Spread do crédito da casa está em queda há dez anos

Margem comercial dos bancos nos contratos com taxa variável continua a contrair. Atingiu os 0,89 pontos percentuais no ano passado.

O spread do crédito à habitação está em queda há uma década, tendo atingido os 0,89 pontos percentuais em termos médios nos contratos de empréstimo da casa que foram celebrados no ano passado, segundo o Banco de Portugal.

O spread corresponde à margem comercial dos bancos nos empréstimos da casa e cuja taxa inclui ainda o chamado indexante, normalmente a Euribor a três, seis ou 12 meses.

Em 2014, o spread médio estava acima dos 3 pontos percentuais e, desde então, tem vindo a cair de forma ininterrupta. Em 2023 rompeu a barreira de 1 ponto percentual, quando atingiu os 0,93 pontos. Voltou a cair no ano passado, de acordo com o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito, que o supervisor divulgou esta quarta-feira.

Os dados mostram que a maioria dos contratos celebrados a taxa variável (68,5%) tinha spreads entre 0,5 e 1 pontos percentuais, sendo que a importância desde intervalo de spreads diminuiu em relação ao ano anterior (73,7%). Também decresceu o peso dos contratos com spreads entre 1 e 1,5 pontos percentuais.

Em contrapartida, “aumentou significativamente” a proporção de contratos com spreads até 0,5 pontos, que “passaram a representar 14,7% dos novos contratos a taxa variável, o que compara com 5% em 2023”.

Spread em queda há uma década

Fonte: Banco de Portugal

Euribor a 12 meses ganha peso

O relatório do Banco de Portugal dá conta ainda de que a Euribor a 6 meses continua a ser o indexante preferido das famílias portuguesas, tendo representado 54,2% dos novos contratos de empréstimo da casa com taxa variável – embora diminuindo de peso em relação ao ano anterior (72,1%).

Mas destaca-se o aumento da proporção de contratos com a Euribor a 12 meses, que passou de 4,7% para 29,8% dos novos empréstimos celebrados. Porquê? “Este aumento deveu-se à queda do valor da taxa Euribor a 12 meses, a partir do final de 2023, para valores abaixo da Euribor a 3 e 6 meses, tornando a Euribor a 12 meses mais atrativa para os clientes bancários que optaram por contratar a taxa variável”, explica o supervisor.

Em sentido inverso, a Euribor a 3 meses perdeu importância: em 2023, representava 16,7% dos novos contratos; em 2024 esse peso passou para metade (8%).

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Saldo da Segurança Social aumenta 16% e supera expectativas do Governo

As contas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações apresentaram um excedente orçamental acima das previsões do Governo até abril, à boleia do aumento das contribuições e das quotizações.

As contas da Segurança Social, sob a tutela da ministra Maria do Rosário Palma Ramalho, apresentaram uma significativa melhoria nos primeiros quatro meses do ano. Os números revelados esta quarta-feira pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) da Assembleia da República apontam para um excedente de 2.361 milhões de euros do saldo global da Segurança Social e para um saldo positivo de 148 milhões de euros da Caixa Geral de Aposentações (CGA).

Estes resultados surgem num contexto de crescimento económico e refletem, segundo a análise da UTAO, “a evolução positiva da receita contributiva” que foi “o principal contributo para o excedente da Segurança Social, como um todo, registado até abril de 2025”.

“O saldo global da Segurança Social (não ajustado) até abril de 2025 correspondeu a um excedente orçamental superior ao registado em período homólogo”, referem os autores deste estudo da UTAO, sublinhando ainda que o saldo da Segurança Social apresentou uma variação positiva de 16% (mais 325 milhões de euros) face ao período homólogo de 2024″.

O crescimento das receitas da Segurança Social nos primeiros quatro meses do ano teve como principal motor o aumento homólogo de 9% das contribuições e quotizações, que foi potenciado pelo “incremento, em termos homólogos, no número e no valor médio das remunerações declaradas pelas entidades empregadoras relativas aos trabalhadores dependentes”, refere a UTAO.

Os analistas da UTAO Filipa Almeida Cardoso, Jorge Faria Silva e Vítor Nunes Canarias, referem ainda que mesmo considerando os ajustamentos técnicos para assegurar a comparabilidade entre períodos, o saldo global da Segurança Social contabilizado até abril de 2025 foi excedentário em 2.257 milhões de euros, que se traduz num crescimento de 9,5% face aos 2.062 milhões de euros do período homólogo de 2024.

