Tarifas dos “mais fortes” são concebidas “como forma de chantagem”, diz Macron

  • Lusa
  • 30 Junho 2025

O Presidente francês disse ainda que "retomar uma guerra comercial e tarifária neste momento é uma aberração".

O Presidente francês denunciou esta segunda-feira “a aberração” de “os mais fortes” terem devolvido o mundo a uma lógica de guerra comercial “como forma de chantagem e não de reequilíbrio”.

Num discurso proferido na abertura da IV Conferência Internacional da ONU sobre Financiamento para o Desenvolvimento, Emmanuek Macron afirmou que um comércio que reequilibre os fluxos económicos “é uma das condições para poder desenvolver cadeias de valor e criar valor económico nos países mais pobres e em desenvolvimento”.

Por isso, considerou que “retomar uma guerra comercial e tarifária neste momento é uma aberração”, sobretudo quando as tarifas são impostas a países “que estão prestes a descolar”.

“Devemos devolver a liberdade e a equidade ao comércio internacional, em vez de tarifas e barreiras que são concebidas pelos mais fortes e como uma forma de chantagem, não como forma de reequilíbrio”, disse. O Presidente francês insistiu ser necessário “repensar e apoiar a Organização Mundial do Comércio” (OMC) para a colocar numa posição de “coerência com os objetivos de combate às desigualdades e pelos objetivos climáticos”.

Macron reconheceu que a situação do desenvolvimento global enfrenta “uma situação difícil” que se deteriorou nos últimos anos, depois da pandemia da covid-19, com um aumento do endividamento e da dependência. O aumento das despesas com segurança ou as tensões nas finanças públicas em muitos países são alguns dos fatores que “limitam a capacidade de financiar a solidariedade internacional”.

Macron também insistiu nos efeitos dos conflitos comerciais, embora não tenha mencionado em nenhum momento os Estados Unidos ou Donald Trump: “A guerra tarifária é má para todos e pesa na capacidade de financiar o desenvolvimento”.

O chefe de Estado francês, que agradeceu “ao amigo” Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, pela organização da cimeira na cidade de Sevilha (sudoeste), adiantou que o financiamento do desenvolvimento será um dos eixos da presidência francesa do G7, que Paris vai assumir no próximo ano. A cimeira das sete economias mais industrializadas do mundo está marcada para Evian, em junho de 2026.

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Despedimentos mal geridos arriscam agravar rotatividade. “Tão importante como gerir entradas, é gerir saídas”

Gerir mal a saída dos trabalhadores não prejudica apenas esses profissionais. As próprias empresas são afetadas, com o aumento da rotatividade do talento, alerta Ana Viçoso.

Despedimentos mal geridos têm um impacto não apenas na reintegração no mercado de trabalho dos trabalhadores que estão de saída, mas também na equipa que fica. A redução de 1% do pessoal pode aumentar em 30% a rotatividade do talento, realça Ana Viçoso, responsável de outplacement da Intoo (marca da consultora de recursos humanos Gi Group Holding), em conversa com o ECO. Alerta, assim, para a importância de gerir bem as saídas.

“Tão importante como gerir a entrada de trabalhadores, é gerir as saídas. No fundo, são as saídas que definem a experiência de um trabalhador na empresa“, sublinha a responsável. Ana Viçoso argumenta que é nesse momento que se provam “os valores e a cultura” das organizações.

Para os trabalhadores que estão de saída, gerir bem o processo, com “cuidado gigante quanto à dignidade e respeito”, é fundamental para a sua reintegração no mercado de trabalho e para a perceção que levam da organização.

Mas também os trabalhadores que ficam são impactados por esses despedimentos. “A forma como são geridos e a comunicação interna que é feita têm um impacto no futuro de quem fica. Os melhores talentos começam a olhar para fora. É muito natural que, se as saídas não forem bem geridas, a rotatividade seja elevada, nos primeiros seis meses”, detalha especialista.

Ana Viçoso avisa que saídas mal geridas pode impactar rotatividade das organizações.

Com base neste diagnóstico, Ana Viçoso garante que tem crescido em Portugal a aposta no outplacement, serviço disponibilizado pelos empregadores que ajuda os despedidos a transitarem para novas oportunidades. “O real valor destes programas é que são um momento para repensar. São centrados na pessoa, nos seus objetivos e motivações. Vamos olhar para as competências, o que precisa de desenvolver e onde quer chegar“, salienta.

Ainda assim, há países que estão mais à frente do que Portugal, onde “existe ainda uma lógica assistencialista”, atira a mesma. Noutros países, o outplacement está mesmo legislado, afirma Ana Viçoso. Em Espanha, diz, “a partir de um certo número de despedimentos, em Espanha é obrigatório oferecer este tipo de serviço”.

Por outro lado, questionada sobre os maiores desafios deste processo, Ana Viçoso aponta a pressa do trabalhador em encontrar um novo projeto, sublinhando que, por vezes, os profissionais acabam por perceber que têm de apostar em formação para ficarem à prova de futuro.

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Autarca de Coimbra diz que Tribunal de Contas “desconhece o mundo real”

  • Lusa
  • 30 Junho 2025

Tribunal de Contas indicou que a Câmara de Coimbra não assegurou a defesa do erário público na compra de terreno ao banco Montepio para a construção de 268 fogos de habitação social.

O presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, acusou esta segunda-feira o Tribunal de Contas de desconhecer o mundo real e de fazer comentários abusivos de matérias sobre as quais não tem os devidos conhecimentos. “O Tribunal de Contas não é propriamente um profundo conhecedor dos problemas do mundo real, nem das obras. Desconhece o mundo real e faz comentários abusivos sobre matérias sobre as quais não tem conhecimentos para fazer”, afirmou.

Durante a reunião do executivo municipal, que decorre esta segunda à tarde, o autarca, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS/NC/PPM/ALIANÇA/RIR/VOLT), disse que espera ter, no futuro, “oportunidades de debater estas matérias com o Tribunal de Contas, olhos nos olhos”.

As declarações de José Manuel Silva foram proferidas depois de a vereadora socialista Rosa Isabel Cruz ter questionado quais são as obras, realizadas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que estão concluídas e quais as que estão em risco de devolução. “Não há obras em risco de devolução”, respondeu o autarca.

Na semana passada, o Tribunal de Contas (TdC) indicou que a Câmara de Coimbra não assegurou a defesa do erário público na compra de terreno ao banco Montepio para a construção de 268 fogos de habitação social, em Taveiro. A conclusão surgiu no relatório da auditoria do Tribunal de Contas à execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), programa que financia a construção de 268 fogos de habitação social em Taveiro, num investimento total de 36 milhões de euros (ME).

