Mais de metade dos contabilistas já trabalham em regime híbrido

A preferência pelo trabalho híbrido ganhou força entre os contabilistas. Um inquérito realizado pela OCC revela que, atualmente, 60% optam por este regime face a 47,3% em 2021.

A pandemia de Covid-19 obrigou as empresas a mudar a sua forma de trabalhar e a adotar o teletrabalho. Uma alteração na dinâmica do mercado laboral que acabou por não desaparecer por completo mais de cinco anos depois da crise pandémica. Isto está à vista no regime híbrido que acabou por ganhar força em várias áreas, nomeadamente entre quem gere as contas das empresas. Um inquérito realizado pela Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) mostra que mais de metade dos profissionais do setor dizem trabalhar alguns dias à distância e outros presencialmente.

Os resultados do inquérito, realizado durante o mês de março e que contou com a resposta de 6.187 inquiridos (na sua maioria mulheres e com grau de licenciatura), revelam que a “preferência pelo trabalho híbrido acentuou-se em 2025”, com “60% das pessoas a preferirem este regime”. Em 2021, eram 47,3%. Enquanto o presencial é a opção para 31% dos contabilistas, os inquiridos que optam por trabalhar exclusivamente online representam apenas 9%.

Os dados divulgados pela Ordem liderada por Paula Franco mostram ainda que, “em 2021, os contabilistas referiram um aumento do volume de trabalho muito superior ao que declaram em 2025 (78% vs 52,5%)”. Já no que diz respeito aos rendimentos, 20% referiram ter aumentado em 2021, mas em 2025 esta percentagem mais do que duplica (43%).

Avenças baixas limitam crescimento da atividade

Ainda assim, a esmagadora maioria não está satisfeita com as avenças. De acordo com o inquérito, “91% considera que não recebe uma remuneração justa face à importância dos serviços prestados e às competências e habilitações necessárias ao exercício da profissão”.

As baixas avenças, aliás, fazem parte da lista de principais barreiras ao crescimento da atividade apontadas pelos profissionais. Isto além da deslealdade entre pares, a inteligência artificial, burocracia, formação e excesso de legislação. Apesar destes desafios, os contabilistas estão otimistas para o futuro.

“A confiança relativamente ao futuro e a realização profissional são os dois indicadores com uma evolução positiva significativa”, indica a OCC, sendo que “60% afirma confiança em 2025 vs 26% em 2021”. Quanto à realização, enquanto 40% afirmaram sentir-se realizados em 2021, em 2025 a percentagem é de 60%.

A maioria dos profissionais (88%) diz ainda que a Ordem contribui “bastante” e “muito” para o exercício da profissão, sendo que 72% recorreram a esta entidade para pedir ajuda com questões relacionadas com a sua atividade profissional.

Soluções digitais já fazem parte do dia-a-dia

Para responder ao aumento do volume de trabalho, os contabilistas contam com ferramentas digitais que permitem libertá-los de tarefas rotineiras, ao mesmo tempo que reduzem os custos e a possibilidade de cometer erros.

O inquérito conclui que 95% dos inquiridos já adotaram e utilizam regularmente soluções digitais na sua prática. Muitos estão dispostos a dar o passo em frente e começar a usar inteligência artificial (IA). “63% estão disponíveis para integrar soluções de IA na sua prática diária”, revelam os números divulgados pela OCC.

Entre as ferramentas digitais mais utilizadas, o Toconline, o sistema integrado de gestão empresarial da OCC, surge em primeiro lugar (1.419), seguido pelo Sage (583) e o Excel (580).

A par do desafio da digitalização e da adoção da IA no dia-a-dia, os profissionais do setor têm também de enfrentar exigências em termos da sustentabilidade. Atualmente, “97% não possuem qualquer certificação na área da sustentabilidade” e apenas “53% alterou os procedimentos ou processos tendo em vista a melhoria da pegada ecológica”. Isto ainda que 98% considerem importante uma prática sustentável.

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Portugal teve dez apagões desde os anos 70. O que mudou e quais as lições?

De um sistema mais dirigido à lógica de mercado, assim como a maior incorporação de renováveis, o sistema elétrico nacional foi mudando em particular em situações de crise.

Esta quarta-feira marca um mês desde o apagão que deixou Portugal às escuras por cerca de dez horas. O Capital Verde, em entrevista a José Amarante dos Santos, que foi diretor responsável pela Gestão do Sistema da REN até 2015, recuou no tempo para melhor perceber a evolução do sistema – e das suas fragilidades – até aos dias de hoje. “A situação de blackout total na rede de transporte foi sempre pouco frequente com exceção do ano de 1976″, recua a REN. Na década de 70, esta situação ocorreu uma vez em 1970, outra vez em 1971 e seis vezes em 1976. Na década seguinte, registou-se um novo apagão em 1985.

Na altura do incidente, com origem no sistema nacional, a produção térmica representava 10% do consumo, a hídrica 40% e os restantes 50% provinham da interligação com Espanha. Foi apenas a 9 de maio de 2000 que Portugal enfrentou um apagão parcial na região sul do país, incluindo Lisboa, perdendo-se cerca de um terço do consumo nacional nessa altura.

Tratou-se de um incidente com origem na rede nacional – o famoso incidente da cegonha que embateu numa linha de alta tensão em Lavos –, quando cerca de 60% da produção era hídrica e a restante era térmica, a carvão e gás natural, e o sistema nacional estava a exportar para Espanha.

Mas porquê esta instabilidade, sobretudo nos anos 70? A REN, que só foi fundada em 1994, não guarda registos aprofundados. Contudo, José Amarante dos Santos assinala alguns eventos disruptivos da década, como dois choques petrolíferos, que fizeram disparar o preço do petróleo em 1973 e 1979, mas também o 25 de abril de 1974, que ditou “grandes alterações no funcionamento da indústria e da sociedade em geral”.

1976 foi um ano de seca profunda, o que ditou pouca geração hídrica e uma sobrecarga das centrais térmicas, que não estavam habituadas à carga de trabalho. Nestes anos, existiam também os chamados “brownout“, que são cortes de consumo rotativos, afetando diferentes zonas por um tempo limitado, de forma a que as limitações da oferta não se sintam em escalas maiores. Por fim, o mais lógico: o sistema era menos sofisticado e, portanto, dava azo a mais falhas.

José Amarante dos Santos contrasta: quando iniciou os cerca de 40 anos do seu percurso profissional, o tempo de interrupção equivalente, isto é, a soma das falhas do sistema num ano, traduzida em tempo de interrupção do fornecimento, rondavam uma média de uma hora. Quando saiu, o objetivo era que o tempo de interrupção equivalente fosse inferior a um minuto.

José Amarante dos Santos, ex-diretor do Gestor do Sistema da REN – Rede Elétrica Nacional

Mas os apagões não são, de facto, fenómenos do século passado. O último, a 28 de abril, deixou o país às escuras por cerca de 10 horas, e as causas estão ainda por apurar.

A recuperação foi feita a partir do centro de despacho da REN – Redes Elétricas Nacionais, em Sacavém – a mesma sala na qual José Amarante dos Santos foi o diretor responsável pela Gestão do Sistema entre 2001 e 2014.

A função principal [de um centro de despacho] continua a ser a mesma, curiosamente. O que se pretende é o fornecimento de eletricidade, de forma contínua, a todos“, ao mesmo tempo que se garante o equilíbrio entre produção e consumo, afirma Amarante dos Santos. Contudo, existem diferenças relevantes no sistema, que causam novos desafios.

Das renováveis ao mercado: os pontos de complexidade

Após o apagão de abril, a elevada penetração de energia renovável no sistema esteve no centro da discussão. Amarante dos Santos rejeita diabolizar as renováveis, reconhecendo apenas que o sistema com elevada penetração destas energias “requer uma gestão mais complexa”, em comparação com um sistema assente em tecnologias convencionais, como o carvão ou o gás.

Quando foi introduzida a energia eólica no sistema elétrico nacional, por exemplo, apesar de ser mais regular em termos da geração ao longo dos meses e anos, criou entropia na geração diária, difícil de prever.

A energia solar chegou mais tarde ao sistema elétrico nacional e, neste caso, a fragilidade é outra: quando anomalias ditam oscilações num dos parâmetros que dão estabilidade ao sistema, a frequência, os painéis solares não têm capacidade de adaptação como as centrais hídricas: desligam, por segurança.

“E, ao saírem, agravam a situação”, explica Amarante dos Santos. Há, contudo, dispositivos que possibilitam uma maior estabilidade, os chamados inversores, mas para já são caros. Contudo, “se for exigido, há efeitos de escala”, defende o ex-diretor da REN.

Mas não são as renováveis a única alteração que traz complexidade à gestão do sistema. O centro de despacho, quando no final da década de 80 se instalou em Sacavém, definia a produção que cada central faria a cada dia.

Hoje, há um regime de mercado, no qual os produtores avançam aquilo que pretendem produzir e o gestor faz o planeamento de acordo com as necessidades do sistema. E, embora exista uma certa previsão de consumo, essa previsão não é completamente certa, pelo que, depois do “plano” feito para o dia seguinte, é preciso ir-se fazendo correções em permanência ao longo do dia. É o chamado mercado de serviços de sistema

O mercado exige uma gestão muito mais complexa do que as renováveis“, afirma Amarante dos Santos. Num inquérito breve que o diretor fazia aos despachantes, as pessoas que estavam à frente dos ecrãs a gerir o sistema, perguntava o que é que lhes dava mais trabalho, se gerir a energia renovável ou o mercado.

