CEO da americana Cloudflare diz que Portugal “não é um país sério” e ameaça cortar investimento
Líder da Cloudflare ameaça cortar investimento no país devido às dificuldades burocráticas não resolvidas. Em outubro, a gigante americana tinha anunciado mais 500 empregos no país.
Portugal não é um “país sério”, tendo as condições para o investimento piorado nos últimos seis anos de presença da Cloudflare em Portugal. “Todas as promessa que o Governo fez para reduzir a burocracia, tornando mais fácil a operar como negócio para tentar contratar, foram quebradas”, acusa Matthew Prince, CEO da gigante norte-americana, numa publicação na X (antigo Twitter).
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“Portugal tem piorado de forma significativa desde que começamos a investir no país. Se esta tendência continua, deixaremos de investir. E se o estamos a considerar fazer como empresa tecnológica, seriam loucos em fazê-lo sem fortes garantias do Governo”, escreveu na rede social.
“Prometeram-nos muito para contratar muitas pessoas em Portugal. Contratámos muita gente e o Governo português não cumpriu com nenhuma das suas promessas”, acusou ainda o gestor, classificando o processo como um “#clownshow” [circo].
Colômbia, Chile, e talvez agora a Argentina. Todos países mais sérios do que Portugal.
As condições para investir têm piorado em vários aspetos, mas “sobretudo [na] imigração”, bem como no que toca aos vistos e ao que diz ser uma burocracia “sufocante”. “Estou sobretudo cansado de me dizerem que as coisas vão melhorar se investirmos mais, para apenas as tendências continuarem a piorar”, acrescentou.
E na comparação com outros mercados emergentes do continente americano, Portugal também não sai bem na fotografia. “Colômbia, Chile, e talvez agora a Argentina. Todos países mais sérios do que Portugal”, disse o gestor. Em resposta a outro comentário, face ao Médio Oriente, assinalou igualmente que “Portugal promete mais e entrega muito, muito menos”.
Em outubro do ano passado, a Cloudflare mudou-se para novos escritórios em Lisboa e anunciou a intenção de contratar, nos próximos quatro anos, entre 400 a 500 pessoas. Um projeto que, a concretizar-se, faria com que o hub da empresa em Portugal atingisse as 800 pessoas, a mesma dimensão da delegação em Austin, nos EUA.
As queixas do CEO da Cloudflare sobre as dificuldades de contratação de profissionais fora do país, assim como sobre as longas filas no aeroporto não são de agora. Já em 2018, aquando da visita a Portugal para analisar a abertura de escritório no país, recorreu à rede social para dar conta do seu descontentamento.
“[Aterrei] em Lisboa para investigar a hipótese de abrir um escritório da Cloudflare aqui. A fila de duas horas para passar a imigração não causa uma boa primeira impressão”, escreveu o empreendedor norte-americano, numa mensagem acompanhada por uma fotografia de uma longa fila no Aeroporto Humberto Delgado.
Já em 2021, um outro episódio envolvendo a Cloudflare criou um irritante nas relações entre Portugal e os EUA. O afastamento da multinacional americana dos Censos, depois da intervenção da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), criou um grande desconforto na diplomacia americana, com a encarregada de negócios a admitir nessa altura consequências no comércio entre os dois países.
(Notícia atualizada pela última vez às 12h45)
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