Pedido de desembolso do quinto cheque do PRR derrapa para o segundo trimestre

“A Estrutura de Missão está em processo de validação informal com a Comissão Europeia sobre os resultados alcançados nos marcos e metas incluídos no quinto pedido de pagamento", disse a mesma ao ECO.

Portugal deverá pedir à Comissão Europeia o pagamento do quinto cheque do Plano de Recuperação e Resiliência no segundo trimestre, avançou ao ECO fonte oficial da Estrutura de Missão Recuperar Portugal. Uma derrapagem face ao prazo inicial de março, mas que pode ser explicada pela realização de eleições antecipadas a 10 de março. E que atira o processo para o próximo Governo.

“A Estrutura de Missão está em processo de validação informal com a Comissão Europeia sobre os resultados alcançados nos marcos e metas incluídos no quinto pedido de pagamento, encontrando-se igualmente em curso o processo de confirmação, controle, verificações no local e auditoria, associado aos marcos e metas referidos”, explicou fonte oficial da instituição liderada por Fernando Alfaiate.

Vários fatores poderão influenciar a conclusão deste processo”, acrescenta (sem precisar quais), “estimando-se, contudo, que o mesmo fique concluído no segundo trimestre deste ano”.

Apesar de questionada sobre quais as metas e marcos mais atrasados referentes ao quinto pedido de desembolso, a Estrutura de Missão não detalhou.

A própria Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR (CNA) “está a analisar as metas e os marcos e em breve espera ter o trabalho concluído, mas que dependerá sempre da evidência apresentada pelos beneficiários”, explicou ao ECO o seu presidente Pedro Dominguinhos.

Recorde-se que a ministra Mariana Vieira da Silva deixou em novembro, a dias do Governo entrar em gestão, a garantia de que a prioridade era cumprir todas as reformas e investimentos necessários para que o país pudesse pedir o pagamento do quinto cheque do PRR, inicialmente previsto para março.

“Depois de o Governo entrar em gestão e a queda da Assembleia da República, será uma prioridade para o Governo o cumprimento de todas as metas do PRR que correspondam ao quinto pedido de desembolso, no sentido de procurar permitir que tudo está pronto para que, quando o próximo Governo tomar posse, possa fazer o pedido de desembolso”, disse a ministra da Presidência na conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros de dia 24 de novembro.

Portugal tem de cumprir 42 marcos e metas para poder receber 3,19 mil milhões de euros do quinto cheque — 1,87 mil milhões em subvenções a fundo perdido e 1,31 mil milhões em empréstimos. Este é o valor bruto, pois é necessário descontar o adiantamento já transferido para Portugal.

Muitas já estão asseguradas, como a assinatura do contrato para a construção da Plataforma Naval Multifuncional – que devia ter sido no terceiro trimestre. Trata-se de um navio polivalente e inovador preparado para atuar em operações de emergência, vigilância, investigação científica e oceanográfica, bem como monitorização ambiental e meteorológica. Ou a assinatura do contrato de gestão para a construção do Hospital Oriental de Lisboa, que estava previsto para outubro, mas só aconteceu a 2 de fevereiro, ainda que a obra tenha sido adjudicada em 2022.

A construção da Linha Violeta do Metropolitano de Lisboa também teve um avanço com a aprovação em Conselho de Ministros da despesa para financiar a linha que vai ligar à superfície os concelhos de Loures e Odivelas — 390 milhões são suportados por um empréstimo do PRR, um valor superior aos 250 milhões inicialmente previstos e que foram conseguidos graças à reprogramação do PRR. Os restantes 137,3 milhões saem do Orçamento do Estado para 2024.

Bruxelas exige ainda que haja obras de construção iniciadas ou adjudicadas para alojamentos de emergência e de transição no âmbito da Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário, lançada em 2021. Os investimentos de Oliveira do Hospital são um exemplo que se inserem nesta medida que exige que as casas respeitem as normas de eficiência. E que sejam assinados contratos para a requalificação e conservação de edifícios que são património cultural e de teatros nacionais – coisa que o Governo tem vindo a fazer.

O Governo também já conseguiu cumprir a criação do Observatório Nacional de Pobreza Energética, da Unidade Técnica de Avaliação Tributária e Aduaneira (U-TAX), do sistema de depósito e reembolso de embalagens (foi aprovada a legislação) e a entrega de 650 milhões de euros a empresas portuguesas não financeiras em capital próprio e quase-capital próprio.

A entrada em vigor do pacote legislativo que reorganiza a Administração Pública é outra das reformas inscritas no quinto pagamento. Segundo o Expresso (acesso pago), António Costa quer deixar concluída esta reforma e os gabinetes ministeriais e peritos da área têm reunido para tentar deixar o dossiê fechado. Mas como o Governo está em gestão, impedido de fazer nomeações no topo da Administração, Costa poderá ser forçado a deixar apenas as propostas de lei prontas para o próximo Executivo. Portugal comprometeu-se com Bruxelas a extinguir dezenas de cargos dirigentes, fundir vários serviços e criar estruturas superministeriais.

Atrasado está também o lançamento do primeiro leilão para a compra centralizada de biometano sustentável, apesar de a portaria já ter sido publicada, em janeiro de 2023.

Recorde-se que todos os Estados-membros têm uma margem de 5% de flexibilização no cumprimento das metas. Se a Comissão considerar que o número está muito próximo da meta, que houve um esforço, poderá transferir a verba, sem a suspender como aconteceu com os 800 milhões do terceiro cheque do PRR.

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Cerca de 10% dos concursos lançados pelas autarquias para construir habitação acessível ficam desertos

  • Ana Petronilho
  • 22 Fevereiro 2024

Das centenas de concursos lançados para construir ou reabilitar imóveis para habitação acessível há "20 ou 30" que ficaram desertos, devido a baixos preços base e ao reduzido volume de empreitada.

