“Drill, baby, drill”? Visão de Trump deverá sair ‘furada’ com preços baixos do petróleo

Os preços do petróleo não estão a suportar a intenção de expansão da produção norte-americana.

O presidente norte-americano, Donald Trump, reavivou como um objetivo da sua administração a máxima “Drill, baby, drill“, que se refere à expansão da produção de combustíveis fósseis nos Estados Unidos. No entanto, esta intenção aparece como “uma espécie de miragem”, já que os preços mais baixos do petróleo — consequência, também, das guerras comerciais promovidas por Trump — não são favoráveis a um aumento da produção do ‘ouro negro’ no território.

Há uma contradição inerente à estratégia de política energética da administração Trump”, escreve Ben McWilliams, investigador do think tank Bruegel. Isto, tendo em conta que possui dois objetivos antagónicos: por um lado, pretende aumentar a produção de petróleo e gás. Em segundo lugar, quer reduzir preços ‘na bomba’ para os consumidores. “Ambos não são possíveis”, já que os produtores de petróleo precisam de preços elevados para aumentar a produção, o que ditaria preços mais elevados para os consumidores, explica o mesmo. “O ‘drill, baby drill’ tem sido sempre uma espécie de miragem”, ilustra, por seu lado, Romain Mouquet, analista Sénior na Allianz Global Investors (AllianzGI).

A Oddo BHF espera que a produção de petróleo nos Estados Unidos desacelere, sobretudo em 2026. O analista Ahmed Ben Salem aponta um crescimento de 440 mil barris por dia em 2025, reduzido a 180 mil barris diários em 2026. O Banco Carregosa concorda: o atual nível de preços não é suficientemente alto para justificar uma nova vaga de perfuração intensiva”, conclui o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa, que não espera um aumento da produção de petróleo nos EUA até ao final de 2025, e considera possível um ligeiro abrandamento. Mouquet prevê uma produção dos EUA “praticamente estável” este ano, já que a menor atividade de perfuração é compensada pelos ganhos de produtividade dos poços e pelo crescimento da produção offshore dos EUA.

Para um crescimento sustentado da produção, seria necessário um preço consistentemente acima dos 80 a 85 dólares por barril — patamar considerado rentável para a expansão do xisto, segundo fontes como a Reserva Federal de Dallas e a Rystad Energy, citadas pelo Banco Carregosa. A extração em áreas de areias betuminosas ou no Ártico, com maiores exigências técnicas e ambientais, pode necessitar de preços superiores a 80 ou mesmo 100 dólares por barril, enquanto no caso da perfuração offshore, os custos operacionais são mais elevados, exigindo normalmente preços entre os 60 e os 80 dólares. Apenas em regiões “altamente produtivas”, como a bacia do Permiano no Texas, esse valor pode descer até aos 40 dólares.

Os preços do barril cotado em Nova Iorque, o West Texas Intermediate, seguiam esta quinta-feira a cair 1,71% para os 60,52 dólares. A cotação já perdeu mais de 15% do valor desde o início do ano.

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Em paralelo, o economista do Banco Carregosa realça que os produtores norte-americanos têm adotado uma postura de maior disciplina financeira, privilegiando retornos para os acionistas em vez de expansão da produção. Também o analista sénior da AllianzGI vê uma mudança de postura das empresas de exploração e produção dos EUA, de “uma fase de crescimento agressivo” para um maior foco na rentabilidade e retorno. Aliás, estas empresas já começaram a reduzir a sua atividade para este ano, com várias delas a cortarem os planos de capital para 2025 devido à economia mais desafiante, assinala Mouquet.

Além da dificuldade de conciliar o objetivo de elevada produção com o de preços baixos para o consumidor, “é difícil que a política dos Estados Unidos influencie a produção doméstica”, que está dependente da decisão dos privados, ao contrário do que acontece em Estados como a Arábia Saudita, indica o Bruegel. A Allianz entende que, embora a Casa Branca possa aliviar parte da carga regulamentar, “a sua capacidade para influenciar diretamente as empresas americanas a aumentarem as suas atividades é limitada”.

Preços deverão continuar pressionados

A ActivTrades entende que o preço do petróleo deverá continuar sob pressão, podendo mesmo recuar abaixo dos 60 dólares por barril. Para a AllianzGi, o West Texas Intermediate (WTI), o barril negociado em Nova Iorque, deverá rondar os 61 dólares por barril, em média, até ao final de 2025. Já no próximo ano, a Oddo BHF conta que o preço do barril se coloque nos 65 dólares.

Do lado da oferta a nível global, “o mercado espera que a produção de petróleo aumente o ritmo, ultrapassando até os níveis do consumo”, indica Vítor Madeira, analista na XTB. A AllianzGI espera um “crescimento saudável” da oferta por parte de regiões não pertencentes à Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) e não produtoras de xisto. A mesma casa de investimento prevê um forte crescimento da produção em projetos de águas profundas e offshore, em regiões como o Brasil, a Guiana, o Golfo dos EUA e o Cazaquistão.

Ao mesmo tempo, a AllianzGI espera o aumento da produção da OPEP, criando uma situação de excesso de oferta. Já na perspetiva da Oddo BHF, a Organização de Países Exportadores de Petróleo não deverá aumentar a respetiva produção, uma vez que apenas a Arábia Saudita terá a capacidade de o fazer. No entanto, a ActivTrades ressalva que uma eventual normalização das relações com o Irão — caso se confirme a expectativa de um acordo nuclear — poderá introduzir ainda mais oferta no mercado global.

Depois dos aumentos previstos para maio e junho, os países membros da OPEP+ estão a estudar um terceiro aumento consecutivo da produção de petróleo em julho, avançou esta quinta-feira a Bloomberg. A decisão será tomada na reunião da organização agendada para o dia 1 de junho.

