5 coisas que vão marcar o dia

Nesta sexta-feira, termina a reunião do Conselho Europeu e esperam-se protestos da Administração Local e trabalhadores de empresas municipais.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar dados sobre a evolução das rendas a nível local, enquanto nos mercados é o dia em que a Navigator entra em ex-dividendo. Termina ainda a reunião do Conselho Europeu. Veja cinco coisas que poderão marcar esta sexta-feira.

Fim do Conselho Europeu

Termina nesta sexta-feira a reunião de chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros da União Europeia (UE), presidida por António Costa, presidente do Conselho Europeu. A reunião começou nesta quinta-feira onde os líderes europeus comprometeram-se a financiar aumentos dos gastos com defesa alinhados com a nova meta da NATO. Na quinta-feira, o primeiro-ministro português afastou a hipótese de reprogramar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para ir ao encontro da nova ambição nesta área.

Onde sobem mais as rendas?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai atualizar as estatísticas das rendas da habitação ao nível local referentes ao primeiro trimestre de 2025. No último trimestre de 2024, as rendas em Portugal continuaram a aumentar (9,3%), embora tenham desacelerado face à subida anual de 11% registada no trimestre anterior. O órgão de estatística vai divulgar ainda os resultados dos inquéritos de conjuntura às empresas e aos consumidores de junho, bem como dados das empresas portuguesas no âmbito do Dia Internacional das Micro, Pequenas e Médias Empresas, celebrado esta sexta-feira.

Ações da Navigator perdem direito ao dividendo

A partir desta sexta-feira, as ações da Navigator passam a ser negociadas sem direito ao dividendo. Isto significa que os investidores que adquirirem ações a partir desta data já não terão direito ao respetivo pagamento. Como é habitual nestas situações, o preço da ação deverá ajustar-se, refletindo aproximadamente o valor do dividendo, que neste caso é de 0,10545 euros por ação.

Administração Local em protesto

Está marcado um protesto nacional dos trabalhadores do setor administrativo e empresarial local público. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) convocou o protesto que começa no Largo de Camões às 10h30 e vai até ao Parlamento. A greve abrange trabalhadores da Administração Local, Câmaras e Juntas de Freguesia, bem como os trabalhadores de empresas municipais.

Onde está Portugal no ranking do poder de compra?

O Eurostat vai divulgar dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e o emprego nos países na UE, ajustados pela paridade do poder de compra – forma de comprar a riqueza produzida pelos países, ajustando as diferenças nos níveis de preços. Em 2023, Portugal ocupou o 5.º lugar entre os países da Zona Euro com a menor paridade de poder de compra entre os trabalhadores que auferem a retribuição mínima garantida.

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Mafra quer ser estação intermédia de mercadorias num investimento acima dos 100 milhões de euros

Presidente da autarquia pretende atrair pelo menos 100 milhões de investimento privado para um território atravessado pela renovada linha do Oeste e duas autoestradas.

Hugo Moreira Luís, presidente da Câmara Municipal de Mafra, pretende aproveitar a localização do seu concelho às portas de Lisboa e o atravessamento pela renovada linha do Oeste para criar um parque empresarial e um hub logístico numa área a rondar os 100 hectares

O presidente da Câmara de Mafra tem em vista a criação de um hub logístico e parque empresarial que aproveite infraestruturas ferroviárias e rodoviárias renovadas, apostando na captação de empresas exportadoras. Ciente da inexistência dos latifúndios de outras paragens, Hugo Luís acredita, ainda assim, ser possível reunir vontades e terrenos para criar uma área de 100 hectares, usando para tal de uma estratégia similar à da Parque Expo, que requalificou e dinamizou o desenvolvimento pela agregação de parcelas.

“O município de Mafra tem que ser o indutor do desenvolvimento, um dinamizador do desenvolvimento e não deixar unicamente na perspetiva dos privados todas as intenções e as realizações”, defende o autarca.

O investimento, superior a 100 milhões de euros, assenta “maioritariamente em capitais privados”, diz Hugo Luís ao ECO/Local Online. Entre os chamarizes que o autarca acredita ter para os investidores está, à cabeça, a proposta de um hub logístico com ligação rápida entre a indústria da zona de Leiria e o porto de Lisboa, aproveitando a renovada linha ferroviária do Oeste.

Adicionalmente, sintetiza, Mafra reúne condições como a população jovem – dos cerca de 100 mil habitantes, 35% tem menos de 30 anos, assegura –, a incubadora ligada ao mar, a única reserva mundial de surf na Europa (Ericeira), uma distância de cerca de 25 quilómetros até ao porto de Lisboa, valores agrícolas como o limão, e uma forte presença na logística de transporte.

O objetivo é instalar empresas industriais e tecnológicas com vocação exportadora. Para isso, não basta ir procurar empresas nos concelhos de Sintra ou de Torres Vedras.

Hugo Luís

Presidente da Câmara Municipal de Mafra

“O objetivo é instalar empresas industriais e tecnológicas com vocação exportadora. Para isso, não basta ir procurar empresas nos concelhos de Sintra ou de Torres Vedras”, assinalou o autarca ao ECO/Local Online, à margem da conferência Outlook Mafra, organizada pelo ECO e decorrida nesta quinta-feira.

Com os olhos no mapa, onde a A8 e a A21 surgem a atravessar o concelho, o presidente da Câmara de Mafra assinalou um território na ordem dos 100 hectares onde pretende instalar uma área de acolhimento empresarial que permita captar empresas com vocação exportadora, mas hoje ausentes do concelho. Adicionalmente, já existem manifestações de interesse de outras que, estando em Mafra, necessitam de espaço para crescer. Entre os exemplos disponibilizados pelo autarca estão a Movimar (indústria de mobiliário de cozinha), Cubotónic (metalomecânica atualmente presente na Venda do Pinheiro) e a Despomar, especialista em surf e detentora de mais de 20 pontos de venda no país.

