Clientes que renegociaram crédito após março também podem fixar a prestação

  • Lusa
  • 6 Novembro 2023

Clientes que tenham renegociado os créditos à habitação já depois de março deste ano podem aderir ao regime que fixa a prestação do empréstimo durante dois anos, disse o Banco de Portugal à Lusa.

Os clientes que tenham renegociado os créditos à habitação já depois de março deste ano podem aderir ao regime que fixa a prestação do empréstimo durante dois anos, disse o Banco de Portugal à Lusa.

Desde a passada quinta-feira, 2 de novembro, e até fim de março de 2024 os clientes bancários com crédito para aquisição ou construção de habitação própria permanente podem pedir a adesão ao regime que fixa por dois anos a prestação paga mensalmente ao banco e por um valor inferior ao atual. Este mecanismo abrange empréstimos com taxa variável contraídos até 15 de março de 2023 e cujo período de amortização seja superior a cinco anos.

A Lusa questionou o Banco de Portugal sobre se podem aderir clientes com contratos preexistentes, mas renegociados depois dessa data, esclarecendo o regulador e supervisor bancário que estes estão incluídos, sim, quer a negociação tenha sido por iniciativa do cliente ou do banco.

“Estando em causa uma renegociação do contrato de crédito (isto é, uma alteração aos respetivos termos e condições, como é o caso do alargamento do prazo de reembolso ou a definição de um período de carência de capital e/ou juros, por exemplo) e não a celebração de um novo contrato (o que sucede, por exemplo, no refinanciamento de dívida ou na consolidação de créditos), o facto de o acordo ter sido celebrado após 15 de março de 2023 não impede o acesso à medida”, respondeu o Banco de Portugal.

A instituição liderada por Mário Centeno acrescentou que, como refere a lei, quem não pode aderir a este regime são os clientes em incumprimento ou em situação de insolvência ou que já estejam abrangidos pelos regimes PARI (plano de ação para o risco de incumprimento) ou procedimento extrajudicial de regularização de situações de incumprimento (PERSI).

Neste mecanismo, os clientes ficam durante dois anos a pagar uma prestação mais baixa, uma vez que a prestação ficará indexada a 70% da média da Euribor a seis meses do mês anterior ao pedido do cliente (o que garante que paga menos durante os dois anos do que se a Euribor fosse refletida a 100%).

Após esses dois anos, nos quatro anos seguintes, a prestação assume o seu valor ‘normal’ (com o indexante da altura totalmente refletido). Terminados estes quatro anos, as famílias vão pagar nas prestações restantes o valor não pago enquanto beneficiaram da referida redução.

O montante diferido pode ser amortizado antecipadamente, sem qualquer comissão ou encargo. E o acesso a este mecanismo também não impede os clientes de amortizarem antecipadamente o crédito (parcial ou totalmente) sem penalizações.

Numa publicação disponível no Portal do Cliente Bancário, o Banco de Portugal explica que a adesão implica que “o montante total de juros a pagar será sempre superior”.

A Deco/Proteste fez simulações para a Lusa nas quais quantifica o agravamento do valor total pago pelo crédito.

Por exemplo, um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1,25% e indexado à Euribor a seis meses, tem uma prestação atual de 831,09 euros e aderindo à moratória passará a pagar 722,28 euros, ou seja, pagará menos 108,82 euros por mês.

Assim, durante os dois anos de fixação da prestação pagará menos 2.611,65 euros. Já quando passar a pagar a prestação ‘normal’ juntamente com o capital diferido a prestação mensal passa a 850,87 euros.

No total do crédito, a Deco/Proteste indica que o custo adicional em juros no total do contrato de um cliente com este crédito aderir à moratória é de 3.082,13 euros.

A simulação tem como pressuposto de que as taxas de juro se manterão nos níveis atuais, pelo que se vierem a baixar o agravamento no total do crédito será menor e se aumentarem o agravamento será maior.

“É muito útil para as famílias com taxas de esforço muito elevadas. É como um custo de oportunidade de ter liquidez imediata”, disse o economista da Deco/Proteste Nuno Rico à Lusa, acrescentando, contudo, que para as famílias que podem pagar a prestação atual “não justifica aderir a este mecanismo porque tem um custo acrescido no total”.

No final de 2022, segundo dados do Banco de Portugal, havia 1,5 milhões de contratos de crédito à habitação.

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Falência da Efacec custaria 49 milhões aos cofres do Estado, diz Costa Silva

Costa Silva revela que à alternativa das verbas injetadas na Efacec, os custos para o Estado ascenderiam até 24 milhões de euros em subsídios de desemprego e 25 milhões em contribuições.

Se o Estado português tivesse deixado falir a Efacec isso teria um custo anual para os cofres do Estado de cerca de 49 milhões de euros: 24 milhões em subsídios de desemprego a que acresceria uma perda de 20 a 25 milhões em contribuição para o Fisco e a Segurança Social, revelou o ministro da Economia, no debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2024. António Costa Silva revelou que o fundo Mutares não cobra nenhuma comissão de gestão à Efacec.

António Costa Silva contrapôs aos 200 milhões de euros que injetou na Efacec, cerca de dez milhões de euros mensais durante 20 meses, que permitiram que a empresa pagasse 100 milhões de euros em IRS e Segurança Social correspondente aos cerca de dois mil trabalhadores que tem.

Se esses trabalhadores fossem despedidos custariam cerca entre 1,7 e dois milhões de euros por mês, uma fatura explicada por elevado número de quadros com formação superior, a que seria necessário acrescer uma perda de 3,3 milhões de euros mensais (20 a 25 milhões por ano) de contribuições para a Segurança Social e para o Fisco (IRS).