De acordo com o relatório consultado pela agência Lusa, os procedimentos da Câmara para a compra por quatro milhões de euros do terreno ao banco Montepio não demonstram também “que o procedimento tenha sido consentâneo com os princípios da boa administração, da igualdade, da imparcialidade, da concorrência e da transparência”.

No mesmo documento, o TdC considerou ainda que a execução daquele investimento da Câmara de Coimbra, face ao período para a execução da empreitada (20 meses), não se “mostra compatível com o cumprimento do prazo contratualizado”, alertando para o grande risco de a obra não acabar antes da data-limite do PRR.

Contactada pela Lusa, fonte do município disse na ocasião que, embora a obra esteja “atrasada em cerca de 2/3 semanas da execução prevista”, não prevê “que o prazo de conclusão seja problemático”.

Sobre a aquisição do terreno onde estão a ser construídos os 268 fogos, o TdC considerou que a Câmara não seguiu o procedimento recomendado. O imóvel acabou por ser comprado por quatro milhões de euros, depois de uma avaliação dos serviços municipais que ponderou três métodos distintos, atribuindo ao método de avaliação tributária a maior ponderação (50%).

Este método apontava para o valor mais elevado do imóvel (5,18 milhões de euros), já os restantes métodos, com uma ponderação cada de 25%, avaliavam o terreno em valores substancialmente inferiores (2,3 milhões e 3,5 milhões).

No entanto, a avaliação tributária “apenas é utilizada para efeitos fiscais” e a sua utilização para determinar o valor que deverá ser pago pelo imóvel não encontra “respaldo” nas normas normalmente utilizadas, notou o TdC, referindo que os métodos reconhecidos para avaliar um imóvel são sobretudo o método de custo e de mercado (que tiveram menor ponderação).

Ao Tribunal, a Câmara justifica que aquela ferramenta de avaliação do imóvel era disponibilizada pela Autoridade Tributária, mas os juízes entenderam que essa explicação não tem “justificação técnica plausível”. No relatório, é dada ainda nota de que o preço do imóvel é resultado da negociação da Câmara de Coimbra com o banco, “conformando-se, posteriormente, a avaliação, para coincidir com o preço já decidido”.

Para isso, o Tribunal de Contas sustenta-se no facto de o relatório de avaliação do imóvel ter sido realizado a 23 de novembro de 2022, meses depois de uma primeira proposta de compra pela Câmara pelo valor de 3,5 milhões, em agosto daquele ano.

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Remuneração dos media pelas plataformas é “poucochinha”, defende Visapress

  • Lusa
  • 30 Junho 2025

Carlos Eugénio, diretor executivo da Visapress, faz o balanço da diretiva dos direitos de autor no mercado único digital, analisa os desafios do clipping e a relação com as plataformas internacionais.

O diretor executivo da Visapress, entidade que faz a gestão coletiva dos direitos de autor nos media, defende que seja encontrada uma nova metodologia para remunerar os conteúdos de forma eficaz nas plataformas, já que atualmente é “poucochinha”.

Em entrevista à Lusa, Carlos Eugénio defende a alteração da metodologia da remuneração, no âmbito da lei dos direitos de autor no mercado único digital, aborda o negócio do ‘clipping’ e fala dos desafios da Visapress.

Questionado sobre o que gostaria de ver alterado na lei, o diretor executivo admite que, “olhando para trás e para os pressupostos que levam à remuneração dos editores de imprensa que estão vertidos na lei”, eventualmente, “deve existir uma alteração que permita fazer com que os editores de imprensa consigam ter uma remuneração mais concreta“.

De forma a permitir “sobreviver e ver a justa remuneração daquilo que são os conteúdos que produzem e que são utilizados pelas plataformas”, acrescenta o diretor executivo, que admite ser atualmente “poucochinha”.

Até porque “não é aquilo que nós pensávamos, muito por conta daquilo que foram os mecanismos que foram encontrados para conseguir adequar a utilização e a remuneração dos conteúdos“, refere.

“Teremos que encontrar uma outra metodologia para ver os conteúdos remunerados de uma forma mais eficaz e eficiente“, considera o responsável.

Carlos Eugénio admite que haverá sempre “um entrave muito significativo quanto aos dados de tráfego”, recordando que qualquer tipo de dado “não pode ser sindicado pela entidade licenciadora, seja a Visapress, seja qualquer outra”, e até o próprio editor “não consegue sindicar a utilização que é feita e isso aí é logo um problema significativo”.

Contudo, “no princípio da confiança e da boa-fé, aquilo que acreditamos é que as plataformas nos dão a informação correta”, diz.

Depois, há um fator que não é tangível, mas que “não está a ser levado em consideração, que é a importância que aquele conteúdo tem naquela plataforma, independentemente da remuneração que possa estar diretamente ligada àquele conteúdo”.

Por exemplo, a Google ou a Microsoft se nos seus motores de busca não tiverem conteúdos de imprensa “ficam mais pobres”, porque “aquilo que é o objetivo é indexar tudo aquilo que está na Internet”, prossegue.

Pelo que “questões intangíveis como a qualidade do serviço que é prestado por essas plataformas vai ser afetada, a credibilidade pode ser beliscada, pode levantar aqui e ‘n’ questões laterais”, diz Carlos Eugénio.

Aquilo que “acreditamos” é que “a forma como está feita a metodologia de cálculo deve ter em consideração outros fatores que não são [apenas] aqueles que foram lá vertidos”, defende.

Carlos Eugénio cita um estudo feito por uma entidade de gestão coletiva alemã (houve outro feito por uma entidade suíça) que “demonstra, efetivamente, o impacto que há nas plataformas quando não têm notícias”, em que se assiste a um “valor significativo de queda de tráfego e de queda de credibilidade da plataforma” quando os utilizadores não encontram notícias.

Podemos questionar se as plataformas podem ou não viver sem isso. Eu acredito que não podem. E não podem exatamente porque são as notícias que alimentam diariamente e que mexem diariamente com tudo aquilo que são as novidades que entram dentro dos ‘feeds’ de pesquisa”, conclui.

Temos perto de 20% a 30% de mercado licenciado, algumas entidades espantam-nos por não estarem ainda licenciadas, sabendo nós, através dos portais de contratação pública, que têm ‘clipping’ contratado e que o distribuem internamente.

Carlos Eugénio

Visapress

Quanto ao licenciamento do ‘clipping’, a Visapress tem “alguns desafios”. O negócio de uma empresa de ‘clipping’ passa pela compra ou subscrição digital de um título, recorta as notícias conforme a necessidade do cliente e depois entrega.