Do lado da procura, “a palavra-chave continua a ser incerteza”, afirma a ActivTrades. O mesmo analista, Ricardo Evangelista, toma a pausa no conflito comercial entre a China e os Estados Unidos como “temporária”, sendo que o clima de tensão entre as duas maiores economias do mundo “continua a ensombrar as perspetivas de crescimento global, afetando negativamente as projeções de consumo de petróleo”.

Um abrandamento mais acentuado ou uma eventual recessão, sobretudo nas principais economias consumidoras, poderá reduzir significativamente a procura por petróleo, pressionando os preços em baixa”, reforça Paulo Rosa. Já num cenário em que a economia global evita uma recessão e mantém um crescimento, ainda que moderado, os preços poderão estabilizar num intervalo entre os 60 e os 75 dólares barril ou até recuperar ligeiramente, dependendo da gestão da oferta, avalia Rosa.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 23 de maio

Ao longo desta sexta-feira, 23 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Empresas com dificuldades em resgatar milhões do Fundo de Compensação do Trabalho

Desde fevereiro do ano passado que as empresas podem levantar milhões que estão no Fundo de Compensação do Trabalho, mas a maioria dessas verbas continua por levantar, face às dificuldades no resgate.

Desde fevereiro do ano passado que as empresas podem levantar os mais de 600 milhões de euros que estão no Fundo de Compensação do Trabalho, mas mais de 85% dessas verbas continuam por levantar. Ao ECO, as empresas denunciam dificuldades nesse processo e avisam que é preciso rever os motivos previstos na lei para a utilização desse dinheiro. Caso contrário, há risco de se chegar a dezembro de 2026 (data limite para o resgate) com uma parte significativa do fundo intocada, alertam.

“As empresas estão a enfrentar dificuldades no resgate do Fundo de Compensação do Trabalho”, assinala, em declarações ao ECO, o presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), José Eduardo Carvalho.

Desde logo, há “burocracia excessiva“, identifica o responsável. “O processo é moroso e exige múltiplas formalidades, como a auscultação obrigatória dos trabalhadores e a apresentação de diversas declarações e comprovativos“, detalha José Eduardo Carvalho.

Mas esse não é o único constrangimento. O próprio portal onde decorre esse processo regista “problemas técnicos“. “O sistema é pouco intuitivo, sendo frequentes os erros na submissão dos ficheiros eletrónicos, o que gera rejeições e sucessivos atrasos nos pedidos”, aponta o presidente da AIP.

O sistema é pouco intuitivo, sendo frequentes os erros na submissão dos ficheiros eletrónicos, o que gera rejeições e sucessivos atrasos nos pedidos.

José Eduardo Carvalho

Presidente da AIP

O advogado Pedro Antunes, sócio da CCA Law, confirma-o, indicando que a interface é complexa, o que pode gerar erros ou confusão no preenchimento dos formulários.

“O principal erro a assinalar é que a plataforma só permite a submissão de todas as linhas de Excel se tiverem casas decimais, o que nem sempre é compreensível para os utilizadores. Muitas vezes o valor a pedir de resgate seria, por exemplo, cinco mil euros e será necessário preencher com o valor 5.000,01 euros. [Essa diferença] torna o processo muitas vezes inválido, sem qualquer explicação ou compreensão para o utilizador“, avança o advogado.

Também o diretor-geral da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Rafael Alves Rocha, reconhece que tem havido “alguns problemas no carregamento dos pedidos de reembolso na plataforma por parte dos empregadores, bem como obstáculos técnicos“.

Mas adianta que em causa estarão, “eventualmente, dificuldades na interpretação dos procedimentos necessários à formulação dos pedidos”, que, entretanto, foram corrigidas (pelo menos, entre as associadas desta confederação).

Por outro lado, o advogado Pedro Antunes refere ainda que o processo de pedido de reembolso pode ser demorado, sendo que algumas empresas, diz, estão a reportar dificuldades em obter resposta céleres por parte da entidade gestora.

Motivos “muito restritos” desmotivam resgates

Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), em entrevista ao ECO - 20DEZ23
Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), critica “leque muito restrito” de motivos para resgates do FCTHugo Amaral/ECO

Outra dificuldade das empresas é o leque de motivos previstos na lei para estes resgates. O que está fixado é que as verbas podem ser levantadas para financiar a formação dos trabalhadores, para apoiar os custos e investimento com habitação dos empregados, para investimentos de “interesse mútuo” (como creches e refeitórios) e para cobrir até 50% das compensações por cessação do contrato de trabalho.

“Os pedidos de reembolso são circunscritos a um leque muito restrito de situações, o que para muitas empresas é um constrangimento para a sua concretização“, salienta o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira.

Os pedidos de reembolso são circunscritos a um leque muito restrito de situações, o que para muitas empresas é um constrangimento para a sua concretização.

Luís Mira

Secretário-geral da CAP

No mesmo sentido, a secretária-geral da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Ana Vieira, observa que há muitas empresas que promovem a formação dos seus trabalhadores, mas só as ações certificadas podem dar azo a levantamentos do Fundo de Compensação do Trabalho.

“Mesmo na formação certificada, que seria a via mais acessível, as exigências de planeamento prévio, comprovativos e vinculação dos trabalhadores tornam o processo burocrático e desmotivador”, acrescenta o presidente da AIP.

José Eduardo Carvalho adianta, por outro lado, que, nos casos em que o fundamento é o investimento em habitação, há uma série de encargos administrativos adicionais, que estão a levar “muitas empresas a desistir da mobilização dos montantes”.

Empresas vão exigir mudanças ao próximo Governo

Confederações empresariais apelam a revisão dos motivos de resgate do FCTRicardo Castelo/ECO

Perante estas dificuldades, Ana Vieira, da CCP, atira: “A informação que temos é que as empresas não estão a fazer os resgastes. Ainda há muito dinheiro por resgatar”.