O encerramento da Efacec teria um impacto negativo de 1,5% a 2% no PIB da região Norte, acrescentou ainda o responsável. O ministro da Economia não revelou se no contrato assinado com a Mutares ficou estipulado a garantia de manutenção dos postos de trabalho, mas disse que o fundo alemão pretende reforçar os quadros de engenharia.

Na conferência de imprensa de apresentação da venda da empresa, foi revelado que existe uma verba destinada a indemnizações, mas esse valor nunca foi quantificado, mas em causa estariam ajustamentos pontuais.

Costa Silva sublinhou a importância da Efacec para a economia do Norte, sobretudo depois do encerramento da refinaria de Matosinhos, já que trabalha com cerca de 1.800 fornecedores nacionais, e frisou que o facto de estar a funcionar lhe permitiu ganhar 445 milhões de euros em contratos.

A dívida aos bancos tinha senioridade sobre dívida aos obrigacionistas, reconheceu o ministro da Economia. Mas, “dado o processo de negociações “os bancos aceitaram o corte de 80%” e os obrigacionistas, “na maior parte de países estrangeiros e de fundos espanhóis” foi uma negociação mais difícil, reconheceu, e por isso sofreram um corte de apenas 10% e não os 50% inicialmente propostos.

O ministro da Economia reconheceu que não conseguirá recuperar a totalidade do dinheiro injetado, mas recorda que foi definido um mecanismo de cascata que assegura que o Estado ficará com dois terços do valor da venda, quando esta ocorrer. À partida em cinco anos, mas poderá ser mais tempo. “Foi a solução possível nestas circunstâncias“, disse ainda Costa Silva, acrescentando: “Tentei fazer tudo para manter esta empresa”.

O Estado assumiu perdas de 200 milhões de euros do passado e, no acordo de venda com a Mutares, concluída na terça-feira, anunciou que ia entrar com 159 milhões de euros, um montante a que acrescem mais 35 milhões de euros em obrigações convertíveis subscritas pelo Banco de Fomento. Mas, de acordo com o PSD, as contas são outras: uma exposição do Estado de 550 milhões de euros de acordo com uma auditoria encomendada pela própria Mutares. Costa Silva rejeitou estas contas, dizendo que não tem estes números.

Mutares não cobra comissões de gestão

O ministro deixou o esclarecimento de que a Mutares não vai cobrar qualquer comissão de gestão à Efacec – o que poderia permitir ao fundo alemão retirar da empresa por esse meio os 15 milhões de euros injetados – e que não existe a intenção de fundir a Efacec com nenhuma empresa do universo Mutares.

“De toda a interação com a Mutares, a empresa reconhece a marca a Efacec e quer mantê-la assim como os centros de decisão no país”, diz Costa Silva. “Não vejo grande risco para o país”, acrescentou o ministro, sublinhando que o mecanismo de cascata e o facto de o Estado vir a receber dois terços na venda e 75% dos eventuais pagamentos de dividendos (ainda que o Estado tenha deixado de ser acionista da Efacec) são um excelente incentivo para a empresa criar valor”, disse o ministro.

O responsável revelou ainda que houve uma melhoria da Best and Final Offer (BAFO) da Mutares. “Face a julho a empresa acedeu mobilizar um montante maior de garantias, em vez de 40 milhões, foram 60 milhões” que permitiram operacionalizar o trade finance onde o acordo com um sindicado bancário assegura os restantes 94 milhões de euros,

Costa Silva precisou ainda que “não existe uma obrigatoriedade de vender a um privado”, mas “esta foi uma opção política do Executivo dado o cariz da Efacec, uma empresa tecnológica e que exige uma gestão que esteja sempre em cima dos acontecimentos. O ministro rejeitou que esta operação fosse “oferecer” a Efacec à Mutares. “É um contrato de partilha e de valor”, disse justificando que “há pessoas sérias no mundo. A Mutares está cotada em Frankfurt e estudámos a sua trajetória”, acrescentou.

Autópsias, comissão de inquérito e terrorismo

Num debate que deveria ser sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2024, os trabalhos foram claramente dominados pela Efacec – apesar de já haver uma audição prevista para esse efeito na Comissão de Economia – tiveram vários momentos quentes, com especial destaque para as trocas de acusações entre Costa Silva e banca parlamentar do Chega.

Mas, foi o deputado comunista, Bruno Dias que fez o melhor resumo dos trabalhos: “Acabámos de assistir ao episódio piloto da temporada 1 da comissão de inquérito” à venda da Efacec, numa referência à intervenção de Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa libera que optou por colocar questões diretas e curtas numa tentativa de esclarecer algumas dúvidas. São vários os partidos que anunciaram que pretendiam pedir uma CPI e o Chega revelou que o pedido do partido deu entrada esta segunda-feira.

Mas, para Bruno Dias o importante não é fazer uma autópsia mas sim evitar um crime que está a ser cometido à frente dos olhos de todos. O PCP acusou o Estado de não fazer valer os interesses do Estado e recordou que, na Dinamarca, uma empresa congénere da Efacec é detida pelo Estado.

Carlos Guimarães Pinto começou por questionar o ministro se conhecia a empresa Odkas, uma empresa detida pela mulher de Mário Leite Silva, braço direito de Isabel dos Santos em Portugal, que assinou um contrato de consultoria com a Efacec e que foi paga num momento em que já não era pagava aos seus credores. Costa Silva respondeu negativamente.