Estes números foram significativamente impactados pela subida de 8,4% da receita efetiva, que atingiu os 1.083 milhões de euros nos primeiros quatro meses do ano. “É um resultado acima da variação positiva de 6,3% prevista no referencial que consta do OE/2025 para o ano como um todo”, sublinha a UTAO.

Contribuições e quotizações impulsionam receitas

Os dados da UTAO destacam que o crescimento das receitas da Segurança Social teve como principal motor o aumento homólogo de 9% das contribuições e quotizações, que foi potenciado pelo “incremento, em termos homólogos, no número e no valor médio das remunerações declaradas pelas entidades empregadoras relativas aos trabalhadores dependentes”, destaca o diploma.

Do lado da despesa, a UTAO destaca que “a despesa efetiva da Segurança Social executada até abril de 2025 cresceu 8,2% em termos homólogos, um ritmo superior aos 7,5% projetados no OE/2025 para o ano como um todo”. O aumento foi influenciado principalmente pelas pensões, cuja despesa “subiu 6,3%, uma taxa de crescimento acima do referencial de 3,3% indicada no OE/2025”.

A execução orçamental da Caixa Geral de Aposentações (CGA) registou até abril de 2025 um excedente orçamental de 148 milhões de euros, sendo que este resultado é justificado, essencialmente, por via da evolução na receita proveniente de contribuições, quotizações e transferências do Orçamento do Estado.

UTAO

Evolução Orçamental: janeiro a abril de 2025

Segundo os dados da UTAO, o sistema Previdencial, que constitui o núcleo central da Segurança Social, apresentou resultados particularmente robustos. “O saldo do sistema previdencial é largamente excedentário e com uma dimensão superior ao apurado em período homólogo”, confirma a UTAO. “Face ao período homólogo, verificou-se o incremento de 221 milhões de euros no saldo global do sistema Previdencial, que se fixou em 2.132 milhões de euros, impulsionado pelo crescimento da receita de quotizações e contribuições (mais 761 milhões de euros)”, lê-se no documento.

Já a Caixa Geral de Aposentações, sistema que está fechado a novas inscrições desde 1 de janeiro de 2006, também apresentou contas sólidas no primeiro quadrimestre. “A execução orçamental da Caixa Geral de Aposentações (CGA) registou até abril de 2025 um excedente orçamental de 148 milhões de euros, sendo que este resultado é justificado, essencialmente, por via da evolução na receita proveniente de contribuições, quotizações e transferências do Orçamento do Estado”, referem os analistas da UTAO.

Este resultado representa uma melhoria de cerca de 24 milhões de euros face ao período homólogo, que se traduz num crescimento homólogo de 18,4% face a 2024. A UTAO destaca também que a receita da CGA superou as previsões, apontando para um aumento de 5,8% da receita efetiva cobrada, “um ritmo ligeiramente acima da evolução de 5,5% prevista para o ano como um todo”, notam os analistas.

Estes resultados dos sistemas de proteção social inserem-se num contexto económico favorável, com a UTAO a destacar que “no primeiro quadrimestre de 2025 registou-se um decréscimo homólogo no número de desempregados registados”, o que contribuiu para o aumento das receitas contributivas e para a redução de algumas despesas sociais.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 3 Julho 2025

O INE divulga dados sobre a saúde e o Eurostat sobre a taxa de poupança das famílias na UE. Arranca o julgamento de José Sócrates e o BCE divulga a ata da reunião de política monetária de junho.

No mesmo dia em que arranca o julgamento do ex-primeiro-ministro José Sócrates, o INE divulga dados sobre a despesa em saúde no ano passado enquanto o Eurostat dá a conhecer dados relativos à taxa de poupança das famílias e dos negócios na União Europeia no primeiro trimestre. Esta quinta-feira, também há reunião de Conselho de Ministros e o BCE divulga a ata da reunião de política monetária de junho.

Arranca o julgamento de José Sócrates

Tem início esta quinta-feira o julgamento de José Sócrates, relativo ao processo Operação Marquês. O antigo primeiro-ministro garantiu que estará presente em tribunal na primeira sessão do julgamento, que advogou que “não tem pronúncia, nem tem acusação”. José Sócrates fez esta terça-feira uma queixa formal ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) contra o Estado português, alegando que o processo da Operação Marquês – que se arrasta há mais de dez anos – é uma “violação do Estado de direito”.

INE divulga dados da despesa em saúde

O Instituto Nacional de Estatística lança esta quinta-feira um conjunto de dados estatísticos, nomeadamente, os números referentes à Conta Satélite da Saúde de 2024. Segundos os últimos dados divulgados, em 2023 a despesa corrente privada na área da saúde terá crescido 6,6%, isto é, quase o dobro face ao aumento de 3,7% da despesa corrente pública. Já o valor global dos gastos com saúde em Portugal terá crescido 4,7% em 2023 para 26.559,6 milhões de euros, face ao ano anterior.