  • O ECO vai divulgar 5 séries semanais de trabalhos sobre temas cruciais para o país, no período que antecede as eleições legislativas de 10 de março. Os rendimentos das famílias, o crescimento económico, a crise da habitação, o investimento em infraestruturas e os problemas da Justiça vão estar em foco. O ECO vai fazer o ponto da situação destes temas, sintetizar as propostas dos principais partidos e ouvir a avaliação dos especialistas.

O Estado está a correr contra o tempo para cumprir com a meta da Comissão Europeia de construir 32.800 fogos até 31 de dezembro de 2026. Porém, a tarefa está longe de ser bem-sucedida.

Entre as centenas de concursos públicos lançados pelas autarquias para a construção ou reabilitação de imóveis para habitação acessível do Estado, há “5% a 10%” que ficam desertos, refere ao ECO Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) do PRR.

Isto significa que, só em 2023, contabilizaram-se “entre 20 a 30” concursos que encerraram sem que qualquer empresa se tivesse candidatado.

Pedro Dominguinhos diz ainda que, apesar de assistir a uma recente redução de concursos desertos, este é, ainda assim, um “número significativo” e que pode colocar em risco o cumprimento da meta “ambiciosa” contratada com Bruxelas.

Para o presidente da CNA do PRR, a ausência de interessados dos concursos lançados justifica-se por duas razões: por um lado, como resultado de “um preço base baixo para as condições do mercado com que os concursos foram lançados”, acabando por “não gerar procura junto das empresas”. E, por outro lado, “e em particular nos concursos para reabilitação de casas, o volume da empreitada era reduzido, o que desincentivou os empreiteiros”.

Segundo os últimos dados do IHRU com data de 9 de janeiro deste ano, há 281 municípios com projetos de habitação acessível para a construção ou reabilitação de 15.936 habitações candidatadas a verbas do PRR.

Nos últimos três meses, a equipa de peritos da comissão de acompanhamento do PRR tem feito visitas ao terreno junto das 281 autarquias com projetos em curso para a construção ou reabilitação de casas para o programa 1.º Direito, que apoia famílias carenciadas sem capacidade financeira ter uma habitação, ou com projetos de construção de casas públicas a custos acessíveis.

Neste período, Pedro Dominguinhos diz ao ECO que tem havido “uma diminuição dos concursos desertos”, quer porque “os preços-base aumentaram”, por via da reprogramação do PRR, quer também “pela agregação de várias habitações nos procedimentos concursais, que os tornam mais atrativos”.

Em jeito de aviso, o presidente da comissão de acompanhamento do PRR acentua que o ano de 2024 “é crucial” para o cumprimento da meta fixada com a Comissão Europeia porque “o volume de obra pública lançada será muito significativo” num contexto em que há “dificuldades de contratação de mão-de-obra”, sendo, por isso, “importante que a indústria da construção consiga dar resposta”, havendo ainda outros “riscos identificados”.

Desde logo a falta de “capacidade de resposta do IHRU às candidaturas apresentadas”, passando pela “concretização da obra contratualizada pelas autarquias e pelos empreiteiros”, a que se soma “uma carga burocrática associada ao início de obra” num contexto de duas guerras em curso e quando se assiste a um “aumento dos preços, das taxas de juro e à disrupção das cadeias de abastecimento”.

Lisboa, Setúbal e Oeiras são as autarquias com maior investimento

O prazo para as autarquias submeterem candidaturas ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) para ter acesso a verbas de financiamento dos projetos de habitação acessível termina a 31 de março.

Entre as 308 autarquias do país há, segundo os últimos dados do IHRU com data de 9 de janeiro deste ano, 281 municípios com projetos de habitação acessível para a construção ou reabilitação de 15.936 habitações candidatadas a verbas do PRR, tendo sido concluídas, até àquela data, cerca de 2.087 casas.

Com o aproximar do fim do prazo, o número de candidaturas das autarquias têm aumentado, refere Pedro Dominguinhos, notando que, do universo de 281 municípios com projetos, Lisboa, Setúbal e Oeiras eram, a 31 de janeiro deste ano, as Câmaras com o maior investimento já contratualizado.

No caso de Lisboa, o valor ascende a 95 milhões de euros, em Setúbal 68 milhões de euros e em Oeiras 48 milhões de euros. Mas o presidente da comissão de acompanhamento do PRR salienta ainda “investimentos relevantes” noutras zonas do país como Coimbra, Loulé, Portalegre, Peso da Régua, Braga, Cinfães, Monção.

Valores que “irão crescer nos próximos meses”, quer pela “assinatura de novos contratos no programa de acesso à habitação quer também pelos contratos de Oferta Pública de Aquisição”, procedimento que passa pela compra de casas para que sejam, posteriormente, atribuídas através do programa 1.º Direito.

No último relatório da comissão de acompanhamento do PRR, divulgado em novembro, o nível de execução do investimento nas casas para o 1.º Direito foi considerado “preocupante”.

Os peritos da comissão de acompanhamento têm registado um “o aumento, pelas autarquias, do recurso à Oferta Pública de Aquisição de fogos a serem construídos por entidades privadas”, que depois de construídos serão disponibilizados, para arrendamento. Esta modalidade tem tido “um acolhimento positivo junto do mercado, trazendo um acréscimo de confiança e de expectativas para a concretização” da meta contratualizada, diz.

O próximo balanço da execução das verbas do PRR para a habitação e dos projetos em curso só será conhecido no próximo relatório que será divulgado no início de junho.

No último relatório da comissão de acompanhamento do PRR, divulgado em novembro, o nível de execução do investimento nas casas para o 1.º Direito foi considerado “preocupante”, tendo em “atenção os riscos identificados, nomeadamente face a concursos desertos, à perspetiva de aumento de custos e à insuficiência de casas no mercado, para reabilitação” tanto da propriedade das autarquias ou do IHRU ou as que estavam disponíveis para aquisição.

Nessa altura, “das 1.081 candidaturas submetidas (mais de 11.600 habitações), 743 estão aprovadas (mais de 8 mil habitações). Das cerca de 300 que faltam, há que realçar candidaturas de municípios mais pequenos, que poderão ter menos habitações, mas que também poderão necessitar de um maior apoio durante o processo”, refere ainda o relatório.

