Empresas do PSI receberam 6% dos benefícios fiscais distribuídos pelo Estado em 2023

Estado concedeu 188 milhões de euros no ano passado em benefícios fiscais às empresas que constituem o PSI. IRC concentra mais de metade deste montante.

As empresas que constituem o principal índice bolsista português, o PSI, receberam quase 188 milhões de euros em benefícios fiscais no ano passado, o correspondente a cerca de 6% do total atribuído neste âmbito pelo Estado a empresas privadas e entidades públicas, de acordo com uma análise do ECO aos dados da Autoridade Tributária e Aduaneira. Em termos nominais, o Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC) representa o maior montante, mas o Imposto de Selo (IS) o maior peso face ao total.

Em 2023, o Estado concedeu 3,1 mil milhões de euros em benefícios fiscais a um total de 85.815 entidades, que inclui não só entidades privadas, como públicas. A partir deste universo, o ECO agregou os dados das empresas-mãe e subsidiárias, para agrupar a informação por grupos económicos, conforme o perímetro de consolidação indicado nos respetivos relatórios e contas do ano passado.

A análise conclui que dos quase 188 milhões de euros que os grupos empresariais do PSI obtiveram em benefícios fiscais, cerca de 56% correspondeu a uma benesse fiscal em sede de IRC, isto é, cerca de 105 milhões de euros, o valor nominal mais elevado entre os vários impostos. Face ao bolo total dos benefícios concedidos pelo Estado, as “borlas” em IRC aos grupos da praça lisboeta correspondeu a cerca de 6%.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Os benefícios referentes ao Imposto de Selo (IS) deste grupo concentra, todavia, o maior peso face montante total dos benefícios atribuídos em 2023: 24,6%, o correspondente a quase 289 milhões de euros. Em menor escala, seguem-se o Imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas (IABA) — cerca de 6% — e o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) — cerca de 3%.

Em termos de montantes, o grupo EDP (que inclui EDP Renováveis e restantes subsidiárias) lidera, com cerca de 49 milhões de euros, isto é, cerca de 26% da total concedido pelo Estado aos grupos que constituem o PSI, com quase metade a pertencer ao IS.

Seguem-se o grupo Sonae, com quase 27 milhões de euros, o grupo Galp, com quase 21 milhões de euros, e o BCP, com cerca de 20 milhões de euros, o correspondente a cerca de 14%, 11% e 11% do total, respetivamente. Se no primeiro caso o IS concentra a maioria dos benefícios concedidos, no segundo caso o montante mais elevado pertence ao ISP e no terceiro caso ao IRC.

No top 5 dos grupos do PSI com o valor mais elevado encontra-se ainda a REN, com cerca de 17 milhões de euros em benefícios concedidos, a maioria em sede de IRC. Grupo Jerónimo Martins (cerca de 17 milhões de euros), grupo Semapa (mais de 15 milhões de euros) e NOS (quase 15 milhões de euros) seguem-se na lista.

Com um valor inferior incluem-se os CTT, a Altri e a Mota-Engil, com um peso de 2,5%, 2% e 1%, respetivamente, enquanto os benefícios da Corticeira Amorim corresponderam a 0,87% do total, da Ibersol a 0,15% e da Greenvolt a 0,01%.

Os benefícios fiscais são instrumentos de política económica e social utilizados pelo Estado para incentivar comportamentos específicos ou setores considerados estratégicos para o desenvolvimento do país. No caso das empresas, estes benefícios podem servir para atrair investimento, promover a inovação, fomentar a criação de emprego ou estimular setores específicos da economia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 29 Outubro 2024

As audições, em sede do OE2025, continuam hoje com a ministra do Trabalho. O Ministério das Finanças volta a reunir-se com os sindicatos da Função Pública. Já os CTT apresentam os resultados.

No mesmo dia da audição da ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, sobre Orçamento de Estado para 2025 (OE2025), o Ministério das Finanças reúne com os três sindicatos da Função Pública e o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Eurostat divulgam dados estatísticos. No setor empresarial, os CTT vão apresentar resultados financeiros e a Exponor recebe o II Congresso Portugal Empresarial.

Audição da ministra do Trabalho sobre OE2025

O debate sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) continua com a audição da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho à 15h00 nas Comissões de Orçamento, Finanças e Administração Pública e de Trabalho, Segurança Social e Inclusão. A proposta será votada na generalidade na quinta-feira, tendo a aprovação garantida devido à abstenção do PS.

Ministério das Finanças reúne com sindicatos da Função Pública

O Ministério das Finanças reúne com os três sindicatos da Administração Pública – Frente Sindical, Frente Comum e FESAP – para dar continuidade ao processo negocial que está em curso. O Governo propôs um aumento salarial anual para 2025 e 2026 de 55,26 euros ou um mínimo de 2,1% e para 2027 e 2028, um mínimo de 2,2%, 57,89 euros, “o que significa, no final dos próximos quatro anos da legislatura, um aumento mínimo de 226,31 euros”, assinalou o Executivo.

CTT apresentam resultados financeiros

Os CTT vão apresentar os resultados financeiros dos primeiros nove meses de 2024 após o fecho da bolsa. Segundo os últimos resultados divulgados, a empresa lucrou 19,8 milhões de euros no primeiro semestre, uma queda de 24%, ou seja, 6,2 milhões de euros, face ao mesmo período em 2023. Por detrás do pior resultado estão os Certificados de Aforro via CTT que atingiram máximos históricos na primeira metade de 2023, num ambiente de taxas de juro elevadas, feito difícil de replicar este ano. Lá fora, a Lufthansa vai apresentar os resultados do terceiro trimestre.

INE e Eurostat divulgam vários dados estatísticos

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar uma estimativa rápida do comércio internacional relativa ao 3.º trimestre e o índice de volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas no comércio de setembro. Lá fora, o órgão estatístico europeu vai lançar dados estatísticos do segundo trimestre das contas das famílias e das sociedades não financeiras. O Eurostat divulga ainda dois relatórios: “Lacunas no mercado de trabalho – Desalinhamento entre oferta e procura de emprego” e a “Taxa de emprego, por região”, ambos referentes a 2023.

