A proposta de facilitar uma porta de entrada para os advogados aderirem ao RETA não avança no Congresso

  • Servimedia
  • 29 Novembro 2024

As propostas não obtiveram apoio suficiente no Congresso dos Deputados, o que, segundo algumas fontes do setor, prejudica as mútuas de seguros.

Segundo as mesmas, estas propostas foram chumbadas no Congresso dos Deputados “para aprovar a implementação da chamada passerelle ao Regime Especial dos Trabalhadores Independentes (RETA), em condições que podem acabar por afetar todas as mutualidades, todos os profissionais que até agora têm o benefício da alternatividade e as gerações futuras que podem perder este direito de escolher contribuir para a sua mutualidade”.

Através das redes sociais, muitos profissionais apelam ao fim da liberdade de escolha dos membros das mútuas em relação à alternatividade, para que possam continuar a contribuir para as suas mútuas de seguros e, assim, ter os direitos que os protegem para receberem as suas pensões de reforma.

Consideram que, perante esta situação, a defesa da liberdade de escolha dos profissionais entre as suas mútuas de seguros e o RETA da Segurança Social está a ganhar força e sustentam que muitos advogados, arquitetos, médicos, engenheiros, gestores administrativos, entre outros grupos profissionais, defendem que o sistema alternativo historicamente disponibilizado pelas suas mútuas de seguros permite “de forma mais flexível todas as coberturas necessárias a um trabalhador independente, tais como reforma, invalidez permanente, morte, incapacidade temporária, maternidade e paternidade, acolhimento permanente e risco de gravidez. Para estas coberturas exigidas no âmbito da segurança social, os profissionais reconhecem que as suas mútuas de seguros oferecem condições mais flexíveis e adaptáveis às necessidades de cada indivíduo, destacando-se, entre outras, a possibilidade de escolher a forma de receber a reforma (rendimento, capital, etc.) ou de designar beneficiários para a morte, bem como de reforçar diferentes prestações, consoante o tempo de vida”.

Perante a possibilidade de, em 2027, se acabar com a possibilidade de escolher a mutualidade alternativa em vez do RETA, estas fontes exigem sobretudo “que se mantenha a liberdade de escolha e que não se prejudique o futuro dos novos mutualistas e os seus direitos”.

Os deputados referem ainda que a chamada “passerelle” pode “prejudicar o sistema público, na medida em que exigem que o montante das suas contribuições não seja tido em conta para o cálculo da sua pensão, mas apenas os anos em que efetuaram as suas contribuições, afastando-se assim das exigências que a Segurança Social impõe aos seus contribuintes”.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 29 Novembro 2024

No mesmo dia em que decorre a votação final global do OE2025, arranca a desmaterialização dos certificados de aforro. Destaque para a transmissão da liderança do Conselho Europeu a António Costa.

Esta sexta-feira fica marcada pela votação final global do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e pelo início do processo de desmaterialização dos certificados de aforro. Destaque ainda para a divulgação de indicadores por parte do INE. Já lá fora, o Eurostat publica mais dados económicos. Destaque ainda para a passagem de testemunho do cargo entre o presidente cessante do Conselho Europeu, Charles Michel, e o novo líder António Costa.

Desmaterialização dos certificados de aforro

O processo de desmaterialização dos certificados de aforro arranca esta sexta-feira com o objetivo de “modernizar e simplificar a gestão” destes títulos de dívida pública. Os aforristas têm cinco anos para os converter em formato digital, segundo avançou o Ministério das Finanças. Os procedimentos a seguir serão divulgados até 27 de fevereiro de 2025 pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).

Votação final do OE2025

A votação final global do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) tem lugar esta sexta-feira, na Assembleia da República. Nesta quinta-feira foi aprovada a proposta do PS: as pensões até cerca de 1.500 euros vão ter um aumento extraordinário em janeiro do próximo ano. Teve luz verde à revelia do PSD e do Governo que preferiam dar um novo suplemento aos reformados.

INE revela estimativa da inflação de novembro

O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela uma estimativa rápida da inflação de novembro, assim como dados sobre o desemprego, as contas nacionais trimestrais relativas ao 3.º trimestre deste ano e a atividade turística de outubro. Igualmente o gabinete estatístico europeu Eurostat apresenta dados económicos a propósito das contas regionais económicas da agricultura, do transporte ferroviário de mercadorias e de passageiros. Também divulga uma estimativa rápida da inflação em novembro, além de indicadores sobre as pessoas que encomendam bens ou serviços através da Internet para uso privado (2023), a inovação nas empresas da União Europeia (2022) e veículos em fim de vida e gestão de resíduos.

Fim da consulta pública garantia do Estado ao crédito à habitação a jovens

Termina esta sexta-feira a consulta pública do projeto de aviso da garantia pessoal do Estado para viabilização de crédito à habitação a jovens até 35 anos pelo Banco de Portugal (BdP). O objetivo é assegurar que a garantia pública não ameaça a solvabilidade dos clientes nem a estabilidade da banca. A garantia pública deverá estar operacional no final deste ano e será válida para contratos assinados até 31 de dezembro de 2026.

Transmissão do cargo de liderança do Conselho Europeu

Destaque ainda nesta sexta-feira para a transmissão de cargo entre o presidente cessante do Conselho Europeu, Charles Michel, e o novo líder António Costa. O ex-primeiro-ministro português inicia funções a 1 de dezembro e promete trabalhar pela “unidade entre todos” os líderes da União Europeia quando assumir os comandos da instituição, defendendo que não se “perca tempo” com conclusões escritas.

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Fundação “la Caixa” lança em Portugal uma plataforma especializada em cultura e ciência

  • Servimedia
  • 29 Novembro 2024

O CaixaForum+, a plataforma gratuita dedicada à divulgação cultural e científica da Fundação “la Caixa”, já está disponível em Portugal e oferece mais de 500 conteúdos exclusivos em português.

Esta iniciativa tem como objetivo democratizar o acesso ao conhecimento e alargar as fronteiras da cultura e da ciência, tornando-se uma referência na Península Ibérica.

Desde o seu lançamento em Espanha, no final de 2022, o CaixaForum+ tem-se destacado pela diversidade temática e pela rigorosa seleção de conteúdos. Em Portugal, a plataforma dispõe de um catálogo em português, com legendas incluídas, com quase 800 horas de conteúdos que abrangem temas como arte, música, cinema, literatura, história, arquitetura, ciências físicas e biológicas.

Os conteúdos estão organizados em nove categorias e apresentam diferentes formatos, como documentários, séries, concertos, óperas, curtas-metragens e entrevistas. Os conteúdos vão desde micro-documentários de dois minutos a séries de várias horas. Esta variedade destina-se a agradar tanto a especialistas como a curiosos em busca de uma melhor compreensão do mundo que os rodeia.

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Bastonária dos advogados quer eleições antecipadas. E a classe concorda?

Várias foram as vozes que se manifestaram contra esta manobra política da atual bastonária. A Ordem dos Advogados vai a votos até 31 de março.

A bastonária da Ordem dos Advogados anunciou esta quarta -feira a convocação de eleições antecipadas para todos os órgãos da instituição, incluindo o que lidera, o Conselho Geral (CG). Um comunicado – divulgado em formato de vídeo, inicialmente – que deixou a classe surpreendida, numa manobra política que poucos anteciparam.