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IA tornou-se num “caso demasiado sério” que precisa de “regulação própria”

A IA na contabilidade e auditoria acelerou nos últimos anos, sendo necessário, dizem os especialistas, criar uma regulação própria e garantir que não substitui as competências destes profissionais.

A Inteligência Artificial é “fundamental” para o processo de transição das áreas de contabilidade e auditoria, automatizando tarefas repetitivas e permitindo que estes profissionais se foquem mais na estratégia das empresas. Mas, alertam os especialistas, esta tecnologia tornou-se num “caso demasiado sério” e é preciso que haja regulação própria.

“O empresário precisa de um copiloto que pode ser o contabilista”, começou por dizer Valter Pinho, general manager SAF-T da Sovos, na conferência “A Política Fiscal como Agente de Transformação da Economia” para marcar o lançamento do EContas, a nova marca de informação do ECO, num painel sobre a IA na contabilidade.

Para que o contabilista possa ser um parceiro estratégico das empresas deve contar com esta tecnologia para automatizar tarefas repetitivas e, assim, conseguir focar-se mais em responder às necessidades estratégicas dos clientes e ajudar na tomada de decisão. “Se a simplificação for injetada nas empresas, para a automação dos processos que não criam valor, o mercado muda completamente. A utilização de IA é fundamental neste processo de transição”, refere, notando que a “automação não está suficiente madura”.

É preciso, porém, estar atento aos desafios que esta tecnologia representa, tanto para a contabilidade como para a auditoria. “Tornou-se num caso demasiado sério. Precisa de uma regulação própria, de um governance próprio e é esse o desafio para os contabilistas e para os auditores”, afirmou Hugo Salgueiro, CEO da DFK, no mesmo painel.

Nesse sentido, a DFK vai criar “um centro de excelência de serviços partilhados de auditoria com IA que terá as suas regras de governance próprias”, anunciou o CEO da empresa, defendendo que as competências dos auditores não podem ser substituídas pela IA.

Para o responsável, é necessário implementar “mecanismos muito robustos para mitigar os riscos que possam advir” da introdução de IA nos processos de auditoria, notando que esta tecnologia torna ainda mais relevante o papel dos auditores e contabilistas na verificação e revisão das contas, porque “a contabilidade é um ato de responsabilidade e de verdade”.

Subsídios para implementar IA nas empresas

O gestor defendeu ainda a criação de “apoios para a implementação de tecnologias de IA” nas empresas, uma vez que se trata de um investimento avultado. “Sentimos que não existem apoios específicos para esse investimento. Conseguimos alocar algumas verbas do PRR, mas tem de haver um trabalho conjunto com os vários players do mercado, os auditores, os contabilistas e o Governo no sentido de criar um ecossistemas para incentivar a utilização destas ferramentas, se não perdemos a competividade do mercado e depois ficamos de fora do comboio”.

Já Valter Pinho diz que, mais do que subsídios, é preciso haver uma simplificação do reporte fiscal. “Em vez de estar a pedir subsídios, o que eu pedia aos governantes e reguladores é que simplifiquem a função fiscal e o meu processo de reporte fiscal“, afirmou, pedindo, por exemplo, que “havendo um problema na entrega do IVA, que se saiba rapidamente como resolver”.

“Vejo mais isto no cenário de baixo do que de cima. Os subsídios põem as pessoas gordas e depois têm problemas”, referiu o general manager SAF-T da Sovos, apelando a que haja “simplificação e automação” dos processos.

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Pina Martins lança nova empresa Growth Ignition com ex-Google

Empresa já tem 10 clientes interessados em potenciar vendas via Amazon, bem como na área de AI Marketing Automation para geração de reuniões comerciais. Querem faturar 2 milhões de euros em 2026.

Da esquerda para a direita, Nuno Pimenta (CEO) e Miguel Pina Martins (chairman)na Growth Ignition.

Ajudar as empresas portuguesas a entrar e vender na Amazon” e a tirar partido da inteligência artificial (IA) para gerar leads de negócio é o objetivo da Growth Ignition, o novo projeto de Miguel Pina Martins (chairman) e do ex-Google Portugal, Nuno Pimenta (CEO).

A experiência da Science4You, do qual Pina Martins é fundador e atual chairman, na Amazon, marketplace onde “é a empresa portuguesa com mais vendas”, foi o gatilho para o arranque deste novo projeto do empreendedor.

Objetivo? Ajudar as empresas nacionais a acelerar o seu negócio digital, usando o gigante norte-americano como canal de vendas para fazer chegar os seus produtos a um público mais alargado. Mas não só. A Growth Ignition tem ainda um braço B2B, que tira partido da IA para apoiar as equipas de vendas das empresas a gerar leads de negócio, através da agregação de informação de redes sociais como LinkedIn ou da lista de contactos, detetando oportunidades de negócio.

Estamos neste momento já a trabalhar com 10 clientes (começámos em março) em diferentes setores. Por um lado, temos alguns retalhistas e fabricantes que estão a explorar o potencial de crescimento internacional via Amazon e, por outro lado, a trabalhar com uma multiplicidade de clientes na área de AI Marketing Automation para geração de reuniões comerciais”, adianta Miguel Pina Martins, ao ECO.

“Os resultados estão a ser extremamente positivos. Na Amazon, alguns dos nossos clientes chegaram perto da dezena de milhares de euros de vendas no primeiro mês e com tudo alinhado para chegarmos a 250.000 euros em dezembro. Na área de AI Marketing Automation, no primeiro mês, agendámos mais de 100 reuniões comerciais, a maior parte delas internacionais”, adianta o gestor.

“A nossa abordagem é a de uma profunda relação com os nossos clientes e em que os sócios estão muito envolvidos e por isso queremos crescer de forma sustentada, garantindo sempre esse acompanhamento”, diz o gestor.