II Congresso Portugal Empresarial

A Exponor, Matosinhos, será palco para o II Congresso Portugal Empresarial, organizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), sob o tema “Escalar as empresas, fazer crescer o país”. Na lista de oradores contam nomes como Pedro Reis, ministro da Economia, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Álvaro Santos Pereira, economista-chefe da OCDE, assim como gestores e empresários, António Redondo (The Navigator Company) Isabel Gonçalves Furtado (TMG Automotive), Filipe de Botton (Logoplaste), António Portela (BIAL), Isabel Vaz (Luz Saúde), Isabel Barros (Sonae MC).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Stellantis é a campeã dos benefícios fiscais há três anos consecutivos. Só em 2023 foram 94 milhões de euros

A liderança que ocupa no setor automóvel nacional, que é espelhada numa quota de mercado de 26% em 2023, permite à Stellantis recolher anualmente milhões de benefícios fiscais, sobretudo em ISV.

No ano passado, o Estado atribuiu mais de 3,1 mil milhões de euros em benefícios fiscais a empresas e outras entidades com estatuto de pessoas coletivas. Segundo os dados da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), foi um aumento de 9% face aos 2,9 mil milhões concedidos em benefícios fiscais no ano anterior.

Entre as 85.815 entidades que obtiveram benefícios fiscais em 2023 associadas aos vários impostos especiais sobre o consumo, IVA, IMT, IRC, Imposto de Selo, IUC, IMI e ISV, destacam-se as do setor automóvel. No top 20 de maiores beneficiários empresariais, 11 entidades pertencem a este setor. E o campeão dos benefícios fiscais é a Stellantis Portugal.

A construtora automóvel, que é liderada a nível mundial pelo português Carlos Tavares desde janeiro de 2021 e que a partir de Mangualde produz alguns dos modelos da Citroën, Fiat, Opel e Peugeot, arrecadou quase 75 milhões de euros em benefícios fiscais no ano passado.

A quase totalidade desta fatura fiscal alcançada pela Stellantis Portugal foi gerada por benefícios fiscais associados ao Imposto Sobre Veículos (ISV), graças à liderança que a empresa detém do mercado automóvel nacional, que se refletiu numa quota de mercado de 26% em 2023 com quase 60 mil viaturas vendidas. Destaque para o mercado dos veículos eletrificados, com 11.972 viaturas vendidas o ano passado, que lhe garantiu uma quota de mercado de 18%.

Mas os benefícios fiscais alcançados pela Stellantis não se ficam por aqui. Ao bolo “ganho” pela Stellantis Portugal somam-se mais 19,5 milhões de euros de benefícios fiscais contabilizados pela FCA Portugal (anteriormente conhecida como Fiat Group Automobiles Portugal), que é detida a 100% pela Stellantis Europe, com sede em Itália. Desta forma, a receita total de benefícios fiscais da Stellantis superaram os 94 milhões de euros no ano passado.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

O impacto da Stellantis na lista de benefícios fiscais do Estado é particularmente visível ao nível do ISV: dos 349 milhões de euros concedidos em 2023 aos 3.679 contribuintes que contaram com este benefício, 26% deste montante foi concedido ao grupo que juntou as marcas dos grupos Fiat/Chrysler e Peugeot/Citroën e que atualmente atravessa um período conturbado com a pressão dos construtores chineses na Europa.

Contabilizando apenas os benefícios fiscais em sede de ISV concedido pelo Estado em 2023 à Stellantis (Stellantis Portugal e FCA Portugal) verifica-se que chegam a ser superiores ao que as três entidades seguintes (Renault, Salvador Caetano e Mercebes-Benz) receberam no ano passado. Mas não só. Entre 2021 e 2023, a Stellantis obteve mais de 225 milhões de euros em benefícios fiscais em Portugal, sendo destacadamente a entidade que mais “recebeu” neste período.

Segundo os resultados financeiros mais recentes da empresa, a Stellantis Portugal faturou cerca de 1,1 mil milhões de euros em 2023, mais 30% do que no ano anterior, e alcançou lucros de quase 20 milhões, mais do dobro face aos 8,6 milhões faturados em 2022. No final de 2023, a empresa empregava 154 funcionários, menos 22,6% do que em 2021.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5ª Conferência ECOseguros é já amanhã

  • ECO Seguros
  • 29 Outubro 2024

Uma nova vaga de inscrições abriu e ainda é possível participar na Conferência ECOseguros que já esta quarta-feira tem lugar no CCB, em Lisboa.

A 5ª Conferência ECOseguros com o tema geral “Os seguros como parceiros do crescimento económico e da proteção social” tem lugar amanhã, quarta-feira, em Lisboa, no Centro Cultural de Belém.

As inscrições estiveram e ainda estão concorridas, mas foram criadas novas oportunidades para participantes tardios. Com o suporte das empresas que nos apoiam, também estas novas vagas serão gratuitas para o público profissional e pode ser confirmada aqui. Pode inscrever-se aqui.

A abertura dá-se pelas 9h15m e, 15 minutos depois, Carla Sá Pereira, Partner, Insurance, Consulting Financial Service EY, fará uma intervenção abrangendo as perspetivas económicas e para os seguros do ano 2025. A EY, consultora de topo no setor segurador e parceira do ECOseguros desde o nosso início em 2019, tem acompanhado a evolução do universo em que se movem as companhias com capacidade de prever o futuro em cada uma das quatro conferências anuais que já realizámos.

Assim, a 5ª Conferência volta a ser um momento único para ouvir as grandes tendências e entender as melhores práticas em toda a cadeia de valor do setor segurador. Da distribuição, corretores e mediadores, aos fundamentais aspetos tecnológicos e como estar a par das suas novas utilidades e, claro, receber inputs das seguradoras de todas as dimensões e vocações que operam em Portugal.