As razões? O novo Estatuto dos advogados, em vigor desde abril deste ano e que obriga a criação de dois novos órgãos na estrutura da Ordem dos Advogados. Ou a convocação de eleições antecipadas. À data, Fernanda de Almeida Pinheiro decidiu dar posse ao dito Conselho de Supervisão. Mas, dois meses depois dessa tomada de posse, a líder dos advogados volta atrás e decide convocar eleições antes do previsto, alterando toda uma tradição relativamente aos atos eleitorais, previsivelmente marcados em novembro e com tomada de posse em janeiro seguinte.

“Este novo estatuto dos advogados impunha a criação de novos órgãos e naturalmente esses dois órgãos tinha um regime transitório da norma previa duas opções: podíamos designar o órgão ou convocar eleições antecipadas até 31 de março de 2025”, diz a bastonária. A OA optou, à data, designar e dar posse ao Conselho de Supervisão e ao Provedor do Beneficiário dos Serviços.

E o que pensa a classe?

João Massano, líder do Conselho Regional de Lisboa da OA defende que “não existe qualquer razão que justifique, neste momento, a convocação de eleições antecipadas. A razão invocada pela Bastonária da OA, que tem a ver com a tomada de posse do Conselho de Supervisão, não é válida. Esta justificação não é válida, até porque já vem muito fora de tempo. O Conselho de Supervisão já tomou posse, mostrando que o Conselho Geral da OA não tinha intenção de convocar eleições. Neste momento, este órgão encontra-se em plenas funções”, diz o advogado. “A razão que está por detrás desta decisão é uma clara tentativa por parte da Bastonária de eliminar concorrência na futura eleição para a Ordem dos Advogados. A proximidade do momento eleitoral anunciado com as festas de Natal e fim-de-ano pelo meio, eliminará grande parte dos potenciais adversários. Esta atitude da Senhora Bastonária não é séria e vai contra a tradição e valores a que nos habituámos na nossa profissão”, concluiu.

Advocatus Summit Porto - 22SET20
João Massano, presidente do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos AdvogadosHugo Amaral/ECO

 

“A bastonária percebeu várias coisas: que não aguentaria a contestação interna e que, se não convocasse eleições, perderia rapidamente a base de apoio. De registar que um mandato interrompido não conta. Em abstrato, poderá apresentar-se mais duas vezes a eleições. Ficou à vista de todos que o protesto que organizou não teve impacto”, explicou a advogada Ana Rita Duarte Campos, sócia da Abreu e que pertenceu à estrutura da OS no mandato de Guilherme de Figueiredo. “Se se preocupasse com a estabilidade da Ordem, teria convocado eleições para todos os órgãos no período transitório. Está a fazer isto agora porque quer ir a eleições enquanto a sua base de apoio se mantiver (que é a advocacia do apoio judiciário), antes que percebam que não conseguiu, nem nesse capítulo, nada de digno para a classe. É uma jogada reativa, mas muito inteligente politicamente”.

ana rita duarte campos, advogada e sócia Abreu & Associados
Ana Rita Duarte de Campos, Sócia Contratada da Abreu AdvogadosD.R.

“A bastonária da Ordem dos Advogados Portugueses foi eleita no final de 2022 com promessas claras: combater o novo quadro regulatório da advocacia, dignificar o papel dos Advogados na sociedade e no âmbito do Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais (SADT) e melhorar os apoios sociais. Dois anos depois, o que resta dessas promessas? Zero”, defende José Costa Pinto, ex-dirigente da ANJAP.A Ordem dos Advogados capitulou perante o novo quadro regulatório. A nomeação de um Conselho de Supervisão, assinada pela própria bastonária, é prova disso. Onde prometeu firmeza, ofereceu rendição. No que toca a dignificar o papel dos advogados na sociedade e no âmbito do SADT, a advocacia foi forçada a aceitar esmolas. O protocolo no âmbito da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) é um insulto: remunerações irrisórias por trabalho essencial. É a marca de uma advocacia empobrecida e desvalorizada”, acrescenta o advogado. “Quanto aos apoios sociais, reina a inação e a crispação. A incapacidade de negociar com a CPAS perpetua uma situação insustentável, que será ainda agravada em 2025 pelo aumento das contribuições. Prometeu-se tudo, não se conseguiu nada. Sem obra, estratégia ou resultados, a Senhora Bastonária anuncia eleições antecipadas através de um truque de secretaria próprio de outros associativismos. Estou certo de que os advogados não cedem a manobras eleitorais marcadas pela tática, nem esquecem a pobreza deste mandato. Os advogados saberão aproveitar as circunstâncias mais hostis para construir um novo rumo. É tempo de voltar a prestigiar e credibilizar a nossa Ordem. É o momento de unir a Advocacia. Não há tempo a perder”, concluiu.

José Costa Pinto, sócio fundador da Costa Pinto AdvogadosHugo Amaral/ECO

“Dois anos depois, a Ordem dos Advogados voltará a ir a votos. Em condições normais iria em novembro, mas irá antes de março. Sabemos agora, 3 meses antes, com o Natal e as férias judiciais pelo meio. Eu soube-o de queixo caído, através de um daqueles vídeos em que a Senhora Bastonária nos fala como se nos estivesse a ralhar”, escreveu Paulo Valério, anterior candidato ao ato eleitoral de dezembro de 2022.

“As últimas alterações ao Estatuto da Ordem dos Advogados vieram criar novos órgãos e, segundo a Bastonária, restavam-lhe duas alternativas: designar esses órgãos até ao final do mandato em curso; ou convocar eleições antecipadas. Há uns meses, designou os novos órgãos ( num ato de discutível legalidade), criando em todos a convicção de que as eleições seriam no tempo devido. Agora, antecipou as eleições, passando – não há outra forma de o dizer – uma rasteira a quem se lhe queira opor. O comportamento da Senhora Bastonária é, portanto, semelhante ao daquelas pessoas que, nos pequenos-almoços de hotel, não sabem escolher de entre as opções disponíveis e fazem uma pilha no prato, como se o mundo fosse acabar amanhã. A Senhora Bastonária, com um movimento tático próprio de uma democracia selvagem – um golpe de secretaria -, pode, agora, carimbar o passaporte (que aliás tem usado bastante) para mais três anos. O que, aliás, já seria provável acontecer – embora a esmagadora maioria dos advogados repudie a transformação da OA num sindicato dos advogados oficiosos, essa maioria não vota”, concluiu.

Paulo Valério, advogado.

O que diz a bastonária?

“Como é de conhecimento público, o novo Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei n.º 6/2024, de 19 de janeiro, trouxe mudanças estruturais profundas, incluindo a criação de novos órgãos e a necessidade de adaptação regulamentar. Perante o curto prazo imposto para a implementação do novo Estatuto, o Conselho Geral deliberou designar o Conselho de Supervisão, para cumprir a obrigação legal de criação deste órgão. Esta deliberação foi tomada no enquadramento da norma transitória do Estatuto, não só com o objetivo de permitir que os mandatos em curso chegassem tranquilamente ao fim, como também de evitar a entrada imediata de membros externos para outros órgãos, de acordo com a nova composição estatutariamente prevista”, explica a bastonária, em comunicado.