É esta a licença que eles têm, não é mais do que isso. É entregar uma cópia ao seu cliente, não é entregar múltiplas cópias”, explica o diretor executivo. Depois os clientes das empresas de ‘clipping’ têm que estar licenciados também, se quiserem partilhar várias cópias dentro da sua organização.

“Temos desafios pela confidencialidade dos contratos, não conseguimos saber quem são as empresas que são clientes das empresas de ‘clipping’ e aí temos algumas barreiras para ultrapassar, que vamos tentando, com a sensibilização, responsabilidade social, contactando empresas que entendemos que devem ter serviços de ‘clipping'” para fazer cumprir a lei, diz.

“Temos perto de 20% a 30% de mercado licenciado, algumas entidades espantam-nos por não estarem ainda licenciadas, sabendo nós, através dos portais de contratação pública, que têm ‘clipping’ contratado e que o distribuem internamente”, aponta.

A título de exemplo, “a Câmara Municipal de Lisboa não está licenciada, não obstante (…) termos contactado a Câmara ‘n’ vezes nos últimos anos“, diz.

“Estamos também a ponderar, principalmente para as entidades estatais, lá está, contratação pública, avançar com algumas ações no sentido de ver os nossos direitos garantidos, mas é algo que vemos que ainda temos algum caminho pela frente de crescimento, não têm sido anos maus, mas de alguma forma temos muito para fazer”, prossegue.

Todas as verbas que nós arrecadamos do licenciamento entregamos aos editores de imprensa, que são, no final do dia, quem produz, cria, investe, na informação de qualidade”, reforça.

Sobre o principal desafio da Visapress nos próximos anos, Carlos Eugénio elege o crescimento no licenciamento e fazer perceber que o direito de autor “é algo que contribui para os editores de imprensa poderem ter uma receita que os mantenha, pelo menos, tão saudáveis quanto possível”.

A imprensa, “não me canso de dizer, é o grande garante da nossa democracia e com uma imprensa fraca temos uma democracia certamente menos forte“, conclui.

Visapress defende mais transparência nos algoritmos de IA

O diretor executivo da Visapress considera também que tem de haver mais transparência nos algoritmos de inteligência artificial (IA) e considera a tecnologia como uma ferramenta tal como uma máquina de escrever.

A IA “traz novas formas de os utilizadores abordarem aquilo que são as pesquisas, o acesso à informação, os resumos que são efetuados”, mas as questões que a tecnologia coloca em cima da mesa são “se a informação que é veiculada pela inteligência artificial é ou não é uma informação credível, uma informação com verdade dos factos”, diz Carlos Eugénio.

Sabemos que os algoritmos” de IA “são criados por pessoas” e que “há sempre um enviesamento daquilo que é o sentir da pessoa que criou”, o que tem impacto naquilo que é a saída do conteúdo, aponta.

A IA precisa de grandes quantidades de dados (informação) para produzir conteúdos de qualidade. “Como é que essa quantidade de informação entra dentro do sistema para poder depois dar os conteúdos de qualidade? É uma questão que nos assalta o espírito na medida em que não há transparência na maior parte dos algoritmos“, da forma como são treinados, onde e como recolhem o conteúdo e a forma como o entregam, enfatiza.

Essa falta de transparência está a ser discutida na Europa por via do regulamento da IA, nomeadamente qual é o nível de transparência que tem que existir. “Portugal e Espanha foram pioneiros numa carta que foi enviada para as discussões que decorrem em Bruxelas a pedir mais transparência. No nosso caso, só com transparência é que nós conseguimos aferir efetivamente qual é a necessidade que existe de quem tem esses algoritmos de estar licenciado ou não”, salienta Carlos Eugénio.

“Acredito que esses algoritmos também necessitam de muita informação noticiosa para produzirem conteúdo de qualidade, principalmente aqueles que funcionam com a língua portuguesa de Portugal” e, “mal ou bem, temos regras muito apertadas naquilo que é a produção de conteúdos”, prossegue.

Estas regras “são aquilo que nos fazem ter uma qualidade acima da média” nos falantes de português, pelo que “o treino dessas máquinas para o português deve ser valorado”, defende.

Temos que perceber como é que o ordenamento jurídico e as obrigações de transparência vão acontecer e vêm de Bruxelas para Lisboa para percebermos até onde é que podemos ir e de que maneira é que podemos atuar, principalmente naquelas plataformas que se recusam a falar com quem quer que seja.

Atualmente, “não temos nenhuma entidade que tenha algoritmos de inteligência artificial licenciada para tal”, afirma. Com o acordo “que fizemos com a Microsoft existe ali uma abertura para o Copilot, mas não é exatamente aquilo que nós queremos”, por isso “temos de esperar” como “esperámos pela transposição da diretiva”. Ou seja, “temos que perceber como é que o ordenamento jurídico e as obrigações de transparência vão acontecer e vêm de Bruxelas para Lisboa para percebermos até onde é que podemos ir e de que maneira é que podemos atuar, principalmente naquelas plataformas que se recusam a falar com quem quer que seja”, diz.

Essas são as “mais complicadas de debelar a ilicitude da utilização dos conteúdos porque nem todas estão em áreas que o direito de autor consiga ser implementado”, admite.

Contudo, “acreditamos (…) que a obrigação de transparência vai ser aquilo que nos vai permitir perceber até que ponto é que os conteúdos estão a ser utilizados, como devem ser remunerados para, posteriormente”, entregar esse conteúdo ao seu titular de direito, no caso da Visapress os editores de imprensa.

Questionado sobre se a IA pode ter direitos de autor, Carlos Eugénio responde: “Para existir autoria de o que quer que seja tem que existir o cunho humano, ou seja, tem que ser feito pelo eu da pessoa e não pelo eu da máquina que não existe“.

“Na minha opinião, sendo que ainda não há grande doutrina sobre esse tema (…), acredito que há cunho do autor quando, das várias perguntas que são feitas ao algoritmo de inteligência artificial se chega a um ‘output’ que satisfaça a pessoa que pediu que a máquina computasse daquela forma”, argumenta.

Aliás, “vejo a inteligência artificial como vejo uma máquina de escrever, um bocadinho mais evoluída, mas é quase o mesmo”, explica.

A tecnologia ajuda a produzir com mais rapidez, eventualmente com mais qualidade e, “dessa maneira, acho que o homem que controla a máquina (…) não é menos autor do que o homem que escreve numa máquina de escrever, que está a controlar a máquina na mesma e é titular daquilo que acaba por sair”, conclui.