“Todos eles diziam que era o mercado que lhes dava mais trabalho”, remata. Nem todas as evoluções são, contudo, num sentido de maior complexidade e de novas dificuldades. Amarante dos Santos sublinha que “houve grandes progressos” na rede distribuição, sendo mais fácil detetar um problema ao dia de hoje.

Olhando ao episódio de abril em particular, “o que correu pior foi a fragilidade do arranque autónomo”, entende o engenheiro, que defende que se invista em ensaios mais realistas.

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A caminho das próximas eleições. O essencial do debate sobre o poder das autarquias na 2.ª Local Summit

A ação de xerife de um autarca, um levantar de véu para o próximo Governo, o castigo a Mariana Mortágua, a decadência e a corrupção que marcaram dois municípios, e muito mais, subiram ao palco.

 

A escassos meses das eleições em que os eleitores escolherão os seus presidentes de câmara e junta de freguesia, a segunda edição da Local Summit reuniu autarcas de norte a sul do país e especialistas em transportes, habitação e direitoAndré Dias Nobre

Nove autarcas, o Governo e especialistas em transportes, habitação e direito, estiveram reunidos nesta terça-feira na 2.ª Local Summit, do ECO/Local Online. Entre os temas quentes estavam previstos a habitação, a mobilidade sustentável e o desenvolvimento local, mas houve outro que, pela proximidade às últimas eleições legislativas, se insinuou: o populismo e de que forma a subida de movimentos mais extremistas pode ter reflexo na representação autárquica.

Fotografias: André Dias Nobre

Veja abaixo os pontos mais fortes de cada um dos intervenientes, em discurso direto, numa intensa manhã de debate.

Sessão de abertura

  • Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação

Há duas ideias que resultam destas eleições: confirmação de uma governação, da liderança, das equipas, de uma ação; e uma segunda dimensão é que temos de olhar para fora da bolha e sentir o que os portugueses sentem. Não termos soberba nem arrogância para entendermos que temos as soluções para todos os problemas do mundo.

Eu sou um municipalista, mas não deixo de acreditar em níveis intermédios da administração. O que vai ser o papel das CCDR daqui para a frente, o papel das áreas metropolitanas e como é que uma visão integrada de desenvolvimento territorial pode equilibrar um terreno de jogo que está profundamente inclinado para a Área Metropolitana de Lisboa. Por isso é que o 24.º Governo Constitucional, e acredito que o 25.º continuará nessa senda, tem visão integral do país.

O país não é só Lisboa. Por isso, a alta velocidade Lisboa-Porto traz-nos um desafio de uma nova centralidade a Leiria, a meia-hora de Lisboa e meia-hora do Porto. O que vai sair desta nova centralidade? Há um desafio para as CIM [Comunidades Intermunicipais], de como trazer o tráfego para cima da estação da Barosa. Não deixo de acreditar em níveis intermédios, como a CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional], as áreas metropolitanas, com visão integrada.

Segundo centro de desenvolvimento territorial, estação de Coimbra. É uma cidade que tem perdido competitividade nas últimas décadas, mas acreditamos que a nova centralidade com alta velocidade vai trazer outra vez esse epicentro.

Estratégias e modelos locais para a habitação

  • Ricardo Leão, Presidente da Câmara Municipal de Loures

Na questão da habitação, é importante falar da habitação municipal, que era a mais complicada, mas já não é. Fui muito crucificado pelo que disse há um ano. Sei bem o que a população sente, não preciso agora de nenhuma reflexão. Eu já refleti muito. Por isso é que o concelho de Loures foi um dos gauleses no distrito de Lisboa onde o PS conseguiu vencer. De há um ano e tal a esta parte comecei a ouvir da população o cansaço que existia, que era uns terem de trabalhar para outros. O que é facto é que isso existia. Fui daqueles que jamais enfiei a cabeça na areia e fingir que não existe nada, ou considerar que há assuntos tabus e são propriedade de A, B ou C. Há que enfrentar problemas e resolvê-los. É assim que se mata o populismo. Quando cheguei à câmara, dos 2500 fogos municipais que existiam, 55% não pagavam renda. Estamos a falar de rendas de 10 euros, de 15 euros, e que eram de quatro euros, porque a CDU durante oito anos andou e fingiu que não via, nem as atualizou.

Temos um drama que é gente a morar de forma desumana, apoiada por redes. Não é por construir uma barraca que tem direito a habitação. É preciso mão pesada. Se não fores xerife, estás desgraçado.

  • Bruno Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Mondim de Basto

Quando falamos de habitação, temos de falar também de habitabilidade. Não é só um teto, é também termos oportunidade de criar um conjunto de infraestruturas, que permita que seja digna, desde logo a qualidade para as pessoas, mas também todos os serviços associados. Emprego, infraestruturas cruciais para que a fixação das pessoas possa ser uma realidade. Fibra ótica, telecomunicações, saneamento são importantíssimos. Um dos desafios que temos no nosso território é conseguirmos criar condições para que pessoas possam escolher o nosso território.

[O problema da habitação] só se consegue resolver com o desenvolvimento económico e coesão do território. Se continuarmos só a construir, sem política de coesão do território, continuamos sem resolver o problema.

Se não houver capacidade de o território pensar a uma só voz, iremos ter uma não solução, porque não estamos a criar coesão num território tão pequeno, mas com condições tão diferentes.

[É cada vez mais difícil] conseguir vir a construir as casas até julho de 2026.

  • Luís Menezes Leitão, Presidente da Associação Lisbonense de Proprietários

[A mudança na política de arrendamento] depende de coragem para tomar medidas distintas das que estão a ser tomadas.

Ouvi um representante do setor bancário dizer “não financiamos construção para arrendamento, porque se os proprietários não têm confiança para colocar casas no mercado, somos nós que vamos ter confiança para os financiar?” Esta é a situação que foi criada no arrendamento. Estamos num descrédito total no arrendamento. Isto deriva de vários fatores, em primeiro lugar a loucura que foi feita, o adicional ao IMI, o chamado ‘imposto Mortágua’. A senhora deputada Mariana Mortágua teve o justo castigo nas urnas, mas com o imposto dela ninguém se atreve a acabar, nem o PS nem o PSD. Esse imposto gera uma distorção gigantesca no mercado. Se uma pessoa quiser colocar as casas no mercado de arrendamento comercial não paga imposto, se colocar no arrendamento habitacional vai pagar o adicional ao IMI. Isto afasta todas as pessoas do arrendamento habitacional.

  • Patrícia Viana, Sócia da Abreu Advogados

No feedback menos positivo da perspetiva do investidor estrangeiro, há uma espécie de tempestade perfeita, porque há um conjunto de fatores que causa descrédito a quem vem de fora e investe em Portugal. Primeiro de tudo pela volatilidade da legislação portuguesa. Não convencemos um investidor a trazer capital para Portugal se não temos uma legislação estável, que muda consoante a cor política e as eleições, que em Portugal há imensas.

Em 2018 havia um grande portefólio que estava à venda. No escritório, estávamos a representar um banco que ia financiar um dos potenciais investidores, fizemos a nossa due diligence e fizemos uma reunião com o nosso cliente, que nos disse ‘este arrendamento, posso acabar daqui a um ano, este daqui a dois, este daqui a três… isto é assim? Isto não muda?’ Eu disse claro que não muda, é o que está escrito, e se mudar não é com efeitos retroativos. Um ano depois mudou tudo. Isto cria muito descrédito. Não é só no arrendamento. No simplex, licenciamentos: convencer um fundo inglês a fazer um projeto habitacional em Lisboa e explicar o tempo que tem de esperar pela licença de construção, pela de utilização, os custos, as taxas e taxinhas de cada vez que há um papel submetido na câmara, os impostos, isto é uma loucura.

Mobilidade Urbana e Planeamento Sustentável

  • Ana Paula Vitorino, Presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes

Na AMT defendemos que mobilidade e acessibilidade deve ser direito equiparado a um direito constitucional, tal como a habitação, saúde, educação.

O ‘ser equiparado a’ não obriga necessariamente a uma revisão constitucional – espero que não haja revisão constitucional, pelo menos nos termos em que tem sido falada. Nos nossos atos de planeamento, quer de reguladores, dos governos, da Assembleia da República e das autarquias, deve ser considerado dessa maneira.

Como é que se melhora os transportes públicos? Mais e melhor oferta, diminuição das deslocações não obrigatórias, e que se consegue num bom planeamento e ordenamento do território.

Temos que encontrar uma forma de descarbonizar frotas de transportes públicos. São investimentos muito elevados e tem de haver repartição para viabilizar essa descarbonização. A estimativa nacional são três mil milhões de euros, que não podem ser suportados inteiramente pelos operadores, pelo orçamento do Estado, muito menos pelo orçamento das câmaras. A primeira questão que se coloca é o financiamento.

Temos de pensar no país como um todo. Temos um país demasiado pequeno para estarmos sempre focados no litoral. A pobreza de mobilidade existe em todo o interior do nosso país. E não é com benefícios fiscais que vamos conseguir povoar e dinamizar a atividade económica no interior. Primeiro criam-se as condições e depois as pessoas vão. Ninguém irá para um sítio onde não terá uma vida de qualidade.

  • Faustino Gomes, Presidente do Conselho de Administração da Transportes Metropolitanos de Lisboa

O plano metropolitano de mobilidade urbana sustentável tem um toque importante, o primeiro M, de metropolitano. Não podemos esquecer este nível intermédio, das áreas metropolitanas, das CIM, porque nós, em cada um dos municípios não conseguimos resolver todos os problemas de transportes. O município não é uma ilha, está interligado com todos os municípios que estão à volta. É fundamental olharmos para o planeamento dos transportes numa lógica superior, no caso, metropolitana. A área metropolitana define a estratégia e a TML executa-a e informa a área metropolitana com elementos necessários para tomada de posição estratégica.