O pagamento a credores não essenciais em detrimentos dos outros, denunciada numa carta de Rui Lopes enviada à Parpúbica, e que levou a empresa a debater-se com falta de matérias-primas; o pagamento de uma indemnização a José Manuel Sousa, quando este saiu da Efacec, próxima dos valores pagos a Alexandra Reis da TAP e que motivaram a comissão de inquérito à empresa de aviação; e a renovação da frota de carros de luxo foram outros episódios trazidos pela IL, mas que o ministro disse não ter conhecimento porque foram anteriores à sua chegada ao Governo. Uma justificação que mereceu resposta do partido: “Afinal não tem um conhecimento tão aprofundado da empresa apesar de lá ter injetado 400 milhões de euros”, atirou Carlos Guimarães Pinto.

O único momento em que Costa Silva se exaltou foi após a intervenção do Chega que convidou os portugueses a deslocarem-se ao Martim Moniz para “viajar” até à Índia e Paquistão sem sair do país. O ministro acusou o partido de xenofobismo que levou a um pedi de intervenção à mesa do Chega para afinar o ataque e acusar o Governo de fazer um “atentado terrorista às finanças públicas”, “brincar com o dinheiro público e e dos portugueses”, de “despesismo e clientelismo em duas empresas como TAP e a Efacec”.

O impacto da venda da Efacec nas contas públicas também foi sublinhado pelo PSD que acusou o Governo de enganar os portugueses já que fechou a proposta de Orçamento do Estado sem ter em conta o impacto da Efacec nas contas públicas, quando já estava ciente do acordo.

O deputado social-democrata, Jorge Salgueiro Mendes, elencou as várias circunstâncias nas quais considera que o Governo enganou os portugueses ao longo deste processo desde logo os graves problemas operacionais com que a Efacec já se debatia, quando o Governo diziam que eram apenas problemas de compliance. E o facto de uma reprivatização, que deveria ser rápida, ter demorado três anos, “com uma avassaladora destruição da empresa que fechou 2022 em falência técnica”.

(Notícia em atualização)

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Jordânia alerta que deslocação de palestinianos é “declaração de guerra”

  • Lusa
  • 6 Novembro 2023

A saída forçada dos palestinianos dos seus territórios devido aos ataques das Forças de Defesa de Israel é uma das "linhas vermelhas" da política jordana, avisa o primeiro-ministro jordano.

O primeiro-ministro jordano, Bisher al-Khasawneh, advertiu esta segunda-feira que qualquer tentativa de Israel de criar condições para a deslocação de palestinianos da Faixa de Gaza ou da Cisjordânia será considerada como uma “declaração de guerra”.

Al-Khasawneh sublinhou que a saída forçada dos palestinianos dos seus territórios devido aos ataques das Forças de Defesa de Israel (IDF) é uma das “linhas vermelhas” da sua política, segundo a agência de notícias jordana, Petra. O rei Abdullah II da Jordânia manifestou anteriormente o seu apoio à Palestina e sublinhou ainda que é o dever de Amã ajudar os feridos na Faixa de Gaza.

“A Jordânia continuará a ser o mais próximo apoiante dos seus irmãos palestinianos”, afirmou nas redes sociais. A 7 de outubro, o Hamas – classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – efetuou um ataque de dimensões sem precedentes a território israelita, fazendo mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns, que mantém em cativeiro na Faixa de Gaza.

Iniciou-se então uma forte retaliação de Israel àquele enclave palestiniano pobre, desde 2007 controlado pelo Hamas, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira o cerco à cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que cumpre esta segunda o 31º dia e que continua a ameaçar alastrar-se a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 10.000 mortos, anunciou o Ministério da Saúde palestiniano, controlado pelo movimento islamita Hamas.

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Notários disponíveis para ajudar Registos

A Ordem dos Notários admitiu que está disponível para trabalhar na construção de soluções que atenuem os problemas dos trabalhadores do Instituto dos Registo e do Notariado.

A Ordem dos Notários (ON) admitiu que está disponível para trabalhar na construção de soluções que atenuem os problemas dos trabalhadores do Instituto dos Registo e do Notariado (IRN) e que garantam a estabilidade do setor.

“Os notários estão, como sempre estiveram, disponíveis para ser parte da solução, dando o seu contributo para a construção de soluções que garantam a estabilidade de um setor tão importante para os cidadãos e para empresas como este. Por isso mesmo, apelamos a um entendimento entre todas as partes, de forma a conseguirmos, juntos, chegar a consensos benéficos e duradouros”, refere em comunicado Jorge Batista da Silva, bastonário da ON.

Assim, a ON defende ser essencial o investimento no setor, remunerando equitativamente os trabalhadores. “A criação de novas sinergias entre a rede de balcões dos Registos e a rede de Cartórios Notariais pode permitir uma melhoria significativa na qualidade e na eficiência dos serviços prestados aos cidadãos, bem como gerar novas oportunidades para todos os trabalhadores”, acrescentou.

Esta segunda-feira, a partir das 17 horas, Plataforma Sindical dos Registos vai colocar um caixão na escadaria de São Bento para simbolizar a morte do setor dos Registos. Para esta Plataforma, a “morte” do setor deve-se à “inoperância” da atual ministra da Justiça e do secretário de Estado da Justiça.

Em comunicado, Arménio Maximino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado e porta-voz da Plataforma Sindical dos Registos, explicou que esta “iniciativa decorre da constante evolução da degradação do serviço público prestado aos cidadãos e às empresas, que não conseguem aceder em tempo útil a serviços essenciais, pelo que esperava que o Orçamento de Estado para 2024 trouxesse as medidas necessárias para salvar este setor fundamental”.

“Não sendo suficientes o número de profissionais para assegurar todos os serviços que o IRN disponibiliza aos cidadãos e às empresas, ainda foram transferidas as competências do extinto SEF relativas à emissão de Passaporte e às Renovações de Autorização de Residência, o que aconteceu, aliás, de forma desastrosa e em cima do joelho“, acrescentou.