Esta confederação defende que, na próxima legislatura, é preciso, portanto, olhar para os motivos previstos para os resgates, de modo a perceber “se é possível fazer alguma ampliação“.

“Quando houver um novo Governo, faremos propostas. Com tempo, temos de olhar para o Fundo de Compensação do Trabalho para ver se não fomos demasiado redutores nos motivos de resgate considerados”, afirma a secretária-geral.

Quando houver um novo Governo, faremos propostas. Com tempo, temos de olhar para o Fundo de Compensação do Trabalho para ver se não fomos demasiado redutores nos motivos de resgate considerados.

Ana Vieira

Secretária-geral da CCP

Também Luís Mira, da CAP, garante que apresentará propostas ao próximo Executivo sobre o Fundo de Compensação do Trabalho. “Vamos apresentar propostas de ajuste ao novo Governo a nível da maior flexibilização das condições do pedido de reembolso. O valor do Fundo de Compensação do Trabalho é das empresas e, atendendo à evolução pouco favorável verificada nos pedidos de reembolso pelos constrangimentos e limitações das condições de acesso, deve ser alargado o leque de condições de acesso ao pedido de reembolso de forma a ser viável o reembolso“, defende o responsável.

Luís Mira argumenta, além disso, que, visto que já se passou, praticamente, metade do prazo previsto para os reembolsos e a maioria das verbas continua por levantar, se não forem alterados esses requisitos, “existe o forte risco de as empresas não serem reembolsadas“.

Importa explicar que as verbas que não tiverem sido levantadas no final de dezembro de 2026 reverterão para o Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho, que ajuda a cobrir as compensações por despedimento.

O ECO questionou o Ministério do Trabalho sobre estas mudanças propostas pelas confederações empresariais, e aguarda resposta.

Acordo de rendimentos de Costa converteu Fundo de Compensação

O Fundo de Compensação do Trabalho foi criado durante o período da troika e durante mais de dez anos foi alimentado pelos descontos mensais feitos pelos empregadores, com vista a cobrir uma parte das compensações por despedimento. O acordo de rendimento assinado na Concertação Social em 2022 (ainda com o Governo de António Costa) veio, porém, ditar a sua conversão.

Assim, em maio de 2023, com a entrada em vigor da Agenda do Trabalho Digno, as empresas deixaram de descontar para este fundo e desde fevereiro do ano passado que os empregadores podem levantar os mais de 600 milhões de euros aí acumulados.

A mobilização das verbas do Fundo de Compensação do Trabalho pode ser feita até duas tranches (em saldos até 400 mil euros) ou até quatro tranches (em saldos superiores) até 31 de dezembro de 2026, sendo que os empregadores têm de comunicar ao fundo o montante que querem levantar, mas também as finalidades e os trabalhadores envolvidos.

Desde início de 2024 até final de abril de 2025, foram efetuados 17.889 pedidos de reembolso, abrangendo 250.773 trabalhadores, correspondendo a um montante de 76.881.979 euros, cerca de 13% do valor do Fundo.

Luís Mira

Secretária-geral da CAP

O empregador tem apenas de ouvir os trabalhadores, e não precisam de obter o seu “sim” relativamente à utilização deste dinheiro. Mas há uma exceção: nos casos em que o empregador decida aplicar o dinheiro na construção de creches ou refeitórios é preciso celebrar um acordo com as estruturas representativas dos trabalhadores.

Em jeito de balanço, o secretário-geral da CAP sublinha, em declarações ao ECO, que até ao fim de abril já tinham sido feito 17.899 pedidos de reembolso, relativos a 250.773 trabalhadores e correspondendo a 76,9 milhões de euros. “O número médio de dias decorridos entre a apresentação do pedido de pagamento pelas empresas e o respetivo pagamento tem sido de 25,8 dias“, avança Luís Mira.

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Miranda Sarmento condenou a venda do Novobanco ao Caixabank?

Ministro não quer que Espanha acentue domínio na banca portuguesa. Fontes ouvidas pelo ECO admitem que declarações podem fazer Caixabank pensar duas vezes sobre o Novobanco, mas não trava espanhóis.

Joaquim Miranda Sarmento condenou a venda do Novobanco ao Caixabank depois de admitir publicamente que não vê com bons olhos que Espanha acentue a sua presença na banca portuguesa?

É do interesse do país que não haja uma excessiva concentração do setor bancário de bancos de um único país, como é o caso de Espanha”, afirmou o ministro das Finanças em entrevista à RTP.

“A banca espanhola representa talvez um pouco mais do que um terço do mercado português. Creio que, por uma questão de concentração e dependência, esse valor não deveria aumentar”, notou.

Miranda Sarmento comentava um possível avanço do Caixabank – que em Portugal já controla o BPI e já contratou o Morgan Stanley e Deloitte para avaliar a operação – sobre o Novobanco numa altura em que o processo está a entrar na fase decisiva e a Lone Star tenta duas vias para vender a instituição portuguesa: ou a venda direta a outro banco ou um IPO (oferta pública inicial), com dispersão em bolsa.

As fontes ouvidas pelo ECO admitem que Miranda Sarmento “teve uma posição dura” e que as suas declarações podem fazer o banco espanhol reavaliar as suas opções em relação ao Novobanco, mas não irão fazer travar o banco catalão.

Fará Gonzalo Gortázar [CEO do banco espanhol] pensar duas vezes, mas não o vejo a parar. A operação está a ser estudada, não dá para negar. As declarações do ministro podem colocar água na fervura, mas não acho que pare”, observa uma fonte ao ECO.

Outra fonte adianta que as declarações terão um propósito. “Quem diz isto, diz a pensar. Ninguém fala nesta altura sem saber”, indica. “É ruído, mas o ruído pode ter interpretações”, atira.

“Nacionalismo está em alta”

Do outro lado da fronteira, os comentários de Miranda Sarmento não passaram despercebidos.