É fundamental termos um plano metropolitano, que é construído com base nas estratégias de cada um dos municípios, mas depois há que coser fronteiras, que a rede de cada um fale com a dos municípios do lado e passemos a olhar a rede como um todo.

  • Luís Nobre, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo

O território é um todo, não são só as áreas metropolitanas. Nessa dimensão, estamos num tempo novo, que resulta da descentralização das entidades gestoras, dos operadores também, e trouxe uma oportunidade ao território. Esta aproximação de decisão dos dirigentes, de poderem encontrar as soluções na sua geografia, na sua dimensão social e económica, as soluções que interessam às pessoas. Não interessam transportes se não forem inclusivos na dimensão da eficiência, mas também social e económica de acesso aos mesmos.

Dentro das novas oportunidades, decidimos assumir-nos como operador e uma vez que estávamos a desenvolver o nosso plano de mobilidade sustentável municipal, e em que os dois eixos fundamentais eram os modos suaves e descarbonização, entendemos implementar esse serviço, a partir de setembro, com uma frota totalmente elétrica. O fator de inovação está neste ato de coragem que é, ainda dentro da insegurança que existe no sistema e nesta fonte de energia, com todo o seu processo de instalação, de gestão dos autocarros, a vontade de dar um sinal à sociedade de que queremos ir mais além do que é o discurso.

A partir do dia 23 de setembro – os autocarros já estão em construção – teremos um sistema de transporte assente numa frota totalmente elétrica, na área urbana num primeiro momento. Conseguimos desenhar uma geografia superior, porque a definição de área urbana estava contida às freguesias do núcleo e periféricas, e criámos mais um anel, com parques empresariais.

  • Nuno Piteira Lopes, Vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais

Gostamos e estamos alinhados com o plano metropolitano para toda a Área Metropolitana de Lisboa, estamos alinhados com as decisões da AML, estamos alinhados com a TML, gostamos de trabalhar em rede e também de ter a nossa autonomia. Por isso nos constituímos como autoridade municipal de transporte. De há uns anos a esta parte que os transportes públicos rodoviários são gratuitos para todos os que trabalham, os que estudam e os que residem no concelho de Cascais.

Ainda assim, temos um caminho longo a percorrer no que diz respeito à descarbonização, nomeadamente para atrair mais gente para o transporte público. Não basta ter os autocarros no dia 23 de setembro, é preciso que eles possam carregar todos os dias à noite para poderem sair no dia seguinte. O fator gratuitidade não é o único motivo para convencer as pessoas a deixar de usar o transporte próprio.

Tem de ser feito também um caminho paralelo com aquilo que são os mais jovens. Acreditamos que eles são os catalisadores das grandes mudanças. Um dado que me tem preocupado é que apenas 12% dos alunos utilizam transporte público para ir para a escola, apesar de ser seguro, viável e ter videovigilância. Os encarregados de educação conseguem, através da aplicação, saber se o filho entrou no autocarro, se utilizou a linha que tinha de utilizar, mas os pais têm medo de deixar ir de transporte público. Temos feito muitas ações de sensibilização, quer dos alunos, quer dos pais, para conseguirmos atingir nos próximos quatro anos uma percentagem superior a 30% de utilizadores jovens no transporte público.

O papel das autarquias no desenvolvimento

  • Basílio Horta, Presidente da Câmara Municipal de Sintra

O poder local não deve burocratizar as decisões. As decisões burocratizadas são incompreendidas, e os investidores acabam por ou desistir, ou por investir sem o fôlego necessário, que se deseja que o investidor privado tenha.

Quando estava na AICEP, fazíamos uma ronda de contactos e perguntava-se o que é que achavam que devia feito, e nunca falavam dos impostos, mas na burocracia relacionada com o pagamento dos impostos.

Os autarcas ajudam muito [a economia], em primeiro lugar pelo investimento. A câmara de Sintra neste momento é o maior investidor do concelho. No concelho tem mais de 70 milhões investidos e pagos e até fim do ano investirá mais de 100 milhões.

Comprámos uma propriedade para ceder em direito de superfície aos privados para fazer um centro tecnológico. Acabou por não se fazer. Está lá o terreno e estamos a conversar com o Instituto Superior Técnico e é muito provável que o centro tecnológico se faça lá. Sintra nunca teve ensino universitário, temos agora o ISCTE, que tem trabalhado fantasticamente connosco. Os primeiros 350 alunos licenciados em Sintra foram agora no sábado, digitalização avançada. A Faculdade de Medicina da Católica tem um terreno grande, cerca de 20 hectares, que vai ser ocupado pela parte habitacional e por um centro tecnológico.

Em Sintra, temos cerca de 4% da riqueza nacional. Quando chegámos, em 2013, o imposto pago pelas empresas, a derrama, era cerca de 3,5 milhões de euros. Não se aumentou a [taxa de] derrama, e neste momento são cerca de 14 milhões.

É necessário que tenhamos mobilidade. Precisamos urgentemente da circular poente do Cacém, precisamos de mobilidade na zona do Tagus Park, se não o investimento acaba por não ocorrer.

  • José Manuel Silva, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra

Encontrámos Coimbra em decadência, o que nos colocou sérios constrangimentos, e desde logo uma questão que agora, que estamos a terminar o primeiro, e não sabemos se último mandato, percebemos como são curtos estes mandatos para transformar completamente um concelho que precisava dessa transformação. Em Itália há dois mandatos de cinco anos, o que dá uma possibilidade de invertermos um problema que temos que são os ciclos curtos, algo inibitório de políticas de desenvolvimento que precisam de estratégia de médio e longo prazo.

Havia em Coimbra quem achasse que podia ser uma cidade exclusivamente de serviços, foi profundamente prejudicial à cidade e à região, por benefício de outros concelhos e distritos. Definimos uma estratégia de desenvolvimento e crescimento que tem de passar e está a passar pela atração de investimento privado e empresarial.

Vendemos todos os espaços empresariais que estavam livres. Estamos a aumentar o iParque com mais 20 hectares e onze lotes, e estamos a construir uma nova área industrial. Neste momento, o nosso problema em Coimbra é onde instalar as empresas.

Já trouxemos seis multinacionais, há mais a bater-nos à porta por causa da universidade. Temos a maior riqueza que pode ter qualquer cidade, nós produzimos mais de 8500 diplomados por ano e muitos são talentos, e é isso que as empresas procuram.

  • José Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro

O país teve uma fase em que os autarcas queriam ter tudo em cada um dos seus territórios, como se fosse possível, nomeadamente um aeroporto internacional em Coimbra. Já temos aeroportos internacionais a mais para o território que o continente tem.

Em Portugal trabalha-se pouco em infraestrutura e pouco em operação. Tenho chamado sistematicamente à atenção dos governantes. Se continuarmos a ter uma empresa que é pública, péssima, o único operador de transportes de passageiros do país, vamos continuar a ter um problema, e vamos continuar a ver florescer a rede de expresso, das empresas mais clássicas às mais recentes no país com um negócio que tem crescido a uma velocidade estonteante em termos comerciais, porque o comboio 80 dias, 120 dias por ano, não está lá para nós andarmos. A pátria que cuide da infraestrutura, mas não esqueça que é preciso abrir a operação ao setor privado. É preciso acabar com estes elefantes brancos que a democracia em 51 anos ainda não conseguiu acabar e um deles chama-se empresa pública de operação exclusiva para transportar passageiros. Já nem na carga existe. Continua a ser uma coisa comunista que temos no país e que temos de acabar rapidamente.

Se para governar uma câmara quatro anos é um ciclo curto – que o diga eu, que estoirei o meu primeiro mandato a pôr em ordem uma câmara que estava na falência, corrupta, desestruturada –, o que é possível fazer num país quando os governos têm uma vida útil de um ano e pouco? Coisíssima nenhuma. Por exemplo, uma lei das finanças locais – e nós queremos, não é recauchutar a que temos, que já foi recauchutada sete vezes.

  • Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro

Quando há pouco ouvimos o ministro Miguel Pinto Luz a falar, fiquei com a sensação de que se ia esquecer do Algarve, mas a páginas tantas referiu a ligação Faro-Huelva-Sevilha, que estamos neste momento a fazer, com contactos com a Infraestruturas de Portugal e a congénere espanhola, para fazerem esses estudos. Quando o Algarve estiver ligado por essa linha – não sei se ainda é na minha vida – provavelmente vamos muito mais a Sevilha do que a Lisboa.

A eletrificação da linha [ferroviária do Algarve] é um projeto de que se fala há muitos anos, acho que está em obra, mas quando for concluído, não sei para que vai servir, porque não há comboios para pôr lá.

A transferência de competências foi bastante importante para o país, porque estamos a fazer muito melhor. Se perguntarem aos agrupamentos de escolas se querem voltar para o Ministério da Educação nas poucas atribuições que têm, dizem logo que não, porque hoje têm um interlocutor e sabem que nos preocupamos em resolver os problemas. Antes, o interlocutor era ministro da Educação, que viam na televisão, mas não o contactavam. Hoje, têm o número de telefone do presidente da câmara e falam com ele diariamente.

Foi uma dor de cabeça conseguirmos negociar com o Governo as transferências financeiras porque a administração central nem sabia o que se passava no país. E nas outras áreas foi idêntico. A transferência de competências foi um pequenino passo, porque foi pouco, mas foi um salto gigante, porque ainda hoje a administração central é contra toda a transferência de competências.