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Bruxelas investiga TikTok e pede informações a AliExpress sobre lei dos serviços digitais

  • Lusa
  • 6 Novembro 2023

A Comissão Europeia enviou também ao AliExpress um pedido de informações ao abrigo da Lei dos Serviços Digitais.

A Comissão Europeia disse esta segunda-feira estar a investigar se as mudanças realizadas pela plataforma digital chinesa TikTok são “suficientes” para cumprir a nova lei europeia dos serviços digitais, no dia em que pediu mais informações ao AliExpress.

No dia em que se reuniu por videoconferência com o presidente executivo do TikTok, Shou Chew, o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, observou numa posição divulgada à imprensa as “mudanças na plataforma nos últimos meses, com o lançamento de novas funcionalidades com o objetivo de proteger os utilizadores e investimentos feitos na moderação de conteúdos e na confiança e segurança”.

“Os meus serviços e eu estamos agora a investigar se isto é suficiente para garantir a conformidade com a Lei dos Serviços Digitais porque agora, mais do que nunca, não devemos poupar esforços para proteger os nossos cidadãos – especialmente as crianças e os adolescentes – contra os conteúdos ilegais e a desinformação”, salientou, numa nota divulgada pelo seu gabinete.

Dada a entrada em vigor na União Europeia (UE), no final de agosto deste ano, das primeiras regras do mundo para plataformas ‘online‘, a Comissão Europeia enviou também esta segunda-feira formalmente ao AliExpress um pedido de informações ao abrigo da Lei dos Serviços Digitais.

“A Comissão solicita ao AliExpress que forneça mais informações sobre as medidas que adotou para cumprir as obrigações relacionadas com as avaliações de risco e as medidas de atenuação para proteger os consumidores ‘online’, em especial no que diz respeito à divulgação de produtos ilegais em linha, como os medicamentos falsificados”, anunciou o executivo comunitário.

A plataforma chinesa de comércio eletrónico AliExpress tem agora até 27 de novembro para responder à Comissão Europeia e, com base na avaliação das respostas, a instituição avaliará as próximas etapas.

Prevista está a possibilidade de abertura formal de um processo, bem como a aplicação de coimas por informações incorretas, incompletas ou enganosas.

As empresas que não cumprem esta nova legislação podem ter coimas proporcionais à sua dimensão, sendo que as empresas com menos de 45 milhões de utilizadores ativos podem ser alvo de multas consoante a legislação nacional dos Estados-membros, enquanto as companhias de maior dimensão e acima desse patamar podem ser sancionadas até 6% do seu volume de negócios global.

A UE tornou-se, desde final de agosto passado e após um período de adaptação, a primeira jurisdição do mundo com regras para plataformas digitais como X (anterior Twitter) e Facebook, que passarão a ser obrigadas a remover conteúdos ilegais.

Estas obrigações devem-se à entrada esta segunda-feira em vigor da Lei dos Serviços Digitais na UE, no âmbito da qual a Comissão definiu 19 plataformas em linha de muito grande dimensão, com 45 milhões de utilizadores ativos mensais, que terão de cumprir as novas regras, entre as quais AliExpress, Amazon, Apple AppStore, Booking.com, Facebook, Google Play, Google Maps, Google Shopping, Instagram, LinkedIn, Pinterest, Snapchat, TikTok, Twitter, Wikipedia, YouTube e Zalando.

Acrescem dois motores de pesquisa de muito grande dimensão, como Bing e a ferramenta de busca da Google.

A nova Lei dos Serviços Digitais foi criada para proteger os direitos fundamentais dos utilizadores ‘online’ e tornou-se numa legislação inédita para o espaço digital que responsabiliza plataformas por conteúdos ilegais e prejudiciais, nomeadamente desinformação.

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  • 6 Novembro 2023

Com o aumento do fluxo de dados pessoais na Internet e o trabalho remoto, o risco de violações de segurança aumentou e é por isso importante garantir que cumpre o RGPD. Saiba o que deve fazer.

A evolução da tecnologia e, mais recentemente, a pandemia levaram a que cada vez mais pessoas usassem a Internet para tratar de burocracias, para efetuar pagamentos, para agilizar processos e, ainda, para trabalhar de forma remota. Esta adesão em massa levou a um aumento no fluxo de dados pessoais a circular na Internet e, consequentemente, a um risco maior de violação de segurança dessas informações.

A proteção destes dados passou, por isso, a ter uma maior relevância e é por essa razão que todos os utilizadores, inclusivamente empresas, devem garantir que cumprem o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados – RGPD, a fim de evitarem ter os seus dados expostos. Para isso é essencial garantir a conformidade e a proteção da informação pessoal, mas sabe como fazê-lo?

Há, essencialmente, dez passos que deve seguir para cumprir o RGPD e assim assegurar que os seus dados pessoais ou da sua empresa estão protegidos de possíveis ataques. Saiba quais abaixo.

1. A conformidade é uma responsabilidade de todos

A conformidade com o RGPD é uma responsabilidade de todos os utilizadores. No entanto, no caso de organizações, esta deve começar ao nível da gestão e exige o compromisso de todos os departamentos. É, por isso, fundamental que os gestores entendam as implicações do RGPD, os seus riscos e tenham a capacidade de alocar os recursos necessários para alcançar e manter a conformidade.

2. Formação e sensibilização dos colaboradores

Ainda dentro do tema “conformidade”, as pessoas são consideradas elementos de alto risco numa violação de segurança. A solução passa pelos colaboradores se sensibilizarem e procurarem formação sobre este tema e, no caso de colaboradores de empresas, receberem estas informações para que entendam as suas responsabilidades – e as da sua organização – de forma a reduzir significativamente o risco de uma possível violação de dados.