“Porém, tal decisão gerou alguma divisão na nossa classe, com críticas públicas àquela designação (incluindo de titulares de órgãos da Ordem), apresentação de recursos daquela deliberação e ameaças públicas de ações judiciais. A Ordem dos Advogados não pode viver refém de controvérsias internas, litígios judiciais ou debates infindáveis sobre a regularidade de atos administrativos. O cenário atual não só cria desconfiança e insegurança quanto aos atos praticados pelo Conselho de Supervisão, como compromete a capacidade da Ordem de se focar nos verdadeiros desafios da advocacia”, acrescenta.

O artigo 5.º, n.º 5, das disposições transitórias da Lei n.º 6/2024 permite à Ordem optar, no prazo de um ano, por antecipar o calendário eleitoral. Esta possibilidade visa assegurar a designação simultânea de todos os órgãos. Perante este contexto, o Conselho Geral deliberou convocar eleições antecipadas (a realizar em data a anunciar posteriormente), “por entender ser atualmente a única solução possível para clarificar e estabilizar a nossa Ordem”, disse a líder dos advogados.

A líder dos cerca de 37 mil advogados anunciou que se vai recandidatar nessas mesmas eleições, que terão de ser realizadas até o dia 31 de março de 2025. Segundo os estatutos, as eleições não poderiam ser apenas para os novos órgãos mas também para os restantes de toda a estrutura da OA, eleitos em janeiro de 2023.

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Costa assume presidência do Conselho Europeu com desafio de unir os 27

Passagem de testemunho entre Charles Michel e António Costa decorre esta sexta-feira em Bruxelas, numa altura em que dentro e fora das fronteiras europeias inicia-se um novo ciclo político.

EPA/OLIVIER MATTHYS

Charles Michel e António Costa estarão esta sexta-feira em Bruxelas para a passagem de testemunho na presidência do Conselho Europeu. A mudança de poderes entre o belga e o português acontece dias depois de a nova Comissão ter sido votada no Parlamento, estando agora as três principais instituições europeias em condições de iniciar o novo ciclo político, dentro e fora de fronteiras europeias.

O mandato do ex-primeiro-ministro — conhecido entre os parceiros europeus como o “mestre do consenso” — não será fácil, mas o caminho tem sido trilhado desde 1 de setembro, com uma pequena equipa de transição que inclui seis portugueses. Nessa altura, Costa visitou cada um dos Estados-membros, incluindo Portugal, para moldar a estratégia dos próximos dois anos e meio à frente da principal instituição onde têm assento os 27 Estados-membros.

António Costa vai ter um desafio que é gerir 27 sensibilidades políticas distintas, no momento em que a Europa está dividida, com dificuldades e, encontrar consensos.

Paulo Sande

Especialista em Assuntos Europeus

“Vai ser muito difícil”, prevê Paulo Sande, especialista em assuntos europeus e ex-conselheiro do Presidente da República, em declarações ao ECO. “António Costa vai ter um desafio que é gerir 27 sensibilidades políticas distintas, no momento em que a Europa está dividida, com dificuldades e, encontrar consenso“, sobretudo numa altura em que o bloco europeu precisa “cada vez mais de estar unido”, aponta o especialista em assuntos europeus. “A habilidade de Costa vai ser testada ao limite“, define.

As dificuldades serão sentidas dentro e fora de fronteiras. Por um lado, assistiu-se a uma viragem à direita, sobretudo mais radical e conservadora, nas eleições europeias, resultando agora num Parlamento Europeu mais fragmentado — uma realidade que reflete a tendência europeia e que testa a estabilidade política de “dois pilares europeus”: França e Alemanha.

Aos olhos de Paulo Sande, o cenário de “ingovernabilidade” nestes dois Estados-membros fragiliza o poder de decisão do bloco europeu, mas acarreta consequência adicionais para o Conselho Europeu que se arrisca a ficar com um socialista a menos na mesa redonda dos 27 chefes de Estado e de Governo — isto caso seja retirada a confiança a Olaf Scholz em dezembro e perca as eleições para os cristão-democratas em fevereiro.

“São fatores de risco, sobretudo com a [Alemanha] a viver uma situação económica desafiante”, refere o especialista em assuntos europeus, notando ainda que “Dificilmente não terá impacto na Europa.”

Riscos externos com que Costa terá de lidar

Por outro, Donald Trump prepara-se para regressar à Casa Branca após ter ameaçado a União Europeia com uma guerra comercial e numa altura em que as tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia sobem de tom. Embora António Costa tenha desvalorizado as ameaças numa entrevista ao Financial Times, Sande não se deixa convencer.

“A entrevista foi no tom dele. As coisas resolvem-se falando. Mas julgo que no caso de Trump não sejam assim”, alerta, sublinhando que “Trump não tem uma visão consolatória” e “de busca de consensos”, à semelhança de António Costa.

“Dificilmente é consolidável com a diplomacia europeia que se baseia muito nos compromissos e trade offs”, diz ainda. “Não vai ser fácil e basta saber ainda que importância Trump vai-lhe atribuir”, atira, fazendo referência ao seu antecessor e à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Nos últimos cinco anos, Charles Michel e Ursula von der Leyen tiveram sucessivos embates políticos, sobretudo em contexto internacional. “Um dos problemas de von der Leyen, no último mandato, foi que sempre que quis estar à frente da política internacional foi muito criticada por extravasar competências“, diz o especialista em assuntos europeus, recordando as críticas de “excesso de poder” feitas à presidente da Comissão Europeia. “Os Estados são representados no Conselho Europeu“, frisou.

António Costa é conhecido como alguém capaz de forjar compromissos, mas a tarefa será difícil e Ursula von der Leyen desempenhará um papel importante.

Almut Möller

Politóloga no European Policy Institute

O peso de von de Leyen nas relações internas e externas e o eventual conflito com o próximo presidente do Conselho Europeu também é destacado por Almut Möller, politóloga no European Policy Institute. “António Costa é conhecido como alguém capaz de forjar compromissos, mas a tarefa será difícil e Ursula von der Leyen desempenhará um papel importante“, diz.

No entanto, a politóloga rejeita que haja conflitos, uma vez que ambos já se conhecem há vários anos e “compreendem a importância de uma liderança unificada da UE neste momento crítico para a União”.

“A meu ver, a relação de trabalho [entre os dois] será definida em grande medida pela necessidade de reforçar a segurança europeia. A Comissão tomará medidas para reforçar o papel da UE, incluindo a própria Comissão”, adianta a politóloga alemã ao ECO, reforçando que “Costa não irá necessariamente contestar isso, mas terá de criar um consenso entre os poderosos Estados-Membros neste domínio”.

Certo é que ambos os líderes iniciarão funções ao mesmo tempo, a 1 de dezembro. Von der Leyen prometeu pôr em curso um plano estratégico para os próximos cinco anos a partir do primeiro dia, e apresentar nos primeiros 100 dias um conjunto de estratégias que visam recuperar a competitividade europeia.