As fusões bancárias na Europa reencontram o seu arqui-inimigo: os próprios Governos”, escreve o El Economista (acesso livre, conteúdo em espanhol) lembrando negócios que estão em curso e sob forte pressão dos respetivos governos: Unicredit e Commerzbank, Unicredit e BPM, BBVA e Sabadell e… Caixabank e Novobanco.

“Numa mistura de orgulho nacional, receio económico e perda de soberania financeira, muitos governos europeus estão a esforçar-se por se opor incisivamente a estas operações”, conta o jornal espanhol antes de concluir: “O nacionalismo está em alta”. Mas o Governo português não está sozinho na sua avaliação sobre o negócio do Novobanco.

ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

BdP também não quer setor dependente dos mesmos acionistas

Esta semana, o governador Mário Centeno afirmou que, qualquer se seja a solução que a Lone Star encontrar para a venda do Novobanco, seja um IPO ou consolidação com outro banco, ela deve ser o “resultado da atuação do mercado”, mas lembrou que se trata de um mercado “altamente regulado” e que há regras que todos devem respeitar.

“Existe uma preocupação muito grande do supervisor quanto à estabilidade e sustentabilidade do setor para que não ocorram erros como aqueles que se deram no passado com dinâmicas setoriais menos adequadas”, afirmou Centeno, assegurando que o Banco de Portugal tem os “instrumentos adequados para agir nestas situações”.

No início do mês, a vice-governadora, Clara Raposo, defendeu que é importante para o Banco de Portugal que “haja concorrência” no mercado e que “idealmente não tenhamos os bancos exatamente iguais uns aos outros e dependentes das mesmas fontes de risco e acionistas”. Banco de Portugal e Governo parecem estar em sintonia.

Oportunidade para a Caixa?

Voltando às declarações de Miranda Sarmento, uma das fontes ouvidas pelo ECO atribui maior relevância ao que foi dito sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e ao papel que o banco público pode vir a ter neste processo.

“Se entender que pode fazer uma proposta sozinha ou com outro banco, [a Caixa] terá de fazer uma proposta ao acionista, o acionista debruçar-se-á sobre essa proposta concreta”, afirmou o ministro à RTP.

“O presidente da Caixa disse que só faria sentido ficar com uma parte do Novobanco. Lendo todas estas notícias, parece-me claro o movimento que se vai desenhando nos bastidores”, assume a fonte, mostrando-se reticente em relação às sinergias que podem resultar de uma divisão do antigo BES.

Paulo Macedo, em entrevista ao ECO, considera “estranho que a banca espanhola fique com 50% do mercado português”. “É uma coisa que não estou habituado a ver em outros mercados que conheço e, designadamente, europeus”, afirma, ao mesmo tempo que admite que para a Caixa é importante continuar a ter uma dimensão muito relevante no mercado português. Das suas palavras depreende-se também que a Caixa estará a estudar o dossier para depois apresentar cenários concretos ao acionista Estado.

A eventual questão do Novobanco passa pelo acionista. Mas a Caixa, e o atual ministro das Finanças já o disse, tem um papel essencial, como deve ter em termos de propositura, em termos de alternativa, em termos de estudos. Para habilitar precisamente o que é melhor para a Caixa e para poder também ver o que é que são os pilares de uma eventual decisão desse tipo”, afirmou.

Miguel Maya, CEO do BCP e outros dos bancos que pode ter interesse na operação, disse na quarta-feira que “não está confiante” de que o Novobanco pudesse ser uma boa aquisição.

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Zurich quer estar “em todos os canais” e prepara novas parcerias

A Zurich Portugal estabeleceu parceria com a Santander Consumer Finance, os clientes já subscreveram algumas dezenas de seguros do novo parceiro e o objetivo é terminar 2025 com perto de mil apólices.

“Estamos sempre em processos de negociação”. A frase de Jorge Duarte Pinto, head of sales and distribution da Zurich Portugal, resume a ambição da seguradora: chegar a mais sítios, com mais parceiros, também através de seguros incorporados na hora da compra. Para o gestor, “conveniência é a palavra-chave”. O seguro deve aparecer onde o cliente está, sem passos extra.

Miguel Mendes, diretor de Seguros do Santander Consumer Finance Portugal (SCF) e Jorge Duarte Pinto, head of sales and distribution da Zurich Portugal explicam o que une as empresas.

Essa lógica sustenta o acordo com o Santander Consumer Finance Portugal (SCF). O concessionário apresenta o crédito e, “de imediato, o seguro”. Miguel Mendes, diretor de Seguros do SCF, garante rapidez. Não há exclusividade: “Se um parceiro tiver outra seguradora, poderá trabalhar com outra seguradora”.

A solução nasceu depressa. A consulta abriu em setembro-outubro, a Zurich foi escolhida em dezembro e o produto estava pronto em março, tudo em “quatro, no máximo cinco meses”. O produto arrancou e já soma “algumas dezenas” de apólices. A meta é clara: “O objetivo até ao final do ano é chegar perto de 1.000 apólices”. O potencial vai além: “São muitas mais milhares”.

O pacote estreia com uma campanha forte. Quem juntar financiamento, seguro de proteção ao crédito e seguro GAP – uma cobertura que proporciona um nível extra de segurança aos clientes que cobrem os custos remanescentes de um veículo de substituição ou os restantes pagamentos das mensalidades do empréstimo -, recebe “a primeira anuidade do seguro automóvel com a Zurich no valor máximo 350 euros”. Fora desse pack, o prémio continua, nas palavras de Mendes, “super-competitivo”, resultado de uma análise “muito profunda” ao mercado. Descontos ligados ao crédito não existem: “As condições do financiamento são as condições do financiamento, as condições do seguro são as condições do seguro”.