3. Saber onde estão os seus dados

O acesso transparente a todas as fontes de dados, sejam digitais ou físicas, é um pré-requisito para a construção de um inventário de dados pessoais. Desta forma, o utilizador será capaz de avaliar o grau de exposição a riscos e aplicar regras internas de confidencialidade. O RGPD requer que as organizações sejam capazes de localizar os dados pessoais com precisão e justificar um plano de gestão para esses dados.

4. Conhecimento sobre dados pessoais

Para construir uma matriz de dados pessoais, primeiro deverá ser capaz de defini-los. Caso seja um gestor de equipa ou de recursos humanos, certifique-se de que os seus colaboradores recebem formação frequente e atualizada, de forma a mantê-los a par da necessidade da proteção de dados. É necessário que eles tenham não só a capacidade e confiança para identificar os dados e informação pessoal, mas também tratar toda a informação confidencial com responsabilidade e segurança.

5. Ter um Encarregado de Proteção de Dados (EPD/DPO)

Há determinadas situações em que é obrigatório nomear um EPD, mas mesmo que não esteja obrigado, deve procurar serviços de um EPD, sobretudo se lida com dados pessoais e sensíveis.

6. Conhecer e entender os riscos

O RGPD incentiva uma abordagem ao processamento de dados com base na gestão de risco. No entanto, é importante ter consciência de que, apesar de uma grande parte dos dados e as ameaças correspondentes poderem ser encontradas online, o risco também abrange os dados que se encontram em documentos impressos e registos físicos, como discos rígidos.

7. Conformidade com o RGPD num novo modelo de trabalho

Várias organizações aderiram ao trabalho remoto com a pandemia. Muitas delas optaram até pelo modelo de trabalho híbrido, com funcionários a trabalhar entre casa e o escritório. Obviamente que desta nova realidade resulta um desafio: proteger os dados, independentemente do local de trabalho. Para isso deve seguir alguns cuidados para garantir um teletrabalho seguro.

8. Proteção de dados digitais e físicos

Depois de identificar os riscos, para cumprir o RGPD é essencial implementar uma solução de proteção para os dados que são processados pela sua organização. A seleção dos dados a serem protegidos depende apenas de si, mas isto reduz o risco de erros e violações de segurança e acaba por proteger todos os dados – digitais e físicos – com que lida, ao mesmo tempo que restringe o acesso aos mesmos apenas a pessoas autorizadas.

9. Realização de auditorias regulares

A conformidade com o RGPD é um projeto contínuo. Neste caso, as organizações devem esforçar-se para realizar auditorias aos procedimentos internos e, consequentemente, atualizar os processos de proteção de dados. Realizar a análise de impacto relativa à proteção de dados (AIPD) ajuda-o a analisar, identificar e minimizar sistematicamente os riscos de violações de segurança de um projeto ou plano.

10. Solução Shred-it

A Shred-it oferece serviços que incluem a destruição de documentos, destruição de arquivos e discos rígidos, atendendo às necessidades diárias ou pontuais de cada pessoa/organização, de modo a eliminar de forma segura e definitiva toda a informação confidencial. Além disso, com esta solução estará a aumentar a sua segurança e a cumprir com o RGPD.

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Vale da Rosa e Politécnico de Beja promovem formação em inovação alimentar

A iniciativa dará oportunidade a um grupo de trabalhadores da empresa de Ferreira do Alentejo de se qualificarem nas áreas da tecnologia e inovação alimentar.

A Herdade Vale da Rosa e o Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) assinaram um protocolo de cooperação com o objetivo de “investir na formação contínua dos recursos humanos do produtor de uva de mesa, dotando os trabalhadores de competências técnicas de vanguarda nas áreas da tecnologia e inovação alimentar”.

Esta iniciativa dará a oportunidade a um grupo de trabalhadores da empresa de Ferreira do Alentejo de se qualificarem nestas áreas.

Este acordo é a “primeira semente de um projeto conjunto, centrado na partilha de conhecimento e no enriquecimento dos recursos humanos, que irá permitir o funcionamento do Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP) de Tecnologia de Inovação Alimentar, lecionado pela Escola Superior Agrária do IPBeja, nas instalações da empresa Vale da Rosa”.

Desde o processamento de matérias-primas até a logística da distribuição e comercialização, este curso propõe-se a formar técnicos profissionais capacitados a trabalhar de forma autónoma ou integrada em equipa em qualquer etapa da fileira alimentar.

“Esta iniciativa, a replicar com outros atores regionais, vem reforçar os relacionamentos e parcerias do IPBeja e, em particular, da sua Escola Agrária, contribuindo de forma ativa para o desenvolvimento de um setor de atividade estratégico para a região“, diz a presidente do IPBeja, Fátima Carvalho, citada em comunicado.

Para o presidente da Herdade Vale da Rosa, António Silvestre Ferreira, a assinatura deste protocolo representa “um momento de grande importância e significado, com o estabelecimento da parceria com o Instituto Politécnico de Beja, para reforço e capacitação profissional dos colaboradores”. “Estamos convictos de que se inicia um momento novo na nossa empresa. O curso de Tecnologia e Inovação Alimentar será de grande valia e decisivo para o futuro da Vale da Rosa.”

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União Europeia reconhece que precisa da China “nestes tempos turbulentos”

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, defende uma Europa menos dependente de Pequim, mas rejeita um divórcio com a segunda maior economia do mundo.

A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula Von der Leyen, reconheceu esta segunda-feira que a Europa precisa da China “nestes tempos turbulentos”, marcados não só pelos conflitos na Ucrânia, nos territórios de Israel e Palestina e em África, mas também pelos desafios das alterações climáticas, do digital e da segurança comercial e económica.