Daí que, com o suporte das empresas que nos apoiam, a presença do público profissional ser gratuita e pode ser confirmada aqui.

“O que podem fazer as seguradoras para ajudar a mediação a minorar gaps de proteção” será o segundo painel com moderação de Filipe Charters de Azevedo, CEO da Safe-Crop e tendo como oradores já confirmados João Barbosa, Chief Marketing Officer RandTech Computing, Ricardo Azevedo, Diretor Técnico Innovarisk e José Miguel Costa, especialista em Seguros do Eurobic Abanca.

De seguida, Ana Pina, Head of Digital Health do Grupo Future Healthcare – Future Healthcare Virtual Clinic vai partilhar as suas reflexões sobre “Transformar riscos em oportunidades: O valor no seguimento anual em saúde digital”.

Depois de um coffee break, será a vez das corretoras de seguros colocarem em perspetiva 2025 sublinhando “A valorização da consultoria em ambiente de riscos cada vez mais complexos”. Vão participar no painel Mário Vinhas, COO da MDS Portugal, Miguel Costa Duarte, presidente do Conselho de Administração da Costa Duarte – Corretor de Seguros e Paula Serra, Diretora Comercial da Universalis/Acrisure.

A sessão da manhã será concluída com o tema “Como se poderá ir para além dos seguros obrigatórios”, envolvendo a abordagem ao setor das seguradoras Não Vida, contando com as presenças de João Miguel Gomes, Insurance Senior Manager da NTT DATA Portugal, de Luis Malcato, Executive Board Member da Azuaga Seguros e de Pablo Alonso, Diretor-Geral na consultora Alvarez & Marsal.

Para assegurar a sua presença, inscreva-se aqui.

A sessão da tarde terá início às 15h com a abordagem aos “Seguros de vida: Longevidade, sustentabilidade e oportunidades”. Serão participantes Gonçalo Castro Pereira, Vice-presidente da Gamalife, Marta Graça Ferreira, Presidente da Real Vida, Isabel Castelo Branco, CEO BPI Vida e Pensões e Luiz Ferraz, CEO da Prévoir Vie.

Logo após este painel o tema será “A integração de Sistemas como Enabler da Mediação de Seguros”, desenvolvido por Leandro Fernandes, CEO da lluni.

João Veiga, Fundador e CEO da Elysian Consulting, será moderador ativo no debate “Tecnologia: Impacto da inteligência artificial na cadeia de valor do setor segurador” que contará com as participações de João Araújo, Diretor de Plataformas e Canais Digitais NacionalGest, de João Pedro Borges, Presidente do Conselho de Administração Executivo da CA Seguros, de José Lino Ferreira, Marketing & Commercial Operations da MPM e de Pedro Mata, Administrador da Caravela.

Pelas 16h45 terá início o painel “Seguros de saúde: Como compensar o custo do sucesso” que vai contar com a presença de Rui Leão Martinho, Chairman da novíssima operadora Mútua Portuguesa de Seguros, de Filipe Martins, recém-nomeado administrador da Multicare, de Ricardo Raminhos, administrador executivo da Mgen e de Teresa Xavier, Head of Corporate Business Portugal – Grupo Future Healthcare.

Logo após e ainda no campo da saúde, será abordado “O futuro dos seguros de saúde: Transformação digital focada no cliente e na eficiência”. Será um momento de inovação partilhado por André Piolty Esteves, Insurance Director da NTT DATA Portugal.

Pelas 17h45 vai decorrer o painel “Riscos e investimentos: Quais as estratégias de médio prazo para as seguradoras europeias” com a participação de José Galamba de Oliveira, Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), Luis Menezes, CEO do Grupo Ageas Portugal, João Barata, Chief Insurance Officer da Generali Tranquilidade e Maria João Sales Luís, Administradora da Fidelidade.

A 5ª Conferência será encerrada com uma intervenção do Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, João Silva Lopes.

Empresas que apoiam a Conferência

A 5ª Conferência ECOseguros é possível devido ao apoio recebido de importantes protagonistas do setor segurador, permitindo o acesso gratuito aos profissionais inscritos, o que é possível aqui. As companhias de seguros apoiantes são a Ageas Seguros, Allianz, Azuaga, BPI Vida e Pensões, Caravela, CA Seguros, Fidelidade, GamaLife, Generali Tranquilidade, Mgen, Mútua Saúde, Prévoir e Real Vida.

Entre as corretoras e mediadoras de seguros que apoiam a 5ª Conferência estão a Innovarisk Seguros, MDS, NacionalGest e Universalis/Acrisure.

Entre as tecnológicas estão Cleva, lluni, MPM e RandTech Computing.

Entre protagonistas especiais na área dos seguros estão Broseta – Advogados, EY, Future HealthCare e NTT Data.

Inscreva-se para participar aqui.

Mantenha-se informado no site dedicado à 5ª Conferência ECOseguros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Falta de professores deverá agravar-se a partir de 2026

Se nada for feito, faltarão professores com habilitação a praticamente todas as disciplinas em 2031, prevê 'think tank' EDULOG, num novo estudo. David Justino apela a profissão mais atrativa.

A escassez de professores que Portugal enfrenta deverá agravar-se já a partir de 2026, ano em que o país ficará em risco de esgotar as reservas que servem para cobrir as ausências temporárias e as vagas deixadas abertas por docentes que passam à reforma. A previsão é do think tank EDULOG, que, num novo estudo, indica também que faltarão professores com habilitação a praticamente todas as disciplinas em 2031, se nada for feito.

“O EDULOG desenvolveu estimativas das necessidades de professores a curto prazo e concluiu que, no pressuposto de que as condições atuais não se alteram, Portugal terá falta de professores com habilitação profissional a praticamente todas as disciplinas em 2031“, lê-se no estudo “Reservas de professores sob a lupa: antevisão de professores necessários e disponíveis”, divulgado esta terça-feira.