Já António Costa estará em condições para pôr em prática o feedback que obteve dos 27 Estados-membros. A primeira reunião que vai presidir é o Conselho Europeu de 19 e 20 de dezembro, em Bruxelas.

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Refinaria de lítio em Montalegre conta estar em operação em 2028

Os problemas financeiros da empresa de baterias Northvolt ou o cancelamento da refinaria de lítio pela Galp não altera os planos da Lusorecursos, que pretende arrancar a refinação em 2028.

A Lusorecursos, empresa que detém a concessão para explorar o lítio da mina de Montalegre, afirma que os planos de extração e refinação do minério se mantêm, depois de a Galp cancelar os seus planos para construir uma refinaria em Setúbal. Esperam iniciar a extração em 2027 e começar a entregar o produto da refinação em 2028, a clientes com os quais a empresa está agora em conversações.

“Estamos a desenvolver as medidas requeridas na declaração de impacto ambiental. Temos muitos trâmites administrativos que foram atrasando, mas estamos a prever iniciarmos a exploração em 2027, e termos hidróxido ou carbonato de lítio [produtos da refinação] para 2028“, afirma Ricardo Pinheiro, gestor e administrador da Lusorecursos.

A Lusorecursos obteve, em setembro de 2023, uma declaração de impacto ambiental (DIA) favorável para o projeto, um investimento de 650 milhões de euros, embora condicionada ao cumprimento de várias condições. Nessa altura, já a empresa estimava que a extração de lítio se iniciasse em 2027.

Estão identificadas e certificadas 15 milhões de toneladas no pegmatito do Romano, a estrutura rochosa de onde extrairá o lítio, e o objetivo é a cada ano extrair um milhão e meio de toneladas. Depois da refinação, estes volumes traduzem-se em 17.000 toneladas anuais de lítio (mais precisamente Lithium Carbonate equivalent, ou LCE, o lítio que se usa no fabrico de baterias).

Este produto ainda não tem destino fechado, mas está em discussão. O gestor indica estar em conversações com clientes a nível europeu, preferindo não avança nomes. Avança apenas que está a falar tanto com fábricas de baterias que têm a capacidade de “ativação de materiais”, um passo necessário para que o lítio possa ser usado nas baterias, como com agentes focados nessa ativação de materiais. Em todo o caso, não se tratam de “projetos novos”, e sim empresas “com negócio estável”, avalia.

Não temos qualquer problema relativamente à viabilidade económica. O produto tem valor acrescentado, é aceite no mercado, estamos a negociar com clientes e temos uma mina consciente.

Ricardo Pinheiro

CEO da Lusorecursos

Confrontado com o recente abalo da Northvolt, a promessa europeia das baterias elétricas que entregou um pedido de proteção de credores e cujo CEO e fundador abandonou “o barco”, Ricardo Pinheiro desvaloriza o impacto deste desfecho no mercado. “Queriam estar em todo o lado e mais algum. Mas o dinheiro não é infinito. E é preciso viabilidade técnica”, critica. Acredita também que “o mercado está a ajustar-se. É normal haver muitos projetos e que haja uma seleção natural do que sobrevive. Há 20 refinarias planeadas para a Europa, nem todas vão sobreviver“.

BMW, Volkswagen, Volvo, todas estas empresas tinham contrato com a Northvolt, para que esta as fornecesse de baterias. “Há mercado. Não foi por causa do que aconteceu com a Northvolt que já não há cadeia. Pode continuar-se com outros projetos exequíveis e credíveis”, comenta. Ainda assim, reconhece que estes acontecimentos têm consequências na confiança que existe no setor e no desenvolvimento da cadeia de valor das baterias, no que toca os mercados financeiros.

Sobre a Lusorecursos, não assinala quaisquer problemas semelhantes. “Não temos qualquer problema relativamente à viabilidade económica. O produto tem valor acrescentado, é aceite no mercado, estamos a negociar com clientes e temos uma mina consciente”, remata.

Já em relação à Galp, que desistiu do projeto de refinaria que tinha para Setúbal em parceria com a Northvolt, avaliado em 1.100 milhões de euros, o gestor da Lusorecursos afirma que “nunca esteve em cima da mesa” a hipótese de esta refinaria ser um dos destinos do material extraído na mina de Montalegre.

Apesar de confiante no futuro do negócio que gere, Ricardo Pinheiro reconhece que há desafios neste setor que a Europa deve endereçar, se pretender reindustrializar. Defende que é necessário “implementar o mais rapidamente possível” o Plano Draghi, no qual Mario Draghi aponta a cadeia de valor do lítio como “crucial” para o futuro do Velho Continente, mas também o Regulamento das Matérias-primas Críticas.

Os envolvidos têm de sentir que estas medidas são aplicadas no terreno. Porque quanto mais tarde, mais difícil é combater a ofensiva chinesa“, afirma Pinheiro, referindo-se à dominância que a China tem de momento nesta área, e que pode continuar a construir.

Turbulência sente-se no mercado

As questões sobre a saúde deste setor começaram a surgir quando, a 21 de novembro, a fábrica sueca de baterias de lítio Northvolt apresentou um pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos, depois de ter falhado um acordo com investidores para salvar a empresa de baterias, que já contou com uma injeção de capital superior a 14 mil milhões de euros.

Já esta semana, na terça-feira à noite, a Galp anunciou que vai cancelar o projeto Aurora, a refinaria de lítio que previa instalar em Setúbal através de uma parceria com a Northvolt. A decisão surge depois de a Northvolt ter travado o investimento no projeto conjunto com a petrolífera portuguesa, uma vez que se encontra com graves problemas financeiros, justificou a petrolífera.

Neste contexto, a Lifthium Energy, empresa criada pela Bondalti e José de Mello para atuar na área do lítio, afirma-se “empenhada” em avançar com o seu projeto de refinaria, mas não tem, para já, qualquer decisão final quanto a este investimento.

Por seu lado, Savannah Resources, empresa que tem a concessão da exploração do lítio no Barroso, em Portugal, afirma que o seu caminho é “independente” do da Galp e diz estar a discutir a possibilidade, com o parceiro AMG e outros, de se construírem mais refinarias na Península Ibérica.

Esta quarta-feira, no rescaldo do anúncio da Galp, a consultora Mckinsey afirmou que via a cadeia de valor dos veículos elétricos como uma oportunidade chave para uma reindustrialização em Portugal, apesar do recente revés protagonizado pela petrolífera. “Acreditamos que Portugal pode ter um papel muito importante nessa indústria” mas é necessário “garantir que os projetos têm as condições para avançarem”, referiu André Anacleto, sócio da Mckinsey, na apresentação do Índice de Industrialização e Transição Energética criado pela consultora.

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Mota-Engil quer acelerar contributo do Brasil com crescimento de perto de dois dígitos

A construtora está otimista para o pacote de grandes investimentos que o Brasil vai lançar. Quanto à participada espanhola Duro Felguera, o CFO assegura que a exposição é "muito minoritária".

A Mota-Engil quer reforçar a sua presença no mercado brasileiro nos próximos anos, aumentando o peso na carteira de encomendas do grupo, que subiu para um recorde de 14,8 mil milhões de euros, no final de setembro. O administrador financeiro (CFO) da construtora portuguesa, José Carlos Nogueira, antecipa um crescimento anual próximo de dois dígitos, destacando as oportunidades neste país da América Latina.