Também o investimento nos projetos para aumentar o parque público de habitação foi considerado “preocupante” quando, apesar de estarem àquela data identificados 10 mil imóveis devolutos do Estado para serem alocados a habitações, naquela altura, ainda não estava “ultrapassada toda a fase de identificação de terrenos ou imóveis, verificação de registos, avaliação para efeitos de adequação ao uso de habitação, bem como todas as fases de projetos, concursos públicos e obra”.

Portugal é o quinto país da União Europeia em que o PRR tem maior impacto no PIB até 2026. O PRR português ascende a um total de 22,2 mil milhões de euros em subvenções e empréstimos e abrange 57 reformas e 284 investimentos.

Deste total, a maior fatia é alocada aos projetos de habitação que subiu de 2,7 mil milhões para 3,2 mil milhões de euros a fundo perdido para construir, até ao final de 2026, 32 mil fogos.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 22 Fevereiro 2024

Em dia de reunião do Ecofin, o Eurostat publica os dados definitivos da inflação em janeiro e o BCE divulga as atas da última reunião. Por cá, a Corticeira Amorim apresenta os resultados de 2023.

Os ministros das Finanças da União Europeia (UE) reúnem-se em Conselho ECOFIN para discutir, entre outros temas, o futuro do Banco Europeu de Investimento. Mas esta quinta-feira há também a publicação pelo Eurostat dos dados definitivos da inflação de janeiro, um relatório especial do Tribunal de Contas Europeu e as atas da última reunião do Banco Central Europeu. Além disso, a Corticeira Amorim divulga as contas anuais.

Inflação na Zona Euro

Esta quinta-feira, o Eurostat revela os dados definitivos do índice de preços no consumidor na Zona Euro referentes ao primeiro mês deste ano. A estimativa rápida do gabinete estatístico europeu apontava para um abrandamento da inflação em janeiro para 2,8% nos países da moeda única, menos 0,1 pontos percentuais face ao mês anterior. A confirmarem-se as perspetivas do Eurostat, a inflação medida pela variação do índice harmonizado de preços em Portugal terá sido de 2,6%, abaixo da média da área do euro.

Contas anuais da Corticeira Amorim

A Corticeira Amorim revela os resultados financeiros relativos a 2023. Até setembro do ano passado, a empresa liderada por António Rios Amorim registou um lucro de 67 milhões de euros, refletindo um aumento de 4,4% face ao mesmo período de 2022. Nas vendas totais, reportou uma quebra de 3,4%, para 763,2 milhões de euros, enquanto o EBITDA consolidado ascendeu a 139,8 milhões de euros, mais 6,6% em termos homólogos.

Atas da reunião do BCE

No final de janeiro, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter inalteradas as taxas de juro pela terceira reunião consecutiva, após dez aumentos seguidos ao longo de 15 meses. O que foi discutido nesse encontro? A instituição liderada por Christine Lagarde divulga as atas que relatam os acontecimentos da reunião do conselho de governadores.

Ecofin discute futuro do BEI

O Conselho dos Assuntos Económicos e Financeiros (Ecofin) da União Europeia reúne-se a partir desta quinta-feira, num encontro em que os temas em cima da mesa são o futuro do Banco Europeu de Investimento (BEI), a participação dos pequenos investidores nos mercados financeiros e o relatório sobre o futuro da competitividade da União Europeia, preparado por Mario Draghi. Portugal é representado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.

Relatório do Tribunal de Contas Europeu

Ainda esta quinta-feira, o Tribunal de Contas Europeu (TCE) publica um relatório especial intitulado “O Estado de direito consegue proteger as finanças da União Europeia?“. A auditoria abrange a ação da Comissão Europeia em relação a uma amostra de seis países-membros, designadamente Bulgária, Grécia, Itália, Hungria, Polónia e Roménia.

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AD admite governar com Orçamento de Costa até final do ano

Montenegro disse, em novembro, que "com certeza" apresentará um retificativo caso ganhe. Cenário de maioria relativa e impacto das medidas fiscais só a partir de 2025 podem levar a repensar opção.

A Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS e PPM, já admite governar com o Orçamento do Estado para 2024, da maioria absoluta socialista, caso vença as legislativas de 10 de março. Há três meses, o presidente do PSD, Luís Montenegro, garantia que iria avançar com um retificativo. Rui Baleiras, coordenador da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), considera, aliás, que “é possível encontrar folga no Orçamento do Estado para 2024, já aprovado, para acomodar novas medidas”, isto é, sem correções ao documento atual, que está em vigor.

A 9 de novembro, no dia em que o Presidente da República anunciou que iria dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, na sequência da demissão do primeiro-ministro, o presidente do PSD, Luís Montenegro, afirmou que “com certeza” apresentará um Orçamento retificativo se ganhar os votos dos portugueses.

De lá para cá, o volume da “certeza” baixou e até emudeceu. No PSD, já ninguém quer falar de um eventual Orçamento retificativo, porque cria ruído e confusão na campanha que está prestes a arrancar, segundo apurou o ECO. O tiro de partido para as caravanas dos partidos arrancarem é dado no domingo, 25 de fevereiro.

Por outro lado, são agora várias as peças do xadrez que é preciso ter em conta. É muito pouco provável uma maioria absoluta de PS ou da AD no pós 10 de março. O cenário político tem de entrar na equação, assim como a evolução da economia. O Programa de Estabilidade vai ser atualizado para ser enviado a Bruxelas, em abril.

Para além disso, as medidas que constam no programa eleitoral da AD com maior impacto orçamental, como a redução de impostos, em IRS e IRC, ou o descongelamento da carreira dos professores, só vão começar a pesar nas contas a partir de 2025. Eventualmente o plano de emergência na saúde, que Montenegro quer colocar de pé nos primeiros 60 dias de Governo, poderá necessitar de ajustes orçamentais. Mas só se violar a norma travão, que impede que a assunção de despesas ultrapasse o que está orçamentado, é que a AD terá de apresentar um retificativo. Contudo, este não “um compromisso eleitoral”, ouve-se nos corredores sociais-democratas.