Os professores com habilitação são aqueles que têm formação específica para exercer essa profissão. Dada a falta de professores nalguns grupos de recrutamento, as escolas portuguesas já têm recorrido a professores sem habilitação (isto é, licenciados noutras áreas e sem o mestrado para exercerem a docência). E o problema deverá agravar-se nos próximos anos, se nada for feito.

Segundo o estudo agora conhecido, em 2026 alguns grupos de recrutamento entrarão mesmo em défice estrutural, sendo que em 2031 estarão “praticamente todos nesta circunstância, à exceção dos professores de Educação Física“.

Em 2026, alguns grupos de recrutamento entrarão em défice estrutural, sendo que em 2031 estarão praticamente todos nesta circunstância.

EDULOG

Um outro dado relevante tem que ver com o impacto das ausências no total de professores disponíveis. “Em 2021, a falta de professores que já se fazia sentir decorria da dificuldade de substituir ausências permanentes dos professores, ausências por licença ou por baixa médica. Em 2031, este problema ganhará escala e será assinalável quer pelas falhas estruturais — resultado de um aceleramento do número de reformas por idade — quer por incapacidade quase total de fazer substituições ao longo do ano“, prevê o EDULOG.

Em concreto, o think tank estima que em 2031 faltarão 8.700 docentes para preencher lugares permanentes e 15.700 professores para substituir colegas ausentes de modo temporário.

Esse cenário é “essencialmente sentido no terceiro ciclo do ensino básico e no ensino secundário, praticamente em todas as disciplinas“. Em resultado, o número de dias sem aulas por falta de professores irá “subir exponencialmente”, é estimado.

Escasseiam professores abaixo dos 40 anos

Se não forem tomadas medidas, as reservas de professores disponíveis “irão secar” até ao final da década, considerando, por um lado, “o baixo número de professores em formação” e, por outro, o número crescente de reformas, identifica o think tank.

O envelhecimento desta profissão tem sido motivo de alerta, há vários anos, e o novo estudo agora conhecido mostra que a maioria dos professores que estão disponíveis hoje para ingressar na profissão tem entre 40 anos e 50 anos, estando as faixas etárias abaixo dos 40 anos “quase vazias”. “Confirma a ausência de formação de novos professores nos últimos 15 anos“, salientam os especialistas do EDULOG.

As classes etárias abaixo dos 40 anos são classes quase vazias, confirmando a ausência de formação de novos professores nos últimos 15 anos.

EDULOG

Os grupos de recrutamento do terceiro ciclo do ensino básico e do ensino secundário com as pirâmides etárias mais frágeis são Economia, Geografia, Informática, Matemática, Biologia e Geologia, e Física e Química, observa o estudo. E revela que os professores disponíveis para lecionar pré-escolar, primeiro ciclo do ensino básico e Educação Física são os únicos que apresentam estruturas etárias equilibradas.

Por outro lado, o think tank mostra que há assimetrias geográficas relevantes. Hoje, o número de professores ainda é suficiente de modo global face às necessidades, mas as regiões a Sul do Tejo já ficam com vagas por preencher.

Também é no sul do país que a dificuldade em substituir professores temporariamente ausentes “é muito acentuada”. “A substituição de professores de Geografia e Informática a sul do Tejo é praticamente impossível“, avisam os especialistas.

“É melhor começar já para que cenário não se concretize”

Perante o cenário traçado, o estudo do EDULOG avança com um conjunto de recomendações, que passam por aumentar o número de vagas nos cursos de formação de professores, nomeadamente em áreas consideradas críticas como história, matemática e informática.

Em declarações ao ECO, David Justino, membro do conselho consultivo do referido think tank, explica que as vagas para formação de docentes têm sido preenchidas, mas, neste momento, “são estreitas”, isto é, estão aquém do necessário, a pensar no futuro. “O número de futuros professores inscritos nos mestrados conducentes ao ensino no terceiro ciclo do ensino básico e ensino secundário permanece muito baixo face às prováveis necessidades”, confirma o próprio estudo.

“Foi criada uma imagem de precariedade laboral da profissão, o que levou a que os que poderiam ser candidatos a professores tivessem fugido para outros cursos“, argumenta o especialista. “A única forma de atenuar este efeito é dignificar a profissão e melhorar as condições, não só de acesso à carreira, mas também de progressão”, acrescenta, sublinhando que “ninguém está para andar com a mala às costas durante 15 ou 20 anos“.

Ninguém está para andar com a mala às costas durante 15 ou 20 anos. Há que trabalhar estas dimensões de forma a tornar a carreira docente mais atrativa.

David Justino

Membro do conselho consultivo do EDULOG

Ainda assim, David Justino alerta que, mesmo que se abram mais vagas agora, o efeito prática demorará o tempo da formação. Por isso, “é melhor começar já para que os cenários não se concretizem“, defende, referindo-se às projeções do estudo “Reservas de professores sob a lupa: antevisão de professores necessários e disponíveis”.

Quanto à resolução das necessidades que já se fazem sentir, o especialista frisa que uma “gestão eficiente” dos professores disponíveis é a chave, sendo que, neste momento, o país pode ter “oferta de educação a mais nalgumas situações“. David Justino não dá mais detalhes sobre esse ponto, remetendo-os para uma análise que será publicada no próximo ano pelo EDULOG.

Já em relação às medidas que têm sido tomadas pelo atual Governo, o mencionado membro do conselho consultivo atira que tem a “sensação que são para acudir de imediato à situação, sendo o seu efeito estrutural ainda reduzido“. “Se queremos resolver o problema, temos de tomar outras medidas”, apela.

O estudo agora conhecido recomenda, por exemplo, a criação de uma estratégia nacional para a gestão das reservas de recrutamento dos professores, “que considere as especificidades regionais e a necessidade de flexibilidade nas substituições temporárias”.

