inteligência artificial.

A OpenAI disse que a nova ferramenta “realiza em dezenas de minutos o que levaria muitas horas” a ser feito por uma pessoa.

“A pesquisa aprofundada é a nova ferramenta da OpenAI que pode trabalhar para si de forma independente: dê-lhe um comando e o ChatGPT encontrará, analisará e sintetizará centenas de fontes ‘online’ para criar um relatório abrangente ao nível de um analista”, afirma a OpenAI no portal oficial.

O robô de conversação ChatGPT marcou o aparecimento da inteligência artificial (IA) generativa para o público em geral em 2022.

Numa apresentação vídeo em direto, os investigadores da OpenAI demonstraram como a ‘pesquisa aprofundada’ foi capaz de resumir dados de pesquisa na Internet para recomendar equipamento de esqui para umas férias de neve no Japão.

O diretor executivo da OpenAI, Sam Altman, encontra-se em Tóquio para se encontrar hoje com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, e o diretor executivo do grupo SoftBank, Masayoshi Son.

Altman e Son são parceiros no Stargate, um novo projeto que envolve investimentos de pelo menos 500 mil milhões de dólares (488 mil milhões de euros) em infraestruturas de IA nos Estados Unidos, recentemente revelado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

Masayoshi Son também assistiu à tomada de posse de Trump em janeiro.

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Tarifas de Trump arrastam mercados para o vermelho. Dólar valoriza mais de 1%

  • Joana Abrantes Gomes
  • 3 Fevereiro 2025

Trump concretizou, no fim de semana, a promessa de tarifas aos países vizinhos e à China. Esta segunda-feira, os mercados estão a reagir negativamente à decisão, que está a valorizar o dólar.

A decisão de Donald Trump de impor tarifas aduaneiras ao México, Canadá e China — e que “muito em breve” vai estender-se aos países da União Europeia — está a abalar os mercados na manhã desta segunda-feira.

Na Ásia, o principal índice da Bolsa de Tóquio, o Nikkei, caiu 2,66% no fecho da primeira sessão de fevereiro. O sentimento negativo estende-se ao segundo indicador nipónico, o Topix, cujas perdas atingiram 2,45%.

Entre os piores desempenhos destacam-se os fabricantes de automóveis japoneses, visto que muitos têm fábricas de produção no México, desde sábado sujeitos a tarifas adicionais de 25% pelos EUA: as ações da Toyota caíram 5,01%, enquanto as da Honda e da Nissan desceram 7,2% e 5,63%, respetivamente.

Apesar de (ainda) ser vítima das tarifas impostas pelo Presidente norte-americano, a tendência nas principais bolsas da Europa também é negativa. Na noite de domingo (madrugada em Portugal), Trump disse à estação televisiva britânica BBC que o mesmo “vai acontecer de certeza com a União Europeia”.

Os mercados, que ainda dormiam no momento dessas declarações, acordaram em sobressalto: o índice pan-europeu Stoxx 600 caía 1,3%, enquanto o britânico FTSE 100 e o espanhol IBEX 35 descem 1,2% e 1,8%, respetivamente. As praças de Paris e de Frankfurt recuam 2% cada uma.

Em linha com os congéneres europeus, o PSI, principal índice da bolsa de Lisboa, também negoceia em baixa. Depois de, nos primeiros minutos após as 8 horas, estar a perder 1,14%, apresenta agora um recuo de 0,43%, nos 6.493,58 pontos.

Enquanto as bolsas estão em queda, o dólar norte-americano, por sua vez, está a valorizar em relação a um cabaz de moedas, tendo chegado a subir 1,4% antes de reduzir os ganhos para 1,3%.

Já o dólar canadiano atingiu o seu nível mais baixo desde 2003, segundo o Financial Times, enquanto o peso mexicano desvaloriza cerca de 3% e o euro cai 1,3%.

Em Wall Street, pese embora as negociações só arranquem às 14h30 (hora de Lisboa), os futuros dos principais índices norte-americanos não escapam à maré vermelha sentida na Ásia e do outro lado do Atlântico, apontando para quedas de 1,9% no S&P 500 e de 2,5% no Nasdaq, que reúne as maiores tecnológicas.

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Quase 20 mil jovens já compraram casa com isenção de IMT e Imposto de Selo

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2025

Até 19 de janeiro, o número de casas adquiridas pelos beneficiários desta medida ascendeu a 13.892, com o valor médio das habitações transacionadas a manter-se nos 187 mil euros.

Um total de 19.745 pessoas beneficiaram de isenção de IMT, Imposto de Selo e emolumentos na compra da primeira habitação, segundo dados facultados à Lusa pelo Ministério da Juventude e Modernização.