Mas antes destas contas, é preciso primeiro saber qual o resultado eleitoral. Se a AD não conseguir uma maioria estável à direita, com a Iniciativa Liberal (IL) e sem o Chega, isto é, com autonomia para aprovar orçamentos de Estado, teria que negociar com o PS. O que significaria ficar vulnerável a um chumbo provável dos socialistas em conjunto com a restante esquerda.

Pedro Nuno Santos admite viabilizar Governo minoritário da AD, mas depois recua

O cenário político de uma vitória relativa da AD com um programa de Governo aprovado com a ajuda do PS, através da abstenção, foi lançado para cima da mesa pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, no último frente a frente com Luís Montenegro, que foi transmitido na passada segunda-feira pelas três televisões generalistas: RTP, SIC e TVI.

“Quero aqui deixar claro que o PS, se não ganhar, por humildade democrática, o PS não apresentará uma moção de rejeição nem viabilizará uma moção de rejeição, se houver uma vitória da AD, que esperamos que nunca aconteça“, defendeu Pedro Nuno Santo no debate televisivo.

Mas o secretário-geral do PS avisou, também, que não vai dar aval a Orçamentos do Estado da AD que não conhece, sublinhando que a tomada de posição dos socialistas vai depender das “soluções” apresentadas, sendo que as duas formações partidárias têm “visões muito diferentes”. “Quanto aos Orçamentos do Estado, o pior serviço que podíamos prestar à nossa democracia era fazermos um negócio sobre um documento que não é conhecido, era fechar um acordo para Orçamentos do Estado que não conhecemos”, afirmou no mesmo espaço de debate.

Acusando Montenegro de manter “o tabu” pelo facto de o líder do PSD não revelar se dá ou não a mão ao PS, caso os socialistas vençam as legislativas sem maioria estável, Pedro Nuno Santos acabou por dar o dito pelo não dito.

“O PS foi claro naquilo que está disponível para fazer, foi o único que foi claro e já disse o que fará se não obtiver esse resultado. Não havendo essa reciprocidade, o PS sente-se desobrigado“, afirmou esta quarta-feira, dois dias depois de ter garantido que viabilizaria um Executivo minoritário da AD.

O presidente do PSD está em silêncio e assim se manterá sobre um futuro em que perca as eleições, porque o passo seguinte é abandonar o partido que o obriga a ganhar. Nesse cenário, será outro líder social-democrata a decidir se deixa passar um Governo minoritário, chefiado por Pedro Nuno Santos, caso seja esse o desenlace das eleições.

A atualização do cenário macroeconómico de Portugal para 2024-2028 no Programa de Estabilidade que terá de ser entregue a Bruxelas em abril, também poderá a influenciar a decisão de avançar ou não com um retificativo. As contas públicas estão saudáveis, com a perspetiva de um excedente de 0,2% para este ano, ainda assim abaixo do saldo positivo de 0,8% de 2023, e a dívida pública tem mantido uma trajetória descendente até mais ambiciosa do que o previsto, devendo ficar, já no final deste ano, em 95% do PIB. Mas o crescimento económico tem abrandado significativamente, tendo passado de 6,8%, em 2022, para 2,3%, em 2023.

Por outro lado, a curta janela temporal entre a apresentação de um retificativo e o Orçamento de Estado para 2025 não é favorável a mexidas no plano orçamental para este ano. O novo Governo deverá tomar posse em abril/maio, depois é preciso aprovar o programa do Executivo na Assembleia da República. Entre este momento e a entrega da proposta do Orçamento do 2025, em outubro, há apenas um hiato de três meses, tirando as férias parlamentares durante agosto.

Ainda assim, e se apenas for necessário mudar algumas rubricas no Orçamento de 2024, o processo deverá ser ágil e rápido, não conflituando com a discussão e aprovação do Orçamento para 2025.

UTAO descarta necessidade de retificativo

Em relação às medidas com verdadeiro impacto orçamental da AD, nomeadamente a redução de impostos em IRS e IRC, aumento do complemento solidário para idosos (CSI) e descongelamento gradual da carreira dos professores (seis anos, seis meses e 23 dias) que, no conjunto e ao longo da legislatura, deverão custar 7.240 milhões de euros só vão começar a pesar nos cofres do Estado a partir de 2025. Ou seja, não é por esta via que há necessidade de um retificativo.

Eventualmente, o plano de emergência que Luís Montenegro quer implementar nos primeiros dois meses de Governo para acabar com a listas de espera no Serviço Nacional de Saúde (SNS) poderá implicar um acréscimo de despesa para além da margem orçamental, obrigando a um orçamento retificativo.

Nesse programa, a AD quer atribuir um voucher para consultas e cirurgias de especialidade quando os tempos de espera ultrapassarem os prazos máximos previstos, e encurtar os prazos das consultas de medicina familiar, através da implementação da “teleconsulta e da atribuição de um enfermeiro e um médico de família a todos os portugueses, recorrendo, para isso, aos profissionais do SNS, aposentados que estejam interessados e também à capacidade do setor privado e social”, revelou Montenegro há um mês durante a convenção da AD.

Mas o programa pode ser lançado e os pagamentos aos privados só arrancarem em 2025, afastando assim a necessidade de um retificativo. Mesmo que a fatura tenha de ser liquidada já este ano, o coordenador da UTAO, Rui Baleiras, afirmou ao ECO que “é possível encontrar folga no Orçamento do Estado para 2024, já aprovado, para acomodar novas medidas”.

“Deixa-se de executar determinadas medidas para executar outras, transferindo verbas entre rubricas. Há muita flexibilidade orçamental no ano corrente”, defendeu o responsável pela unidade apoio aos trabalhos parlamentares.

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Mark Rutte reúne dois terços dos apoios para liderar a NATO

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2024

Segundo as regras da NATO, o secretário-geral tem de ser decidido por consenso, o que significa que Rutte ainda tem de angariar o apoio dos restantes países.