Como vão as taxas de poupança das famílias europeias?

O Eurostat divulga hoje dados relativos à taxa de poupança das famílias e dos negócios na União Europeia no primeiro trimestre. Em Portugal, as famílias mantiveram praticamente o nível de poupança no arranque do ano, tendo a taxa de poupança decrescido ligeiramente no primeiro trimestre, atingindo os 12,4% do rendimento disponível, de acordo com dados do INE. O Gabinete de Estatística da União Europeia divulga ainda balança de pagamentos do bloco comunitário, relativo ao primeiro trimestre.

BCE revela atas da reunião

Será publicada esta quinta-feira a ata da reunião de política monetária de junho do Banco Central Europeu (BCE), onde decidiu cortar as taxas de referência em 25 pontos base, naquela que foi a sétima vez consecutiva (e a oitava num ciclo que começou há um ano) que a autoridade da política monetária liderada por Christine Lagarde cortou o custo do euro. As conclusões do BCE deverão dar algumas pistas sobre o caminho que vai seguir a política monetária na Zona Euro, numa altura em que as economias se debruçam com os impactos dos acordos comerciais de Donald Trump.

Reunião de Conselho de Ministros

Esta quinta-feira, às 9h30, reúne-se também o Conselho de Ministros na residência oficial do Primeiro-Ministro, estando o briefing previsto para as 15h30 no Campus XXI. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, vão igualmente reunir com representantes do grupos parlamentar do PS para discutir o tema da imigração, no âmbito das propostas de lei apresentadas pelo Governo.

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Baixa do IRS do Governo passa no primeiro teste com a abstenção do PS. Ventura tenta novo alívio fiscal

Proposta de redução de 500 milhões de euros é aprovada na generalidade com a ajuda dos socialistas para depois passar ao debate na especialidade. Chega pretende descida entre o 2.º e o 5.º escalões.

O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, acompanhado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, intervém na sessão plenária de apresentação do Programa do XXV Governo Constitucional, na Assembleia da República, em Lisboa, 17 de junho de 2025.MIGUEL A. LOPES/LUSA

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. O poema de Luís Vaz de Camões serve que nem uma luva para caracterizar o novo clima político entre o Governo de Luís Montenegro e o PS de José Luís Carneiro. A descida das taxas de IRS nos escalões mais elevados, no 7.º e 8.º, que abrangem salários brutos mensais entre cerca de 3.200 e 6.500 euros, já não será um braço de ferro entre a Aliança Democrática (AD) – coligação PSD/CDS e os socialistas, como na era de Pedro Nuno Santos.

Desta vez, o muro caiu e a orientação será deixar passar pela abstenção a proposta do Executivo para uma nova redução do imposto em 500 milhões de euros, apurou o ECO junto de várias fontes próximas do núcleo duro do PS de Carneiro. A votação na generalidade está marcada para o plenário desta sexta-feira, depois de o Parlamento ter aprovado o pedido de urgência do Governo para apreciar a iniciativa.

Bastará a ajuda dos 58 socialistas para a iniciativa da AD, com 91 parlamentares, ser aprovada por larga maioria e baixar para o debate na especialidade, mesmo que os 81 deputados das restantes bancadas — inclusivamente a do Chega, composta por 60 cadeiras — votem contra.

O partido de André Ventura, agora líder da oposição, ainda vai tentar forçar uma redução mais pronunciada nos patamares mais baixos de rendimento, designadamente entre o 2.º e 5.º escalões e a um aumento das deduções com despesas com rendas de habitação própria permanente, ao arrastar para votação dois projetos próprios, mas o mais certo é que sejam chumbados por AD e PS em nome das contas certas. No entanto, do lado do PSD, o mantra repete-se. “Vamos falar com todos, todos, todos!”, diz o líder do grupo parlamentar Hugo Soares.

Desfeitos os nós do tempo de Pedro Nuno Santos, o PS deverá viabilizar pela abstenção a proposta do Executivo de redução das taxas do imposto entre 0,40 e 0,60 pontos percentuais até ao 8.º e penúltimo escalão, aplicando um alívio mais acentuada entre o 4.º e 6.º níveis de tributação.

A medida terá um custo de cerca de 500 milhões de euros que se irão sentir no bolso dos contribuintes ainda este ano, por via da descida das tabelas de retenção na fonte com retroativos a janeiro e com efeitos já em agosto ou setembro, em véspera das eleições autárquicas, como pretende o Ministério das Finanças. Mas, para isso, é preciso que o diploma seja aprovado até 16 de julho, último plenário com votações antes da Assembleia da República encerrar para férias.