Visapress tem acordos fechados com Google e Microsoft

O diretor executivo da Visapress afirma que a entidade que faz a gestão coletiva dos direitos de autor de jornais e revistas fechou até agora acordos apenas com a Google e Microsoft. Em entrevista à Lusa, Carlos Eugénio faz o balanço da diretiva dos direitos de autor no mercado único digital, o qual entrou em pleno vigor no início de 2024.

Fechámos primeiro com a Google, que teve sempre uma atuação proativa naquilo que diz respeito ao pagamento e a estar de acordo com a lei” e “depois fechámos também com a Microsoft”, sendo que, “neste momento, são as duas únicas com quem temos acordos fechados”, adianta o responsável.

A Visapress teve algumas negociações com plataformas, sendo que “só houve uma única que voluntariamente” quis negociar esse direito, disse. “Todas as outras com quem falámos, umas não quiseram vir à conversa, outras vieram à conversa, demorou algum tempo até termos fumo branco relativamente àquilo que é o valor da licença”, explica o diretor executivo.

Destaca ainda “algumas surpresas no que respeita aos valores em questão, porque a forma como a lei foi redigida, de alguma maneira, acabou por não nos dar uma latitude muito significativa no que diz respeito ao poder negocial” que esperava ter.

Nomeadamente “na parte da criminalização da utilização de conteúdos sem autorização pelos titulares de direitos, que é algo que está na lei portuguesa já há uma série de anos, praticamente desde o início do Código de Direito de Autor nos anos 60“, aponta Carlos Eugénio.

O responsável diz que este novo direito não poderia fugir a essa regra em termos legislativos e que esse facto, “de alguma maneira, acabou por ser um entrave no poder negocial.

Isto porque “uma vez que uma das grandes plataformas, aquilo que arguiu, era a desindexação de todos os conteúdos, e bem, por conta das questões de cumprimento daquilo que é a lei, se não tivéssemos um acordo fechado”. Ou seja, “de alguma forma fomos impelidos a fechar acordos com valores que não seriam aqueles que de todo desejaríamos, mas foi o possível”, admite o diretor executivo, adiantando que a Visapress está neste momento a fazer a primeira distribuição de valores, sem revelar os montantes acordados.

Contudo, os acordos fechados são apenas com duas plataformas. Por exemplo, “o Facebook tomou logo uma posição um pouco coerente, digamos assim, sendo que era uma das fontes de tráfego mais significativas para os meios informativos. Optou por voltar atrás e começar a remover esse tipo de conteúdos ou criar algumas barreiras para que esse tipo de conteúdos aparecesse nos ‘feeds’ do Facebook e isso levou a que a posição que eles tomaram relativamente àquilo que seja o licenciamento para a utilização dos conteúdos, que é disso que estamos a falar neste novo direito, não acontecesse”, explica prossegue Carlos Eugénio.

O negócio de venda conteúdos noticiosos está “complicado neste momento, é uma luta pela sobrevivência diária, financeiramente falando, e aquilo que o Facebook fez foi empobrecer ainda mais quem lhe dava conteúdos de qualidade e que permitiu prosperar nas relações que cria entre os seus utilizadores.

Carlos Eugénio

Visapress

Até porque “a postura que tomaram” foi de que “se querem continuar a publicar coisas no Facebook têm que nos ceder os direitos de uma forma completamente gratuita” e “sabemos que os direitos do autor estão sempre na disponibilidade do autor, ele pode fazer aquilo que entender com esses direitos, pode dá-los gratuitamente, pode licenciá-los, pode, no fundo, pô-los à disposição de terceiros da forma como achar mais coerente“, diz.

Assim, explicou que o Facebook tomou uma posição de, “não será monopólio”, mas de “cadeia de distribuição forte”, obrigando, de alguma forma, a que “os editores de imprensa cedessem os direitos de forma gratuita”, lamentou, recordando que a Visapress alertou, na altura, que isso não era sustentável.

O negócio de venda conteúdos noticiosos está “complicado neste momento, é uma luta pela sobrevivência diária, financeiramente falando, e aquilo que o Facebook fez foi empobrecer ainda mais quem lhe dava conteúdos de qualidade e que permitiu prosperar nas relações que cria entre os seus utilizadores”, critica.

Aguardamos que o Facebook tenha uma posição diferente, que a Europa, quando fizer o balanço desta diretiva, olhe para todas estas questões e todos estes problemas que foram levantados e que consiga endereçar isto de uma forma mais concreta e robusta, porque de outra maneira está sempre a luta do David contra o Elias“, referiu.

A Visapress acredita que “a responsabilidade social do Facebook há de acontecer e que vão certamente perceber que o caminho que fizeram não era o mais correto”, sublinha Carlos Eugénio.

A transposição da diretiva deu à Visapress “um mecanismo chamado gestão coletiva alargada para a imprensa regional”. Ou seja, “sendo a entidade mais representativa do setor naquilo que diz respeito à cobrança de direitos, ficou mandatada de uma forma direta” – quem não quiser basta pedir para não ser – para “representar tudo aquilo que é o universo digital dos jornais regionais e isso deu-nos aqui alguma força negocial em certa altura”, conta.

No que respeita aos títulos nacionais, impera o princípio de autonomia privada, que significa que são livres de negociar diretamente com as plataformas.O que considera perfeitamente aceitável, até porque diz saber que “há vasos comunicantes naquilo que são os negócios dos editores com as plataformas”.

Em alguns casos, não fazia sentido absolutamente nenhum nós estarmos a licenciar algo que já foi, eventualmente, o direito cedido pelo editor”, explica.

A Visapress representa, também, pela gestão coletiva alargada, cerca de 600 editores de imprensa, nacionais e regionais, segundo o responsável.

O Observador e a Newsplex, que têm o Sol e o I, desde o dia 16 deste mês, passaram a ser, também, cooperadores da VisaPress, o que quer dizer que a nossa legitimidade e a nossa representatividade em Portugal [em termos nacionais] ronda os 95% daquilo que são os editores de imprensa“, remata.

 

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Promessa de 5.000 casas no Porto feita por Pizarro depende de 650 milhões de euros dos privados

Candidato do PS pretende usar receitas da taxa turística e do IMT para suportar parte das rendas das 5 mil casas que quer construir no Porto. Plano depende da adesão dos privados.

Manuel Pizarro, candidato pelo Partido Socialista às eleições autárquicas, durante a apresentação da sua candidatura à câmara municipal do Porto, no Palácio da Bolsa, no Porto, 2 de junho de 2025. ESTELA SILVA/LUSAESTELA SILVA/LUSA

Manuel Pizarro, candidato do PS à Câmara do Porto, tinha deixado a promessa de fazer 5.000 casas aquando da apresentação da sua candidatura, e nesta segunda-feira, 28 dias depois, reuniu empresários da construção e imobiliário para apresentar o seu plano, no qual o papel dos privados é fulcral.