Sobre a parceria com a espanhola Duro Felguera, que está a atravessar dificuldades, o responsável diz que a participação direta do grupo Mota-Engil é inferior a 13% e não antecipa impacto na empresa portuguesa.

“É importante para nós posicionarmo-nos com alguma relevância no Brasil. O Brasil tem obrigação de crescer, senão a dois dígitos, pelo menos a um dígito alto nos próximos anos como contributo para o grupo Mota-Engil“, adiantou o CFO da Mota-Engil, em declarações ao ECO.

José Carlos Nogueira destaca a “dimensão continental” do Brasil, “com uma economia com uma grande capacidade.” “Pela nossa proximidade cultural é um país que nos interessa, onde já estamos há muitos anos, através de uma parceria também local, através da empresa Construtora do Brasil, e quando olhamos para o pacote dos grandes investimentos que o Brasil está a desenvolver neste momento, uma grande parte deles é através de parcerias público-privadas. Uma oportunidade que, com a expertise que temos, não desperdiçaremos”, explica.

Em termos de oportunidades concretas, o CFO da Mota-Engil olha com otimismo para o mercado brasileiro, referindo que “o Brasil está a fazer um caminho grande na sua reindustrialização“. Mais do que as concessões rodoviárias “vai haver concessões muito importantes na área industrial, energia e transformação. Na área das energias renováveis também.”

África é a região com maior peso na carteira de encomendas, representando 55% do total no final de 2023, enquanto a América Latina — México ainda é o país que pesa mais na região — representava 34% do total, no último ano, segundo os dados divulgados no relatório e contas de 2023.

No mesmo documento, a empresa previa que, em 2024, a Empresa Construtora do Brasil registasse um “desempenho operacional positivo, alicerçado na carteira de encomendas entretanto angariada e na procura de oportunidades para expandir a mesma nos planos de infraestrutura estaduais, bem como junto de novos clientes privados, apoiando os mesmos no desenvolvimento dos seus projetos estratégicos.”

Empresa atenta a oportunidades de M&A

Com 90% do volume de negócios gerado no exterior, a Mota-Engil está agora focada “no aumento da rentabilidade das operações” e na concretização do plano estratégico para 2026. Ainda assim, José Carlos Nogueira admite que “estamos sempre atentos a oportunidades no mercado e se surgir [uma oportunidade de M&A] não perderemos a oportunidade.”

“Somos uma empresa verdadeiramente internacional e dotada da capacidade para fazer essa integração no mercado internacional e continuar a desenvolvê-lo, nomeadamente nas regiões onde encontramos maior potencial, África, em primeiro lugar, e a América Latina, que são as regiões com maior potencial de crescimento e desenvolvimento das suas economias”, acrescentou o responsável.

Quanto a Portugal, a construtora, cujo consórcio que integra ganhou o concurso para as obras de alargamento do Humberto Delgado, diz que a empresa tem a obrigação de posicionar-se “no que são os grandes projetos estruturantes em Portugal”.

Na alta velocidade, onde ganharam a adjudicação do primeiro troço, a empresa refere que está a estudar profundamente todo o pacote de alta velocidade em Portugal.

Somos a empresa com maior número de km de ferrovia em construção no mundo neste momento. Dá-nos uma capacidade de estudarmos convenientemente o segundo troço que será lançado para a alta velocidade e em que esperamos, até por algum economia de escala que exista com o primeiro, nos posicionarmos também de forma vencedora nesse segundo troço”, remata o CFO.

Acionistas “muito minoritários” na Duro Felguera

Numa semana em que surgiram novas notícias sobre a espanhola Duro Felguera, participada da Mota-Engil que está a passar por dificuldades, o responsável pelo pelouro financeiro mostra-se tranquilo, notando que a situação não deverá ter impacto no grupo português.

“O tema da Duro Felguera nasce como um braço capaz para o desenvolvimento de grandes investimentos que vai haver na reindustrialização, mas é importante perceber que a Mota-Engil esteve envolvida como parceiro industrial, mas posicionou-se sempre com um ticket de capital muito, muito exíguo, abaixo dos 13%, nos 12,5%”, esclarece José Carlos Nogueira.

O CFO da Mota acrescenta que a empresa tinha conhecimento que “a Duro Felguera tinha três mercados onde apresentava problemas”, fez “o caminho com a Duro Felguera de acomodar antes da operação o que eram as perdas e a avaliação de risco dessa mesma operação”. E a Mota-Engil “entra já numa ótica de futuro e de ter um parceiro industrial num setor em que ainda hoje em dia é muito difícil encontrar e é muito especializado com parcerias capazes de nos darem essa expertise para incorporação nos nossos grandes projetos”, acrescenta.

Dito isto, o CFO nota que a exposição do grupo “está dentro de um ambiente bastante controlado. Somos muito minoritários na estrutura acionista da Duro Felguera“, reforça.

A Mota-Engil e o grupo mexicano Prodi completaram no final do ano passado a injeção de 90 milhões de euros na Duro Felguera, o primeiro passo para a entrada como novos acionistas da cotada espanhola que em 2021 recebeu um apoio público temporário no valor de 120 milhões de euros. Depois dos primeiros 30 milhões em outubro, desembolsaram em dezembro a segunda tranche de 60 milhões de euros.

Já no passado mês de junho, a Mota-Engil, através da sua subsidiária no México, assinou um contrato com a Pemex Transformación Industrial, subsidiária da empresa petrolífera estatal mexicana, Petróleos Mexicanos, para a construção de uma unidade industrial de fertilizantes no país, um contrato no valor de 1,2 mil milhões de dólares, que integra a sua associada Duro Felguera.

Trata-se do primeiro projeto conjunto com a espanhola, que viu esta semana a estatal argelina Sonelgaz reclamar o pagamento de mais de 400 milhões, isto depois de o CEO, Jaime Argüelles, ter renunciado ao cargo após a empresa ter reportado prejuízos de 26 milhões de euros na primeira metade do ano.

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Mota-Engil foi a “vítima perfeita para um fundo abutre”, diz administrador financeiro

As ações da construtora têm estado sob forte pressão em bolsa, acumulando uma desvalorização de 37,7% desde o início do ano. O anúncio de uma posição curta de um hedge fund intensificou as quedas.

As ações da Mota-Engil EGL 0,43% vivem um ano difícil em bolsa. Apesar de nos primeiros nove meses do ano a construtora ter apresentado um crescimento de 51% dos lucros para 77 milhões de euros e uma carteira de encomendas recorde, a empresa afunda cerca de 38% em bolsa. Um comportamento em grande medida determinado pela tomada de uma posição negativa por parte de um hedge fund. Para José Carlos Nogueira, CFO da construtora, a Mota-Engil foi “a vítima perfeita”, após ter triplicado de valor em 2023.