O primeiro-ministro neerlandês cessante, Mark Rutte, tem garantido o apoio de dois terços dos países membros da NATO para ser escolhido como secretário-geral da organização, segundo dois altos funcionários citados esta quarta-feira pelo Politico. “Após rondas muito intensas de discussões entre os aliados, estamos agora no ponto em que mais de 20 aliados da NATO estão preparados para apoiar o primeiro-ministro Rutte como o próximo secretário-geral”, disse um funcionário da NATO sob anonimato.

O governante, que se prepara para abandonar a chefia do Governo dos Países Baixos, assumiu em novembro o desejo de suceder ao norueguês Jens Stoltenberg na liderança da Aliança Atlântica. Segundo as regras da NATO, o secretário-geral tem de ser decidido por consenso, o que significa que Rutte ainda tem de angariar o apoio dos restantes países.

Um dos responsáveis consultados pelo Politico, ‘media’ internacional especializado em assuntos políticos, disse que as discussões “não são definitivas”, mas acrescentou: “Há uma dinâmica crescente por trás da sua candidatura”. O próximo líder da NATO será escolhido em julho, na cimeira da Aliança Atlântica a decorrer em Washington, a última sob a liderança de Stoltenberg, que está à frente da organização desde 2014 e cujo mandato foi renovado após a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

A embaixadora dos Estados Unidos junto da NATO, Julianne Smith, disse na semana passada que os aliados deveriam ter como objetivo “concluir o processo de seleção provavelmente no primeiro trimestre deste ano”. Outro alto funcionário da NATO confirmou ao Politico que vários países não endereçaram até agora o apoio a Rutte, dizendo que cerca de uma dezena ainda se recusam a votar nele.

A Turquia, por exemplo, conserva resistências ao nome do governante dos Países Baixos, exigindo que não favoreça os países da União Europeia (UE) na aliança, segundo a agência Bloomberg, enquanto a Hungria mantém divergências de longa data com Rutte devido às suas críticas ao retrocesso democrático do país.

O Politico refere que não está claro se os países bálticos apoiam Rutte, dada a sua insistência no apoio à adesão da Ucrânia à NATO, e que nomes que mostraram interesse na liderança da organização, como a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, ou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Krisjanis Karins, não chegaram a declarar as suas candidaturas.

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Infraestruturas de Portugal admite dificuldade em concluir em 2025 linha do hospital do Metro Mondego

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2024

A linha, que irá ligar a zona ribeirinha até ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e Pediátrico, “é o troço mais complicado” de executar, explica o responsável da IP.

O gestor do empreendimento do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) admitiu esta quarta-feira que será muito difícil concluir a linha do hospital, que vai atravessar o centro de Coimbra, até ao final de 2025.

“Vai ser muito difícil nós conseguirmos acabar a linha do hospital em 2025, mas estamos a fazer os possíveis e impossíveis para que isso aconteça”, afirmou o gestor do empreendimento do SMM e engenheiro da Infraestruturas de Portugal (IP), Duarte Miguel, que falava numa sessão de esclarecimento em Coimbra sobre o sistema de ‘metrobus’ (autocarros elétricos a circular em via dedicada), promovida pelo Automóvel Club de Portugal.

O responsável aclarou que aquela linha do SMM, que irá ligar a zona ribeirinha até ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e Pediátrico, “é o troço mais complicado” de executar, classificando a intervenção que terá de ser feita especificamente em Celas como o “nó górdio” de toda a empreitada.

Metro Mondego.

A empreitada que está mais avançada é o troço suburbano da rede, que liga os concelhos de Miranda do Corvo e da Lousã a Coimbra, através do antigo ramal ferroviário, notou Duarte Miguel, referindo que a parte de construção civil associada àquele troço estará concluída no espaço de três meses (em maio de 2023 apontava a conclusão para dezembro desse ano).

Posteriormente, será feita “a colocação de sistemas, para a automatização do canal”, mantendo a previsão de esse troço que termina no Alto de São João (Coimbra), juntamente com a empreitada que o liga à Portagem (zona da Estação Nova), estará concluído no final de 2024, referiu.

Já a empreitada que liga a Portagem até Coimbra-B está ligeiramente atrasada, mantendo a previsão de a acabar no final de 2025, data avançada para que toda a operação do SMM esteja a funcionar, referiu. “A empreitada implica retirar os comboios entre a cidade e Coimbra-B. Isso vai acontecer em agosto deste ano”, disse.

Segundo Duarte Miguel, a mudança não acontece mais cedo porque a IP teve de criar condições físicas de estacionamento de comboios que normalmente ficavam em Coimbra-A (também conhecida como Estação Nova) e que passarão a ter o seu término em Coimbra-B. “Quando isso estiver criado [linhas de estacionamento], estamos em condições” de retirar a ferrovia entre as duas estações, referiu, salientando que o investimento nessa empreitada, apesar de ser um troço mais curto, é mais avultado face à necessidade de criar esse estacionamento ferroviário, mas também à interface rodoviária de ligação a Coimbra-B.

O responsável da IP explanou também que a intervenção inicial prevista para Coimbra-B “era muito maior” do que aquela que está a ser feita, por a transformação da estação ferroviária passar a estar incluída na empreitada da linha de alta velocidade, que prevê “uma grande estação completamente nova”. O presidente da Metro Mondego (MM), João Marrana, também presente na sessão, afirmou à agência Lusa que, apesar das dificuldades admitidas pela IP quanto à conclusão da linha do hospital, isso não implica, por agora, qualquer alteração no calendário.

O responsável explicou também que caso haja atrasos na empreitada de Coimbra-B ou na empreitada da linha do hospital, o sistema está desenhado para poder arrancar no troço que estiver concluído, não estando dependente do outro. O SMM terá 42 quilómetros de rede, 42 estações (25 das quais na zona urbana), e uma previsão de poder servir 13 milhões de passageiros por ano.