Sessão de encerramento

  • Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Há uns tempos voltei a rever [Alexis de] Tocqueville, e ele falava muito dos perigos da democracia. Dizia sempre que um dos perigos da democracia é que se torne na tirania da maioria. A defesa da democracia, para que não se torne a força da maioria sobre todos os outros, para Tocqueviille eram os municípios. Eram o travão ao poder central, e ainda são. O travão ao poder central é essencial, este poder intermédio entre o cidadão e o Estado, e é essa a nossa grande função, sermos esse travão.

Quando olhamos para os presidentes da câmara sentimos aquilo que mais precisamos em democracia, é que eles são a moderação na política, sejam de que partido for.

A função autárquica é complemento ao Estado, cria a conexão com as pessoas. O Governo pode falar sobre soluções para a habitação, mas não é o Governo que está na proximidade. Lembro-me, foi grande tema da campanha, que havia 2000 casas que estavam emparedadas em Lisboa. O Governo não sabe onde estão, nós sabíamos. Foi o que nos permitiu recuperar 1800. O Governo pode fazer todas as leis que quiser em termos de urbanismo, mas não é o Governo que conhece de perto os problemas do urbanismo.

Em Lisboa, hoje, 96% dos processos que entram na arquitetura são aprovados, no máximo em seis meses.

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Multinacional francesa instala ‘mini-data center’ em Lisboa e aproxima portugueses da ‘cloud’

A OVHcloud instalou uma nova Local Zone em Lisboa, infraestrutura mais simples do que um 'data center' e que não requer tanto investimento. "Portugal tem um ecossistema tecnológico em crescimento."

A multinacional francesa OVHcloud, que fornece infraestrutura e serviços assentes na cloud, inaugurou este mês a sua primeira Local Zone em Lisboa, “aproximando” os seus serviços “dos utilizadores e dos seus dispositivos”. Este tipo de implementação é mais simples e exige menos investimento do que a construção de um data center, diz ao ECO o vice-presidente da OVHcloud para os mercados do Sul da Europa e Brasil, John Gazal.

A nova Local Zone da OVHcloud, anunciada a 8 de maio, permite à empresa oferecer aos clientes em Portugal latências inferiores a 20 milissegundos. As empresas que se tornem clientes poderão ainda beneficiar do armazenamento dos seus dados “dentro dos limites geográficos definidos pelos regulamentos locais ou pelas políticas de segurança”, assegura o responsável do grupo com sede em Roubaix, no norte de França.

Devido a estes fatores, esta infraestrutura “também ajuda as empresas com serviços sensíveis à latência, que necessitam de tempos de resposta mais rápidos para proporcionar uma melhor experiência ao utilizador”, diz o responsável. Disso são exemplos “os sites de comércio eletrónico com picos de tráfego ou sazonais, as redes de distribuição de conteúdos, as plataformas de streaming e de reprodução de vídeo digital e os fornecedores de soluções SaaS [Software as a Service] e de análises em tempo real”, explica o responsável da empresa.

“A Local Zone de Lisboa garante a residência local dos dados, cumprindo as rigorosas políticas de segurança de setores como o financeiro, bancário, da saúde e governamental”, aponta John Gazal.

Este nó em Portugal é o 28.º da empresa, que pretende concluir o ano com 42 Local Zones no total e “uma centena a nível mundial nos próximos dois anos”. A multinacional francesa tem ainda Local Zones em cidades como Madrid, Milão, Amesterdão, Bruxelas, Rabat, Nova Iorque e Los Angeles, contando ainda com dezenas de data centers. Os que mais perto ficam da capital portuguesa estão localizados em Paris e Estrasburgo.

Porém, o valor do investimento realizado em Portugal não foi revelado, com a empresa a destacar apenas que já investiu mil milhões de euros desde que entrou na bolsa de Paris em 2021. Atualmente, conta com uma capitalização bolsista de 2,21 mil milhões de euros.

Questionado por email sobre por que é que uma Local Zone é mais adequada a um mercado como Lisboa e não um data center, o vice-presidente da OVHcloud sublinha que a instalação de uma infraestrutura deste tipo pode ser uma “questão de semanas”. “Ao exigir uma infraestrutura simples, com um alojamento eficaz em centros de colocation, as Local Zones são mais ágeis e flexíveis, permitindo à OVHcloud implementar rapidamente os seus ambientes Public Cloud com um capex [investimento] inferior ao dos data centers tradicionais”, reconheceu.

Quanto a outros investimentos na calha em Portugal, não está nada previsto por agora, mas é tudo uma questão de procura. A empresa irá “definir as novas implementações de acordo com a procura de serviços em cada área geográfica”, diz John Gazal. “Além disso, planeamos adicionar novos serviços nas Zonas Locais existentes para completar o portfólio do grupo de soluções de cloud seguras e eficientes”, acrescenta,

Sobre o mercado nacional, que tem sido apontado como um destino alternativo para investimentos em novos data centers, o responsável da OVHcloud destaca que “Portugal tem um ecossistema tecnológico em crescimento, tanto de startups como de empresas em fase inicial, bem como de empresas estabelecidas que oferecem serviços inovadores a nível global”. Sobre a recente decisão dos EUA de reverterem as restrições à compra de chips que iriam entrar em vigor contra Portugal, Gazal desabafa apenas que “a situação atual é muito fluida e gera muita incerteza no setor”.

“Demonstra uma coisa em que nós, na OVHcloud, temos vindo a insistir nos últimos anos: a União Europeia deve aumentar a sua soberania digital e a sua autonomia estratégica para garantir a sua competitividade e independência tecnológica. Nas últimas semanas, nas nossas conversas com clientes e parceiros, deparámo-nos com um facto: os CIO das empresas portuguesas aperceberam-se de que a soberania dos seus dados não é negociável e estão mais interessados do que nunca em fornecedores europeus como a OVHcloud”, aponta.

O plano de instalação de Local Zones da OVHcloud iniciou-se em 2024. Mas esta não é a única fornecedora de cloud a apostar nesta estratégia. A gigante norte-americana AWS, parte do grupo Amazon, também anunciou há vários anos que iria abrir uma Local Zone em Lisboa, mas, este mês, a líder da empresa no mercado ibérico, Suzana Curic, disse ao ECO que ainda não existem novidades sobre esse anúncio. A Local Zone da AWS em Lisboa continua a exibir, no site da empresa, o estado de “anunciada”, ao invés de “disponível”.

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Plataforma que acelera requalificação dos portugueses já tem quase 13 mil inscritos

New Career Netwok usa inteligência artificial para indicar aos utilizadores os cursos mais adequados às suas necessidades de requalificação e, depois, as vagas de emprego alinhadas com competências.

Em meio ano, quase 13 mil inscrições. O balanço do primeiro semestre de existência da New Career Network (NCN) – plataforma que usa inteligência artificial para acelerar a requalificação dos portugueses – foi avançado ao ECO, em primeira mão, pela manager Carla Sousa, que revela que já há 71 cursos disponíveis, das tecnologias à sustentabilidade. Todos com taxas de empregabilidade acima dos 70%, assegura.

Carla Sousa é manager da New Career Network (NCN)

“Estamos quase a atingir os 13 mil utilizadores, o que é um número que nos deixa orgulhosos, dado que temos cerca de meio ano de existência e, por outro lado, porque estamos a falar do mercado português, onde há a expectativa de que temos que contribuir para a requalificação de 20 mil pessoas“, salienta Carla Sousa (na foto), em conversa com o ECO.

Lançada em outubro, a NCN foi criada no âmbito da iniciativa para a requalificação de talento promovida pela European Roundtable for Industry, organização que junta 60 das maiores empresas europeias, incluindo a portuguesa Sonae.

Esta plataforma usa inteligência artificial para, primeiro, indicar aos trabalhadores os cursos mais adequados às suas necessidades de requalificação e, depois, as vagas de emprego que melhor se encaixam nas suas novas competências, potenciando, assim, a sua empregabilidade.

De acordo com Carla Sousa, dos cerca de 13 mil utilizadores que se inscreveram, cerca de metade já avançou para “uma fase mais madura” na plataforma, isto é, já carregou o seu currículo e disponibilizou “um conjunto de informação”, que guiará a experiência na NCN.

Quanto ao perfil dos utilizadores, a manager avança que cerca de dois terços estão empregados e só um terço são pessoas desempregadas, “o que é surpreendente”.

Estamos a conseguir passar a mensagem de que estamos aqui para apoiar quer quem está numa situação de maior fragilidade, quer quem está ativo no mercado.

Carla Sousa

Manager da NCN

“Significa que estamos a conseguir passar a mensagem de que estamos aqui para apoiar quer quem está numa situação de maior fragilidade, quer quem está ativo no mercado, a refletir sobre a sua carreira e a direcionar as suas energias para as áreas com maior empregabilidade“, defende Carla Sousa.

Quanto ao nível de escolaridade, a responsável indica que a maioria dos utilizadores tem uma licenciatura. Além disso, o maior interesse tem vindo dos jovens adultos, isto é, pessoas com 25 a 35 anos. “Esta é uma ferramenta tecnológica, pelo que estamos expostos a um público com uma maior predisposição para a tecnologia. Encaixa perfeitamente nesta camada entre os 25 aos 35 anos”, sublinha a manager.

Ao ECO, Carla Sousa assinala ainda que “as gerações mais novas olham para a carreira de uma forma diferente“.

“Já nasceram na era em que não há uma carreira para a vida, e eles próprios procuram ativamente perceber como é que está o mercado. Onde é que posso ter melhores condições? Onde é que posso ter a minha próxima experiência?“, atira a responsável.

71 cursos com empregabilidade acima de 70%

Quando se inscreve na New Career Network, o utilizador é convidado a responder a um conjunto de perguntas e disponibilizar o seu currículo, para que seja feita um diagnóstico das suas competências atuais.