“Fomos este ano a vítima perfeita para um hedge fund ou para um fundo abutre. Fomos a ação que melhor desempenho teve em 2023, logo um alvo interessante para esses fundos”, justifica José Carlos Nogueira em declarações exclusivas ao ECO. O administrador financeiro da empresa lembra que estes fundos especuladores identificam muitas vezes as empresas onde vão assumir posições através de algoritmos “e a Mota-Engil foi a ação que mais chamou a atenção”, após o disparo de 238,5% no último ano.

Fomos este ano a vítima perfeita para um hedge fund ou para um fundo abutre. Fomos a ação que melhor performou em 2023, logo um alvo interessante para esses fundos (…) Qualquer movimento especulativo cria um efeito muito significativo na performance da ação.

José Carlos Nogueira

CFO da Mota-Engil

Conforme explica o administrador responsável pelo pelouro financeiro da empresa, “num mercado de capitais infelizmente bastante exíguo, e com um free float da empresa também relativamente tímido. Qualquer movimento especulativo cria um efeito muito significativo na performance da ação.

A entrada, no início de setembro, do hedge fund norte-americano Muddy Waters Capital Domino Master Fund no capital da empresa, com uma posição curta, à data, de 0,65% precipitou a queda das ações da empresa, atirando as cotações abaixo dos 3 euros.

Ações da Mota-Engil sob pressão

Entretanto, as ações mantiveram a tendência descendente, apesar deste hedge fund ter recentemente reduzido ligeiramente a participação a descoberto, que visa ganhar com a queda dos títulos, para 0,57%, de acordo com a informação divulgada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Desde o início do ano, as ações da companhia liderada por Carlos Mota dos Santos acumula uma queda de 37,7%.

[O desempenho bolsista] nada tem a ver com a performance [financeira] da empresa. Fizemos um caminho muito interessante, sobejamente conhecido pelo mercado e pelos investidores. Nenhum dos investidores charneira alterou o seu posicionamento no capital da Mota-Engil“, destaca o CFO da empresa.

[O desempenho bolsista] nada tem a ver com a performance [financeira] da empresa. Fizemos um caminho muito interessante, sobejamente conhecido pelo mercado e pelos investidores.

José Carlos Nogueira

CFO da Mota-Engil

Em setembro passado, o CEO da construtora, Carlos Mota dos Santos, já tinha adiantado ao ECO que “a queda dos títulos da Mota-Engil é um movimento especulativo que não reflete a atividade operacional, nem os resultados da empresa e que está em contraciclo com a performance da empresa nos últimos anos”.

O líder da empresa tem aproveitado a fraqueza das ações para reforçar a sua posição no capital, mostrando que está confiante na evolução da empresa. Apenas este ano, o CEO da Mota-Engil já foi ao mercado em cinco ocasiões diferentes comprar títulos da construtora, tendo reforçado a sua posição com 25 mil novos títulos, num investimento agregado de 89,7 mil euros, segundo cálculos do ECO.

Para José Carlos Nogueira, a entrada de um fundo especulador no capital da empresa é uma realidade com a qual a companhia tem de aprender a viver, ainda que “nada tenha a ver com a realidade”.

“Temos é que continuar a fazer esta maratona [para prosseguir com o plano estratégico]. A ação é muito importante para nós e para os nossos acionistas, que investem e acreditam em nós, mas em que nada abala o que é a nossa capacidade de continuarmos o caminho que temos vindo a fazer”, reforçou.

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Famílias com prenda antecipada: prestação da casa cai até 130 euros em dezembro

Descida das Euribor vai deixar uma prenda antecipada no sapatinho de muitas famílias portuguesas com crédito à habitação. A prestação vai aliviar até 130 euros no próximo mês.

Dezembro traz um presente no sapatinho para muitas famílias portuguesas com empréstimo da casa. Os contratos cujas condições forem revistas no próximo mês vão ter uma redução acentuada na prestação mensal, com descidas que poderão superar os 130 euros, de acordo com os cálculos realizados pelo ECO.

O alívio nos encargos com o crédito à habitação reflete sobretudo a descida das Euribor, que são usadas como indexante na maioria dos empréstimos da casa em Portugal.

Há um ano que estas taxas interbancárias estão em rota descendente, após terem atingido máximos de mais de uma década, acompanhando as expectativas dos investidores relativamente às taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE). Atualmente as três principais taxas já se encontram abaixo dos 3%.

Com a inflação sob controlo, o BCE já começou a desapertar a malha da sua política monetária no verão. Desde junho que a autoridade liderada por Christine Lagarde já baixou as taxas em 75 pontos base e a próxima reunião marcada para 12 de dezembro deverá trazer um novo corte de 25 pontos base — é isso que esperam os analistas, embora haja quem defenda que se deva acelerar o calendário perante a deterioração das condições económicas na Zona Euro.

Para o próximo ano são esperados mais cortes do banco central em virtude do quadro macroeconómico desfavorável e que poderá sofrer com a incerteza nos motores do euro — Alemanha e França — e também com o impacto do aumento das tarifas nos EUA sob a nova Administração Trump.

Ou seja, as famílias poderão contar com mais euros nos bolsos por conta do alívio da prestação da casa que se espera para o próximo ano. Assim apontam os contratos forward sobre as Euribor, que deixam antecipar que as taxas a três e seis meses baixem para os 2% ao longo de 2025.

Euribor aliviam

Fonte: Refinitiv

Quanto é que a minha prestação vai cair?

Para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos e com um spread de 1%, as contas para dezembro são as seguintes:

  • Euribor a três meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá descer para 716,99 euros, menos 47,32 euros (-6,19%) relativamente à prestação que pagava desde agosto;
  • Euribor a seis meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses rondará os 698,25 euros, uma descida de 87,57 euros (-11,14%) em relação à prestação que pagava desde maio;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá cair para 674,24 euros, menos 133,01 euros (-16,48%) face à prestação que pagou no último ano.

Para o ajudar a calcular a prestação do seu crédito à habitação, o ECO preparou um simulador. Faça as contas para o seu caso e se o seu contrato for revisto agora, saiba quanto irá pagar a menos.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o simulador.

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OE2025 vai à votação final global com mais de 300 milhões de nova despesa

Entre de 2.100 propostas alterações foram aprovadas mais de 240. Só em medidas do PSD-CDS e o aumento das pensões do PS a 'fatura' vai subir em, pelo menos, 314 milhões de euros.

A proposta final global do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) é votada esta sexta-feira, tendo a aprovação garantida devido aos votos favoráveis do PSD e CDS-PP, os partidos que suportam o Governo, e a abstenção do PS. O documento sai, contudo, da especialidade com alterações ‘pesadas’. Entre as novas medidas da Aliança Democrática (AD) e do PS a ‘fatura’ para o próximo ano sobe, pelo menos, cerca de 314 milhões de euros, a que poderá ainda somar-se mais 400 milhões se o Governo voltar a atribuir o ‘bónus’ aos pensionistas.

Contra a vontade do Governo, a proposta do PS para um aumento extraordinário permanente para os pensionistas no próximo ano teve ‘luz verde’. Além disso, o Executivo viu travado o pedido para mexer nas férias e greves da Função Pública e a proposta orçamental passa a prever a manutenção da publicidade na RTP. Aos olhos dos politólogos, embora a proposta permita validar o xadrez político na Assembleia da República, “fragiliza” o Governo ao serem aprovadas 186 medidas da oposição — mas não ao ponto de ameaçar a governação até ao próximo Orçamento.