“Para isso, é fundamental que as autoridades educativas desenvolvam um plano estratégico, de longo prazo, que antecipe as necessidades futuras e implementem ações preventivas de monitorização contínua das reservas de professores, adaptando as políticas educativas conforme as mudanças demográficas e sociais, essenciais para se evitar um potencial colapso no sistema educativo em Portugal”, aconselham os especialistas do EDULOG.

Este think tank enquadra-se na Fundação Belmiro de Azevedo e cujo objetivo é, nomeadamente, “contribuir para a construção de um sistema de educação de referência” e a informação das políticas públicas “para a inovação e mudança na Educação“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

RTP terá financiamento após combater “gorduras” e ganhar eficiência

  • Lusa
  • 28 Outubro 2024

"A RTP terá o financiamento que for necessário para cumprir o serviço público de media" que o ministro dos Assuntos Parlamentar diz acreditar "ser o importante para o país".

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, garantiu esta segunda-feira no Porto que a RTP terá o financiamento necessário para cumprir o serviço público assim que eliminar as gorduras, desperdícios e ganhar eficiência. Em declarações após ter participado na conversa “Jornalismo: Que Liberdade e Que Futuro?”, que decorreu no Coliseu do Porto, o governante esclareceu algumas das ideias abordadas pelo painel de convidados que integrou.

Uma das medidas que estamos a propor é terminar com a publicidade comercial na RTP, precisamente para lhes dar uma vantagem competitiva. Ora isso não pode significar um enfraquecimento (…) nomeadamente do ponto de vista financeiro e é por isso que temos no Orçamento de Estado para 2025 um aumento de capital previsto de mais de 14 milhões para a RTP”, começou por dizer Pedro Duarte.

E prosseguiu: “Nós vamos provocar mudanças dentro da RTP no sentido de se ganhar eficiência e de combater gorduras e desperdícios. A partir do momento que isso seja feito, nós, evidentemente, não iremos permitir que a RTP perca relevância, perca impacto por razões financeiras. Isso não acontecerá”.

Consumada esta premissa, sublinhou o ministro, “a RTP terá o financiamento que for necessário para cumprir o serviço público de media” que o Governo diz acreditar “ser o importante para o país”.

Enfatizando que o “Governo não vai gerir a RTP”, Pedro Duarte sublinhou que o que tem sido dito pelo Governo “é sustentado por aquilo que tem sido dado pelos órgãos dirigentes, pelo conselho de administração da RTP, que já identificou, que já fez propostas muito objetivas quanto a alguns desses desperdícios, ineficiências que a RTP tem e alguns até já são públicos”.

Neste contexto, o plano de 250 saídas de trabalhadores da RTP para a entrada de 125, assegurou Pedro Duarte, é da responsabilidade da “administração da RTP”.

“Sobre as pessoas, o que nos é afirmado é que o quadro de pessoal é demasiado caro e inibe outro tipo de investimentos, designadamente tecnológicos e afins e desajustado das necessidades atuais”, acrescentou.

Relativamente à perda da receita de publicidade “há muitas formas de o compensar, no OE para 2025 está prevista uma verba que mais do que duplica a perda de receita, pelo que o que vai haver é o reforço de receita da RTP”, insistiu o ministro.

Ainda segundo Pedro Duarte, para os portugueses “a RTP tem sido cada vez mais cara, a cada ano que passa se paga mais para a RTP e há cada vez menor audiência e tem-se cada vez menos impacto na sociedade portuguesa”, atribuindo-o, também ao “contexto” que se vive a nível mundial.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Saiba como os seguros Ucranianos sobreviveram à guerra

  • ECO Seguros
  • 28 Outubro 2024

A invasão russa da Ucrânia levou à quebra de receitas, adaptação regulatória e aumento da procura por coberturas específicas. Muitas companhias pararam atividade, mas o setor dá muitos sinais de vida.

Desde o início da guerra em fevereiro de 2022, o mercado de seguros ucraniano tem vindo a sofrer um impacto profundo, marcado por quedas bruscas e adaptações rápidas. A invasão russa e a anexação de territórios ucranianos trouxe incertezas e desafios económicos para o setor, afetando drasticamente as receitas e mudando as exigências de cobertura, segundo o CEO da Associação Nacional de Seguradores da Ucrânia, Denis Yastreb, publicada pela Insurance Europe.

Denis Yastreb, CEO da Associação Nacional de Seguradores da Ucrânia, traça a transformação do setor segurador ucraniano face à guerra no seu território.

Nos primeiros meses da guerra, o setor de seguros registou uma queda histórica de 52% nos prémios em março de 2022, comparado ao mesmo mês de 2021. A incerteza e o medo limitaram as atividades empresariais, reduzindo o volume de seguros contratados. Nesse período, o setor também se focou na “segurança seus empregados e das suas famílias, da mudança de instalações, do armazenamento de dados e dos recursos materiais e técnicos”, afirmou Denis Yastreb.

Entretanto, a partir de maio de 2022, o setor começou a mostrar sinais de recuperação, com um crescimento de 12,4% nos prémios até 2023, impulsionado, em parte, pela inflação.

Com o conflito, a Ucrânia impôs restrições cambiais que dificultaram as seguradoras de realizar pagamentos a resseguradoras estrangeiras em 2022, tendo os prémios pagos a essas empresas caído 38%. Graças à cooperação das resseguradoras, as operações de resseguro foram parcialmente mantidas.

Em 2023, a flexibilização cambial permitiu uma retomada gradual dos pagamentos externos, com aumento de 16% nas operações de resseguro durante os primeiros nove meses do ano.

Segundo os dados mais recentes, a percentagem de prémios de resseguro para parceiros estrangeiros aumentaram 6,3 % nos primeiros seis meses de 2024 em comparação com o mesmo período no ano passado.