Objetivos de negócio

Ao nível de metas de negócio, o objetivo atingir no final deste 500 mil euros de faturação e dois milhões de euros em 2026, ano em que apontam ter em carteira “30-40 clientes”.

A empresa arranca com capitais próprios dos dois empresários. “Feita a prova de conceito, mais tarde, eventualmente, poderemos ir ao mercado levantar capital”, admite Pina Martins.

O payback do investimento está previsto para meio do próximo ano mas continuamos a fazer investimentos significativos em tecnologia e por isso este prazo poder-se-á alargar. Estamos a construir uma empresa para o longo prazo e por isso não estamos obcecados com o payback, mas sim com a criação de um serviço de excelência para os nossos clientes”, diz o empreendedor, sem revelar o montante de capital investido no projeto.

A empresa está a reforçar a equipa. “Estamos neste momento à procura de perfis muito diferentes: um head of operations, um head of Amazon e um head of AI Lead Gen. Por outro lado, também estamos à procura de perfis um pouco mais juniores (customer success manager)”, descreve.

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Afinal, Filipe Santos Costa também recebeu indemnização da Aicep

Aicep fez provisão de 286.886,52 euros em indemnizações ao conselho de administração de Filipe Santos Costa que foi afastado por Pedro Reis. A este montante somam-se os 62 mil euros a pagar a Arroja.

O anterior ministro da Economia, Pedro Reis, decidiu afastar o então presidente da Aicep, Filipe Santos Costa, e nomeou o economista Ricardo Arroja para o seu lugar. A decisão foi catalogada de “política” pelo Partido Socialista e classificada de polémica por ter sido tomada um dia antes de o responsável assumir um ano de mandato, facto que automaticamente o impedia de receber uma indemnização. No entanto, apesar dos paralelismos que têm sido feitos com a saída de Ricardo Arroja, afinal, Filipe Santos Costa também recebeu uma indemnização — de 20 mil euros.

Por incompetência do Governo, na execução tardia da sua intenção de exonerar, em 2024, o conselho de administração da Aicep, efetivamente um dia antes de completar um ano de mandato, os membros do mesmo acabaram por ficar, por obrigação das responsabilidades de gestores públicos, mais do que um ano em funções. Consequentemente, houve lugar a indemnizações legalmente devidas que foram suportadas pela Aicep em junho de 2025″, confirmou ao ECO Filipe Santos Costa.

O ex-responsável assumiu a presidência da Aicep a 5 de junho de 2023, sucedendo ao Luís Castro Henriques, que assegurou dois mandatos consecutivos à frente do organismo público que promove a globalização da economia portuguesa. A escolha do então ministro da Economia, António Costa Silva, foi conhecida ainda em dezembro de 2022, enquanto decorria o segundo mandato de Castro Henriques. O responsável acabou mesmo por se manter em funções até ao verão seguinte porque teve de apresentar o plano de contas.

Filipe Santos Costa era desde julho de 2018 o presidente executivo da Aicep Global Parques e conhecia bem os cantos da agência, até porque tinha sido, durante três anos, delegado da Aicep em São Francisco e antes em Xangai (de 2011 a 30 de junho de 2015). Tinha também experiência em fundos europeus, já que entre 2009 e 2011 fora o encarregado da Estrutura de Missão para a Gestão dos Fundos Comunitários (EMGFC) no Ministério da Administração Interna (MAI). Uma experiência útil tendo em conta que a Aicep é um organismo intermédio dos fundos europeus e estes são um chamariz para atrair investidores estrangeiros.

Mas o Governo de António Costa caiu e as eleições determinaram a vitória de Luís Montenegro. O novo ministro da Economia, Pedro Reis, decidiu afastar Filipe Santos Costa. Uma decisão que justificou por “uma questão de confiança e quando muito uma questão de opção”, disse no Parlamento. Filipe Santos Costa não chegou a completar um ano à frente da Aicep. O comunicado do Ministério da Economia a anunciar a escolha de Ricardo Arroja é de 3 de junho de 2024, o despacho de nomeação em Diário da República é de 4 de junho, mas, de facto, Ricardo Arroja só iniciou funções a 6 de junho, por aguardar parecer da Cresap.

Assim, fiou no cargo mais de um ano e passou a ter direito a uma indemnização de acordo com as regras do estatuto do gestor público. Quando os gestores são afastados um ano depois de exercerem funções, automaticamente têm direito a uma indemnização correspondente ao vencimento de base até ao final do mandato. Mas há um limite: 12 meses. “Desde que conte, pelo menos, 12 meses seguidos de exercício de funções, o gestor público tem direito a uma indemnização correspondente ao vencimento de base que auferiria até ao final do respetivo mandato, com o limite de 12 meses”, lê-se no estatuto do gestor público.

Ora, Filipe Santos Costa tinha um vencimento exatamente igual ao de Ricardo Arroja mas recebeu uma indemnização de 20.677,75 euros em junho deste ano, avançou o próprio ao ECO. A diferença face aos 62.683,92 euros que Ricardo Arroja vai receber prende-se com o facto de Filipe Santos Costa ser funcionário da Aicep, ainda que em licença sem vencimento desde o ano passado, e por isso ter apenas direito ao diferencial entre o vencimento como gestor e o vencimento do lugar de origem à data da cessação de funções.

Mas não foi o único. Tendo em conta que todo o conselho de administração foi afastado, a Aicep foi feita uma provisão de 286.886,52 euros para pagar indemnizações. O relatório e contas de 2024 tem uma linha na qual se lê que “houve lugar à constituição de provisão para eventuais indemnizações a membros da anterior Comissão Executiva”. Provisões que vieram a ser usadas, mas não integralmente, porque só dois membros do Conselho receberam o valor da indemnização na íntegra e dois não tiveram direito porque os lugares de origem no setor público ao qual regressaram representavam salários mais elevados.