“O Governo sai fragilizado porque viu algumas medidas que propôs rejeitadas, e posicionamentos políticos da oposição que claramente evidenciam um nível de maior popularidade em determinados grupos, mas não o suficiente para o Governo assumir que não tem condições para governar até ao próximo Orçamento do Estado“, considera Bruno Ferreira da Costa, professor de Ciência Política na Universidade da Beira Interior (UBI) em declarações ao ECO. Ou seja, há medidas da oposição que “enfraquecem a posição do Executivo de Montenegro em todo este processo” por irem contra uma “vontade” clara do Governo e dos partidos que o suportam, diz o politólogo da UBI.

Paula Espírito Santo não vê com surpresa que a proposta orçamental tenha saído desvirtuada, tendo em conta as propostas recorde que deram entrada no Parlamento, mais de 2.100. “Seria de esperar que ficasse [desvirtuado] dado o equilíbrio de forças no hemiciclo“, diz a politóloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP), acrescentando, ainda assim, ser um desfecho “benéfico do ponto de vista de integração de propostas de partidos diferentes”, diz. “Não é um orçamento que vai derrubar o Governo“, vinca.

Ao longo de uma ‘maratona’ de votações de quatro dias, que pela primeira vez contou com a presença do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, foram aprovadas 243 propostas de alteração, 57 das quais do PSD e CDS-PP. Nas contas finais, o maior vencedor da oposição é o PAN (46 iniciativas), seguido pelo PCP (34) e o Livre (29) – estes foram também dos partidos que apresentaram dos maiores números de propostas de alteração.

Orçamento do Estado sai da especialidade com 243 alterações aprovadas, a larga maioria da oposição.

Segue-se na lista o Bloco de Esquerda (27) e o Chega (26), partido que pela primeira vez conseguiu vitórias na especialidade, chegando assim ao fim a prática dos últimos anos de sair desta fase do processo sem qualquer proposta viabilizada. Por seu lado, o PS viu passarem 18 iniciativas e a IL seis. Apesar deste retrato, o PS é o partido que faz a maior mossa ao Executivo, devido ao aumento permanente das pensões em 1,25 pontos percentuais.

A proposta socialista deverá custar 273,8 milhões de euros aos cofres do Estado só em 2025, segundo as contas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Para o PS, o impacto será um pouco inferior, de 265 milhões de euros. Já o bónus pontual entre 100 e 200 euros que o Governo pretende atribuir, em 2025, caso haja margem orçamental, vai representar uma despesa adicional de 400 milhões de euros. Contudo, este brinde tem um caráter pontual, isto é, não conta para a atualização regular anual das prestações, o que significa que este encargo só será sentido no próximo ano. Já a medida do PS tem um efeito permanente na base da atualização das pensões com impactos a longo prazo. No entanto, a UTAO não apresentou estimativas do custo desta medida nos próximos anos.

Ao impacto das pensões soma-se o custo de cerca de 40 milhões de euros associados a propostas do PSD e CDS-PP, segundo contas anunciadas pelo líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares. Assim, o Orçamento terá, pelo menos, mais cerca de 314 milhões de euros de despesa que não estava prevista pelo Executivo. Apesar de grande parte das alterações aprovadas pela oposição serem de natureza residual — e muitos representarem cavaleiros orçamentais — a fatura final ainda não está contabilizada.

“Nesta matéria, o Executivo fica numa posição difícil porque deixa de ter condições para assinalar em praça pública uma discordância evidente face a essa medida” dado que, simultaneamente, conseguiu ver aprovada a atribuição de um suplemento extra aos pensionistas, num cenário de margem orçamental, argumenta Bruno Ferreira Costa. “Seria contraproducente agora o Governo voltar a insistir nesta narrativa“, diz.

Por seu turno, Paula Espírito Santo não descarta que essa cartada venha a ser jogada — juntamente com as outras que façam referência às propostas da oposição que foram aprovadas à revelia do Governo — num cenário em que a execução orçamental comprometa as metas definidas pelo Ministério das Finanças.

O Governo pode um dia atirar à cara que uma determinada medida comprometeu outra e que isso é da responsabilidade de certo partido. Mas, neste momento, parece-me que há pouca margem para o fazer porque o documento final do OE2025 deve, acima de tudo, ser um compromisso parlamentar”, argumenta Paula Espírito Santo. “Ter um orçamento que reflete essa capacidade negocial entre os partidos é importante, embora o Governo possa não ficar tão satisfeito”, acrescenta.

“O Governo sai fragilizado deste debate na especialidade, mas não o suficiente para assumir que não tem condições para governar até ao próximo orçamento do Estado.

Bruno Costa Ferreira

Professor de Ciência Política na Universidade da Beira Interior

Entre as principais medidas da oposição viabilizadas incluem-se ainda a redução do IVA sobre as touradas para 6%, bem como da alimentação para bebés e a manutenção da publicidade na RTP. Contudo, outra das maiores ‘derrotas’ do Governo passa pelo travão ao pedido de autorização legislativa que permitia ao Executivo alterar a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, designadamente na marcação de férias, nas regras dos pré-avisos de greve e no regime de mobilidade da Função Pública, devido à aprovação de uma iniciativa do BE, com os votos de toda a esquerda e PAN, a abstenção do Chega e os votos contra do PSD, CDS e IL.

Aos olhos dos politólogos, é certo que, pelo menos até ao verão do próximo ano Luís Montenegro consiga governar — ainda que o faça com um orçamento que não é completamente da sua autoria. Bruno Ferreira Costa não descarta, no entanto, que as “coisas possam vir a aquecer” aquando das eleições autárquicas, que deverão decorrer entre setembro e outubro, de 2025. Nessa altura, diz, “pode ser criado um ambiente de antecipação” para eleições antecipadas.

Os vencedores e os perdedores

Mas se o Executivo não está satisfeito, há partidos que estarão. Um deles, é o PAN que conseguiu ser dos partidos com maior número de propostas aprovadas, algo que, segundo Bruno Ferreira Costa, já é ” tradição” uma vez que a deputada única, Inês Sousa Real, consegue aprovar propostas tanto nas governações de PS como do PSD. Este ano, o partido entregou mais de 200 iniciativas.

Em sentido contrário, surge a Iniciativa Liberal que, aos olhos do politólogo da UBI, embora não saia derrotada, termina a maratona parlamentar “eclipsada” por ter conseguido aprovar apenas uma das medidas sobre a qual fez campanha, a redução do IVA para 6% na comida para bebés, e por não se ter conseguido “distanciar do Governo” em matérias relevantes, aponta o politólogo.

Já o PS, depois de os avanços e recuos sobre o sentido de voto que adotaria aquando da votação na generalidade, conseguiu ganhar pontos por ter conseguido levar avante o aumento das pensões — embora o tenha conseguido graças à abstenção do Chega. Partido que, por seu turno, não conseguiu ver a própria proposta direcionada aos pensionistas aprovada. Os socialistas viram, contudo, ficar pelo caminho duas bandeiras: o regime de dedicação exclusiva no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o reforço na habitação. Chumbada foi também a proposta para o fim permanente das comissões no reembolso antecipado do crédito à habitação com taxa fixa e a redução do limite que a banca pode cobrar no caso da taxa fixa de 2% para 0,5%.