Adaptação do setor à situação de guerra

Desde março de 2022, o Banco Nacional da Ucrânia (NBU) implementou medidas de flexibilização regulatória para permitir que seguradoras se adaptassem rapidamente à situação de guerra. A experiência prévia em processos remotos, adquirida durante a pandemia da COVID-19, facilitou essa transição, e permitiu a retomada gradual do setor. Nos primeiros seis meses de 2024, houve um aumento de 3,6% em prémios brutos emitidos, refletindo um cenário de lenta recuperação económica. Após a adaptação inicial, o NBU começou a reverter a flexibilização regulatória, exigindo maior transparência e solvência das seguradoras.

Mudanças na procura

O cenário de ataques intensificados aumentou a procura por seguros específicos que cobrem riscos de guerra, incluindo danos causados por mísseis, drones e explosões. Em 2022, produtos com cobertura para vida, saúde, habitação e veículos foram lançados, atendendo tanto a pessoas físicas como a empresas de pequena e média dimensão. Contudo, as coberturas têm limites territoriais e valores restritos, especialmente em áreas de alto conflito.

A emigração em massa de ucranianos aumentou a procura por seguros Green Card, que cobrem responsabilidade civil para veículos fora do país. Em 2022, o volume de prémios para esse tipo de seguro cresceu 124,7%, alcançando 102 milhões de euros, mas o número de apólices começou a diminuir em 2023 à medida que menos cidadãos renovaram o seguro.

A guerra também provocou uma reestruturação no mercado, levando à saída de diversas seguradoras. Em julho de 2024, o número de empresas no setor cedeu de 155 para 90 desde o final de 2021, refletindo a pressão intensa sobre o setor, mas também a adaptação das seguradoras que continuam operando, demonstrando resiliência em meio às adversidades.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EIOPA propõe requisitos de capital total para criptoativos detidos por seguradoras

  • ECO Seguros
  • 28 Outubro 2024

Embora atualmente o investimento das seguradoras em criptoativos seja insignificante, a volatilidade e os riscos associados a esses ativos justificam prudência, diz o supervisor europeu dos seguros.

A Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Ocupacionais (EIOPA) sugere no conselho técnico preliminar referente aos requisitos de capital de criptomoedas que as seguradoras tenham reservas de capital iguais ao valor total dos criptoativos que possuem.

Esta foi a resposta ao pedido da Comissão Europeia para rever a regulamentação de criptoativos no setor segurador.

A EIOPA destaca que, embora atualmente o investimento das seguradoras em criptoativos seja insignificante (cerca de 0,0068% do total de investimentos), a volatilidade e os riscos associados a esses ativos justificam uma abordagem de prudência. O objetivo é proteger o setor de seguros e os segurados de potenciais perdas severas, incentivando uma política de gestão de riscos mais conservadora.

Não obstante a rigidez da proposta, o organismo regulador reconhece que, à medida que o mercado amadureça, poder-se-á considerar um tratamento regulatório diferenciado para determinados tipos de criptoativos, como tokens referenciados a ativos (que mantêm o seu valor estável ao ser suportado por ativos, como moedas ou matéria-prima, como ouro ou prata) e tokens de moeda eletrónica (atrelados ao valor de uma moeda fiduciária específica, destinados a funcionar como dinheiro digital para pagamentos).

A EIOPA lançou uma consulta pública sobre essa proposta, aberta até 16 de janeiro de 2025, para coletar feedback das partes interessadas antes de definir a regulamentação final.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Parlamento israelita aprova lei que proíbe atividade da UNRWA no país

  • Lusa
  • 28 Outubro 2024

A votação foi aprovada por 92 votos a favor e 10 contra após um debate aceso. Decisão assinala um novo retrocesso nas relações entre Israel e a UNRWA.

Os deputados israelitas aprovaram esta segunda-feira uma lei que poderá ameaçar o trabalho da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), que presta ajuda à população de Gaza, impedindo-a de operar em solo israelita. O projeto de lei proíbe a UNRWA de realizar “qualquer atividade” ou de prestar qualquer serviço dentro de Israel.

A legislação, que não entrará em vigor imediatamente, arrisca-se a colapsar o frágil processo de distribuição de assistência em Gaza, numa altura em que a crise humanitária no enclave se está a agravar e em que Israel se encontra sob crescente pressão dos Estados Unidos (EUA) para reforçar a ajuda aos palestinianos.

A votação foi aprovada por 92-10 após um debate aceso entre os defensores da lei e os seus opositores, na sua maioria membros de partidos parlamentares árabes. Um segundo projeto de lei que corta os laços diplomáticos com a UNRWA também será votado. Em conjunto, estes projetos de lei assinalam um novo retrocesso nas relações entre Israel e a UNRWA, acusada por Israel de estabelecer laços estreitos com os militantes grupo islamita Hamas.

Os projetos de lei põem em risco o fluxo de ajuda humanitária para Gaza, que enfrenta uma escassez generalizada de alimentos, água e medicamentos e onde mais de 1,9 milhões de palestinianos se encontram deslocados das suas casas. Israel tem sido muito crítico em relação à agência da ONU e as suas relações têm-se vindo a deteriorar desde o início da guerra em Gaza entre Israel e o Hamas, a 07 de outubro de 2023, com o Governo israelita a acusar alguns funcionários da UNRWA de terem estado envolvidos no ataque do movimento islamita palestiniano no sul de Israel.

O governo israelita também afirmou que centenas dos milhares de funcionários da agência têm ligações a militantes e que encontrou equipamento militar pertencente ao Hamas perto ou debaixo das instalações da UNRWA. A agência negou prestar conscientemente ajuda a grupos armados e afirmou atuar rapidamente para expulsar quaisquer suspeitos de serem militantes.

Os projetos de lei, que não incluem disposições para que organizações alternativas supervisionem o seu trabalho, foram fortemente criticados por grupos de ajuda internacional e por aliados ocidentais de Israel, como os Estados Unidos e o Reino Unido. Também a União Europeia manifestou “grande preocupação”.