Em entrevista ao Expresso, Filipe Santos Costa disse que o seu afastamento ditou a “primeira vez que” houve “uma politização do mandato da Aicep”. E a politização prosseguiu com Augusto Santos Silva a fazer paralelismos entre o caso Arroja e Santos Costa, acusando o Governo de ter dois pesos e duas medidas por o primeiro ter tido direito a indemnização e o segundo não. Mas, afinal, ambos tiveram.

O afastamento de Ricardo Arroja, que o Executivo justificou com a vontade deimprimir uma nova dinâmica aos serviços, aproveitando os seus melhores recursos e mobilizando as equipas existentes”, também parece estar a gerar polémica já que o economista classifica a decisão do novo ministro da Economia e da Coesão “errada”.

Em comunicado à Lusa, o gestor relata foi convocado para uma reunião com o ministro Castro Almeida. “No encontro, que se realizou na sexta-feira, dia 20/06/2025, no qual compareceu também o senhor secretário de Estado da Economia (engenheiro João Rui Ferreira), o ministro comunicou-me a sua vontade de ter à frente da AICEP (…) um perfil diferente do meu”, prossegue. “Após reflexão pessoal e familiar, concluí que não me caberia assumir o ónus dessa vontade”, explicou Ricardo Arroja.

Ricardo Arroja recorda que teve “oportunidade de alertar” numa entrevista ao ECO em novembro do ano passado que “‘é preciso que os concursos que saem a público venham dotados de todas as ferramentas para análise das respetivas candidaturas'”.

Mas “‘infelizmente, nem sempre acontece. É importante que os políticos também tenham noção disto, não só a nossa tutela direta, mas também a tutela que tem a seu cargo a AD&C”, disse na altura na entrevista que cita no comunicado.

“Trata-se de uma crítica que, à data presente, mantém-se válida, num ano em que a pressão política para agilizar apoios é elevada, mas em que na prática, na ausência de instrumentos de trabalho, são inviáveis maiores níveis de serviço”, aponta.

“Resta acrescentar que a superintendência dos fundos europeus estava, e está, sob tutela da pasta da Coesão, pasta que o Ministro Castro Almeida já tutelava antes e que agora acumula com a Economia”, constata.

Nota: Valor da indemnização de Filipe Santos Costa corrigido tendo em conta o diferencial calculado com base no seu salário na Aicep.

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Não gaste logo o ‘bónus’ do IRS. Pode fazer-lhe falta em 2026

Governo propôs redução das taxas de IRS e tabelas de retenção deverão ser ajustadas já este ano. Mas, atenção, o acerto de contas dos contribuintes com o Estado só se fará nos reembolsos de 2026.

Os salários líquidos mensais deverão subir a partir de setembro, uma vez que as tabelas de retenção na fonte deverão ser ajustadas em resultado da redução das taxas de IRS proposta esta semana pelo Governo.

Significa isto que os portugueses deverão ficar com mais dinheiro na carteira nos próximos meses, com os descontos mensais a estarem mais próximos do imposto efetivo a pagar. A contrapartida volta a ser a que se verificou este ano, isto é, pode haver uma redução do reembolso em meados de 2026 (relativo aos rendimentos deste ano), alertam os fiscalistas ouvidos pelo ECO.

Menos de um mês após ter tomado posse, o Governo apresentou no Parlamento uma proposta para a redução das taxas de IRS de 0,5 pontos percentuais entre o primeiro e o terceiro escalões, 0,6 pontos percentuais entre o quarto e o sexto, e 0,4 pontos para o sétimo e oitavo escalões.

 

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, explicou que a intenção é que a proposta seja discutida já na próxima semana, sendo que, segundo noticiou o Correio da Manhã, o objetivo do Governo é que esse alívio fiscal seja sentido já nos salários de setembro (com retroativos a janeiro).

Ou seja, o Executivo pretende replicar o modelo pelo qual optou em 2024, conforme já tinha sinalizado ao ECO o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, na campanha eleitoral para a ida às urnas de 18 de maio. “O objetivo é descer as taxas até ao 8.º escalão de rendimentos e refletir isso imediatamente na retenção na fonte“, revelou, na altura, o governante, em entrevista.

Com esse ajuste da retenção na fonte, os trabalhadores e os pensionistas portugueses poderão contar com salários e pensões líquidos mais expressivos a partir de setembro. Em contrapartida, o reembolso que vier a ser apurado na primavera de 2026, no acerto de contas anual com o Fisco, poderá ser menor.

Há que ter esta perceção: a retenção na fonte não é o pagamento devido. É um adiantamento e pode haver divergências.

Jaime Esteves

Fiscalista

Em declarações ao ECO, o fiscalista Jaime Esteves alerta que a retenção na fonte não é o pagamento do imposto devido. É apenas um adiantamento, sendo que só na primavera do ano seguinte a Autoridade Tributária (AT) calcula o imposto efetivamente a pagar.

Assim, adiantar menos ao Estado significa, por isso, ter menos a receber no ajuste de contas, daí o alerta relativo à baixa da retenção na fonte prevista para os últimos quatro meses deste ano. Não é que os contribuintes venham a sair prejudicados. Há é um adiantamento menor do imposto, logo há menos a receber de reembolso.

Jaime Esteves assinala, além disso, que pode haver variações também em função das “condições em concreto de cada família“. Por exemplo, a baixa da retenção na fonte que está a ser preparada para setembro (que vai incluir retroativos, isto é, vai procurar devolver a retenção feita em excesso nos primeiros meses deste ano face às novas taxas efetivas) poderá ser excessiva no caso de um contribuinte que não tenha trabalhado no primeiro semestre deste ano e que encontre, entretanto, um emprego.

Uma vez que esse trabalhador não esteve empregado no arranque do ano não descontou pelas tabelas ainda em vigor, logo, em teoria, não deveria ter direito a retroativos (uma vez que não há imposto retido em excesso).

A lei prevê que o contribuinte pode pedir à entidade empregadora uma taxa de retenção na fonte maior.