Com um custo total de 200 milhões de euros (onde está incluído as últimas revisões de preços e a inclusão do IVA), o sistema irá assegurar uma circulação de cinco em cinco minutos no centro de Coimbra, durante as horas de ponta, realçou João Marrana, salientando que se prevê que a quota de utilização de transporte público em Coimbra passe de 17% para 35%.

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Políticos vão estar presentes para debate em painel no Congresso da APROSE

  • ECO Seguros
  • 21 Fevereiro 2024

Dirigentes do BE, Chega, IL, Livre, PS, PCP e PSD já confirmaram a presença no painel “Assembleia de Legisladores” uma novidade no evento anual os mediadores. António José Seguro será keynote speaker.

O 10º Congresso da APROSE, associação dos mediadores e corretores de seguros, terá como novidade o painel “Assembleia de Legisladores”. Todos os partidos com assento Parlamentar foram convidados para um debate “em que o setor segurador e a mediação possam conhecer a abordagem de cada partido a este setor regulado”. O evento vai ter lugar durante esta sexta-feira, dia 23, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

Com abertura por parte de Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da ASF, entidade reguladora do setor, o 10º Congresso da APROSE contará com António José Seguro, ex-secretário geral do Partido Socialista (PS), que será keynote speaker abordando o tema “Economia em Democracia”.

Para o painel“Assembleia de Legisladores”, já estão confirmadas as presenças de Luís Filipe Salgado, pelo Bloco de Esquerda, Pedro Pessanha pelo Chega, Ana Martins, vice-presidente da IL, Paulo Muacho, Membro do Grupo de Contacto do LIVRE, Miguel Costa Matos, secretário geral da Juventude Socialista, pelo Partido Socialista, Duarte Alves, deputado do PCP (CDU) e Inês Domingos, vogal da direção nacional do PSD (AD).

O Congresso contará ainda com o painel “Diferenciação e Inovação da Oferta em mercados Consolidados”, com a participação de representantes da MGEN, Real Vida, April e MDS, o painel “Integração do Digital na Mediação”, com membros da Mudey, Caravela e Allianz e o painel “O Estado do Setor Segurador” com a presença de David Pereira, presidente da APROSE e representantes da UNA, Zurich, Ageas, Fidelidade e Tranquilidade.

Nesse dia serão anunciados os Prémios APROSE 2024 que distinguem as seguradoras do ano em diferentes categorias, após uma votação realizada por corretores e agentes membros da associação.

Serão distinguidas a Melhor Seguradora para Agentes (votadas somente por Agentes Individuais e Coletivos), Melhor Seguradora para Corretores (votadas somente em votação por Corretores), Melhor Seguradora Não Vida (votação por Agentes e Corretores) e Melhor Seguradora Vida (votação por Agentes e Corretores).

Haverá ainda quatro novas categorias a atribuir por votação dos membros da APROSE para as melhores seguradoras dos ramos Automóvel, Multirriscos, Saúde e para a que mais de distinguiu em Inovação.

Na mesma ocasião, quatro personalidades destacadas da indústria seguradora receberão Prémios Carreira 2024, atribuídos pela direção da APROSE.

Para mais informações sobre o Congresso clique aqui .

 

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Parlamento israelita rejeita por larga maioria “reconhecimento unilateral” do Estado palestiniano

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2024

Na votação, 99 dos 120 deputados do Knesset alinharam com as teses defendidas por Netanyahu.

O parlamento de Israel aprovou esta quarta-feira, por larga maioria, uma declaração que critica o “reconhecimento unilateral” do Estado palestiniano, em consonância com o apelo emitido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e numa antecipação a possíveis decisões de responsáveis internacionais. Na votação, 99 dos 120 deputados do Knesset (parlamento) alinharam com as teses defendidas por Netanyahu.

“O Knesset votou hoje por ampla maioria contra as tentativas de impor o estabelecimento de um Estado palestiniano”, indicou o primeiro-ministro israelita no final da sessão parlamentar. “Israel rejeita rotundamente os ditames internacionais sobre um acordo permanente com os palestinianos. O acordo, caso seja alcançado, apenas se concretizará mediante negociações diretas entre as partes, sem condições prévias”, indica o texto aprovado e que foi saudado por Netanyahu.

O Governo já tinha aprovado esta declaração no passado domingo, e no texto apenas se admite o reconhecimento da Palestina no caso de negociações diretas entre as partes. No entanto, a guerra na Faixa de Gaza reabriu o debate sobre este tema crucial, incluindo nos Estados Unidos, o principal aliado de Israel.

O líder da oposição, Yair Lapid, também apoiou a declaração, e na sua intervenção no Knesset excluiu que Washington adote uma posição unilateral, indicou o diário Times of Israel. De acordo com o jornal The Washington Post, que cita responsáveis norte-americanos e árabes, a Casa Branca (presidência norte-americana) tem previsto anunciar, no âmbito de uma eventual trégua na Faixa de Gaza que possa incluir a libertação de reféns israelitas, uma proposta para a criação de um Estado palestiniano.

A decisão do Knesset coincidiu com a divulgação de uma sondagem do Instituto para a Democracia em Israel (IDI), que demonstra um aumento do apoio a uma solução diplomática na guerra em Gaza. Um grande número de entrevistados respondeu positivamente à pergunta “Apoiaria ou opor-se-ia ao fim da guerra em Gaza que inclua a libertação de reféns, tranquilidade militar a longo prazo” com a garantia dos Estados Unidos, a paz com a Arábia Saudita, a libertação de presos palestinianos e o estabelecimento, a longo prazo, de um Estado palestiniano desmilitarizado.

Entre os árabes (palestinianos) israelitas, uma ampla maioria de 77% mostrou-se favorável, com apenas 9% a manifestar oposição. Entre os judeus israelitas, 55% revelou um certo grau de oposição, enquanto as opiniões a favor aumentaram de 29% para 37%.

Em paralelo, as Forças Armadas israelitas prosseguem os ataques por terra e ar em várias regiões da Faixa de Gaza e anunciaram uma “operação seletiva” no bairro de Zaytun, na cidade de Gaza, onde assegura que matou dezenas de combatentes palestinianos em combates “corpo a corpo” e ataques aéreos.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita palestiniano em território israelita em 7 de outubro.