Na fase seguinte, define que profissão futura quer assumir e, logo depois disso, a inteligência artificial entra em palco, apurando, por um lado, o gap de competências (com base nos dados e expectativas disponibilizadas) e ajudando, por outro, na escolha do curso mais adequados.

A inteligência artificial dá, assim, sugestões de cursos que melhor ajudarão a resolver o gap de competências do utilizador. Em outubro, a NCN contava com 30 destes cursos de requalificação. Hoje, tem já 71, revela ao ECO Carla Sousa.

“Hoje temos cerca de 18 instituições com as quais trabalhamos, perfazendo um total de 71 cursos. Temos uma oferta já muito interessante num conjunto de áreas que são as áreas mais procuradas pelo mercado“, afirma a manager, que detalha que as formações nas áreas tecnológicas e de sustentabilidade são as mais procuradas.

Hoje temos cerca de 18 instituições com as quais trabalhamos, perfazendo um total de 71 cursos. Um dos critérios que temos para a escolha de um curso é uma empregabilidade mínima de 70%.

Carla Sousa

Manager da NCN

“A forma como selecionamos um curso é tentando antecipar, com base naquilo que são os estudos atuais, [as competências críticas] e encontrar escolas que tenham ofertas formativas nestas áreas de maior procura. Procuramos ter uma oferta diversificada: cursos gratuitos, cursos pagos, cursos presenciais, cursos online, cursos mais longos e cursos mais curtos“, acrescenta a mesma.

Em conversa com o ECO, Carla Sousa explica ainda que a NCN tem um dos critérios para a escolha de um curso é ter uma empregabilidade mínima de 70%. “Não é um filtro fácil, porque tira algumas escolas e alguns cursos que acreditamos terem muito potencial, mas porque não medem empregabilidade ou, medem empregabilidade, mas estão abaixo dos 70% já não participam da NCN”, realça a responsável.

No entender da manager, ao fazer esta triagem, a NCN está a “ser uma montra daquilo que o mercado está a aceitar”, além de ser “um critério fundamental para que as empresas sintam confiança em olhar para outras perspetivas na obtenção de emprego“.

800 vagas de emprego disponíveis

Na New Career Network, além de cursos, estão disponíveis também vagas de emprego. Quando o candidato acaba a requalificação, a inteligência artificial faz a ligação entre vagas de emprego e os utilizadores, através de um mapeamento das competências que as pessoas têm e que são precisas para cada oportunidade.

Carla Sousa adianta que tanto grandes empresas, como recrutadoras estão a inscrever, neste momento, as vagas na plataforma, estando disponíveis entre 800 e mil postos de trabalho (o número vai flutuando ao longo das semanas, segundo a manager).

“A nossa vontade é ter o máximo de ofertas, no que respeita a empregos dentro da New Career Network. E, por isso, estamos também, além da parceria com as empresas, a explorar hipóteses alternativas para termos o máximo possível de ofertas alinhadas com aquilo que são as necessidades“, remata a responsável.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 28 Maio 2025

O Conselho das Finanças Públicas publica o relatório sobre a execução orçamental da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentação. Será feito o apuramento final dos votos dos emigrantes.

Esta quarta-feira, o Conselho das Finanças Públicas publica o relatório sobre a execução orçamental da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentação em 2024 e será feito o apuramento final da contagem dos votos dos emigrantes portugueses das legislativas. Já a gigante tecnológica Nvidia apresenta os resultados relativos ao primeiro trimestre do ano. A marcar o dia está ainda a revelação das atas da Reserva Federal norte-americana e o fim do prazo para a REN entregar o relatório do apagão.

Execução orçamental da Segurança Social e da CGA

O Conselho das Finanças Públicas publica esta quarta-feira o relatório sobre a execução orçamental da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentação em 2024. No ano anterior, a Segurança Social registou um excedente de 5,48 mil milhões. Já o número de pensionistas de velhice da Caixa Geral de Aposentações foi de 420.349, tendo atingido o valor mais alto dos últimos anos.

Em quem votaram os emigrantes?

O apuramento final da contagem dos votos dos emigrantes portugueses está marcado para esta quarta-feira, ficando decidido o segundo partido mais votado nas legislativas de 18 de maio em Portugal. A operação de contagem dos votos por via postal começou na terça-feira, no Parque das Nações, e contou com cerca de 1.050 membros de mesas. Estes votos decidirão se é o PS ou o Chega a ficar em segundo lugar nestas eleições, estando em disputa quatro deputados, dois pela Europa e dois por Fora da Europa.

Nvidia apresenta resultados do primeiro trimestre

A gigante tecnológica Nvidia apresenta esta quarta-feira os resultados relativos ao primeiro trimestre do ano. A empresa, que produz hardware tecnológico, registou receitas de 39,3 mil milhões de dólares no quarto trimestre do ano passado, superando as expectativas dos analistas e crescendo 78% face ao período homólogo. No acumulado de 2024, a empresa obteve uma receita total de 130,5 mil milhões de dólares, num crescimento de 114% em relação ao ano anterior.

Reveladas atas da Fed

Serão conhecidas esta quarta-feira as atas da última reunião do Comité do Mercado Aberto da Reserva Federal norte-americana (Fed). A 7 de maio, a Fed manteve inalteradas as taxas de juro pela terceira reunião seguida, mas alertou que a incerteza sobre as perspetivas económicas aumentou ainda mais.

REN tem de apresentar relatório de apagão

Esta quarta-feira, termina prazo para REN – Redes Energéticas Nacionais entregar relatório sobre o apagão de 28 de abril. A empresa tinha solicitado o adiamento, tendo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos alargado o prazo por mais 10 dias. O pedido teve como objetivo permitir à gestora das redes nacionais recolher informação à qual ainda não tinha tido acesso.

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Cátedra de Estudos da Habitação de Barcelona lança as bases de uma nova agenda para garantir o acesso à habitação

  • Servimedia
  • 28 Maio 2025

Direito efetivo à habitação, propriedade com função social e cooperação entre os atores envolvidos para aumentar a oferta, entre as principais propostas do 1º Congresso Internacional sobre Habitação.

A Cátedra de Estudos da Habitação de Barcelona (CBEH) encerrou a primeira edição do Congresso Internacional sobre Habitação e Cidade, que durante dois dias reuniu mais de 250 pessoas do âmbito académico, institucional e social.

O encontro, organizado por esta cátedra promovida pelas quatro universidades públicas da área metropolitana -UB, UAB, UPC e UPF-, com o apoio da Generalitat de Catalunya e da Câmara Municipal de Barcelona, converteu-se num espaço estratégico para a análise, ligação e transferência de conhecimentos no domínio da habitação.

O congresso serviu de fórum de debate sobre as causas estruturais da crise da habitação, reunindo especialistas, instituições e atores do território com o objetivo de apresentar propostas bem fundamentadas que contribuam para repensar o modelo de acesso à habitação. Neste contexto, a Cátedra apresentará nos próximos dias um documento de conclusões sob a forma de um Decálogo, que será partilhado tanto com os seus mandatários – a Generalitat e a Câmara Municipal de Barcelona – como com os principais agentes e organizações do setor.

Além disso, numa ação paralela prevista para hoje, quarta-feira, o Presidente transmitirá as principais reflexões da conferência aos membros da Comissão Especial sobre a Crise da Habitação na União Europeia (HOUS) do Parlamento Europeu, coincidindo com a visita oficial desta delegação à capital catalã. Este diálogo visa reforçar a projeção europeia dos conhecimentos gerados e contribuir para a conceção de respostas mais coordenadas aos desafios comuns colocados pela emergência habitacional nas cidades do continente.

O ponto alto do dia foi a apresentação dos relatórios da presidência. O relatório sobre o financiamento da habitação social – elaborado por Xavier Mauri e Montserrat Pareja-Eastaway – defende que não são apenas necessários mais recursos, mas também uma visão estratégica e uma vontade política sustentada para permitir uma aliança contra a crise da habitação. “Devemos partir da corresponsabilidade de todos os atores envolvidos neste problema e ter uma visão ambiciosa da habitação como uma infraestrutura básica do Estado”.

O relatório de Juan Alemany e Judith Gifreu sobre a implementação de “cláusulas sociais na construção pública que não só permanecem na pontuação inicial, mas também fazem parte do acompanhamento real da obra” também foi destacado.

Por outro lado, foi apresentado o relatório sobre a segurança no ambiente urbano em ligação com a habitação, elaborado por Josep Jordi Guerrero e Carles Soto, que inclui nove boas práticas neste domínio e propõe seis recomendações específicas. Por último, foi também apresentada uma análise sobre a simplificação administrativa no planeamento urbano e na habitação, realizada por Antoni Serra e Francesc Palau (recordado no congresso pelo seu recente falecimento), que gerou propostas concretas para simplificar os procedimentos administrativos de concessão de licenças de construção, incluindo a automatização com inteligência artificial.

OFERTA

A primeira mesa redonda do dia, que tratou do estado da oferta e da procura residencial, revelou um desequilíbrio estrutural entre a criação de novas habitações e a disponibilidade de habitações. Juan Antonio Modenes (UAB) explicou que a habitação que é construída ou libertada muitas vezes não corresponde à procura real, demonstrando um défice estrutural, uma situação acentuada pela chegada de uma população migrante com uma capacidade económica superior à média local.

Neste sentido, Carles Donat, do Observatório Metropolitano da Habitação, salientou que, embora a construção não seja a solução definitiva, é essencial se o número de agregados familiares continuar a crescer. Esta tensão entre a oferta e a procura também se verifica no arrendamento, uma vez que os inquilinos estão a mudar menos, o que reduz a oferta disponível e pressiona os preços. Donat apelou a um maior investimento público e recordou que a Catalunha apenas dispõe de 1,7% do parque habitacional público. Temos de construir, sim“, concluiu, ”mas temos de garantir que o que é construído responde a necessidades reais e promove critérios de sustentabilidade”.