Jaime Esteves

Fiscalista

As tabelas de retenção na fonte são, porém, “calculadas assumindo que se trabalha o ano todo”, pelo que esse trabalhador vai sentir, na mesma, o efeito retroativo, o que significa que em 2026 poderá ter um reembolso menor ou até mesmo uma fatura a pagar.

“Há sempre que ter esta cautela“, salienta Jaime Esteves. O fiscalista acrescenta que o inverso também pode acontecer: um contribuinte que tenha trabalhado até aqui e retido pelas tabelas em vigor, se ficar sem emprego não vai sentir o efeito retroativo incluído nas novas tabelas. Logo, em 2026, o seu reembolso poderá ser mais expressivo.

Jaime Esteves realça, além disso, que a lei prevê que o contribuinte pode sempre pedir ao empregador para fazer uma retenção maior do que a obrigatória, o que pode gerar algum efeito de “poupança”, uma vez que essas verbas são, depois, devolvidas só no acerto de contas.

Já o fiscalista José Pedroso de Melo assinala que tudo irá depender do desenho das tabelas de retenção escolhido pelo Governo, com a certeza de que quanto maior a aproximação ao imposto efetivo, menor o reembolso.

No limite, indica, o Executivo poderia optar por não ajustar as tabelas de retenção na fonte, o que significaria reembolsos mais expressivos para os portugueses na próxima primavera.

De resto, é de notar que as alterações ao IRS propostas pelo Governo carecem ainda de “luz verde” do Parlamento, pelo que não é certo que contornos terão efetivamente, tendo em conta que o PSD e o CDS-PP não têm maioria absoluta e a oposição (Chega e PS) têm preferido focar a redução do IRS nos rendimentos mais baixos.

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Draycott e família Soares dos Santos vão modernizar a Verescence e produzir mais frascos de luxo

Duplicar produção nos EUA, substituir fornos a gás por híbridos e instalar tecnologia para melhorar linhas de montagem são os objetivos para a empresa de frascos luxuosos comprada por 490 milhões.

A Draycott, que realizou recentemente o maior investimento de sempre de uma private equity portuguesa, já tem um plano de desenvolvimento da empresa que acabou de comprar por 490 milhões de euros, a francesa Verescence. Reforçar nos Estados Unidos e investir na sustentabilidade e digitalização das fábricas de vidro serão as apostas nos próximos anos de forma a produzir mais e melhores frascos para cremes e perfumes luxuosos.

Em conjunto com a holding da família Soares dos Santos, com quem investiu e vai partilhar a liderança da fabricante de embalagens de vidro, a Draycott vai substituir os fornos a gás por híbridos e instalar sistemas tecnológicos, com base em inteligência artificial, para aumentar a produtividade das linhas de montagem.

“Os fornos a gás são altamente poluentes hoje em dia. A ideia é passar a híbridos com motores a eletricidade mais potentes e investir em vidro mais reciclado. Melhorar as fábricas com uma estratégia de descarbonização e investir em tecnologia”, disse ao ECO o sócio fundador da private equity, João Coelho Borges.

“E investir muito na decoração, os acabamentos especiais que fazemos ao vidro para que fiquem com um aspeto mais premium. É um valor acrescentado e vertical de crescimento para continuarmos a ganhar quota de mercado entre as marcas de luxo”, acrescentou o investidor, referindo-se a clientes como Chanel, Hermès, L’Oréal ou LVMH, grupo ao qual pertence a Louis Vuitton, Dior e Givenchy.

O objetivo da Draycott e da Movendo Capital é manter o crescimento anual da Verescence, em linha com o mercado onde se insere, e rentabilizar mais a empresa. “Acabámos de fechar a operação. Só agora a concluímos, financeiramente falando, e iniciámos a nova etapa: sermos co-donos desta empresa em parceria com a família Soares Santos e tentar desenvolvê-la no seu potencial máximo. Opera num setor que cresce normalmente 4% a 7% ao ano, portanto há crescimento de receita entre preço e volume”, afirma João Coelho Borges.

Fábrica dos EUA a reluzir. Mercado americano vai duplicar

Os investidores portugueses preveem duplicar a operação da Verescence dos Estados Unidos nos próximos três a quatro anos. Atualmente, o mercado norte-americano representa cerca de 10% do negócio e gera receitas de quase 50 milhões de euros, mas como existe produção local – portanto, está livre das tarifas – é expectável que cresça.

“Estamos a investir na operação dos Estados Unidos para ganhar um pouco mais de quota de mercado. Achamos que a fábrica tem capacidade para dobrar a capacidade produtiva, a sua utilização efetiva. Somos o único player da indústria, no segmento premium, com produção direta nos Estados Unidos. As tarifas, a acontecerem, são capazes de nos beneficiar”, refere João Coelho Borges, esclarecendo que, na Europa, as duas fábricas em França e perto de Madrid são suficientes para o grupo.

Somos o único player da indústria, no segmento premium, com produção direta nos Estados Unidos. As tarifas, a acontecerem, são capazes de nos beneficiar

João Coelho Borges

Sócio fundador da Draycott

Enquanto fornecedor de marcas de gama alta, a Verescence pretende também – com as recém-chegadas verbas e conhecimentos da nova cogestão de Portugal – dar resposta às suas necessidades de design premium e, simultaneamente, ter frascos mais amigos do ambiente. É um desafio para a indústria, mas o sócio fundador da Draycott garante ao ECO que é possível casar estes dois mundos.

Com a tendência de sustentabilidade os vidros têm ficado mais leves e mais frágeis e também com mais percentagem de vidro reciclado. Portanto, decorar a embalagem e dar-lhe um aspeto mais premium é uma forma de compensar a estratégia de sustentabilidade que leva a uma menor qualidade percebida do produto, mas acima de tudo de tentar posicionar as marcas nesse segmento onde a Verescence se situa de longa data”, explica.