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Antigo provedor da Santa Casa acusa atual administração de o denegrir

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2024

Na opinião de Edmundo Martinho, desde que tomou posse em maio de 2023, a administração de Ana Jorge mostrou-se incapaz de definir estratégias, optando por “atacar decisões anteriores".

Edmundo Martinho, antigo provedor da Santa Casa.D.R.

 

O antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Edmundo Martinho acusa a atual administração da instituição de estar apostada em desacreditar e denegrir a anterior gestão, além de construir falsas narrativas sobre o projeto de internacionalização. Numa carta enviada esta quarta-feira à agência Lusa, Edmundo Martinho começa por dizer que tem “mantido a contenção que a boa educação exige”, para de seguida afirmar que chega uma altura em que “a verdade tem de vir ao de cima”.

“A afirmação desde esse momento inicial, de ‘irregularidades’ no projeto de internacionalização, é reveladora de profunda má-fé e vontade de diminuir. Seria no mínimo exigível respeito por quem dedicou parte significativa da sua vida à causa pública”, diz o antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), criticando não ter recebido qualquer contacto pessoal fosse para dar conta da intenção de realizar a auditoria, fosse para pedir esclarecimentos.

Acrescenta que a “diferença de opiniões, legítima, não confere o direito a ninguém de achincalhar o cargo de provedor (…), de desacreditar grande parte da equipa” que trabalhou na anterior administração ou de “colocar em perigo as contas da Santa Casa para o futuro, arrasando projetos sem que se fizesse uma avaliação dos mesmos, sem que se avaliassem as consequências dessas decisões”.

Na opinião de Edmundo Martinho, desde que tomou posse em maio de 2023, a administração de Ana Jorge, atual provedora, mostrou-se incapaz de definir estratégias, optando por “atacar decisões anteriores” e “focando-se apenas em denegrir o trabalho realizado pela anterior administração”.

"Foi por isso com enorme estupefação que ouvi, em junho de 2023, a ministra Ana Mendes Godinho falar do projeto de Internacionalização como se o desconhecesse por completo, falar das contas da Santa Casa, de 2021 e de 2022 por homologar, falar da internacionalização e do suposto buraco financeiro que representava como se fosse o culpado pela situação de asfixia financeira da Santa Casa”.”

Edmundo Martinho

Concretamente em relação ao projeto de internacionalização dos jogos sociais, e por causa do qual o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) exigiu a realização de uma auditoria, o antigo provedor diz que tem vindo a ser construída uma “falsa narrativa”. Recorda que começou a ser falado ainda no tempo de Pedro Santana Lopes à frente da SCML – em que Edmundo Martinho era vice-provedor – como solução para um problema que era preciso “resolver no curto prazo”, o aumento das despesas, enquanto as receitas do jogo se mantinham estáveis.

Segundo Edmundo Martinho, o Governo foi informado da decisão e mesmo a atual ministra, Ana Mendes Godinho, teve “informação detalhada sobre o projeto”, ao qual deu “total concordância”, tendo sido “em permanência, e por escrito, informada dos investimentos concretizados e das aquisições realizadas”. A Lusa contactou a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas a instituição recusou fazer qualquer comentário.

Foi por isso com enorme estupefação que ouvi, em junho de 2023, a ministra Ana Mendes Godinho falar do projeto de Internacionalização como se o desconhecesse por completo, falar das contas da Santa Casa, de 2021 e de 2022 por homologar, falar da internacionalização e do suposto buraco financeiro que representava como se fosse o culpado pela situação de asfixia financeira da Santa Casa”, apontou.

E foi também com grande estupefação que vi este projeto ser achincalhado em praça pública pela nova Provedora, tendo sido terminado de forma abrupta pela atual administração, sem qualquer avaliação e análise do impacto que uma interrupção total e inesperada das necessárias transferências financeiras iria provocar, pelo não assumir dos compromissos assinados pela anterior Mesa”, acrescenta.

Refere, por outro lado, que foi “sem surpresa” que viu uma anterior administradora, que tinha o pelouro da internacionalização, ser promovida a vice-provedora, “não importando, aqui, o nível de responsabilidade e de envolvimento no projeto”. Por outro lado, chama a atenção para a atual “asfixia financeira provocada pela espera dos resultados” da auditoria, apontando que tem “graves consequências para a Santa Casa, quer imediatas, quer no futuro”, dando como exemplo uma perda potencial de 10 milhões de euros pela recusa de investir 100 mil euros no grupo AINIGMA, “reduzindo a participação societária da SCML de 26% para 4%”.

Edmundo Martinho afirma que a narrativa que a atual administração da SCML “construiu e divulgou sobre a internacionalização é falsa”, não só em relação ao facto de a tutela ter sabido “sempre de tudo”, como por ter-se provado como falso que a anterior administração não tivesse respeitado o despacho da ministra Ana Mendes Godinho.

“Varreu-se tudo, destruiu-se tudo, hipotecou-se tudo, sem fundamento, sem avaliação, sem análise prévia das consequências, mas com juízos de valor e achincalhamento em praça pública, com a demissão dos administradores sem sequer terem sido ouvidos. (…) Ficam por perceber as verdadeiras intenções de todo este comportamento. O tempo ajudar-nos-á a perceber o que realmente motivou esta atitude indigna e longe de critérios mínimos de decência”, diz.

Relativamente à receita do jogo social em Portugal, Edmundo Martinho diz ainda que “há um claro cinismo” ao promoverem-se campanhas a alertar para o vício do jogo, ao mesmo tempo que se cria um novo jogo social e “projeta-se e deseja-se que as famílias gastem mais em jogo”.

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Carreira aérea Bragança-Portimão com solução transitória

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2024

O Governo e a Sevenair encontraram uma solução contratual transitória que acautela que a ligação aérea Bragança-Vila Real-Viseu-Cascais-Portimão não seja interrompida a partir de 29 de fevereiro.