Porquê escolher a Zurich e não uma seguradora do próprio grupo? Mendes responde com timing e robustez. “Não identificamos nenhuma solução dentro do timing que nós precisávamos”. A Zurich garantiu produto pronto em “quatro, no máximo cinco meses” e coberturas alinhadas com o objetivo. A seguradora, por seu lado, não compete em preço. “Não somos uma companhia de preço, somos uma de qualidade”, sublinha Jorge Pinto, apostando no serviço em sinistro e na formação das equipas SCF para uma venda consultiva. As equipas do SCF estão a receber formação para traduzir o “segurês” e adaptar coberturas a cada condutor.

Da parceria já resultaram “algumas dezenas” de apólices e quer terminar 2025 perto de “1.000 apólices”, diz o representa do SCF. O potencial é maior: “São muitas mais milhares”, antecipa o representante da SCF, sobretudo no mercado de usados, onde a compra por impulso pede resposta imediata. Sem poder revelar quantos anos vai durar a parceria, há garantia que seja de “alguns anos”.

Quanto ao impacto na aposta dos seguros integrados nos mediadores Jorge Pinto garante que “estamos a acelerar o procedimento para os seguros integrados, mas também a reforçar a relação de proximidade com os nossos parceiros, com os nossos agentes, com os nossos brokers e com os bancos. Queremos estar em todos os canais onde estão os clientes”. O responsável diz que não há canibalização: “o cliente que vai comprar o equipamento electrónico e faz o seguro integrado, não iria fazer num agente… não há qualquer canibalização”, conclui.

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BCP vence dois IRGAwards, incluindo o de CEO para Miguel Maya

37ª edição dos IRGAWards, da Deloitte, premiou ainda projetos e responsáveis da Casais, da Sonae, da CGD, e atribuiu a distinção de Lifetime Achievement a Carlos Moreira da Silva.

Miguel Maya venceu o principal prémio na 37ª gala de entrega dos Investor Relations and Governance Awards (IRGAwards), uma iniciativa da Deloitte, que decorreu esta quinta-feira à noite no Pavilhão Carlos Lopes , em Lisboa. O presidente executivo do BCP foi eleito pelo júri como o melhor CEO pelo trabalho realizado em 2024.

Recorde-se que, tal como o próprio Miguel Maya lembrou, as ações do BCP subiram perto de 70% no ano passado, uma das melhores performances da Europa, enquanto este ano já vão com uma valorização de perto de 40%.

“Tenho poucas certezas, mas uma absoluta: a performance do BCP só é possível porque fazemos parte de uma equipa, em que a maioria é extremamente talentosa”, referiu Miguel Maya quando recebeu o prémio, que lhe foi entregue um dia após a apresentação de resultados e no mesmo dia que a assembleia-geral do banco.

O CEO do BCP destacou ainda que em 2024 a ação do banco valorizou quase 70%, acima do mercado, e este ano a valorização em bolsa já se encontra em torno dos 40%. E enalteceu os IRGAwards como “uma iniciativa importante num momento em que o mundo vive duas guerras” e assiste à “emergência de líderes autocráticos sem capacidade de cooperação”.

Nesta categoria estavam ainda nomeados João Manso Neto, da Greenvolt, que venceu há dois anos; Pedro Castro e Almeida, do Santander; Rogério Henriques, da Fidelidade; e Paulo Macedo, que venceu na edição anterior.

IRGA Awards 2025: Miguel Maya, CEO do Millennium BCP vence CEO AwardHugo Amaral/ECO

Paulo Macedo acabou por subir na mesma ao palco, para receber em nome do banco público o Transformation Award, Projeto Transformação Multidimensional na Experiência de Cliente. E aproveitou para lembrar que também no setor público é possível fazer grandes transformações e também aí há gente muito boa a trabalhar.

“Estamos convencidos de que é preciso ir acompanhamento e indo à frente da transformação. E desfazer o mito de que no público não se consegue fazer coisas boas”, referiu o CEO do banco do Estado, Paulo Macedo.

O Prémio CFO foi para João Dolores, da Sonae, que agradeceu aos milhares de colaboradores do grupo Sonae e que tinha pela frente os seguintes finalistas: Guy Pacheco, dos CTT; Miguel Bragança, do BCP, que venceu na edição passada; Manuel Preto, do Santander; e Paula Geada, da Caixa Geral de Depósitos.

Já no que toca aos Investor Relations, mais um prémio para o BCP, desta feita na pessoa de Bernardo Collaço. Os restantes finalistas nesta categoria foram Ana Fernandes, da Greenvolt; Cláudia Falcão, da Jerónimo Martins; João Gonçalves Pereira, da Galp; e Miguel Viana, da EDP.

Depois de várias nomeações noutros anos, Bernardo Collaço conquistou, pela primeira vez, o prémio de IRO. “O reconhecimento coloca um desafio ainda maior”, admitiu ao público, acrescentando que estes profissionais das relações com investidores têm “sido colocados à prova com a volatilidade dos mercados”.

O prémio de sustentabilidade foi levado para casa pela construtora Casais, graças ao projeto Construção Industrializada -Residência Universitária de Beja.

IRGA Awards 2025: Carlos Moreira da Silva vence Lifetime Achievement AwardHugo Amaral/ECO

Um dos momentos altos da noite foi a entrega do prémio Lifetime Achievement. Já no fecho do evento, a distinção foi recebida por Carlos Moreira da Silva, gestor e investidor com largo percurso nas empresas portuguesas e que é atualmente presidente da associação Business Roundtable Portugal.

Quando subiu ao palco para receber o galardão de carreira, Carlos Moreira da Silva, o também dono da BA Glass deixou duas garantias: “Estou aqui todos os dias a reinventar e a criar novos líderes. Estou permanentemente à procura de novos horizontes”. Ressalvando que “teve muita sorte”, justificou os seus sucessos com o “trabalho em equipa” e responsabilizou-se pelos “alguns insucessos” que também marcaram este percurso de décadas, ao longo das quais construiu um império no setor do vidro, dos investimentos e passou por empresas como Banco BPI, Sonae and 3i Group España.