Pizarro compromete-se a disponibilizar 5.000 casas de renda moderada, com valores entre 300 e 800 euros, caso ganhe a Câmara do Porto nas próximas eleições autárquicas, mas precisa de 650 milhões de euros de investidores, num modelo de parceria público-privada para levar a medida a bom porto. A receita do ex-ministro da Saúde é clara: os empresários constroem e exploram os edifícios durante 30 anos e o município assegura metade dos 62,5 milhões do custo anual das rendas, esperando receber o remanescente do Estado.

Numa segunda fase, o candidato tenciona avançar com um programa dedicado à reabilitação de casas devolutas, que ascendem a 20 mil na Invicta. O plano implica “lançar um conjunto de instrumentos para procurar ajudar os proprietários a colocarem esses imóveis no mercado de arrendamento”, diz Pizarro, ressalvando: “não ignoro que isso é mais demorado”.

Foi com este plano em mente que o candidato socialista à Câmara da Invicta apresentou, nesta segunda-feira, na AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, o seu projeto “Habitar no Porto” que prevê um modelo de habitação pública com rendas a preços moderados, em vez de rendas acessíveis, como é praticado pelo atual Executivo de Rui Moreira.

Uma espécie de operação de charme para captar investidores dispostos a gastar 650 milhões de euros e na qual exortou a fileira da construção civil a aliar-se nesta sua bandeira eleitoral. As 5.000 casas “serão oportunidade para as famílias de classe média e jovens do Porto”, enaltece. Entre os presentes estavam Carlos Mota Santos, CEO da Mota Engil, e Artur Varum, CEO da Civilria.

Caso seja eleito, Pizarro comprometeu-se a assinar, nos primeiros 100 dias do mandato, “um pacto com todos os agentes do setor”.

O financiamento da construção será, assim, assegurado pelos parceiros privados ou, nos casos pertinentes, pelas cooperativas e outras organizações do terceiro setor, neste caso com garantias fornecidas pelo município. Para tal, será constituída a “Unidade de Missão Habitar no Porto”, que funcionará sob tutela direta do presidente da Câmara; sendo constituída pelos Serviços municipais de urbanismo, de ambiente, de habitação, as empresas municipais, Águas e Energia do Porto, Porto Vivo, GO Porto.

Neste modelo de parceria público-privada, o município disponibiliza o terreno e os investidores parceiros financiam, projetam, constroem e asseguram a manutenção durante 30 anos. “O privado será remunerado com o dinheiro das rendas, que a Câmara recebe dos arrendatários, e com um valor de compensação para a diferença entre o valor das rendas e o valor necessário para remunerar o investimento”, explicou o ex-ministro da Saúde durante a sessão o programa que reuniu empresários, arquitetos e engenheiros. No final dos 30 anos, os imóveis passam a ser propriedade da autarquia.

O Porto está em condições de financiar este programa. Eu, nesse caso, financiá-lo-ei, alocando ao programa de habitação a custos moderados 50% da taxa turística (cerca de 15 milhões de euros e 20% do IMT (cerca de 18 milhões de euros).

Manuel Pizarro

Candidato do PS à Câmara Municipal do Porto nas autárquicas

Porque o “acesso à habitação no Porto se transformou numa situação de emergência”, e os valores das rendas praticadas na Invicta “são assustadores”, o ex-ministro da Saúde compromete-se a resolver este imbróglio com o seu projeto “Habitar no Porto”.

Contas feitas, Manuel Pizarro antecipa um investimento global municipal anual na ordem dos 62,3 milhões de euros anuais, apesar de o valor das rendas a receber cobrir apenas metade (31,2 milhões de euros). “Parte importante da diferença, cerca de 30 milhões de euros por ano, deverá resultar de contribuição do Estado Central”, calculou.

O candidato socialista conta, por isso, ter o apoio financeiro do Estado para cobrir o remanescente das rendas das casas. Estas serão fixas, entre os 300 (T0) e os 800 euros (T4). “Entendemos que, sendo uma obrigação do Estado — do ponto de vista da Constituição garantir o direito à habitação –, faz todo o sentido dialogar com o Governo para saber até onde é que está disposto a ir”, assinalou o candidato à Câmara do Porto.

Caso o Estado não apoie no pagamento das rendas, o programa não está perdido, mas apenas no que concerne à dita remuneração dos privados. O Porto está em condições de financiar este programa. Eu, nesse caso, financiá-lo-ei, alocando ao programa de habitação a custos moderados 50% da taxa turística (cerca de 15 milhões de euros e 20% do Imposto Municipal sobre Transmissão Onerosa de Imóveis (IMT) — cerca de 18 milhões de euros“, garantiu Pizarro.

Igualmente Pedro Duarte, candidato pela coligação “O Porto Somos Nós” que junta PSD, IL, CDS-PP, disse recentemente recorrer às receitas da taxa turística para financiar o custo de 25 milhões de euros da medida de transportes públicos gratuitos para todos os portuenses. Também deverá usar receitas da tarifa de estacionamento e fundos europeus.

Quanto a prazos, o candidato socialista avançou que a maior parte das casas só estará disponível no final do mandato. Entretanto, já estão identificados 15 terrenos públicos que serão depois disponibilizados aos privados para construir uma parte destes 5.000 fogos: em Lordelo do Ouro, Monte da Bela, Monte Pedral, Avenida Nun’Álvares, Aldoar, Aleixo, Contumil, Corujeira, Dionísio Santos Silva, Prelada, Currais, Augusto Lessa, Ouro, Boavista, Arca d’Água. Pizarro inclui ainda neste pacote os terrenos de Monte Pedral e Monte da Bela.

A sessão contou ainda com a presença de Ricardo Valente, antigo vereador do Executivo de Moreira, que afirmou aos jornalistas não estar no horizonte regressar à vida política, participando na sessão por estar ligado a uma consultora imobiliária. Admitiu marcar presença em eventos de outras candidaturas se estes tiverem a ver, por exemplo, com habitação e economia.

Além de Manuel Pizarro (PS), são candidatos à Câmara do Porto: Pedro Duarte pela coligação “O Porto Somos Nós” que junta PSD, IL, CDS-PP; o atual vice-presidente Filipe Araújo (movimento Fazer à Porto); Miguel Côrte-Real, que se candidata pelo Chega; Diana Ferreira (CDU), Nuno Cardoso (movimento Porto Primeiro), Vitorino Silva (RIR), Aníbal Pinto (Nova Direita), Sérgio Aires (BE), António Araújo (movimento Porto à Porto), Alexandre Guilherme Jorge (Volt) e Hélder Sousa (Livre).