“A relação da União Europeia (UE) com a China é uma das mais complexas e importantes do mundo. E a forma como a geriremos será um fator determinante para a prosperidade económica e segurança nacional. Nestes tempos turbulentos, é necessária estabilidade estratégica na forma como a UE se relaciona com a China”, afirmou a líder da CE, durante uma intervenção numa conferência de embaixadores, em Bruxelas.

Apesar disso, Von der Leyen alerta que a Europa “precisa de reduzir o risco” de dependência da segunda maior economia do mundo. “Reduzir o risco, mas não dissociar, é atualmente uma estratégia aceite por todos os principais parceiros ocidentais”, reforçou.

A líder da Comissão Europeia alertou para a “rivalidade da relação” entre Bruxelas e Pequim, sublinhando que “o objetivo do Partido Comunista Chinês é alcançar uma mudança sistémica na ordem internacional, colocando a China no centro do mundo”.

“Mas esta rivalidade pode ser construtiva e não hostil”, defendeu, indicando que, para isso, “são necessários canais de comunicação funcionais e de diplomacia de alto nível”. “Isto é o que chamo de redução de riscos através da diplomacia. E é por isso que investimos num diálogo intensivo com Pequim – desde os quatro Diálogos de Alto Nível até à próxima Cimeira em dezembro”, reforçou.

Von der Leyen considera que “há espaço para definir um conjunto de regras e soluções comuns”. Contudo, isso implica “respeitar essas regras a todos os níveis”, continuou a presidente da CE para concluir que “as visões da China sobre a arquitetura da segurança global não estão alinhas com as da UE”, nomeadamente no que diz respeito à Ucrânia, quando Pequim não reconhece a invasão russa. E, a este respeito, a líder da CE é bastante clara: “A forma como a China se posiciona relativamente à guerra definirá a nossa relação mútua”.

A mesma tese se aplica noutros teatros de guerra, “que estão cada vez mais interligados”, salientou Von der Leyen, referindo-se ao conflito israelo-palestiniano. “A China diz que é imparcial e que favorece soluções pacíficas, mas, ao mesmo tempo, permite e apoia algumas das forças mais desestabilizadoras do mundo”, o Hamas.

“As ações da China têm impacto na nossa segurança, na nossa soberania e na nossa prosperidade”, sublinhou a presidente da CE, afirmando que “a geopolítica e a geoeconomia não podem ser vistas de forma separada”.

“Neste momento, a China é o nosso parceiro comercial mais importante”, constatou Von der Leyen, alertando para “o aumento de práticas injustas e por vezes predatórias por parte da China que estão distorcer o mercado europeu”. “Por exemplo, a China recorreu por várias vezes à coerção comercial, ao boicote de produtos europeus e ao controlo das exportações de matérias-primas críticas”, detalhou.

“Isto mostra que, embora não nos queiramos dissociar da China, precisamos de reduzir o risco da nossa relação com a China”, frisou, indicando que a abordagem europeia tem “amplo apoio de grandes parceiros, do Japão ao Canadá, dos Estados Unidos à Austrália”.

Mais 25 milhões de euros para ajuda humanitária em Gaza

A União Europeia vai disponibilizar mais 25 milhões de euros em ajuda humanitária para a população na Faixa de Gaza, anunciou, por outro lado, a presidente da Comissão. “Com este aumento, a UE vai disponibilizar um total de 100 milhões de euros em ajuda humanitária para os civis em Gaza”, anunciou von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia acrescentou que Bruxelas está a trabalhar com Israel, o Egito e as Nações Unidas para a criação e manutenção de corredores humanitários e “pausas para necessidades humanitárias”, em linha com as conclusões do último Conselho Europeu.

Ursula von der Leyen advertiu que os dois lados têm de concordar em regressar às negociações, mas, da mesma maneira que o movimento islamista Hamas não pode controlar Gaza e decidir pelos palestinianos naquele território, “não pode haver uma presença de segurança de longo prazo por parte de Israel em Gaza”. “Gaza é uma parte essencial de qualquer Estado Palestiniano futuro”, completou.

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Inspeção-Geral em Saúde abre inspeção ao caso das gémeas tratadas no Santa Maria

  • Lusa
  • 6 Novembro 2023

Duas gémeas luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber um medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo -- para a atrofia muscular espinhal, que totalizou quatro milhões de euros.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou esta segunda-feira que abriu um processo de inspeção ao caso das gémeas que vivem no Brasil e receberam um tratamento de quatro milhões de euros no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

“Informamos que a IGAS abriu um processo de inspeção sobre o processo de prestação de cuidados de saúde às duas crianças para verificar se foram cumpridas todas as normas aplicáveis a este caso concreto”, adianta a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde numa resposta escrita à agência Lusa.

Ainda esta segunda-feira, o Inspetor-Geral, António Carapeto, reúne com o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que integra os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, “para que este órgão o informe sobre as medidas internas já adotadas e comunicar a ação inspetiva da IGAS”.

Em causa está uma reportagem da TVI, transmitida na sexta-feira, segundo a qual duas gémeas luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, – um dos mais caros do mundo — para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros.

Segundo a TVI, há suspeitas de que isso tenha acontecido por influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já negou qualquer interferência no caso.

“Quando as gémeas luso-brasileiras chegaram ao Hospital de Santa Maria para receber o tratamento de quatro milhões de euros para a atrofia muscular espinhal, os neuropediatras opuseram-se e dirigiram, em novembro de 2019, uma carta ao então presidente do conselho de administração, Daniel Ferro, a dar contas das suas razões, da falta de dinheiro e pelo facto de as crianças já estarem a receber tratamento no Brasil”, refere a TVI.