De acordo com a mesma informação, que reflete a situação até 19 de janeiro, o número de casas adquiridas pelos beneficiários desta medida ascendeu a 13.892, com o valor médio das habitações transacionadas a manter-se nos 187 mil euros.

Em declarações recentes à Lusa, a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, fez um balanço positivo desta medida, considerando que tem permitido “remover obstáculos” no acesso dos jovens a habitação.

O número de pessoas que beneficiaram da medida nestes cerca de seis meses e meio de aplicação compara com as 3.098 que compraram casa com isenção de IMT e de Imposto do Selo no primeiro mês e meio da medida, altura em que tinham sido adquiridos 2.141 imóveis.

O IMT Jovem começou a ser aplicado em agosto do ano passado, tendo sido criada uma tabela deste imposto para os beneficiários da medida e que contempla quatro escalões, contemplando isenção total nas compras que se encaixem no 1.º destes escalões e a aplicação de uma taxa de 8% no valor que ‘encaixa’ no escalão seguinte.

Com a entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e a atualização dos escalões do IMT em 2,3%, o valor de transação que beneficia de isenção total ficou fixado nos 324.058 (subindo cerca de sete mil euros face ao valor em vigor em 2024), enquanto a parcela tributada a 8% avançou para 648.022 euros (contra 633.453 euros em 2024).

Para terem acesso a esta medida, que é atribuída de forma automática, os jovens não podem ter sido proprietários de imóveis nos três anos anteriores à compra da casa, sendo a idade limite (35 anos) aferida à data da escritura.

 

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Hugo Veiga está de volta. Direção criativa global da AKQA será feita a partir de Portugal

O publicitário português mais premiado do mundo vai liderar a criatividade da rede AKQA, agência do grupo WPP, baseado em Portugal. Localmente, o grupo opera, até agora, com a VML e a Bar Ogilvy.

Hugo Veiga, global chief Creative office AKQA, está de regresso a Portugal. O criativo português mais premiado de sempre vai liderar a criatividade da rede de agências do grupo WPP a partir do país.

“Depois de 20 anos a viver no estrangeiro, estou de volta à minha terra natal: Portugal. Uma decisão familiar, mas também uma decisão de trabalho. Portugal tem um dos fusos horários mais amigáveis para um papel global como o meu, bem como um valioso ecossistema de inovação e arte para o qual o mundo ainda não acordou. Mal posso esperar para me conectar mais com seu potencial. Sou grato à AKQA e à WPP por tornar essa mudança possível e muito feliz em dizer “Tou de bolta, carago”, escreve Hugo Veiga no LinkedIn.

Nascido em Portugal, a carreira de Hugo Veiga nas últimas duas décadas tem sido feita internacionalmente, primeiro no Brasil e nos últimos quatro anos, quando assumiu a liderança criativa global da rede, nos EUA.

Com mais de 60 leões de Cannes no currículo, o criativo conquistou cerca de 25 ouros e quatro grand prix: “Dove Real Beauty Sketches”, “Nike Air Max Graffiti Stores”, “Bluesman” e “Nike Never Done Evolving feat Serena”.

Após ser reconhecido como o melhor redator do ano no Cannes Lions 2013, Hugo Veiga co-fundou o estúdio da AKQA em São Paulo, eleito o “Escritório Mais Feliz da WPP” em 2018, “Agência do Ano da América Latina” no Cannes Lions em 2019 e no One Show em 2020. O estúdio também conquistou um Grand Clio para cinco clientes diferentes em cinco anos consecutivos.

Individualmente, Hugo Veiga foi eleito o Melhor Diretor de Criação do Brasil em 2019 pelo PropMark, realizou duas palestras TEDx, atuou como Latin America Chair no Andy Awards e foi presidente do júri da categoria Mobile no Cannes Lions de 2022.

Fora da publicidade, foi roteirista e ator em três programas de televisão, fez dublagem de desenhos animado, criou Azevedo, um personagem animado, venceu duas edições do Concurso de Teatro de Improviso de Lisboa, criou “Clio On_Tour”, uma série limitada para o Renault Clio lançada em Portugal em 2005, e foi o vocalista da Moda Foca, uma banda de rock dos anos 90. Em 2020, lançou “Terra da Faina”, o álbum musical de estreia sob o alter ego Gohu.

Em Portugal, recorde-se, o grupo WPP opera com as agências criativas VML e Bar Ogilvy. A estas, junta-se agora o global chief creative office da AKQA, rede com presença em cerca de 30 países.

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