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“Investir em defesa é investir na dignidade das pessoas”, diz Montenegro

Numa altura em que Portugal se prepara para gastar mais mil milhões em defesa, Montenegro explica que o investimento se justifica para os cidadãos acederem a "direitos, liberdades e garantias"

“Quando investimos em defesa investimos na dignidade das pessoas“, assegura o primeiro-ministro, numa altura em que Portugal vai ter de investir mais mil milhões de euros para cumprir a meta de despesa de 2% do PIB em defesa no final do ano.

“Estamos a investir na defesa para que os cidadãos possam ter dignidade, acesso aos seus direitos, liberdades e garantias”, diz Montenegro na conferência da ONU sobre financiamento ao desenvolvimento, que está a decorrer em Sevilha.

“Estamos a investir na defesa para termos mais paz, para podermos dissuadir aqueles que no mundo colocam em ameaça e em crise a vida humana”, disse o governante, destacando que o investimento serve “para garantir que as democracias sobrevivem e se desenvolvem”.

Montenegro prometeu à NATO que Portugal vai gastar 3,5% do PIB em defesa nos próximos dez anos, mas assegurou aos portugueses que o aumento da despesa em defesa será feito com “equilíbrio” e “sem pôr em causa a estabilidade financeira”.

Para cumprir até ao final do ano a meta de 2% do PIB em Defesa, Montenegro garantiu que não será necessário qualquer Orçamento Retificativo pois o país “tem dinheiro” para fazer face ao esforço financeiro deste ano.

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Moçambique prevê assinar novo programa com FMI ainda este ano

  • Lusa
  • 30 Junho 2025

Presidente moçambicano quer acordo com "uma nova visão baseada em reformas ao nível do setor público" e nas "questões relacionadas com a necessidade de criar um bom ambiente de negócio".

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, disse esta segunda-feira que prevê ainda este ano assinar um novo programa de apoio com o Fundo Monetário Internacional (FMI), alinhado com a visão do atual Governo e as reformas no setor público.

“Ainda ao longo deste ano, se tudo correr bem, vamos assinar um novo programa que possa permitir que, com a nova visão do Governo, possamos realmente continuar uma excelente relação com o FMI”, disse Daniel Chapo, em declarações aos jornalistas após reunir-se, em Sevilha, com Nigel Clarke, diretor-adjunto de gestão do Fundo, à margem da IV Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Financiamento ao Desenvolvimento (FFD4).

“Mas já com uma nova visão baseada em reformas ao nível do setor público e, sobretudo, as questões relacionadas com a necessidade de criar um bom ambiente de negócio em Moçambique, por forma a que possamos continuar a atrair investimentos tanto nacionais como estrangeiros para o crescimento e o desenvolvimento económico, social e ambiental de Moçambique”, acrescentou Chapo, empossado no cargo em 15 de janeiro deste ano.

O chefe de Estado moçambicano destacou que, do lado do FMI, a “receção é muito boa” e prevê o “estreitar das boas relações de amizade e cooperação”, sendo o Fundo “uma das instituições parceiras de Moçambique”. O diretor-geral adjunto do FMI, Bo Li, já tinha garantido, em 17 de maio, em Maputo, que a instituição vai avançar nos próximos meses com um novo programa para apoiar a estabilidade de Moçambique.

“A nossa equipa trabalhará em conjunto. Nas próximas semanas e meses discutiremos um novo programa e estamos empenhados em apoiar a economia moçambicana para ajudar a manter a estabilidade macroeconómica e financeira”, disse Bo Li, após ter sido recebido pelo chefe de Estado moçambicano, na Presidência da República.

O FMI e as autoridades moçambicanas acordaram terminar com as consultas no âmbito do atual plano de ajuda e iniciar negociações para desenhar um novo, divulgou a instituição financeira internacional, em comunicado, em 18 de abril. “Para melhor alinhar o apoio do FMI com a visão e prioridades do novo Governo, as autoridades moçambicanas pediram o início de discussões para um novo programa do FMI. As discussões com as equipas do FMI vão começar proximamente”, referia o comunicado de então.

No mesmo texto, a organização internacional sediada em Washington assumia que “as autoridades moçambicanas e as equipas do FMI chegaram a um entendimento para não prosseguir com as revisões subsequentes no âmbito do mecanismo apoiado pelo ECF [Facilidade de Crédito Alargado]”.

O programa ECF foi aprovado em maio de 2022 e prevê um financiamento total de 456 milhões de dólares (416,2 milhões de euros) a Moçambique, tendo sido desbloqueadas quatro tranches. O FMI anunciou em 15 de junho de 2024 um “acordo técnico” com o Governo de Moçambique sobre políticas económicas para concluir a quarta avaliação ao programa de assistência ao país, permitindo desembolsar mais 55,9 milhões de euros (câmbio à data).

Antes, a terceira avaliação a este programa, a 36 meses, feita em janeiro, foi concluída, libertando então a terceira tranche, de 60,7 milhões de dólares (56,6 milhões de euros), para apoio orçamental. Na altura, os desembolsos totais a Moçambique ao abrigo deste ECF elevaram-se a cerca de 273 milhões de dólares (254,7 milhões de euros).

O FMI defendeu, no início de março, que Moçambique necessita de uma “consolidação orçamental” em 2025 para garantir a sustentabilidade das contas públicas, face à derrapagem orçamental significativa verificada no ano anterior.

“As estimativas preliminares sugerem que houve derrapagens orçamentais significativas em 2024, que são em parte explicadas pela desaceleração da atividade económica durante o último trimestre”, afirmou Pablo Lopez Murphy, citado num comunicado do FMI, de 05 de março, sobre a avaliação realizada ao acordo de ECF.

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BBVA mantém OPA sobre Sabadell

BBVA decidiu manter a oferta superior a 11 mil milhões de euros sobre o rival Sabadell, apesar de o Governo ter endurecido as condições do negócio, incluindo a proibição de fusão durante três anos.

O BBVA decidiu manter a oferta pública de aquisição (OPA) hostil que lançou há mais de um ano sobre o rival Sabadell. O banco liderado por Carlos Torres estava a avaliar a operação depois de o Governo espanhol ter endurecido as condições do negócio, incluindo a proibição de fusão durante três anos.

“O BBVA decidiu não desistir da oferta e, portanto, a mesma mantém-se em vigor conforme o previsto na norma aplicável”, assinala a entidade em comunicado.