Adianta que o documento desapareceu nestes quatro anos, mas, após a reportagem, reapareceu.

Numa nota enviada no domingo às redações, o conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte confirma a receção de uma carta dos neuropediatras do CHULN e que “o caso seguirá a sua tramitação interna”.

O Presidente da República negou, no domingo, que tivesse intercedido junto do Hospital de Santa Maria ou de qualquer outra entidade, para que as duas pudessem beneficiar de tratamentos no Serviço Nacional de Saúde.

“Eu ontem [sábado] disse que não tinha feito isso. Não fiz. Não falei ao primeiro-ministro, não falei à ministra [da Saúde], não falei ao secretário de Estado, não falei ao diretor-geral, não falei à presidente do hospital, nem ao conselho de administração nem aos médicos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas.

Segundo o chefe de Estado, o que está em causa é saber “se interferiu, ou não interferiu, isto é, se pediu um empenho, pediu uma cunha para que sucedesse uma determinada solução favorável a uma pretensão de duas crianças gémeas doentes”.

“Vendo a reportagem, ninguém aparece a dizer que eu falei com essa pessoa. Ninguém. Diz-se, consta, parece que sim, parece que, parece que havia família [do Presidente] que estava empenhada, por amizade, nisso. Mas ninguém em relação ao Presidente. E só há um Presidente. A família do Presidente não foi eleita, não é Presidente”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo disse, o Presidente da República não pode estar sujeito a uma “suspeição de que interfere em decisões da cadeia administrativa, ordenando, recomendando, pedindo, metendo uma cunha para ninguém, muito menos aquilo que possa ser mais próximo de amigos de conhecidos”.

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Resolução bancária: contexto recente

  • Conteúdo Patrocinado
  • 6 Novembro 2023

As recentes crises no Silicon Valley Bank e no Credit Suisse confirmam a necessidade das instituições se prepararem para cenários de resolução, a fim de garantir a estabilidade do sistema financeiro.

O Single Resolution Board (SRB), autoridade europeia em matérias de resolução, tem o objetivo de até 2024 implementar a framework de resolução, sendo uma das suas principais dimensões assegurar que as instituições financeiras desenvolvem a sua capacidade de absorção de perdas. Para este efeito, definiu os requisitos de fundos próprios e de passivos elegíveis (MREL) que cada instituição deve atingir até 2024. O MREL é um alicerce regulatório que exige que as instituições mantenham uma almofada financeira robusta para absorver perdas em momentos de crise, contribuindo assim para a estabilidade do sistema bancário, evitando resgates com recurso ao dinheiro dos contribuintes.

No passado mês de setembro o SRB publicou os resultados da 2ª edição do “Resolvability Assessment Report”, referente a dezembro de 2022. No universo de 103 bancos sob sua supervisão direta concluiu-se que: (i) as instituições têm continuado a construir a sua capacidade de MREL, com todas as instituições analisadas a cumprirem os targets de 2023 e 2/3 a atingirem o target para 2024; (ii) as instituições têm implementado melhorias operacionais para a aplicação do Bail-in (i.e. implementar a resolução bancária com recurso aos meios financeiros disponíveis na própria instituição).

A evolução nas emissões de instrumentos elegíveis para MREL permitiram diminuir o défice (shortfall) de instrumentos elegíveis face ao objetivo a atingir em 2024. À data de dezembro de 2022 este shortfall era de apenas 0,3% do montante total das posições em risco (TREA) das instituições acompanhadas pelo SRB – para contexto, o objetivo de MREL é definido em função do TREA de cada instituição.

Gráfico 1 – Shortfalls de MREL de entidades bancárias em comparação com os targets finais. Fonte: “Resolvability Assessment Report”, setembro de 2023

 

De acordo com o relatório trimestral do SRB relativo ao primeiro trimestre de 2023 (“SRB MREL Dashboard Q1.2023”), as instituições portuguesas monitorizadas pelo SRB (CGD, Millennium BCP e Novo Banco) exibiram um shortfall de MREL face ao objetivo de 2024 no montante de 1.380 milhões de euros. Apesar dos avanços positivos observados nas emissões de dívida elegível, quando medido em percentagem do TREA este shortfall revela-se como o segundo mais alto dentro da União Bancária, apenas superado pelas instituições gregas.

Gráfico 2 – Shortfall de MREL (dos quais subordinados), incluindo o requisito combinado de reservas (CBR) comparativamente ao target final de entidades de resolução, por país, % TREA Fonte: SRB (2023). SRB MREL Dashboard Q1.2023.

 

Salienta-se contudo que este shortfall não contempla os resultados gerados no decorrer de 2023, nem as emissões de instrumentos elegíveis decorridas após o primeiro trimestre do ano, designadamente a do Millenium BCP, que emitiu um montante de 500 milhões de euros de dívida sénior, num prazo de 3 anos com taxa de juro fixa de 5,625%, ao ano, durante os primeiros dois (no terceiro ano aplicar-se-á a Euribor a 3 meses com spread de 1,90%).

Ao longo do ano também alguns bancos portugueses que não são acompanhados pelo SRB realizaram emissões de instrumentos elegíveis para MREL, nomeadamente, o Crédito Agrícola emitiu 200 milhões de euros de dívida sénior com taxa de juro fixa de 8,375% durante os primeiros três anos e o Banco Montepio emitiu 200 milhões de euros de dívida sénior com taxa de juro fixa de 10% durante os primeiros dois anos (em ambos os casos nos últimos anos será aplicada a Euribor a 3 meses com spread de 4,974% e 6,234% respetivamente).