Na mesa redonda sobre regulamentação, Josep Ferrer Riba, co-diretor da Cátedra de Estudos de Habitação de Barcelona, centrou-se na utilização crescente de contratos de arrendamento temporário como forma de evitar as garantias que protegem os arrendamentos regulares. Face a esta situação, propõe o estabelecimento de critérios claros e objetivos para os contratos temporários, exigindo que a razão do contrato seja justificada e que, se tal não acontecer, o contrato seja considerado permanente. Defende ainda que “devem estar sujeitos ao mesmo quadro de proteção que o arrendamento regular, tanto em termos de duração, como de regulação de preços e outros direitos do arrendatário”.

A jornada terminou com a mesa redonda sobre a Habitação e a União Europeia, uma perspetiva habitualmente esquecida, com representantes de instituições europeias que estudam e influenciam as questões da habitação. Foi analisado o conceito europeu de serviço de interesse geral, já incorporado na legislação espanhola e catalã, mas ainda muito desconhecido, ligado à ideia de serviço público. Foi sublinhada a necessidade de a UE utilizar as suas competências atuais para trabalhar com os Estados-Membros da UE na luta pela habitação, associada às políticas sociais, em ligação com medidas adequadas sobre as alterações climáticas e contra os sem-abrigo e a segregação urbana.

Kath Scanlon (LSE) encerrou o dia com uma reflexão sobre duas inovações no domínio da habitação que têm merecido a atenção do meio académico nos últimos anos. Por um lado, a habitação colaborativa, vista como uma inovação positiva, e, por outro, a financeirização, vista como negativa. Com base em exemplos da sua própria investigação e em estudos europeus comparativos, Scanlon resumiu as provas dos efeitos destas inovações nos residentes e nos bairros.

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Americanos injetam 11 milhões na sociedade que investe no Benfica

Lenore Sports Partner recebeu duas injeções de capital durante o mês de maio, mês que marcou a entrada na SAD do Benfica. Ações disparam para o valor mais elevado de sempre.

A Lenore Sports Partners (LSP), o veículo financeiro através do qual os americanos Jean-Marc Chapus e Elliot Hayes estão a investir na SAD do Benfica, recebeu duas injeções de capital no valor total de 11,5 milhões de euros este mês, segundo os documentos enviados às autoridades britânicas.

As informações enviadas à Companies House, a agência do Departamento do Comércio do Governo britânico, mostram que a LSP Lisbon (Scotland) realizou um primeiro aumento de capital no valor de 4,4 milhões de euros no dia 1 de maio. O capital da sociedade foi posteriormente reforçado para 11,5 milhões de euros numa operação que teve lugar no passado dia 23 de maio.

Contactada pelo ECO, a LSP não quis dar informações sobre estas operações, nomeadamente sobre os investidores que participaram nestes aumentos de capital e se o dinheiro injetado na sociedade se destinará ao reforço da participação na SAD encarnada.

Em agosto, a agência Bloomberg noticiou que o grupo americano estava a tentar levantar junto dos investidores cerca de 50 milhões de euros para comprar uma participação superior a 16% na SAD do clube português.

Atualmente, a LSP já controla mais de 5% da SAD do Benfica, segundo as últimas informações públicas, incluindo o lote de ações correspondentes a 3,28% do capital que os americanos adquiriram ao antigo presidente das águias Luís Filipe Vieira ao preço de 7,07 euros por ação no leilão realizado a 7 de maio e cuja transação está a ser contestada pelo clube liderado por Rui Costa, que alega que não lhe foi dada a oportunidade de exercer o direito de preferência.

Os americanos já são o terceiro maior acionista da SAD encarnada, apenas atrás do clube (63,66%) e do empresário José António dos Santos (16,38%), sendo que o restante capital está disperso no mercado.

Após ter anunciado a entrada na estrutura acionista das águias, o grupo americano apenas disse que quer ser um “parceiro produtivo” do clube português e assegurou que não se intrometerá na gestão desportiva. Mas vai manter-se em silêncio até ao terminar da época desportiva.

Ações em máximos históricos

É no contexto da entrada do novo investidor americano na SAD que as ações do Benfica estão a valorizar de forma expressiva nas últimas sessões e estão a cotar em máximos históricos. Esta terça-feira, os títulos dispararam 13,33% para os 6,12 euros, a cotação mais elevada de sempre. Foi a sessão mais movimentada desde 8 de setembro de 2021, com mais de 44 mil títulos a trocarem de mãos, mais de dez vezes mais do que a média diária dos últimos três meses.

Só neste mês de maio, a SAD encarnada acumula uma valorização de 65% em bolsa, que lhe confere uma capitalização bolsista de 140,76 milhões de euros — um valor bem acima do valor de mercado da SAD dos rivais do FC Porto e do que empresas como a construtora Teixeira Duarte.

O que estará por detrás deste entusiasmo em torno das ações das águias? A presença de um investidor que aceitou pagar 7,07 euros por ação e pretende reforçar a sua posição? Ou porque a LSP estará a adquirir títulos na bolsa? O ECO questionou a LSP se está a comprar ações na bolsa, mas não respondeu a esta questão.

Dentro de campo, os resultados não são tão interessantes. O Benfica acabou de perder o campeonato (e o acesso direto à Liga dos Campeões) e a Taça de Portugal para o Sporting. A época para os encarnados ainda não terminou, pois daqui a semanas participam no Mundial de Clubes da FIFA, e só depois vão de férias.

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“Habemus” Governo com a viabilização do PS. Marcelo indigita Montenegro

Com a contagem dos votos da emigração fechada, Belém chama novamente AD, PS e Chega para confirmar que há condições de governabilidade. Executivo pode tomar posse já na próxima semana.

Luís Montenegro, presidente do PSD, acompanhado (à esquerda) por Leonor Beleza, foi recebido pelo Presidente da República a 20 de maio, depois das eleições legislativas.Lusa

Ainda sem maioria absoluta, mas com um reforço dos votos, o Governo da AD – coligação PSD/CDS volta a passar pelo crivo de Belém com a garantia do PS, dada por José Luís Carneiro, de que dará condições de governabilidade através da viabilização do programa do Executivo no Parlamento.

O presidente do Chega também já disse que seria um “farol de estabilidade” mas, ao mesmo tempo, lançou três linhas vermelhas e anunciou que iria apresentar “um Governo alternativo”. Resta saber com quem Luís Montenegro quer dançar. Nesta fase, continua a insistir num diálogo com todos, fechando apenas a porta a acordos de coligação ou de incidência parlamentar com o partido de André Ventura.

A contagem dos votos da emigração, dos círculos da Europa e Fora da Europa, que dão mais quatro deputados às forças políticas, termina esta quarta-feira e, se não se repetir o desastre das legislativas de 2022, em que foi necessário repetir todo o processo, Marcelo Rebelo de Sousa recebe novamente AD, PS e Chega, esta quinta-feira da parte da tarde e, no mesmo dia, tenciona indigitar Luís Montenegro como primeiro-ministro.

O novo Parlamento terá a primeira sessão plenária a 3 de junho, próxima terça-feira, ou, o mais tardar, no dia 5, quinta-feira. E o Governo poderá ser empossado logo a seguir, a 6 de junho ou só depois do feriado de 10 de junho, Dia de Portugal. José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República na legislatura cessante, deverá ser recandidato ao mesmo cargo, como o próprio já anunciou.

Até ao final do dia desta terça-feira, 27 de maio, as 150 mesas, instaladas na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa, já tinham recebido 300.937 votos da emigração, isto é, 19,05% de um total de 1.579.507 eleitores recenseados, segundo o site da Secretaria-geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI). Dos cerca de 301 mil boletins, 82,85%, o que corresponde a 249.329 envelopes, vêm do círculo da Europa e apenas 17,15% ou 51.608 têm origem no resto do mundo.

“Para já, tudo está a correr dentro da normalidade, mas já foram anulados alguns votos por falta da cópia do documento de identificação”, revelou ao ECO o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), André Wemans. O mesmo responsável lembrou que, nas eleições de 2024, “cerca de 30% não foram contabilizados por falta de documentação”.

O resultado final será conhecido ao final do dia desta quarta-feira e vai definir quem fica em segundo lugar, PS ou Chega, desempatando assim as duas bancadas, que tinham conseguido o mesmo número de deputados, 58, pelos círculos nacionais. Nas eleições legislativas de 2024, o partido de extrema-direita ficou em primeiro lugar no estrangeiro, com um eleito pela Europa e outro Fora da Europa. Os restantes dois mandatos foram distribuídos pela AD, que elegeu um por Fora da Europa, e pelo PS, com um deputado na Europa.

Caso não se verifiquem as ilegalidades que ocorreram nas legislativas de 2022 por causa da contagem de boletins sem a cópia de identificação do eleitor, e que motivaram a repetição da eleição e o adiamento do registo dos votos, o apuramento dos resultados deverá ficar fechado até ao final desta quarta-feira, 28 de maio. Neste cenário de normalidade, o Presidente da República conta receber AD, PS e Chega na quinta-feira, às 15h, 16h e 17h.

“Vou ouvir primeiro os três partidos. Se eu tiver condições para logo nesse dia fazer sair uma nota de indigitação, faço”, indicou esta segunda-feira Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à Lusa. Questionado se tenciona receber José Luís Carneiro, candidato a secretário-geral do PS, o Chefe de Estado respondeu: “Eu vou falar com a delegação que vier do PS, quem escolhe são eles”.