Basta prestar atenção às prateleiras das grandes insígnias da beleza para perceber que as embalagens das fragrâncias, séruns e cremes deixaram de ser apenas um recipiente para os guardar, mas quase uma peça decorativa para ser reutilizada ou ganhar nova vida – o que, por vezes, até é um desafio adicional para transportar nas carteiras ou necessaires. Daí a importância de utilizar o capital também para a estética.

“Acompanhar a tendência de designs cada vez mais inovadores e diferenciadores por parte das marcas, dar-lhes as ferramentas de poder trabalhar o vidro com a apresentação e o design que eles querem: cada vez mais sofisticado e elaborado”, assinala o sócio fundador da Draycott, em declarações à margem do evento de M&A organizado pela Cuatrecasas e Bain.

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Prestação da casa cai até 135 euros em julho antes de BCE fazer pausa nos juros

BCE prepara-se para fazer uma pausa nos cortes das taxas de juro no próximo mês. Antes disso, a prestação da casa volta a cair, renovando mínimos de mais de dois anos e meio. Faça aqui as contas.

A prestação da casa vai voltar a cair no próximo mês. As descidas podem ir até aos 135 euros, de acordo com os cálculos feitos pelo ECO com base num empréstimo de 150 mil euros a 30 anos. Isto acontece quando o Banco Central Europeu (BCE) se prepara para fazer uma pausa nos cortes das taxas de juro. O que significa que os encargos com o crédito à habitação vão continuar a descer, mas não por muito mais tempo.

De resto, amontoam-se os sinais de que a descida da prestação da casa está cada vez mais perto do fim. Vemos isso no comportamento das Euribor, os indexantes usados nos contratos de empréstimo com taxa variável. O ritmo de recuo destas taxas tem vindo a desacelerar. Aliás, a média mensal da Euribor a 12 meses terá subido novamente em junho, o que, a confirmar-se (ainda falta saber os valores desta sexta e da próxima segunda-feira para termos o valor final da média mensal), seria a primeira subida em mais de um ano.

Euribor começam a estabilizar em torno dos 2%

Fonte: Refinitiv

Nos tempos mais próximos, ainda assim, as famílias poderão contar com mais alívios na prestação da casa – depois do forte alívio que sentiram no último ano e meio. É o que vai acontecer aos contratos de empréstimo à habitação cujas condições forem revistas em julho.

Para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos e com um spread de 1%, as contas para junho são as seguintes:

  • Euribor a três meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá descer para 636 euros, menos 32 euros (-5%) relativamente à prestação que pagava desde abril;
  • Euribor a seis meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses rondará os 636 euros, uma descida de 56 euros (-7%) em relação à prestação que pagava desde janeiro;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá cair para 639 euros, menos 134 euros (-17%) face à prestação que pagou no último ano.

Para o ajudar a calcular a prestação do seu crédito à habitação, o ECO preparou um simulador. Faça as contas para o seu caso e, se o seu contrato for revisto agora, saiba quanto irá pagar a menos.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o simulador.

BCE pausa em julho após turbulência passageira

Determinante para o alívio dos encargos com a casa tem sido o BCE. Desde o verão passado que o banco central tem vindo a baixar os juros oficiais perante o desanuviar das pressões inflacionistas. Desde junho de 2024 já efetuou oito cortes, o último dos quais foi anunciado no início deste mês, reduzindo a taxa da facilidade de depósito para 2%.

Os mercados estão a antecipar mais um corte até final do ano. Mas não esperam que isso aconteça na reunião do conselho de governadores marcada para o próximo dia 24 de julho. Este encontro deverá marcar uma pausa na trajetória de descida iniciada há um ano e uma nova redução das taxas só surgirá depois do verão.

A recente volatilidade nos preços do petróleo devido à escalada das tensões no Médio Oriente poderia ter baralhado as contas do banco central liderado por Christine Lagarde. Mas o susto foi passageiro.

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Estado ainda não recuperou um euro de Manuel Serrão na operação Maestro

Estado reclamou 41 milhões de euros de créditos na insolvência da Selectiva Moda. Antes disso não houve compensações de créditos pelas autoridades de gestão. Tribunal investiga insolvência.

O Estado ainda não recuperou um euro dos 41 milhões pagos indevidamente a Manuel Serrão, que foi constituído arguido no âmbito da operação Maestro, por um alegado esquema para uso fraudulento de apoios comunitários.

A investigação sustenta que, pelo menos desde 2015, Manuel Serrão, António Sousa Cardoso, que liderou a Associação de Jovens Empresários, e António Branco e Silva, “conhecedores das regras de procedimentos que presidem à candidatura, atribuição, execução e pagamento de verbas atribuídas no âmbito de operações cofinanciadas por fundos europeus, decidiram captar, em proveito próprio e das empresas por si geridas, os subsídios atribuídos à Associação Selectiva Moda e às sociedades No Less e House of Project — Business Consulting”.

Mas a Selectiva Moda já foi declarada insolvente a 25 de setembro de 2024 e, por isso, aos credores nada mais restou do que, no prazo de 30 dias, reclamar os créditos. A Agência para o Desenvolvimento e Coesão está a tentar recuperar 41 milhões de euros.

“A Agência para o Desenvolvimento e Coesão, IP (Agência, IP), procedeu, no dia 21.10.2024, à reclamação de créditos junto do administrador da Insolvência”, António Pragal Colaço, “no âmbito do processo de insolvência da entidade ‘Selectiva Moda – Associação de Promoção de Salões Internacionais de Moda’, no montante global de 41.194.672,30€, processo que se encontra ainda pendente”, disse ao ECO fonte oficial da agência.

O processo teve um novo desenvolvimento em março deste ano, quando o Tribunal Judicial da Comarca do Porto decidiu abrir um incidente de qualificação de insolvência solicitado pelo Ministério Público. Isto significa que foi aberto um processo judicial autónomo, mas apenso ao processo principal de insolvência, para apurar se a insolvência foi causada por circunstâncias fortuitas ou por atuação culposa do devedor ou dos seus órgãos de gestão.