“O projeto cria um enorme valor para os acionistas de ambas as entidades e representa uma oportunidade única para construir um dos bancos mais competitivos e inovadores da Europa”, afirmou Carlos Torres, num comunicado publicado poucos momentos depois.

O responsável acrescenta: “Juntos seremos uma entidade mais sólida, com maior escala e com capacidade para aumentar em 5.000 milhões de euros anuais o financiamento a famílias e empresas, impulsionando assim o crescimento económico do nosso país”.

O Governo espanhol autorizou o BBVA a avançar com a OPA hostil sobre o Sabadell. Ainda assim, segundo anunciou na semana passada, endureceu as condições para que a operação avaliada em 11 mil milhões de euros possa avançar. O BBVA terá de manter o Sabadell como banco separado e com uma gestão autónoma durante, pelo menos, três anos, tornando mais difícil a realização de sinergias que se estimam que andariam na ordem dos 850 milhões.

Carlos Torres acredita que a maior parte das sinergias ainda são alcançáveis, embora a um ritmo mais lento, segundo adiantam fontes ao Expansión. Foi isso que ajudou a convencer os conselheiros do BBVA a manter de pé a oferta sobre o concorrente.

Em nenhum momento, quer o banco ou Carlos Torres mencionam a possibilidade de avançar pela via judicial contra o Governo por conta das novas condições impostas.

A OPA hostil foi lançada há mais de um ano e já teve luz verde do Banco Central Europeu (BCE) e da Autoridade da Concorrência espanhola, sendo que esta última já tinha imposto uma série de condições para autorizar a operação.

(Notícia atualizada às 18h02)

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Governo afasta “socializar perdas de investimentos errados” das empresas, mas vai baixar “suor” fiscal

Leitão Amaro adverte que Executivo “não vai amparar as perdas” dos privados, mas promete que, após IRS, vai “desagravar o que o Estado tira do suor das empresas e da criatividade dos empreendedores".

Poucas semanas após tomar posse e a poucos dias de levar a votos no Parlamento a primeira proposta de descida de impostos da nova legislatura, António Leitão Amaro assinalou a “transformação de paradigma” que é baixar os impostos para os trabalhadores e promete que o Governo vai também “desagravar o que o Estado tira do suor das empresas e da criatividade dos empreendedores”. “Depois de reduzirmos as taxas [de IRC] até 17%, vamos à derrama estadual”, garantiu.

Falando num Executivo defensor da “meritocracia com consciência social”, o ministro da Presidência apontou o regime fiscal como “a mãe de todas as reformas” e sustentou que o Estado não pode “desincentivar a hora [de trabalho] a mais”, sublinhando que a proposta submetida ao Parlamento são apenas “os primeiros 500 milhões de 2.000 milhões” de redução de impostos previstos para esta legislatura.

Prometendo acabar com a “perversão do sistema” que em certos casos não permite refletir no rendimento líquido o trabalho extraordinário, assim como uma “calibração dos apoios sociais” para que os beneficiários “percebam que trabalhar vale a pena”, o governante defendeu a opção do Executivo em isentar de impostos e contribuição os prémios de desempenho até ao limite de um salário – “o Estado não deve expropriar o produto de um bom desempenho”.

Durante uma intervenção na conferência anual da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), António Leitão Amaro tocou no tema da regulação da imigração, que tem dominado o início da governação, para dizer que o país precisa do “recrutamento de mão-de-obra no mercado global, mas de redirecionar o fluxo para a atração de talento mais qualificado e cuidar de todo o ciclo de integração”. “Por isso desafiamos as empresas para um novo canal de imigração regulada com corresponsabilidade”, acrescentou.

Por outro lado, o ministro da Presidência fez questão de avisar as centenas de empresários e gestores portugueses que lotaram a sala principal da Casa da Música, no Porto, que o Governo não vai “socializar perdas de investimentos errados”, deixando várias referências implícitas a casos do passado mais ou menos recente, como os da Efacec ou da distribuidora de papel Inapa.

“Não temos de ter uma rede social de socialização de más decisões de investimento e de pôr todos a pagar esses insucessos e perdas na atividade. (…) Isto valoriza os ganhos. Têm de saber que podem contar com um Estado sem privilégios e facilitismos; que não cria obstáculos, mas não vai amparar as perdas” dos privados, destacou.

Numa espécie de resposta direta às reivindicações deixadas antes por Carlos Moreira da Silva, presidente da BRP, Leitão Amaro frisou a importância de “fazer as pazes com a ideia de complementaridade ou liberdade entre setores, valorizando o papel da iniciativa privada”. E apontou a “guerra à burocracia”, decretada pelo primeiro-ministro na tomada de posse, como a prioridade do segundo Governo liderado por Luís Montenegro.

Carlos Moreira da Silva, presidente da Associação Business Roundtable Portugal (BRP)Ricardo Castelo/ECO

contra um Estado que “tantas vezes atrasa, demora, pede papéis que já pediu e impede investimentos”, o ministro da Presidência apontou para uma nova “lógica de maior autonomia” nos processos de licenciamento e administrativos que envolvem o Estado, com “menos regras e menos atrasos burocráticos”.

E como maior empregador do país, completou, o Estado vai deixar de ter como “único discurso se aumenta ou não o salário” dos funcionários públicos. Algo que diz ser “importante, mas que tem de ir mais longe”, valorizando sobretudo os recursos humanos mais qualificados e trazendo “a prática dos prémios de desemprenho para a administração pública”. “Temos de ter dentro de casa essa política de premiar o mérito”, concluiu.

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‘Buraco’ no SNS aumenta para 465 milhões de euros. Custos com pessoal sobem 13,6%

O défice do Serviço Nacional de Saúde quase duplicou até maio face ao mês anterior e representou uma deterioração de 312,4 milhões em comparação com o período homólogo.

O buraco nas contas públicas do Serviço Nacional de Saúde aumentou para 464,8 milhões de euros até maio, quase duplicando face ao défice de 287,6 milhões registado no mês anterior. E representou uma deterioração do saldo de 312,4 milhões de euros em relação ao período homólogo, segundo a síntese de execução orçamental, divulgada esta segunda-feira pela Entidade Orçamental (EO). Custos com pessoal subiram 13,6%.

Em maio, o saldo do SNS situou-se em -464,8 milhões de euros, representando uma deterioração de 312,4 milhões de euros face ao período homólogo“, de acordo com o mesmo relatório.

O saldo negativo resulta de um um aumento da despesa, de 9,4%, para 6.593,8 milhões de euros, superior ao crescimento da receita, em 4,3%, que se fixou em 6.129 milhões de euros. A EO assinala o agravamento dos custos com pessoal, em 13,6%, para 3.014,7 milhões de euros.