No mesmo dia, e depois de auscultados os três partidos mais votados, o Presidente da República tenciona indigitar Luís Montenegro como primeiro-ministro. “A ideia é logo que possa”, repetiu.

Um processo rápido que acontecerá caso Marcelo Rebelo de Sousa tenha a confirmação por parte dos dois partidos da oposição mais votados, PS e Chega, de que irão dar condições de governabilidade à AD, viabilizando o seu programa. O mais certo é Montenegro contar com a mão de José Luís Carneiro, que se tem mostrado mais assertivo do que Ventura, que tanto diz ser um “farol de estabilidade” como um “farol de mudança”.

José Luís Carneiro, candidato único à liderança do PSLusa

O candidato único à liderança do PS, depois da demissão de Pedro Nuno Santos, já disse ‘sim’ ao diálogo e ‘não’, para já, à comissão parlamentar de inquérito à Spinumviva, defendida pelo ex-secretário-geral, que abandonou o cargo no sábado, ficando o presidente do partido, Carlos César, como interino até às eleições internas de 27 e 28 de junho.

“O PS deve ser aquilo que sempre foi, um fator de estabilidade e de confiança no futuro. Temos de ter a capacidade de, em sede parlamentar, sermos capazes de assentar compromissos, PS e AD. E o PS deve ser claro na garantia de viabilização do Governo, porque é isso que os cidadãos nos pedem”, sublinhou José Luís Carneiro, antigo ministro da Administração Interna e atual membro da comissão política nacional do PS, em entrevista à CNN Portugal, um dia depois das legislativas de 18 de maio e da hecatombe eleitoral que sofreram os socialistas. Porém, é contra um bloco central, porque “seria prejudicial aos dois partidos subsumirem-se”.

Quanto à comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso Spinumviva, José Luís Carneiro já tinha defendido, em março, em entrevista ao JN/TSF, a sua posição “contrária à continuidade da comissão de inquérito”, já que “competirá às instâncias da Justiça averiguar os termos em que essas inquirições devem ocorrer”, argumentou na altura.

O antigo ministro da Administração Interna defendeu que o assunto deve ser “tratado pela justiça”. “É aquilo que me parece adequado, razoável, sensato à luz daquilo que são as informações que dispomos nesta altura”, voltou a insistir esta terça-feira. Contudo, reconheceu que “o PS não pode abdicar de nenhum dos instrumentos de escrutínio da ação do Governo”. “As comissões de inquérito são um dos instrumentos de escrutínio do Governo”, frisou.

Do lado do Chega, André Ventura tem mostrado um comportamento mais catatónico. Ora quer ser “um farol de estabilidade”, desde que Montenegro não pise três linhas vermelhas, ora um “farol de mudança”, acenando já com um “Governo alternativo”, afirmou na semana passada, no final da primeira reunião em Belém, após as legislativas antecipadas.

André Ventura, presidente do ChegaLusa

Se tudo se confirmar, o Chega será o partido líder de oposição e apresentaremos um Governo alternativo”, destacou Ventura, mostrando-se “confiante que será o segundo partido mais votado” depois da AD, nos círculos Europa e Fora da Europa.

Por outro lado, assegurou que será também um “farol de estabilidade e de mudança” e que não deixará que “o país caia numa nova crise” política, sem indicar, contudo, se viabiliza ou não o Governo da Aliança Democrática (AD) – coligação PSD/CSD. “O país não precisa de mais eleições, o país não quer mais eleições, o país precisa de um rumo e uma ordem. Procuraremos ser um farol de estabilidade, mas não a qualquer custo”, alertou. E traçou três linhas vermelhas que poderão determinar a viabilização ou não do Governo de Luís Montenegro.

“A luta contra corrupção é um pilar fundamental da nossa ação política; o combate a um país de portas abertas e a uma imigração descontrolada é um pilar fundamental; e o combate à subsidiodependência que tem destruído grande parte do tecido social, atribuindo subsídios a quem não precisa deles, permitindo que algumas minorias vivam à conta de subsídios e à custa de quem trabalha são linhas que nos separam dos dois partidos principais do sistema português”, destacou.

Mas o líder do partido de extrema-direita deixou bem claro que se os votos da emigração colocarem o Chega como a segunda força, “o xadrez político” vai mudar e “o Chega assumirá o papel de líder da oposição, que deve escrutinar, fiscalizar e apresentar uma alternativa de Governo”.

“Nos últimos meses, o Governo escolheu governar com o PS, aprovou o Orçamento do Estado com o PS, optou, nas grandes bandeiras, por governar com o PS e o que os eleitores disseram, nestas eleições, é que, sim senhor, este é o primeiro-ministro que temos e que conseguiu reforçar a votação, mas o partido que fez oposição e que procurou mudar o país foi premiado e ascendeu à categoria de líder da oposição e que tem de ter um governo pronto para governar a qualquer momento”, defendeu.

Próximos passos: Governo poderá tomar posse na primeira semana de junho

Com 89 lugares no Parlamento, nem com os nove da IL Luís Montenegro consegue uma maioria absoluta (116 deputados) para poder governar sem depender de negociações com, pelo menos, um dos dois maiores partidos da oposição: PS e Chega. Têm ambos 58 eleitos, sendo que ainda faltam atribuir os quatro mandatos da Europa e Fora da Europa.

Tudo parece apontar para a viabilização do Governo pelo PS de José Luís Carneiro que já garantiu que “tudo fará para contribuir para a estabilidade política”, começando por chumbar a moção de rejeição do PCP ao programa do Executivo. No entanto, ainda não desvendou como irá votar o Orçamento de Estado para 2026.

Estabilidade e governabilidade asseguradas, o Presidente da República espera indigitar Luís Montenegro como primeiro-ministro e convidá-lo a formar Governo, já esta quinta-feira. A primeira sessão plenária da Assembleia da República deverá ocorrer a 3 de junho ou, o mais tardar, no dia 5, segundo ficou decidido na conferência de líder da passada semana.

“A primeira data que equacionamos é o dia 3 de junho [uma terça-feira] e a data mais tardia será o dia 5 [uma quinta-feira]. Quanto à ordem do dia dessa primeira sessão plenária, abrirá, como é habitual, pelas 10h, para efeitos de leitura e votação do projeto de resolução para a constituição da Comissão Eventual de Verificação de Poderes dos Deputados Eleitos”, indicou o porta-voz da conferência de líderes e deputado social-democrata Jorge Paulo Oliveira.

Em princípio, partindo da perspetiva da mesa da Assembleia da República, vão sentar-se da direita para a esquerda Chega, CDS, Iniciativa Liberal e PSD. A partir do centro para a esquerda fica PAN, PS, JPP (Juntos Pelo Povo), Livre, PCP e Bloco de Esquerda. Tal como em anteriores legislaturas, os deputados únicos — nesta legislatura os do PAN, JPP e Bloco de Esquerda — ficam sentados num lugar da segunda fila do hemiciclo e não na primeira.

Nesta primeira sessão, deverão ser eleitos o presidente da Assembleia da República e a restante mesa do Parlamento, constituída por vice-presidentes, secretários e vice-secretários. Espera-se também que seja ainda eleito o Conselho de Administração da Assembleia da República, onde têm assento deputados representantes de todos os grupos parlamentares.

José Pedro Aguiar-Branco, presidente do Parlamento da última legislatura, deverá recandidatar-se. “A minha posição é simples, é uma posição de disponibilidade para poder também voltar a ser o presidente da Assembleia da República”, admitiu na semana passada.

Para ser eleito, o presidente da Assembleia da República, a segunda mais alta figura do Estado a seguir ao Presidente da República, precisa de obter pelo menos 116 votos favoráveis entre os 230 deputados. Recorde-se que, no ano passado, o antigo ministro só conseguiu o lugar à quarta tentativa por um acordo entre AD e PS, uma vez que o Chega acabou por rasgar o entendimento que tinha firmado com PSD e CDS e votou contra a escolha de Aguiar-Branco.

O Executivo deverá tomar posse a 6 de junho, sexta-feira, antes do 10 de junho, Dia de Portugal, tal como deseja Marcelo Rebelo de Sousa. Ou mais tarde, só depois depois do feriado.

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Novobanco tem prospeto para entrada em bolsa em fase avançada na CMVM

Mesmo com uma venda direta em cima da mesa, Lone Star continua a dar passos para uma operação em bolsa. Possibilidade de admissão à cotação é aprovada pelos acionistas na próxima semana.

O interesse do espanhol Caixabank no Novobanco veio reforçar a probabilidade de a Lone Star optar por uma venda direta, mas os preparativos para uma oferta pública na bolsa (IPO, na sigla em inglês) continuam. Ao que o ECO apurou, o banco já submeteu à CMVM o prospeto da operação e a análise está numa fase avançada.

Qualquer operação de venda de títulos aos investidores obriga à aprovação prévia de um prospeto pelo supervisor do mercado de capitais, com informação detalhada sobre a empresa, e a entrega de vários documentos. Normalmente, o processo obriga a várias trocas de informação entre a CMVM e o emitente, neste caso o Novobanco. A avaliação do prospeto está já numa fase avançada, segundo apurou o ECO.

Questionado sobre o processo, o supervisor responde que “a CMVM está sujeita a deveres de sigilo, pelo que não pode pronunciar-se sobre a existência ou não de eventuais procedimentos de aprovação de prospetos em curso” e assinala “que os prospetos aprovados pela CMVM são publicados no Sistema de Difusão de Informação da CMVM quando as entidades emitentes iniciam as respetivas ofertas de instrumentos financeiros”.

