Quase sete em cada dez dos que trabalham a partir de casa têm contrato sem termo
Do milhão de pessoas que trabalharam a partir de casa em Portugal no terceiro trimestre, quase 739 mil tinham o ensino superior completo. Contrato sem termo e tempo inteiro também predominam.
Nos quadros das empresas para as quais trabalham, qualificados e residentes na Grande Lisboa e no norte do país. É assim que se caracterizam os empregados que, no terceiro trimestre do ano, trabalharam a partir de casa (sempre ou apenas alguns dias por semana) em Portugal. Os dados divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que cerca de um quinto da população empregada nacional exerceu as suas funções à distância, entre julho e setembro.
Comecemos pelo retrato global. Das 5,1 milhões de pessoas empregadas em Portugal, cerca de um milhão indicam ter trabalhado a partir de casa no terceiro trimestre. É o equivalente a 19,8% da população empregada, sendo que nem todos exerceram o mesmo regime.
Mais de um terço (377,7 mil pessoas) praticou regularmente um regime híbrido, que concilia o trabalho presencial e em casa, enquanto apenas 15,5% (158,1 mil pessoas) trabalharam à distância pontualmente. Já 25,4% dos que trabalharam a partir de casa (259,4 mil pessoas) fizeram-no sempre.
O regime híbrido tem ganhado terreno há vários meses em Portugal, e os especialistas ouvidos recentemente ouvidos pelo ECO estimam que, no futuro, continuará a ser mais popular que o trabalho 100% remoto, uma vez que permite conciliar a flexibilidade do teletrabalho com as vantagens (nomeadamente, de criação de cultura) do trabalho presencial.
Já quanto à caracterização de quem trabalha a partir de casa, os dados do INE permitem perceber que cerca de 67% têm contratos sem termo. Em causa estão 688,3 mil trabalhadores, que comparam com 77,8 mil contratados a prazo que, no terceiro trimestre, exerceram as suas funções à distância. Há 20 mil que têm outro tipo de contrato de trabalho.
No que diz respeito às qualificações, fica claro a ligação entre as qualificações e o trabalho remoto: do milhão de pessoas que trabalham a partir de casa, 738,5 mil têm o ensino superior. Em contraste, “só” 212,9 mil pessoas com o ensino secundário e pós-secundário e 68,7 mil pessoas com o ensino básico estão nessa situação.
Ensino superior predomina entre trabalho remoto
Fonte: INE
Por outro lado, é de notar que há uma distribuição relativamente equilibrada entre géneros (516,5 mil homens e 503,6 mil mulheres), ao contrário do que acontece entre as regiões do país, verificando-se diferenças relevantes.
Em concreto, na Grande Lisboa, 354,8 mil pessoas trabalharam a partir de casa no terceiro trimestre e no Norte 295,2 mil pessoas, mas nos Açores menos de dez mil pessoas estiveram nessa situação. Esta região autónoma é, aliás, a zona do país com menos trabalho remoto.
Quanto às profissões onde o trabalho à distância é mais popular, os especialistas das atividades intelectuais e científicas dominam, com quase 575 mil destes profissionais trabalharam a partir de casa.
Na situação oposta (ainda que sem surpresa) estão os operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem (5,3 mil pessoas), bem como os agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e da pesca (5,3 mil pessoas). Estas são as profissões que registam menos trabalho remoto, a par dos trabalhadores não qualificados (5,7 mil pessoas).
O Governo sinalizou que irá revisitar a lei laboral e as regras do teletrabalho deverão ser um dos assuntos em cima da mesa, de acordo com a ministra do Trabalho. Maria do Rosário Palma Ramalho não revelou o que poderá ser alterado, mas os advogados têm alertado que persistem dúvidas na forma como os empregadores devem calcular e pagar aos seus trabalhadores as despesas relacionadas com o teletrabalho.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.