O Governo e o grupo Sevenair encontraram uma solução contratual transitória que acautela a continuidade da carreira aérea Bragança – Portimão a partir de 29 de fevereiro, disse esta quarta-feira fonte oficial da secretaria de Estado das Infraestruturas.

O atual contrato da concessão do serviço de transporte aéreo regular Bragança/Vila Real/Viseu/Cascais/Portimão termina a 28 de fevereiro, mas só no início deste mês é que o Conselho de Ministros aprovou autorização da despesa de 13,5 milhões de euros para a adjudicação de uma nova concessão, escolhida através de um concurso público, processo que poderá demorar vários meses.

Questionada pela agência Lusa sobre a continuidade da ligação aérea a partir da próxima semana, fonte oficial do gabinete do secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas disse que o Governo e a empresa que presta atualmente este serviço, a Sevenair, “encontraram uma solução contratual transitória que permite acautelar que a ligação aérea Bragança-Vila Real-Viseu-Cascais-Portimão não seja interrompida a partir do dia 29 de fevereiro”.

Em declarações à Lusa a 8 de fevereiro, o representante legal do Grupo Sevenair, Carlos Amaro, assumiu a disponibilidade da empresa para encontrar uma solução intercalar que permita assegurar a continuidade da rota até à entrada em vigor da futura concessão. No entanto, na altura, o responsável revelou que a empresa cancelou a venda de bilhetes, face à incerteza da continuidade da operação aérea após 28 de fevereiro, último dia da atual concessão de quatro anos.

De acordo com uma resolução publicada a 7 de fevereiro em Diário da República, o Governo autorizou a despesa de 13,5 milhões de euros para a adjudicação em regime de concessão do serviço aéreo regular Bragança-Vila Real-Viseu-Cascais-Portimão, por quatro anos. A resolução prevê o lançamento de um concurso público, com publicação no Jornal Oficial da União Europeia, para selecionar a transportadora que irá concessionar o serviço.

De acordo com a resolução publicação em DR, este modelo “pretendeu garantir a diminuição do distanciamento geográfico e social e assegurar a mobilidade dos cidadãos residentes no interior e nordeste transmontano ao sul do país com horários, tempo de viagem e preços competitivos, salvaguardando deste modo o interesse público e a não-discriminação das populações aí residentes.”

A carreira aérea que então ligava Trás-os-Montes a Lisboa foi interrompida em 2012 e retomada em 2015 com o alargamento dos voos até ao Algarve, com paragem por Viseu e Cascais.

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Salário mínimo ajudou a tirar do mercado empresas zombie

Fernando Alexandre, professor da Universidade do Minho, considera que há muitas empresas ineficientes no mercado, que estão a retirar negócio a outras empresas.

A subida do salário mínimo ajudou a expulsar do mercado as chamadas empresas “zombies”, companhias que são inviáveis economicamente, adianta Fernando Alexandre. Para o professor da Universidade do Minho, o facto de estas empresas persistirem muito tempo até falirem é um problema, na medida em que retiram mercado a outras empresas.

Muitas empresas ineficientes que persistem muito tempo no mercado. Isto é um problema porque estão a retirar mercado, muitas com concorrência desleal, porque não estão a cumprir as suas obrigações“, explica Fernando Alexandre, professor da Universidade do Minho, num debate numa conferência organizada pela CIP, no Porto.

Segundo Fernando Alexandre, “um dos efeitos positivos do aumento do salário mínimo foi acelerar a saída dessas empresas inviáveis, chamadas zombies“. Num evento de e para empresários, o académico referiu que “as empresas que verdadeiramente vão transformar a economia portuguesa ainda não existem”, defendendo que é necessário criar o ambiente económico que faça surgir novas empresas e lhes permita crescer”.

Já Pedro Siza Vieira, partner da PLMJ e antigo ministro da Economia, contrariou a ideia que a economia esteve estagnada nos últimos anos. “A nossa economia esteve tudo menos parada. Tivemos muitos choques. A economia é muito diferente do que era no início do século”.

Ainda assim, reconhece que, quanto ao tema salários, “não é possível subir salários sem subir produtividade e não é possível pagar salários europeus com preços de terceiro mundo“. Por isso, é necessário produzir produtos com preços mais elevados, mas “cobrar mais pelo que se faz implica ter uma capacidade de diferenciação maior no mercado”.

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Domingos de Andrade escolhe Nuno Domingues para diretor da TSF

A indicação do novo diretor de informação da TSF é já uma decisão de Domingos de Andrade, que assumiu na segunda-feira a direção-geral da rádio.

Nuno Domingues será o novo diretor da TSF. A nomeação do jornalista, na estação desde 2010 e editor até 2022, foi comunicada ao final da tarde ao Conselho de Redação, que votará o nome. A direção de informação da TSF estava a ser assegurada, desde 15 de janeiro, por Artur Cassiano.

A indicação do novo diretor de informação da TSF é já uma decisão de Domingos de Andrade, que assumiu na segunda-feira a direção-geral da rádio e a função de diretor-geral editorial dos títulos Jornal de Notícias, O Jogo, Revistas JN Historia, Evasões, Volta ao Mundo e Noticias Magazine, NTV e Delas, marcas que vão ser compradas pelo grupo de empresários representado por Diogo Freitas.

Domingos de Andrade, recorde-se, deixou a direção da TSF em setembro, altura em que foi substituído por Rui Gomes, que assumiu a direção-geral da rádio. A partir dessa altura passou a existir a função de diretor-geral e também a de diretor de informação, cargo desempenhado do final de setembro de 2023 a janeiro de 2024 por Rosália Amorim, que se demitiu do grupo no final de janeiro, após cerca de mês e meio como diretora demissionária. Desde meados de janeiro que a função é assumida interinamente por Artur Cassiano, que fazia parte da direção da atual diretora de marketing da EY.

Para além do novo diretor da TSF, a Domingos de Andrade cabe também indicar, ou reconduzir, os restantes diretores dos títulos sob a sua alçada e que estão demissionários.

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