“Somos favoráveis à redução de impostos sobre o trabalho, mas é preciso coadunar isso com contas públicas certas para não termos depois de cortar salários e pensões”, afirma ao ECO um fonte próxima da bancada rosa, que vai ser liderada por Eurico Brilhante Dias — funções que assumiu na era de maioria absoluta de António Costa.

Sem querer levantar grandes ondas, os socialistas também não tencionam apresentar, para já, iniciativas próprias ou projetos de alteração. “A ideia é deixar passar a proposta do Governo para se fazer o debate na especialidade e aí a AD terá de explicar como vai coadunar isto com contas equilibradas”, segundo outra fonte socialista.

Já não existe o bloqueio com Pedro Nuno Santos, que abandonou os comandos do partido, depois do terramoto eleitoral que atirou os socialistas para terceira força política no Parlamento. Há um ano, o então secretário-geral do PS traçou uma linha vermelha e travou a descida das taxas nos escalões mais elevados (7.º e 8.º), e conseguiu, em coligação com o Chega, fazer passar um projeto autónomo que baixou o imposto apenas até ao 6.º patamar de tributação.

Na altura, foi viabilizada a iniciativa dos socialistas, com a abstenção do partido de André Ventura, que aplicou uma descida das taxas entre 0,25 e 1,50 pontos percentuais até ao 6.º nível de tributação, isto é, até aos 41.629 euros anuais de matéria coletável, o que corresponde a um vencimento mensal bruto de cerca de 3.000 euros, para um contribuinte não casado e sem dependentes. Agora, o recém-eleito líder do PS, José Luís Carneiro, está mais aberto a firmar pactos com Luís Montenegro em várias matérias, incluindo impostos.

A ideia é deixar passar a proposta do Governo para se fazer o debate na especialidade e aí a AD terá de explicar como vai coadunar isto com contas equilibradas.

Fontes socialistas

Do PS chegam, porém, alertas de risco de desequilíbrio orçamental já para este ano com o impacto de uma nova redução do IRS, e tendo em conta as projeções do Banco de Portugal (BdP) para um défice de 0,1% e do Conselho das Finanças Públicas para um saldo nulo de 0,0%, ainda que o Governo mantenha as perspetivas mais otimistas de um excedente de 0,3%.

Para além disso, o PS continua crítico da descida das taxas no 7.º e 8.º escalões, por ser “excessiva” e por “beneficiar os ordenados mais altos”. “Com esta medida, o salário médio de 1.500 ou 2.000 euros não será o maior beneficiado”, sublinham. “É possível manter a proposta do Governo tal como está fazendo depois ligeiros acertos”, salientam outras vozes ligadas à direção socialista.

A proposta de lei que o Governo submeteu à Assembleia da República determina um recuo fiscal em 0,40 pontos percentuais para o 7.º e 8.º escalões, que ficam com taxas de 43,10% e 44,60%, respetivamente; em 0,50 pontos para o 1.º, 2.º e 3.º patamares de rendimento, que passam a ser tributados a 12,50%, 16,00% e 21,50%; e uma redução de 0,60 pontos para o 4.º, 5.º e 6.º níveis, que serão taxados a 24,40%, 31,40% e 34,90%.

O presidente do partido de extrema-direita, André Ventura, já disse que está disponível para negociar a proposta do Governo, se este aceitar descer os escalões mais baixos e garantir aumentos de deduções fiscais com habitação. E afastou uma eventual nova coligação negativa. “Não me parece, acho que se houver boa vontade do Governo esse cenário não vai acontecer”, afirmou.

Espero [esta quinta-feira] poder anunciar ao país que, em matéria de descida de impostos chegámos ao mínimo consenso possível.

André Ventura

Presidente do Chega

“O Chega vai propor alterações de diminuição da incidência fiscal nos escalões mais baixos, isto é, onde se ganha menos e onde se ganha abaixo do salário médio, e vamos propor que essa descida seja maior”, explicou Ventura. Por outro lado, o partido quer garantir um aumento das deduções em matéria de despesas de habitação. “Se estas duas metas forem assumidas também pelo Governo, eu diria que temos condições para conseguirmos rapidamente, nos próximos meses, ter um pacote fiscal em termos de IRS”, sinalizou Ventura.

O projeto do Chega, de uma maior redução das taxas, entre o 2.º e o 5.º escalões, face à proposta do Executivo não deverá ser viabilizada, ainda que o líder do grupo parlamentar do PSD, Hugo Soares, mantenha a tese de que irá dialogar tanto com PS como com o partido de Ventura. “Vamos conversar com todos, todos, todos!”, afirmou em declarações ao ECO.