A incerteza como nota dominante

Na intervenção antes da entrega dos prémios, o CEO e managing partner da Deloitte afirmou que a tecnologia e a Inteligência Artificial “assumem um papel determinante” no contexto económico e geopolítico internacional, funcionando como “o verdadeiro instrumento estratégico desta nova era”.

Neste “tempo bizarro” e “de ansiedade, em que os alinhamentos são difusos e instáveis”, a Europa tem a necessidade de investir na sua soberania e autonomia militar, alertou António Lagartixo. “A Europa tem uma janela de oportunidade para se redefinir. O euro pode reforçar a sua posição como moeda de troca mundial”, crê.

Ainda assim, o CEO e managing partner da Deloitte destacou boas notícias para Portugal, apesar das consecutivas eleições legislativas, e mais duas (autárquicas e presidenciais) a caminho. “Os indicadores continuam relativamente positivos”, garantiu António Lagartixo, referindo-se à taxa de desemprego estável, à descida de inflação, entre outros fatores macroeconómicos. “Assim os consigamos manter no futuro”, almejou.

A mesma nota da incerteza envolvente foi tocada por Vítor Bento, presidente do Júri dos IRGAwards, que ainda assim salientou a grande qualidade dos projetos e dos nomeados que chegaram a finalistas, que dificultaram ao máximo o trabalho de escolha dos vencedores.

IRGA Awards 2025: os vencedores da noiteHugo Amaral/ECO

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Governo Trump proíbe Harvard de receber estudantes estrangeiros

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

A universidade acolhe este ano cerca de 6.700 "estudantes internacionais", o que corresponde a 27% do total anual de alunos.

O Governo Trump retirou esta quinta-feira à prestigiada universidade privada de Harvard o direito de admissão de estudantes estrangeiros, privando a instituição de uma importante forma de aumentar a sua visibilidade. Segundo o seu site na Internet, a universidade acolhe este ano cerca de 6.700 “estudantes internacionais”, o que corresponde a 27% do total anual de alunos.

“A certificação do programa SEVIS (Student and Exchange Visitor) da Universidade de Harvard é revogada com efeitos imediatos”, escreveu a secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, numa carta dirigida à instituição, contra a qual o Governo do Presidente republicano, Donald Trump, lançou uma grande ofensiva, cortando-lhe inclusive financiamento federal.

Este programa é o principal sistema através do qual os estudantes estrangeiros são autorizados a estudar nos Estados Unidos. De acordo com a secretária da Segurança Interna, esta decisão significa que Harvard está proibida de receber estudantes titulares de vistos F ou J para o ano letivo de 2025-2026, uma enorme perda potencial para Harvard.

O Governo Trump iniciou há vários meses um forte ataque ao ensino superior nos Estados Unidos, acusando as universidades privadas mais prestigiadas do país de terem permitido o florescimento do antissemitismo e de não terem protegido suficientemente os estudantes judeus durante manifestações contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza.

De uma forma mais geral, o campo republicano critica as grandes universidades norte-americanas por promoverem ideias de esquerda, consideradas demasiado progressistas. As associações de defesa das liberdades individuais consideram que ofensiva de Trump às universidades é um ataque à liberdade de expressão e uma tentativa de calar as críticas a Israel.

Na sua mensagem de correio eletrónico, que foi divulgada, a secretária da Segurança Interna critica Harvard por se recusar a transmitir informações ao Governo, “enquanto perpetua um ambiente perigoso no campus, hostil aos estudantes judeus, encorajando simpatias pró-[movimento islamita palestiniano] Hamas e utilizando políticas racistas de ‘diversidade, equidade e inclusão'”.

Pelo contrário, tais políticas de diversidade são justificadas pelos seus defensores como um meio de corrigir desigualdades históricas na sociedade norte-americana. No seu braço-de-ferro com Harvard, o Governo Trump já tinha cortado mais de 2.000 milhões de dólares (1.772 milhões de euros) em subsídios à universidade situada perto de Boston, no nordeste dos Estados Unidos.

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Carlos César vai propor eleições imediatas para secretário-geral do PS

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

As diretas deverão ser marcadas para finais de junho ou inícios de julho, segundo a proposta do presidente do partido. A solução também teve o apoio do líder cessante Pedro Nuno Santos.

O presidente do PS, Carlos César, vai propor à Comissão Nacional do partido a realização de eleições imediatas para o cargo de secretário-geral socialista, entre o fim de junho e início de julho, adiantou à Lusa fonte oficial, tal como o ECO já tinha avançado.

De acordo com a mesma fonte, Carlos César ouviu nas últimas horas “diversas personalidades apontadas como possíveis candidatos à liderança do PS e optou pelo cenário de eleições imediatas apenas para o cargo de secretário-geral do partido” na sequência da demissão de Pedro Nuno Santos do cargo após a pesada derrota nas legislativas de domingo.

Esta proposta, que será levada à Comissão Nacional do PS de sábado, foi subscrita também pelo líder do PS cessante, de acordo com a mesma fonte.

Caso este calendário seja aprovado, será expectável que a eleição ocorra entre “o final do mês de junho ou início de julho”, disse a mesma fonte do partido.

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Miranda com nova sócia e novo sócio de capital

A Miranda acaba de reforçar o seu núcleo de sócios com a promoção a sócia da ex-associada coordenadora Rosário Paixão. Bem como a passagem à categoria de sócio de capital do sócio João Amaral.

A Miranda & Associados acaba de reforçar o seu núcleo de sócios com a promoção a sócia da ex-associada coordenadora Rosário Paixão. Bem como a passagem à categoria de sócio de capital do sócio João Amaral.

Com estas promoções, “a sociedade demonstra uma vez mais a sua aposta no crescimento orgânico e reconhecimento do mérito e do contributo dos seus advogados para o seu progresso, nacional e internacional”, segundo comunicado do escritório.