“O aumento das despesas com pessoal reflete, entre outras, a execução das seguintes medidas:

  • valorizações remuneratórias aplicadas aos trabalhadores em funções públicas;
  • incentivos às equipas das Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo B;
  • alteração da estrutura remuneratória das carreiras especiais médica, de enfermagem e farmacêutica;
  • nova carreira especial de Técnico Auxiliar de Saúde;
  • e atribuição de um suplemento remuneratório aos médicos para assegurar o funcionamento dos serviços de urgência”.

Nos fornecimentos e serviços externos, o aumento da despesa em 5,6%, para 3.380,1 milhões de euros, é resultado, em grande medida, do aumento da despesa com: produtos vendidos em farmácias (9,7%), indicando um aumento de prescrições na medicação; e encargos com serviços especializados (13,6%), que incluem os encargos com prestadores de serviços médicos e de enfermagem para assegurar o serviço de urgência, os cuidados de saúde primários e a resposta à atividade assistencial”, segundo a Entidade Orçamental.

Já o crescimento de 4,3% da receita resultou, essencialmente, do aumento das transferências do Orçamento do Estado (5,1%), conclui o mesmo relatório.

As contas públicas, no seu todo, registaram um excedente de 597,2 milhões de euros, em maio, à boleia dos impostos, designadamente da diminuição dos reembolsos do IRS e do IVA, segundo a síntese da execução orçamental de maio. Isto significa uma subida de mais de quatro vezes mais em relação ao saldo do mês passado, de 134,8 milhões, e uma melhoria de 3.095 milhões de euros face ao período homólogo.

“O saldo global das Administrações Públicas (AP) registou, até maio de 2025, um excedente de 597,2 milhões de euros, o que representa uma melhoria de 3095 milhões de euros face ao período homólogo (que apresentou um défice de 2497,8 milhões de euros), justificado por um incremento da receita (12,3%) superior ao da despesa (4,5%)”, lê-se na mesma publicação.

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Moedas integra conselho consultivo europeu sobre habitação

  • Lusa
  • 30 Junho 2025

O novo órgão consultivo tem como missão definir a estratégia e a abordagem da Comissão Europeia para responder à crise na habitação.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), foi nomeado pela Comissão Europeia para um conselho consultivo dedicado à habitação na Europa, que iniciou funções esta segunda-feira e pretende definir a estratégia para responder à crise habitacional.

O social-democrata Carlos Moedas assumiu a vice-presidência do novo conselho consultivo, denominado House Advisory Board, revelou a Câmara Municipal de Lisboa, em comunicado, indicando que o autarca português “é o único presidente de câmara a integrar” o grupo criado pela Comissão Europeia.

O novo órgão consultivo tem como missão definir a estratégia e a abordagem da Comissão Europeia para responder à crise na habitação, assim como as linhas orientadoras que vão definir as ações a tomar a nível europeu, no âmbito de um Plano para Habitação Acessível a ser aplicado em toda a Europa.

Constituído por 15 elementos, o conselho consultivo inclui alguns dos maiores especialistas europeus em habitação, bem como altos responsáveis políticos de vários países.

No comunicado, a Câmara de Lisboa referiu ainda que a escolha de Carlos Moedas para assumir a vice-presidência deste órgão europeu “representa um reconhecimento do modelo que desenvolveu para a habitação em Lisboa, com um investimento histórico superior a 900 milhões de euros até 2028, assim como um conjunto de ações de curto prazo para apoiar as famílias e os jovens”.

“Para a escolha de Carlos Moedas contribuiu também a vasta experiência europeia, tendo sido Comissário Europeu [para a Investigação, Inovação e Ciência] entre 2014 e 2019”, realçou a autarquia de Lisboa. Citado na nota, o presidente da Câmara de Lisboa destacou a necessidade de uma resposta coordenada a nível europeu para responder à crise da habitação, considerando que “as cidades têm de estar no centro da decisão”.

“Para Lisboa, ser a única cidade representada neste órgão é um reconhecimento sem par do caminho que estamos a fazer. Neste mandato já entregámos mais de 2.660 casas, apoiámos 1.230 famílias a pagar a renda, e estamos a reabilitar mais de 400 edifícios em bairros municipais”, salientou Carlos Moedas, referindo que o município de Lisboa tem medidas “totalmente inovadoras” como a disponibilização de casas a agentes da PSP, ou as cooperativas de habitação, que estiveram paradas durante mais de 25 anos.

O autarca reforçou que Lisboa tem uma combinação de medidas de curto e médio prazo na área da habitação, que “é única na Europa”. De acordo com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o novo conselho consultivo vai desenvolver um Plano Europeu de Habitação Acessível, para analisar todas as causas da crise e ajudar a concretizar os investimentos públicos e privados necessários.

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BBC implementa paywall nos EUA

  • + M
  • 30 Junho 2025

A mudança restringe-se aos EUA, não estando previstas mudanças para os leitores da BBC tanto no Reino Unido como no resto do mundo. O site da BBC alcança quase 60 milhões de pessoas nos EUA.

A BBC avançou com a implementação de uma paywall no seu site nos EUA. Os norte-americanos que queiram ter acesso à maioria das notícias ou à transmissão do canal do meio britânico terão de pagar 49,99 dólares por ano ou 8,99 dólares por mês.

Os utilizadores que optarem por não pagar terão, ainda assim, acesso a algumas notícias de última hora, à BBC Radio 4, ao World Service, e a algumas newsletters e podcasts.

Esta ação é um “marco importante” que abre “novas oportunidades de crescimento”, segundo diz Rebecca Glashow, CEO da BBC Studios Global Media & Streaming, citada pela própria BBC.

Esta mudança restringe-se aos EUA, não estando previstas mudanças para os leitores da BBC tanto no Reino Unido como no resto do mundo. A BBC procura assim conseguir uma outra fonte de receitas, para além da receita conseguida através da taxa de licença aplicada no Reino Unido, que custa 174,50 libras por ano e representou cerca de dois terços das suas receitas no ano passado.

O governo britânico já anunciou uma revisão do método de financiamento do operador para o futuro, sendo que o atual acordo em vigor expira no final do ano de 2027.

O novo modelo do site da BBC nos EUA segue assim sistemas de assinatura parecidos com os que são utilizados pelo The New York Times, The Telegraph ou The Sun, que “protegem” algumas histórias e conteúdos com paywalls. O site da BBC alcança 139 milhões de visitantes a nível global, incluindo quase 60 milhões nos EUA, segundo a BBC.

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