Por seu lado, André Ventura conseguiu ainda assim marcar terreno, destaca Bruno Ferreira Costa. Durante o debate, esta quinta-feira, o líder do partido anunciou que os 50 deputados concordaram em abdicar do aumento salarial dos políticos em 2025 — decisão que fragilizou a bancada do PSD devido à reação explosiva do líder da bancada, Hugo Soares.

Ficou visivelmente irritado“, comenta o politólogo, prevendo que o momento “viralize” nas redes sociais. “Em termos da perceção e de comunicação com o eleitorado, acaba por ser uma mensagem muito forte, ainda que com um certo populismo”, admite.

Paralelamente ao contexto da Assembleia da República, Bruno Ferreira destaca a conferência de imprensa de Luís Montenegro, na quarta-feira à noite, que serviu para falar sobre segurança interna, num dia em que a Polícia Judiciária colocara em curso uma mega-operação no concelho de Loures, distrito de Lisboa, para a detenção de “vários suspeitos” do incêndio num autocarro em Santo António dos Cavaleiros, que em outubro feriu gravemente o motorista.

Parece-me que o facto de o Parlamento ter aprovado algumas medidas da oposição passou a imagem de que o Governo estava a sair derrotado, e por isso, talvez, numa altura em que o país deveria estar focado em discutir o Orçamento, o primeiro-ministro decide fazer uma conferência de imprensa paralela, a uma hora que passa pouco despercebida”, acrescenta o politólogo.

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Fim antecipado do acordo do Novobanco está por dias. Venda de capital no primeiro semestre de 2025

Finanças devem aprovar na próxima semana o fim antecipado do Acordo de Capital Contingente entre o Fundo de Resolução e o Novobanco. Assim, o Lone Star pode avançar com venda de capital do Novobanco.

O Ministério das Finanças deverá dar luz verde ao fim antecipado do chamado Acordo de Capital Contingente (CCA, em inglês) entre o Fundo de Resolução e o Novobanco já na próxima semana, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO, num passo que permitirá ao fundo Lone Star lançar finalmente o processo de venda da instituição, provavelmente no primeiro semestre de 2025.

O fim do acordo do CCA (Contingent Capital Agreement) não só permite avançar para uma operação de venda do Novobanco, como vai desbloquear mais de mil milhões de euros em dividendos que a instituição poderá distribuir (se tiver aprovação dos reguladores) pelos acionistas, uma condição essencial para que o processo de dispersão de capital do banco possa avançar.

Nos últimos quatro anos, o banco acumulou resultados de quase dois mil milhões de euros, dinheiro que, perante a impossibilidade de serem distribuídos dividendos (dividend ban imposto pelo CCA), deixaram o balanço da instituição liderada por Mark Bourke numa posição de sobrecapitalização.

Desde meados do mês passado que a equipa do ministério liderado por Joaquim Miranda Sarmento se encontra a analisar o contrato que estabelecerá os termos e condições da extinção do mecanismo através do qual o Fundo de Resolução injetou 3,4 mil milhões de euros no banco. O ECO contactou as Finanças mas não teve uma resposta até à publicação deste artigo. Ainda assim, o ECO apurou que aguarda uma carta do Fundo de Resolução com os termos finais do entendimento com o Fundo Lone Star — nomeadamente a inclusão do Estado como terceiro acionista do Novobanco, com os mesmos direitos e proteção do próprio FdR — para a conclusão formal do processo.

Por outro lado, com o término antecipado do acordo – que só terminaria no final do próximo ano — ficam ainda resolvidas as disputas entre Fundo de Resolução e Novobanco, avaliadas em cerca de 400 milhões de euros.

Uma delas, no valor de 180 milhões de euros, já tem decisão do tribunal arbitral em favor do banco, embora passível de recurso.

Uma outra disputa no valor de 200 milhões (relativo ao pagamento não efetuado em 2021, relacionado com o agravamento do IMI para imóveis detidos por sociedades localizadas em offshore) e que ainda tramita no tribunal arbitral também vai cair por terra.

Assim sendo, no âmbito do fim antecipado do CCA, o Fundo de Resolução pagará uma compensação ao Novobanco num montante bastante inferior ao da disputa já decidida pelo tribunal e com os fundos que detém numa conta escrow e que recebeu do Banco Económico.

Para o fundo Lone Star, que comprou 75% do capital do Novobanco a troco de mil milhões de euros, além dos dividendos, isto significa que poderá lançar finalmente o processo de venda da instituição através de uma operação na bolsa (IPO, initial public offering) ou venda direta.

Este último cenário tem ganhado mais tração nos últimos tempos com a disponibilidade dos rivais para olharem para o negócio. O mais vocal foi o presidente do Santander Totta: “Será uma questão de preço”, disse Pedro Castro e Almeida esta semana. Paulo Macedo também disse que a Caixa não ficará “imóvel” num processo de consolidação da banca.

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AEMinho: Produtividade é um tema “incontornável e estrutural” para as empresas

O presidente da AEMinho, Ramiro Brito, argumenta que o país vive "um contexto em que promover o crescimento das empresas é estrutural e obrigatório".

A AEMinho promoveu esta quarta-feira um fórum dedicado ao tema da produtividade, o primeiro de vários eventos anuais que a associação que representa os patrões do Minho pretende organizar. Num evento organizado em colaboração com a Associação Business Roundtable Portugal (BRP), o presidente da AEMinho, Ramiro Brito, destacou a relevância deste tema “incontornável e estrutural para a atividade empresarial e para a economia.”

“Este é o primeiro de uma série de eventos anuais que pretendemos promover daqui em diante”, destacou Ramiro Brito, no discurso de abertura do Grow, um fórum dedicado ao tema da produtividade, que contou também com a parceria da PwC e da Deloitte e juntou empresários e vários especialistas para debater a importância da escala na produtividade, o impacto da IA e a importância fiscal na produtividade.

Ramiro Brito justificou a importância deste evento, que decorreu esta quarta-feira na Reitoria da Universidade do Minho, com a necessidade de “criar consciência crítica e promover a difusão deste tipo de informação e conhecimento na comunidade empresarial é um fator essencial ao crescimento. Vivemos um contexto em que promover o crescimento das empresas é estrutural e obrigatório.”

Este é um tópico incontornável e estrutural para a atividade empresarial e para a economia”, reforçou.

Também Carlos Moreira da Silva, o presidente da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), que representa 43 empresas e grupos empresariais, responsáveis por um volume de negócios de 124 mil milhões de euros e que empregam 424 mil trabalhadores, notou que “esta iniciativa é muito importante para a missão do BRP, sendo também muito relevante para a economia portuguesa.”

Carlos Moreira da Silva sublinhou que é importante “conseguir incentivar o crescimento das empresas para que possam ser mais produtivas, e possam assim contribuir para a economia nacional“. Quanto à importância da escala, o presidente da BRP, que adiantou que o IRC progressivo “foi um tiro no pé”, considera que “produtividade e escala são dois fatores críticos para o nosso desenvolvimento”.

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