A UNRWA, criada pela Assembleia Geral da ONU em 1949, é responsável pela gestão de centros de saúde e escolas em Gaza e na Cisjordânia ocupada por Israel e é considerada a “espinha dorsal” da ajuda internacional a Gaza, que se encontra numa situação de catástrofe humanitária.

Os projetos de lei entrarão em vigor 60 a 90 dias após o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel ter notificado a ONU, de acordo com o porta-voz do deputado Dan Illouz, um dos copatrocinadores de um dos projetos de lei. “Se for aprovado e implementado, será um desastre”, afirmou Juliette Touma, diretora de comunicação da agência. “A UNRWA é a maior organização humanitária em Gaza. Quem é que pode fazer o seu trabalho?”, questionou.

O conflito em Gaza foi desencadeado em 7 de outubro de 2023 com um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, que matou mais de 1.200 pessoas, sobretudo civis, e outras cerca de 250 foram levadas como reféns. Israel retaliou com uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 43 mil mortos, também maioritariamente civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo grupo palestiniano.

O número crescente de mortos surge numa altura em que Israel reorienta a sua ofensiva para o norte da Faixa de Gaza, duramente atingido, incluindo hospital Kamal Adwan onde, segundo os militares israelitas, os militantes atuavam. O exército israelita apelou aos palestinianos para que evacuassem o norte da Faixa de Gaza, onde tem estado a levar a cabo uma grande ofensiva há mais de três semanas.

A ONU afirmou no início deste mês que pelo menos 400 mil pessoas se encontram no norte de Gaza, uma zona que foi um dos primeiros alvos da guerra de retaliação de Israel.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Arguidos do caso EDP ainda não foram notificados. Souberam da acusação pela comunicação social

Os arguidos ainda não foram notificados do despacho, tendo tido apenas conhecimento do comunicado do gabinete de Amadeu Guerra, divulgado pela comunicação social.

António Mexia e João Manso Neto foram esta segunda-feira acusados pelo Ministério Público (MP) de terem corrompido Manuel Pinho, ex-ministro socialista da Economia, para obter 840 milhões de euros de benefícios para a EDP, segundo explica o comunicado enviado pela Procuradoria-Geral da República esta segunda-feira. O MP pediu ainda a perda de bens dos arguidos e de duas empresas do Grupo EDP (EDP, SA e EDP Gestão de Produção de Energia, SA) no valor desses mesmos 840 milhões de euros a favor do Estado. A acusação marca um ponto final num inquérito aberto em 2012 relacionado com os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) por parte da EDP.

Porém, os arguidos ainda não foram notificados do despacho, tendo tido conhecimento apenas do comunicado do gabinete de Amadeu Guerra, divulgado pela comunicação social. Da parte da defesa de António Mexia e de João Manso Neto, contactados pelo ECO, os advogados Rui Costa Pereira, Inês Almeida e Costa e João Medeiros confirmam que não foram notificados e que só tomarão uma posição sobre a acusação “depois de sermos notificados da mesma”.

“Não recebemos ainda qualquer acusação, só tivemos nota do comunicado do MP para a comunicação social e de algumas notícias, que chegaram primeiro. E, quando recebermos, teremos de ler e analisar. Tomaremos oportunamente decisões sobre o modo como entendemos melhor exercer a defesa no processo”, disseram ao ECO os advogados de João Conceição, Rui Patrício e Tiago Geraldo, da Morais Leitão.

“De qualquer forma, qualquer acusação neste processo não será surpresa, e está há muito anunciada, acontecesse o que acontecesse no processo e tivesse este e uma acusação nele as fragilidades e as impossibilidades factuais, lógicas e jurídicas que tivesse. Era só uma questão de saber a data, pelos visto foi agora. Ou seja, a notícia, sendo aparentemente nova, é velha. Não haverá seguramente do nosso lado muito a acrescentar, em termos de factos, ao que foi explicado e clarificado pelo nosso constituinte desde sempre, nomeadamente desde o seu primeiro interrogatório, aliás por si requerido. E também não haverá muito a juntar ao catálogo das muitas inconsistências de várias naturezas (e não apenas jurídicas) que ao longo dos anos tivemos oportunidade de identificar no processo, e que serão esgrimidas no momento e do modo que nos parecerem melhores, e apreciadas correspondentemente”.

João Conceição, administrador executivo da REN e ex-assessor do ministro Manuel Pinho, com o seu advogado, Rui Patrício.Paula Nunes / ECO

À agência Lusa, Manuel Pinho começou por declinar comentários por, até ao momento, o seu advogado não ter sido notificado da acusação. “Todo o processo [de definição dos CMEC e extensão do domínio hídrico relativo a barragens] foi oficialmente escrutinado pela Comissão Europeia e (…) não precisei nem preciso da ajuda de ninguém para ensinar em sete universidades estrangeiras, três das quais das 20 melhores do mundo”, acabou por acrescentar o antigo governante, sublinhando que o processo foi também “alvo de uma investigação aprofundada” pelas instâncias europeias.

De acordo com a acusação, os factos ocorreram entre 2006 e 2014 e, em síntese, relacionam-se com a transição dos Contratos de Aquisição de Energia (CAE) para os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), designadamente com a sobrevalorização dos valores dos CMEC, bem como com a entrega das barragens de Alqueva e Pedrógão à Eletricidade de Portugal (EDP) sem concurso público e ainda com o pagamento pela EDP da ida de um ex-ministro para a Universidade de Columbia dar aulas.

“Ainda segundo a acusação, um dos arguidos, à data ministro da Economia, apoiou a nomeação de outro arguido como presidente executivo da EDP e favoreceu indevidamente essa empresa, mediante contrapartidas. Ao acordo, que para o efeito ambos fizeram, vieram a aderir os restantes arguidos, que o concretizaram também mediante contrapartidas”, diz o mesmo comunicado.