O ECO tentou contactar o gestor de insolvência António Pragal Colaço, mas não foi possível até à publicação deste artigo.

Recorde-se que perante estas suspeitas, o ministro Adjunto e da Coesão encomendou uma auditoria à AD&C, que concluiu a 9 de julho do ano passado que houve “insuficiências” de gestão que obrigavam à devolução de 30 milhões de euros de fundos europeus já pagos.

“O Governo tem uma posição de tolerância zero para a fraude. Impõe-se recuperar o dinheiro indevidamente recebido e sancionar os infratores. É absolutamente fundamental preservar a confiança nas entidades responsáveis”, disse o ministro Manuel Castro Almeida, citado num comunicado.

“O Estado tem de usar todos os expedientes ao seu alcance para recuperar o máximo de dinheiro possível”, acrescentou depois, ao ECO, o ministro Castro Almeida.

As autoridades de gestão — Compete 2030, Norte 2030 e Lisboa 2030 — estavam assim incumbidas de tentar recuperar o valor de fundo irregular pago.

As regras ditam que os beneficiários são notificados para repor o dinheiro. Têm 30 dias para aceitar ou não, sendo que podem pagar a prestações, ao longo de um ano. Mas esta opção implica o pagamento de juros. Se não aceitarem, não responderem ou reclamarem da decisão, as autoridades de gestão podem requerer a correção por via de execução fiscal. E se os beneficiários não tiverem património, são penhorados salários, reformas (até um terço), carros, etc.

Havia ainda a possibilidade de fazer uma compensação de créditos, ou seja, se houvesse faturas a pagamento, este não ser efetuado para compensar os montantes em falta. Mas, nem o Compete nem o Lisboa 2030 o fizeram, por não haver essa possibilidade.

“O processo de recuperação de verbas, por não haver lugar à possibilidade de compensação de créditos no âmbito do Compete, é da responsabilidade da AD&C”, confirmou ao ECO fonte oficial do Compete.

“No âmbito do Programa Operacional Regional de Lisboa (Lisboa 2020), não houve lugar a compensações de créditos relativamente à Seletiva Moda”, disse ao ECO a presidente da CCDR de Lisboa, que é a gestora do programa. “As três operações atribuídas à Seletiva Moda foram objeto de revogação da decisão e encontram-se atualmente em processo de cobrança coerciva, com um montante total em dívida de 188.286,62 de Euros. Informa-se, ainda, que existiu uma outra dívida, não relacionada com a Operação Maestro, no valor de 10.465,71 de euros, que se encontra encerrada desde 2020”, acrescentou Teresa Almeida.

Assim, a hipótese de recuperar algum dinheiro está totalmente dependente do processo de insolvência.

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Morgan Stanley recomenda a compra de acções da Indra após a AGM

  • Servimedia
  • 27 Junho 2025

O banco de investimento norte-americano elevou o seu conselho de hold para buy e aumentou a sua avaliação da empresa para 47 euros por ação, o que representa um potencial de 34% em relação ao atual.

Após a Assembleia Geral de Acionistas da Indra, na qual 98,5% dos acionistas da empresa ratificaram a eleição de Ángel Escribano como presidente executivo, a Indra recebeu um novo aval da Morgan Stanley, que recomenda a compra das suas ações.

O Morgan Stanley destaca as boas perspetivas da atividade de defesa da Indra, bem como a força da sua atividade tecnológica. O objetivo da empresa é que 50% das suas receitas provenham da defesa até 2026, um objetivo que, segundo o Morgan Stanley, já está comprometido com os contratos assinados, o que lhe confere um elevado nível de visibilidade das receitas.

Neste sentido, o banco espera que a Indra cresça a um ritmo anualizado de 8% organicamente entre 2024 e 2027 e de 10% incluindo as operações corporativas. Além disso, esperam que a empresa expanda as suas margens, o que permitirá que o seu lucro por ação (EPS) cresça a uma taxa de 13% durante o mesmo período.

CAIXABANK

Com esta avaliação, o Morgan Stanley junta-se ao CaixaBank, que recentemente elevou o seu price target para a Indra para 46,2 euros por ação. O banco catalão justifica a sua subida pela forte aceleração do gasto em defesa, as oportunidades de transações corporativas no setor, as melhores perspetivas de crescimento, o impulso robusto e o interessante potencial de valorização da Indra a nível fundamental.

As recomendações dos analistas reforçam o apoio do mercado à empresa. Em máximos históricos, a Indra é a empresa mais em alta do Ibex 35, com uma subida de cerca de 104% este ano, depois de uma subida de cerca de 4% na abertura da sessão de sexta-feira.

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António Vitorino está fora da corrida a Belém

  • Lusa
  • 26 Junho 2025

"Não me apresentarei a candidato", anunciou o antigo comissário europeu, justificando não estarem reunidas "as condições para ser o candidato do centro-esquerda”.

O antigo comissário europeu António Vitorino anunciou esta quinta-feira que não vai concorrer às eleições Presidenciais do próximo ano, referindo que a sua candidatura “não conseguiu reunir o consenso” para poder ser única na sua área política.

“Não me apresentarei a candidato. Eu sempre disse, fui sempre coerente, de que devia haver apenas um candidato nesta área politica (…) e manifestamente há um dado objetivo: a minha candidatura não conseguiu reunir o consenso para poder ser uma candidatura única desta área e po tanto eu não me apresentarei”, anunciou esta noite António Vitorino na SIC Notícias. O antigo comissário europeu enfatizou que não reúne “as condições para ser o candidato do centro-esquerda”.

Neste contexto, António José Seguro é, para já, o único candidato que poderá reunir o apoio dos socialistas, embora se assuma como independente do partido que liderou.