O custo de financiamento destas emissões pode ser bastante expressivo, pelo que a janela temporal para emitir instrumentos é um aspeto fundamental na estratégia de emissão das instituições.

Gráfico 3 – Custos de Financiamento Fontes: Itraxx Europe.

 

Tal como observado no gráfico 3, no primeiro semestre de 2022 houve um aumento nos spreads, coincidente com a crescente expectativa de que o BCE aumentaria as taxas de juro de referência.

Após alguma normalização, em março de 2023, voltou a observar-se um aumento, decorrente das notícias das resoluções do SVB e do Credit Suisse. Este último foi particularmente relevante, dado o facto de a autoridade de resolução suíça ter invertido a hierarquia estabelecida na resolução, convertendo a zero 17 mil milhões de euros de obrigações de AT1 e atribuindo paralelamente um valor marginal às ações do banco. Este evento gerou preocupações sobre a consistência e a aplicação das regras de resolução bancária, levando o SRB a esclarecer que na UE a hierarquia estabelecida na resolução será estritamente respeitada em casos semelhantes, numa tentativa de tranquilizar os mercados de dívida.

As recentes crises no SVB e no Credit Suisse realçam a necessidade de as instituições financeiras estarem preparadas para cenários de falência, enfatizando a importância de requisitos como o MREL para manter a estabilidade financeira. No contexto do mercado bancário português, verifica-se que as instituições têm vindo a desenvolver capacidade de absorção de perdas e a convergir com os objetivos de MREL. Este percurso é fundamental para se erradicar definitivamente a plausibilidade de resoluções bancárias financiadas pelos contribuintes.

José Alves, Senior Manager EY, Consulting Financial Services

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Movimento cívico lança Associação Portuguesa dos Contribuintes

Presidida por Paulo Carmona, esta organização, que se afirma apartidária, reúne especialistas em fiscalidade e em economia, como Carlos Lobo ou António Nogueira Leite.

Vai nascer a Associação Portuguesa dos Contribuintes (APC). Liderada por Paulo Carmona, presidente do Fórum de Administradores e Gestores de Empresas e ex-membro da Iniciativa Liberal, esta organização surge de um movimento cívico e apartidário que visa reequilibrar a relação entre os contribuintes e o Fisco.

Segundo apurou o ECO, não será uma associação de protesto, contra os impostos, mas pretende contribuir para a clarificação e transparência das leis fiscais e ajudar a compreender o seu propósito. Além disso, quer reforçar o escrutínio sobre o bom uso do dinheiro público, medindo a eficácia e a racionalidade da existência de alguns impostos e taxas, promovendo a literacia fiscal. Irá também apresentar propostas que visem a simplificação da legislação fiscal.

A APC conta com um conselho geral de coordenação de propostas e projetos, que inclui especialistas em fiscalidade, economia e em desenvolvimento económico e social. Integram este órgão personalidades como Álvaro Nascimento, Ana Paula Dourado, António Nogueira Leite, Carlos Lobo, Carlos Loureiro, Cecília Meireles, Clotilde Celorico Palma, Daniel Bessa, Diogo Feio, Diogo Ortigão Ramos, João Líbano Monteiro, Luís Leon, Luís Magalhães, Pedro Santa Clara e Rosa Areias.

A apresentação pública da APC decorre esta quarta-feira, às 11h, no Centro de Congressos de Lisboa.

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Arranca hoje o Eurosorteio. Pode ganhar até 20 mil euros por mês durante 30 anos

Arranca esta segunda-feira o Eurosorteio. Cada aposta custa 2,5€ e pode jogar neste primeiro sorteio até às 19h00 de Portugal Continental. Primeiro prémio ascende a 20.000€ por mês durante 30 anos.

O primeiro sorteio do Eurosorteio, o novo jogo social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é lançado esta segunda-feira. Cada aposta custa 2,5 euros e pode jogar neste primeiro sorteio até às 19h00 de Portugal Continental. O primeiro prémio ascende a 20 mil euros por mês durante 30 anos.

Este jogo, cuja exploração vai ficar a cargo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, “consiste num concurso de apostas mútuas sobre sorteios de números, do tipo loto”, lê-se na portaria assinada pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, publicada a 23 de outubro, tendo em vista definir o regulamento do Eurosorteio.

O Eurosorteio tem dois concursos semanais, sendo que estes estão marcados para as segundas e quintas-feiras. Tal como acontece no Euromilhões, este jogo será feito em conjunto com outros países europeus e os prognósticos “realizam-se através da inscrição de cruzes (X), cujos pontos de intersecção devem, no caso do bilhete de aposta físico, estar dentro de cada um dos quadrados das grelhas dos conjuntos nele existentes” e podem ser gerados “aleatoriamente ou ser escolhidos pelos apostadores”.

Cada aposta é “constituída pelos prognósticos inscritos ou selecionados nos números constantes da grelha denominada «números» e da grelha denominada ‘número de sonho’” e “podem preencher-se numa de duas modalidades, simples ou múltiplas“, acrescenta a portaria publicada em Diário da República.

Contudo, ao contrário do que acontece com o Euromilhões, os prémios não serão todos pagos na totalidade de uma só vez. No que toca aos prémios da 1.ª categoria, estes são pagos “em prestações mensais iguais e sucessivas” no valor de 20 mil euros “cada uma, por um período de 30 anos”.

Mas há exceções: “No caso de, num concurso, serem apuradas mais de três apostas com direito à 1.ª categoria de prémios referida no número anterior, o montante máximo a atribuir a esta categoria é dividido pelo número total de apostas apuradas com direito ao 1.º prémio, sendo o valor do prémio, a atribuir a cada aposta premiada, pago numa única prestação”, lê-se no diploma publicado em Diário da República.

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