“Ao acordo, que para o efeito ambos fizeram, vieram a aderir os restantes arguidos, que o concretizaram também mediante contrapartidas”, conclui a acusação. Quanto a alguns dos factos pelos quais era investigado Miguel Barreto, ex-diretor-geral da Energia – relacionados com o negócio da “Home Energy” –, foram arquivados, por falta de provas, acrescenta o Ministério Público.

Quais os crimes imputados a cada arguido?

  • António Mexia — Ex-presidente executivo da EDP: um crime corrupção ativa para ato ilícito de titular de cargo político.
  • João Manso Neto — Ex-presidente da EDP Renováveis e ex-administrador da EDP: um crime corrupção ativa para ato ilícito de titular de cargo político.
  • Manuel Pinho — Ex-ministro da Economia do Governo socialista de José Sócrates: um crime corrupção passiva para ato ilícito de titular de cargo político.
  • João Conceição — Ex-assessor do ministro Manuel Pinho no Ministério da Economia: um crime corrupção passiva para ato ilícito de titular de cargo político.
  • Miguel Barreto — Ex-diretor-geral da Energia: um crime corrupção passiva para ato ilícito de titular de cargo político.
  • Rui Cartaxo — Ex-assessor de Manuel Pinho no Ministério da Economia: um crime corrupção passiva para ato ilícito de titular de cargo político.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal com 3.624 óbitos em excesso no período coincidente com epidemia de gripe

  • Lusa
  • 28 Outubro 2024

"Durante a época de gripe 2023/2024, o número de óbitos por todas as causas em Portugal esteve acima do esperado durante um período", adianta o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.

Portugal registou um total de 3.624 mortes em excesso em relação ao esperado no final de 2023 e início de 2024, período que coincidiu com a epidemia de gripe, adiantou esta segunda-feira o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

“Durante a época de gripe 2023/2024, o número de óbitos por todas as causas em Portugal esteve acima do esperado durante um período. Este período decorreu entre as semanas 51/2023 e 03/2024, que foi coincidente com a epidemia de gripe”, refere o relatório do Programa Nacional de Vigilância da Gripe e de Outros Vírus Respiratórios (PNVG) divulgado esta segunda-feira.

Este programa permite acompanhar a circulação dos vírus, descrever a atividade da gripe e detetar e identificar os vírus influenza, SARS-CoV-2, Vírus Sincicial Respiratório (RSV), entre outros em circulação no país, e inclui as áreas da vigilância clínica e laboratorial. “Relativamente ao período identificado, potencialmente associados à epidemia de gripe, por serem temporalmente coincidentes, estimámos um total de 3.624 óbitos em excesso em relação ao esperado, o que corresponde a um excesso de 34 óbitos por 100.000 habitantes”, refere o documento.

O INSA avança ainda que o excesso de mortalidade neste período atingiu o seu valor máximo na primeira semana de 2024. A análise dos dados concluiu ainda que o excesso de óbitos foi observado, de forma significativa, em todas as regiões do continente, bem como em ambos os sexos, sendo mais elevado no feminino (35/100.000 habitantes).

“Por último, observou-se um aumento do excesso de óbitos com a idade, em particular no grupo etário com mais de 85 anos (444/100.000 habitantes)”, adianta também o relatório, ao avançar que, durante o período de excesso de mortalidade, ocorreram dois eventos que “podem explicar este aumento do risco de morrer”.

“Especificamente, a epidemia de gripe sazonal, cujo período epidémico decorreu entre as semanas 47/2023 e 04/2024, com um pico em redor da semana 52/2023, e temperaturas baixas no final do ano de 2023″, explica o INSA, ao adiantar que o estudo da mortalidade atribuível a cada um dos fatores de risco encontra-se em desenvolvimento, pelo que os seus resultados serão posteriormente divulgados.

De acordo com o instituto, a análise virológica demonstrou que os vírus da gripe circulantes eram na sua maioria semelhantes aos vírus que integraram a vacina utilizada na época 2023/2024. O relatório indica também que foi observado um aumento da proporção de casos de covid-19 com a idade, tendo o maior número de casos ocorrido no grupo etário dos 30 aos 64 anos.

A caracterização genética dos vírus SARS-CoV-2, detetados nas redes sentinela do PNVG, mostrou a diversidade e a circulação das linhagens do vírus que provoca a doença covid-19, refere o documento. Os vírus SARS-CoV-2 identificados pertenciam na sua maioria à linhagem BA.2.86, da variante Ómicron, e foram também identificados vírus pertencentes à linhagem recombinante XBB.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

AD à frente do PS em nova sondagem

  • ECO
  • 28 Outubro 2024

Quatro pontos separam a AD do PS na sondagem da Universidade Católica para o Público, RTP e Antena 1. Os socialistas perdem quatro pontos e o Chega sobe quatro.

A Alternativa Democrática (AD) surge à frente, com 33% das intenções de voto, contra os 29% do Partido Socialista (PS), na última sondagem, divulgada esta segunda-feira pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica (Cesop) para o Público, RTP e Antena 1. Se as eleições fossem hoje, a AD teria o melhor resultado desde fevereiro e os socialistas perderiam quatro pontos, mas apesar da coligação no Governo estar na dianteira, a diferença com o PS ainda cai na margem de erro e num cenário possível de empate.

Na última sondagem do Cesop, a AD apontava para 31% e o PS 33%. O Chega ganhou quatro pontos, para 18%, os liberais perderam um ponto, para 6%, e os restantes partidos estabilizaram: Bloco de Esquerda (4%), CDU (3%), Livre (3%) e PAN (2%).

O inquérito teve lugar entre os dias 17 e 23 de outubro, já depois de ser conhecida a decisão do PS de se abster na votação do Orçamento do Estado para 2025. Para a sondagem foram contactadas 5.399 pessoas e consideradas válidas 1.025 respostas, dos quais 45% mulheres.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.