 

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Chama-se “Neptune” o novo “Vinho de outro mundo”. Português apresenta em Florença

“Neptune Code 0.6” é o novo “Vinho do outro mundo” de um português e um produtor italiano. Foi apresentado em Florença e 25% das 562 garrafas foram adquiridas às cegas em pré-reserva.

Cláudio Martins, mentor do projeto “Vinhos do Outro Mundo”, e o produtor italiano Bibi Graetz26 junho, 2025

Neptune Code 0.6”. Depois de todo o secretismo, eis que sobe a cortina e se desvenda em Florença o nome e as características do quarto néctar, um tinto de 2015 proveniente de vinhas velhas em Toscana, da série limitada “Vinhos do Outro Mundo”, a 1.100 euros a garrafa. Foi lançado na noite desta quinta-feira, em Florença, pelo empresário Cláudio Martins em parceria com Bibi Graetz, “um dos mais reconhecidos nomes do vinho italiano”, e — surpreenda-se — já com 25% das 562 garrafas adquiridas às cegas em pré-reserva.

Já não é a primeira vez que investidores portugueses se dão ao luxo de fazer uma pré-reserva dos “Vinhos do Outro Mundo” — Wines From Another World com nomes de planetas sem sequer os provarem antes ou conhecerem se é tinto, branco ou feito a partir de que casta. Aconteceu corria o ano de 2023 com o branco “Saturn”, de casta Riesling e o terceiro desta série, desta vez produzido na famosa região vitivinícola Mosel (Alemanha).

Excentricidades à parte, o novo néctar “Neptune Code 0.6” foi produzido a partir de vinhas velhas com mais de 75 anos: uma em Lamole e outra em Olmo com fabulosa vista para Florença. “Esperou pelo momento certo para se revelar”, com uma complexidade na dose certa, assinala o CEO da Martins Wine Advisor, acrescentando que esteve dez anos a envelhecer em barricas antigas de carvalho francês “após uma fermentação espontânea com leveduras indígenas e uma tripla seleção manual das uvas”.

Cláudio Martins continua, assim, a traçar um roteiro cósmico pelos grandes terroirs do mundo. “Mais do que uma coleção, Wines From Another World é uma odisseia sensorial e simbólica que explora a relação entre a terra e o cosmos através de vinhos absolutamente singulares”, nota o consultor de vinhos e também embaixador de Liber Pater, do produtor francês Loïc Pasquet, com um exemplar de uma garrafa a 1,5 milhões de euros.

O novo lançamento, “Neptune Code 0.6”, mantém a filosofia do projeto: “pequenas produções, identidade marcante, envelhecimento prolongado e uma visão quase mitológica do vinho”, sublinha Cláudio Martins que, nesta noite de quinta-feira, apresentou em Florença o néctar que tem q.b para cativar o palato dos mais fiéis apreciadores de vinhos raros e de luxo. Seja pelo aroma que liberta ou pela experiência que desperta no paladar. É toda uma experiência sensorial que desta vez nos transporta até à Toscana.

Desta vez, o português conta com a parceria do produtor italiano Bibi Graetz que faz questão de desenhar os rótulos dos seus vinhos, “reforçando a ideia do vinho como uma verdadeira forma de arte e expressão”, conta Cláudio Martins ao ECO. É a partir da colina de Fiesole que Bibi Graetz coloca os seus néctares no mapa da viticultura internacional. “É reconhecido internacionalmente por criar vinhos emblemáticos que traduzem a alma da Toscana com elegância, inovação e um toque irreverente”, descreve o português.

Mas foi em terras lusas, mais propriamente no Alentejo, que Cláudio Martins começou a escrever a história dos “Vinhos do Outro Mundo”. “A escolha do Alentejo não foi apenas uma afirmação da qualidade dos vinhos portugueses, mas também um sinal claro do papel de Portugal como força criativa e visionária no panorama vinícola internacional”, narra o mentor deste projeto.

Coleção “Vinhos do Outro Mundo” do português Cláudio Martins26 junho, 2025

 

Corria o ano de 2021, quando lançou, a 1.000 euros a garrafa, o tinto “Júpiter”, em parceria com o enólogo Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim. As 800 garrafas deste néctar esgotaram em três tempos apesar do elevado custo. Ainda hoje há investidores a revenderem uma garrafa “a 2.000 ou 2.500 euros”.

O empresário, que se apaixonou pelo mundo vinícola, quando, na juventude trocou a Serra da Estrela por Londres, em Inglaterra, admite que quis “agitar as águas” ao vender o “Júpiter” a 1.000 euros, valorizando a qualidade do vinho português, com personalidade e uma narrativa por trás da vinha e da casta.

Depois de “Júpiter”, do Alentejo, seguiu-se em 2022 o “Uranus” em parceria com o produtor espanhol Dominik Huber, da Terroir al Limit, da região de Priorat. Restam 100 garrafas de 0,75 litros deste vinho, cujo lançamento em Madrid o ECO teve oportunidade de assistir. Lançou depois o Reiseling “Saturn”, de Mosel (Alemanha) do produtor Ernst Losen. Após alguns meses de suspense, chega agora ao mercado o “Neptune Code 0.6” a 1.100 euros a garrafa.

Para os fãs destes vinhos de luxo, fica a certeza, afiança o mentor do projeto, de que “ao longo dos próximos seis anos, terão lugar outros vinhos das regiões de Bordéus, Champagne, Napa Valley, Kakheti”. Será uma viagem pelas principais regiões vinícolas do mundo que terminará com “um fortificado em Portugal com o nome uma constelação ou de uma galáxia ou de um meteorito”, desvenda ao ECO Cláudio Martins.

A apresentação em primeira mão está sempre reservada aos membros do Clube Wines From Another World (WFAW), criado em 2021, com o lançamento do alentejano “Júpiter”. Foi precisamente o que aconteceu esta quinta-feira em Toscana com o “Neptuno” que vai andar nas bocas do mundo.

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