A nova sócia Rosário Paixão, que havia reiniciado a sua colaboração com a firma em 2010, tem desenvolvido a sua prática nas áreas do Direito Mineiro e do Direito Comercial e Societário, sendo ainda um elemento da equipa dedicada à jurisdição de Angola. É licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto e pós-graduada em Gestão e Fiscalidade pelo Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais e em Direito Comercial Internacional pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

O mais recente sócio de capital da Miranda, João Amaral, ingressou na Firma em 2006 e a sua atividade tem sido multidisciplinar, com destaque para as áreas do Direito Laboral e de Contencioso e clientes internacionais do setor energético. Destaca-se ainda o seu papel no âmbito da jurisdição de Guiné Equatorial, em que é um dos sócios responsáveis pela coordenação do respetivo Grupo de Jurisdição. O advogado é licenciado em Direito Faculdade de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa e tem um LL.M em International Business Law na Faculdade de Direito de Leiden, na Holanda.

Para Diogo Xavier da Cunha, managingpartner da Miranda, “é com especial gosto que acolhemos a Rosário no nosso grupo de sócios. É uma colega que está connosco há muitos anos, que se identifica com os nossos valores e que trabalha continuamente para assegurar aos nossos clientes serviços jurídicos com os elevados padrões de qualidade que esperam de nós. Graças ao seu empenho e qualidade, a Rosário é hoje uma referência no setor mineiro. A promoção do João Amaral a sócio de capital é também motivo de grande satisfação e orgulho para nós. O João cresceu profissionalmente na Miranda e o seu percurso é verdadeiramente ilustrativo da dimensão internacional da Firma. As suas qualidades pessoais e o seu excecional talento e empenho têm sido extremamente importantes para a afirmação da Miranda e da Miranda Alliance no acompanhamento de clientes de referência internacionais numa jurisdição especialmente exigente, como é o caso da Guiné Equatorial.”

Acrescenta ainda que “estes são momentos de especial regozijo e alegria para a Miranda e para toda a Miranda Alliance e mostram o nosso compromisso em possibilitar aos nossos advogados uma carreira profissional de longo prazo. Continuamos a apostar no reconhecimento do mérito, do trabalho de qualidade e do empenho e dedicação no apoio aos nossos clientes como vetores fundamentais da progressão na carreira dos nossos advogados.”

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Receita do Adicional ao IMI consignada à Segurança Social aumenta 10,9% em 2024

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

A receita deste Adicional ao Imposto Municipal sobre os Imóveis (AIMI) permitiu transferir para a chamada ‘almofada’ da Segurança Social um total de 139,48 milhões de euros no ano passado.

O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) recebeu 139,48 milhões de euros do Adicional ao IMI em 2024, uma subida de 10,9% face ao ano anterior, segundo a Conta Geral do Estado (CGE).

Criado durante o primeiro governo liderado por António Costa, o Adicional ao IMI contempla taxas diferentes consoante o proprietário dos imóveis sejam um particular ou uma empresa, sendo a receita obtida consignada ao FEFSS, após deduções.

De acordo com os dados da CGE, publicada pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), a receita deste Adicional ao Imposto Municipal sobre os Imóveis (AIMI) permitiu transferir para a chamada ‘almofada’ da Segurança Social 127,3 milhões de euros em 2022 e 125,8 milhões de euros em 2023.

Em 2024 a receita do AIMI aumentou, invertendo a queda registada um ano antes, permitindo transferir para o FEFSS mais 13,7 milhões de euros, num total de 139,48 milhões de euros. O Adicional ao IMI é pago anualmente, durante o mês de setembro, com base nos valores patrimoniais tributários (VPT) dos prédios que constem das matrizes em 01 de janeiro do ano a que imposto respeita.

Ao contrário do IMI, que visa cada imóvel separadamente, o Adicional incide sobre a soma do VPT dos prédios urbanos (incluindo terrenos para construção), exceto os prédios urbanos classificados como “comerciais, industriais ou para serviços” e “outros”. De fora do alcance deste imposto ficam ainda os imóveis que no ano anterior tenham estado isentos ou não tenham sido sujeitos ao pagamento do IMI.

Enquanto no caso das empresas a taxa do imposto é de 0,4%, para os particulares estão previstos três patamares de taxas: uma taxa de 0,7% sobre o valor patrimonial dos imóveis que exceda os 600 mil euros; outra de 1% quando o valor ultrapassa um milhão de euros; e uma terceira de 1,5% para os valores acima dos dois milhões de euros.

Os casais podem duplicar o valor isento em cada um dos patamares de taxas (para 1,2 milhões de euros, dois milhões de euros e quatro milhões de euros) caso optem e informem a AT de que querem ser tributados em conjunto. Já os imóveis detidos por entidades sujeitas a um regime fiscal mais favorável pagam uma taxa de 7,5%.

A receita total gerada pelo AIMI (antes de aplicadas as deduções) ascendeu a 147,9 milhões de euros em 2024, contra 145 milhões de euros em 2023.

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Sagres tenta definir o que é ser português em nova campanha. A conclusão é que “Somos o que nos vai na alma”

  • + M
  • 22 Maio 2025

Para dar vida à nova campanha, a pergunta “O que nos vai na Alma?” já tinha sido espalhada pela marca como teaser nas ruas, televisão e redes sociais.

A Sagres apostou na assinatura “Somos o que nos vai na alma” para a sua nova campanha. Mas esta é mais do que uma assinatura, funcionando também como “manifesto que define a riqueza da alma portuguesa“.

Afinal, “quem somos nós?” e “o que é isto de ser português?”. A Sagres andou à procura das respostas a esta questões, mas acabou por encontrar mais uma pergunta e mais profunda: “O que nos vai na alma?”.