Os acionistas do Novobanco — o fundo norte-americano Lone Star, o Fundo de Resolução e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) — vão deliberar na próxima quarta-feira, 4 de junho, a admissão à negociação das ações no mercado regulamentado da Euronext Lisbon. A assembleia geral extraordinária vai ainda aprovar uma “revisão integral dos estatutos”, de forma a cumprir os requisitos para estar cotado.

Existirão, por isso, condições para o Novobanco avançar com um IPO — que poderá envolver entre 25% e 30% do capital do banco — nas próximas semanas, se assim o entender, mas a janela de oportunidade está a fechar-se. A profundidade de mercado para este tipo de operações esmorece a partir de finais de junho e só regressa em setembro. Os planos do banco incluem a opção de só fazer a oferta depois do verão.

Apesar da volatilidade que tem marcado os últimos meses, o setor está em forte alta na bolsa, com o índice Euro Stoxx Banks a valorizar cerca de 38% desde o início do ano, o terceiro consecutivo de ganhos. O banco, que está a ser assessorado pelo Bank of America, o Deutsche Bank e o JPMorgan Chase, tem referido que o timing de um IPO será determinado pelas condições de mercado.

A opção pela dispersão em bolsa seria a mais ‘pacífica’, mas a possibilidade de uma venda direta tem ganho força perante o interesse do Caixabank, que em Portugal já é dono do BPI. O grupo espanhol já contratou o Morgan Stanley e a consultora Deloitte para avaliar a operação.

O Governo já deu nota pública de que não veria a operação com bons olhos. Em entrevista à RTP na semana passada, o ministro das Finanças afirmou que “é do interesse do país que não haja uma excessiva dependência, uma excessiva concentração do nosso setor bancário nas mãos de bancos de um único país como Espanha”. Fontes ouvidas pelo ECO admitem que as declarações podem fazer o grupo espanhol pensar duas vezes, mas não o deverá fazer desistir da operação.

A Caixa Geral de Depósitos também poderá entrar na equação. Ainda que considere que “a eventual questão do Novobanco passa pelo acionista”, ou seja o Estado, o CEO reiterou na última apresentação de resultados que o banco público irá analisar a operação, subscrevendo a visão do Governo de que “não é saudável para Portugal ter 50% da banca em mãos espanholas”. Paulo Macedo alertou, no entanto, para a complexidade da operação, já que, por questões de concorrência, alguns segmentos do negócio do Novobanco teriam de ser separados e vendidos a terceiros.

O tema foi abordado também pelo CEO do BCP na apresentação de resultados. Miguel Maya afirmou que o banco estará disponível para analisar a operação caso seja uma venda direta.

O Banco de Portugal tem mostrado preferência por uma solução que não represente uma concentração do risco. “Para nós é importante que haja concorrência e que idealmente não tenhamos os bancos exatamente iguais uns aos outros e dependentes das mesmas fontes de risco e acionistas”, disse a vice-presidente, Clara Raposo, durante a conferência Banking on Change, organizada pelo ECO a 6 de maio, em Lisboa. Uns meses antes, em fevereiro, o governador Mário Centeno exprimiu a preferência por um IPO: “Vejo uma [operação de ida para a bolsa] como um bom resultado para o funcionamento e competitividade do setor bancário.”

A avaliar a aquisição do Novobanco está também o Groupe BPCE, como o ECO noticiou em abril. O grupo francês é dono do banco de investimento Natixis, que tem em Portugal um centro de serviços partilhados e inovação tecnológica, além de instituições como o Banque Palatine, Caissed’Épargne, Banque Populaire e Le Crédit Coopératif.

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Viana do Castelo vai contrair empréstimo por atrasos nas verbas do PRR

  • Lusa
  • 27 Maio 2025

A autarquia vai pedir um empréstimo bancário, no valor de 2.543.140,35 euros, a 15 anos. Luís Nobre ponta para "dificuldade nas transferências das verbas do PRR".

A Câmara de Viana do Castelo vai contrair um empréstimo bancário de mais de 2,5 milhões de euros por falta de liquidez para vários projetos, situação que o presidente justificou com atrasos nas verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Na apresentação da proposta, aprovada por maioria, Luís Nobre disse que “se não houvesse dificuldade nas transferências das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)” não propunha ao executivo municipal a contratação do empréstimo, que segundo disse, “vai permitir dar resposta a projetos emergentes para o concelho”.

“Não é fácil gerir a faturação do PRR que tem entrado na autarquia. Nesta altura, temos faturação no valor de 9,5 milhões de euros que temos de pagar (…) Se não fossem os atrasos nas transferências do PRR, a condição financeira da autarquia seria extraordinária”, realçou o autarca socialista.

Com aquele montante, a autarquia “pretende adquirir um conjunto de imóveis necessários à execução de vários projetos, como a ampliação do cemitério de Areosa, no valor de 238.566,55 euros, a construção de habitação a preços controlados em Darque, por 690 mil euros, e a ampliação do campo de jogos de Deocriste, por 200 mil euros”.

A compra, por 70 mil euros, de “um terreno para a construção do novo quartel da GNR de Lanheses, a compra da piscina ao centro social de Vila Nova de Anha, no valor de 850 mil euros” são outros projetos a concretizar com o empréstimo bancário aprovado esta terça. A autarquia pretende ainda comprar um imóvel para construção de túnel de ligação entre parque de estacionamento do antigo e do atual mercado municipal, no valor de 252.980 euros, e adquirir um prédio no Largo Vasco da Gama por 241.593,80 euros”.

A oposição levantou dúvidas quanto à pertinência de alguns investimentos como a aquisição da piscina de Vila Nova de Anha, alegando que foi construída com apoio de fundos comunitários. Na resposta, o autarca socialista adiantou que a aquisição da piscina não é ilegal por não haver alteração do fim do equipamento e garantiu que “todas as aquisições previstas são património que fica para o município”.

O vereador do PSD, Paulo Vale, votou contra por não concordar com o modelo de empréstimo bancário. “Para mim, o que faria sentido era abrir uma linha de crédito junto da banca para antecipar as verbas das obras financiadas pelo PRR para desafogar a tesouraria da Câmara. Não tinha problema nenhum de aprovar um empréstimo nesses moldes”, referiu.

A vereadora da CDU, Cláudia Marinho, que se absteve, disse não entender por que razão a maioria socialista “meteu todos estes projetos no mesmo bolo”, considerando que “uns que são mais prioritários do que outros”.

A vereadora do CDS-PP, Ilda Araújo Novo, votou contra, sentido de voto que estaria disposta a alterar “se, porventura, forem retirados os projetos respeitantes à aquisição da piscina, a ampliação do campo de jogos, assim como a aquisição não prioritária do prédio do Largo Vasco da Gama”.

Em nenhum destes casos assumir as respetivas despesas é uma boa gestão dos impostos, do dinheiro dos contribuintes”, afirmou. O vereador independente Eduardo Teixeira que rejeitou a contração do empréstimo acusou a maioria socialista de estar a “hipotecar os próximos mandatos autárquicos”.

A situação financeira da Câmara está a ficar completamente aflitiva. Isto é o que se chama gerir no fio da navalha. Pode dar mau resultado. O senhor presidente pode chegar ao fim do seu mandato com a Câmara falida”, referiu. Na proposta aprovada esta terça, a que a agência Lusa teve acesso, o valor da dívida total da autarquia a 31 de abril último era de 46.346.481 euros. Naquela data o município tinha uma margem disponível para endividamento de 8.384.700 euros.

O empréstimo bancário que a autarquia vai contrair, no valor de 2.543.140,35 euros, tem um prazo de vencimento de 15 anos e um prazo de utilização capital de dois anos.

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Banco de Portugal reduz requisitos de fundos próprios e passivos da CGD

  • Lusa
  • 27 Maio 2025

O banco público indica que os novos requisitos representam "uma redução face aos anteriores atendendo ao progresso efetuado pelo Grupo Caixa na sua prontidão operacional para um cenário de bail-in".

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou esta terça-feira que o Banco de Portugal reduziu os seus requisitos de fundos próprios e de passivos elegíveis, sendo que, a partir de 26 de maio, passam a ser de 25,68%.

De acordo com um comunicado, publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a CGD informou que “foi notificada pelo Banco de Portugal relativamente aos seus requisitos de fundos próprios e de passivos elegíveis (MREL – Minimum Requirement for own funds and Eligible Liabilities) conforme decisão do Conselho Único de Resolução”.

Segundo o banco público, “os requisitos agora aplicados representam uma redução face aos anteriores atendendo ao progresso efetuado pelo Grupo Caixa na sua prontidão operacional para um cenário de bail-in [recapitalização interna] e ao modelo de governo associado”.

Assim, a partir de 26 de maio de 2025, disse a CGD, o requisito de fundos próprios e de passivos elegíveis será equivalente a “22,37% do total de ativos ponderados pelo risco, adicionado de um requisito combinado de reserva de fundos próprios de 3,31%, correspondendo a um requisito total de 25,68% (uma redução de 65 pontos base face ao requisito anterior de 26,33%)” e a “6,30% da exposição total do rácio de alavancagem”.

Segundo a CGD, “os requisitos aplicam-se em base subconsolidada para o perímetro de resolução definido” sendo que à “Caixa não foi determinado o cumprimento do requisito de subordinação mínimo”.

A CGD disse ainda que “o rácio de MREL apurado a 31 de março de 2025 foi de 27,22% do total de ativos ponderados pelo risco e de 10,31% da exposição total do rácio de alavancagem, excedendo o requisito fixado”, sendo que o banco “prevê manter o cumprimento dos requisitos através da combinação de fundos próprios e de passivos elegíveis”.

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