Lucros dos bancos privados crescem 11% para 2,5 mil milhões mesmo com juros a descerem
BCP, Santander Totta, BPI e Novobanco lucraram 2,5 mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. O motor da margem financeira continuou bem oleada, mas já começou a emperrar.
Os bancos já estão a sentir o impacto da descida das taxas de juro, que será mais intenso nos próximos trimestres. Mas, para já, continuam com os resultados em forte alta: os quatro maiores privados em Portugal viram os lucros crescerem quase 11% para 2,5 mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.
A margem financeira – que corresponde à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos – continuou a puxar pelos resultados de BCP, Santander Totta, BPI e Novobanco, tendo subido 7% para 4,1 mil milhões de euros entre janeiro e setembro.
No caso do BCP, contudo, registou uma descida de 8,6% da margem do negócio doméstico – decréscimo que foi compensado pelas operações lá fora, nomeadamente na Polónia.
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Desde há um ano que as taxas de mercado estão em queda perante o aliviar da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que chegou verão passado. Os banqueiros afirmam por isso que a margem vai continuar a comprimir daqui para a frente. “Vamos continuar a assistir a uma redução da margem e a única resposta possível é aumentar o volume de negócios e operações que fazemos com os clientes. Não há espaço para aumento das comissões”, referiu esta quinta-feira o CEO do BPI.
No que toca às comissões, as receitas dos quatro maiores bancos privados atingiram os 1,26 mil milhões de euros, subindo 5,27% em comparação com o mesmo período do ano passado.
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Para compensar a redução da margem os bancos contam não só fazer mais negócio, como tirar partido de estruturas de custo menos onerosas.
O rácio cost to income destes quatro bancos situou-se entre 24% (Santander) e 37% (Novobanco) e estão entre os mais eficientes na Europa em relação aos proveitos que conseguem gerar. Os custos operacionais subiram mais de 6% para 2,1 mil milhões.
Em relação ao crédito, a carteira de BCP, Santander, BPI e Novobanco cresceu mais de 2% para 145,6 mil milhões de euros no mercado português. O Santander notou que a descida dos juros travou as amortizações antecipadas nos empréstimos da casa, o que ajudou a manter o stock.
Já os depósitos subiram 5% para perto de 150 mil milhões de euros. Mas também aqui, por conta da redução das taxas, os bancos estão a assistir ao desvio de poupanças para recursos de fora do balanço, como fundos de investimento e seguros de capitalização.
Dos cinco maiores bancos em Portugal falta apenas a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o banco público, prestar contas relativas aos primeiros nove meses do ano.
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