Sem se deparar com uma resposta única, a marca mostra assim em campanha que o que vai na alma dos portugueses não tem de os afastar, mas sim unir. “Todos temos uma alma muito portuguesa onde cabem várias coisas ao mesmo tempo, às vezes até contraditórias, mas isso só nos torna únicos e especiais como povo“, refere-se em nota de imprensa.

Com criatividade da McCann, consultoria da Proud e produção da Playground, a campanha marca presença em televisão, digital e outdoor, com a música ‘Desfado’ de Ana Moura. O planeamento de meios é da Dentsu.

“A Cerveja Sagres é feita de orgulho, de memórias, de um património que une os portugueses. Mais do que uma cerveja, a Sagres faz parte da nossa cultura, tem alma portuguesa e sabor a casa. Com esta nova campanha, queremos mostrar e celebrar tudo o que nos torna únicos, como as tradições e contradições na forma como vivemos, sentimos e partilhamos todos os momentos. Porque esta Alma Portuguesa, Somos Nós!”, diz Catarina Ferraz, responsável de marketing da Cerveja Sagres, citada em comunicado.

Para dar vida à nova campanha, a pergunta “O que nos vai na Alma?” já tinha sido espalhada pela marca como teaser nas ruas, televisão e redes sociais, “desafiando todos a parar e pensar sobre o que somos”. O músico Carlão foi o responsável por abrir as portas ao lançamento da campanha com o manifesto “Alma Portuguesa”.

A “Alma Portuguesa” vai continuar presente ao longo do ano, através de ativações nos vários territórios onde a marca de cerveja atua, desde a música até ao desporto ou à cultura, “reforçando a forte ligação emocional da marca com os portugueses e todos os que escolhem o nosso país para viver ou visitar”.

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Membros da direção do PAN apresentam demissão em desacordo com liderança de Sousa Real

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

Anabela Castro e Nuno Pires justificam a sua saída com o "desacordo com o rumo atual da gestão interna do partido", alegando que o PAN deixou de ser "o espaço ético, respeitador coerente e plural".

Dois membros da comissão política nacional do PAN eleitos pela lista da atual líder, Inês de Sousa Real, demitiram-se desse órgão, acusando a direção de desrespeito pela democracia interna, centralização do poder e silenciamento dos críticos.

Os dois membros em causa são Anabela Castro e Nuno Pires, eleitos para a Comissão Política Nacional do PAN – órgão máximo de direção entre congressos – pela lista A, afeta à líder Inês de Sousa Real, e transmitiram a decisão através de um comunicado enviado no dia 18 de maio, pouco antes do fecho das urnas das eleições legislativas.

No comunicado, a que a Lusa teve acesso, Anabela Castro e Nuno Pires justificam a sua saída com o “desacordo com o rumo atual da gestão interna do partido”, alegando que o PAN deixou de ser “o espaço ético, respeitador coerente e plural que o diferenciava no panorama político nacional”.

“A direção atual (ou parte dela), revela uma visão demasiado autocentrada e autocrática, de quem não se responsabiliza pelos resultados, saídas e descontentamentos que o partido tem sistematicamente sofrido, optando em vez disso por criarem narrativas de traição e de abandono, com ataques a qualquer posição ou crítica divergente do atual status quo“, lê-se.

Anabela Castro e Nuno Pires acusam a direção de silenciar as divergências e atacar os críticos, lamentando que as reuniões da comissão política sejam um “pró-forma para cumprir calendário, onde a estratégia se centra em jogos de poder, mais do que nas causas”.

“O centralismo das decisões e a crescente marginalização de vozes críticas refletem uma deriva que consideramos grave e que mina a confiança de quem, como nós, acreditou que era possível fazer política de forma diferente. A nossa presença e participação nesta Comissão tornou-se, assim, insustentável”, acrescentam.

A nível interno, os dois membros apontam situações “inaceitáveis” de limitação do debate interno, destacando o curto de espaço de tempo – 12 horas – entre a aprovação do programa eleitoral de 2025 e a sua divulgação pública, “sem qualquer possibilidade real de análise e contributos como sempre se fez até então”.

Anabela Castro e Nuno Pires opõem-se também ao que dizem ser uma “obsessiva promoção e proteção da porta-voz” de Hugo Alexandre Trindade, líder da distrital do PAN no Porto, a quem é apontado um comportamento “intencionalmente incorreto com outros membros do partido, sem que tenha qualquer legitimidade ou posição que o justifique”.

Ao líder da distrital do Porto, são criticadas “observações/proferidas” a um elemento do partido de Santarém e a “mentira e omissão de reposição de verdade num chat da distrital do Porto” onde terá denegrido a imagem do deputado municipal de Matosinhos, Albano Lemos Pires.

Os dois membros criticam uma individualização das decisões por parte Inês de Sousa Real e Hugo Alexandre Trindade em “matéria que são da responsabilidade da CPP ou da CPN” como “contratações, definições de eventos ou tomadas de posição coletivas, sobrepondo-se aos órgãos e colocando em causa os princípios basilares do projeto político”.

No mesmo documento, Anabela Castro e Nuno Pires dizem que a direção evita a “auto-análise a auto-consciência crítica”, com a defesa da causa dos partidos a serem feitas “em função da ‘espuma dos dias’, de ilusões ou ‘graçolas de marketing”, de forma infantilizada e que, acrescentam, banaliza “a verdadeira natureza dos problemas”.

Contactada pela Lusa, a direção do PAN confirma a saída dos dois membros da comissão política nacional, a quem agradece o trabalho desenvolvido, e refere que “a renovação de membros é natural e parte integrante da vida democrática do partido. O partido convocou para este sábado uma reunião para abordar os resultados eleitorais e “dar continuidade ao processo de auscultação interna promovido por esta mesma direção”, lê-se na resposta.

Anabela Castro e Nuno Pires, contactados pela Lusa, recusaram prestar quaisquer esclarecimentos.

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