O partido de extrema-direita propõe assim uma descida mais substancial de 0,80 pontos percentuais para o 2.º e 3.º patamares de tributação, fixando as taxas em 15,70% e 21,20%, respetivamente. Para o 4-º e 5.º escalões, quer baixar a carga fiscal em 0,90 pontos, estabelecendo as taxas em 24,10% e 31,20%.

Mas a iniciativa não deverá passar pelo crivo do Parlamento, pelo menos com o apoio do PS, que considera que “não faz sentido votar agora um projeto à parte quando ainda está em jogo a proposta do Governo”. “O que queremos é dar espaço à proposta do Governo na especialidade”, indicam fontes próximas da direção socialista.

O risco de um maior desequilíbrio das contas públicas é outro dos argumentos invocados pela bancada rosa para contestar o projeto do partido de extrema-direita. “Ao querer baixar ainda mais as taxas, o custo será certamente muito maior”, antevê o PS.

Vamos conversar com todos, todos, todos!

Hugo Soares

Presidente do grupo parlamentar do PSD

No entanto, o deputado do Chega, Eduardo Teixeira, defende que “a fatura será sensivelmente a mesma, isto é, de cerca de 500 milhões de euros, tal qual a proposta do Governo”, indicou ao ECO. O parlamentar não se opõe à iniciativa do Executivo, mas considera que “é necessário ir mais além na redução das taxas dos escalões mais baixos e nas deduções com despesas de rendas de habitação”.

Sem querer adiantar o sentido de voto em relação à proposta do Executivo, Eduardo Teixeira diz apenas que o “o partido está expectante quanto à forma como o PSD se irá posicionar em relação ao projeto do Chega”. André Ventura reúne-se esta quinta-feira com Luís Montenegro e espera chegar a um entendimento com o Governo.

“Espero [esta quinta-feira] poder anunciar ao país que, em matéria de descida de impostos chegámos ao mínimo consenso possível para aprovar já na sexta-feira medidas que entrem em vigor rapidamente no país”, afirmou o líder do Chega, citado pela Lusa.

O partido de André Ventura também deu entrada de uma iniciativa para subir a dedução com rendas de habitação própria e permanente até aos 850 euros, um projeto que “não faz sentido algum” para o PS, tendo em conta que, “no ano passado, os socialistas já tinham conseguido aprovar uma proposta que aumenta faseadamente as deduções até aos 800 euros até 2027”, justificaram fontes socialistas próximas da nova direção.

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Turismo, sustentabilidade e agricultura discutidos no Outlook Mafra

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  • 3 Julho 2025

Vários especialistas reuniram-se na conferência Outlook Mafra para avaliarem o potencial da região em diferentes nos setores do turismo, da sustentabilidade, da pesca, do surf e da agricultura.

Turismo, sustentabilidade, pesca artesanal, surf e agricultura foram os temas discutidos no Outlook Mafra, um evento que juntou diversos especialistas para refletirem sobre o posicionamento logístico de Mafra em todos estes contextos.

O evento, que contou com vários painéis de debate e talks, teve como principal objetivo destacar a importância da descentralização e projetar soluções sustentáveis e integradas para o crescimento da região.

“O concelho de Mafra, nos últimos 25 anos, tem sofrido uma grande transformação no crescimento populacional. Hoje somos quase 100 mil e temos 35% da população com menos de 30 anos. Isto é um desafio e uma oportunidade. Temos de saber aproveitar toda esta mão de obra e todos estes recursos humanos e colocá-los no desenvolvimento do nosso território, torná-los talento aqui na nossa terra“, começou por dizer Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, na abertura da sessão.

Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, na abertura da sessão

Esse talento está agora muito associado ao surf, desporto que tem atraído cada vez mais jovens para a região, mas nem sempre foi assim. Tiago Pires, Surfista, garante que, quando começou o seu percurso no surf, não sentia reconhecimento deste desporto. Considera que a grande virada de chave aconteceu quando se assinou, em 2011, “um compromisso entre órgãos governamentais e a Save the Waves que garante que o nosso património de surf não será alvo de transformação”. “O surf é a grande atração turística e económica da vila. Sermos uma reserva mundial de surf foi um grande feito para o município. É preciso honrá-lo e cumpri-lo“, afirmou.

Além disso, a própria costa portuguesa, de acordo com Francisco Spínola, Presidente da World Surf League, tem características muito propícias para a atração de surfistas, já que, “numa extensão de 150 quilómetros se consegue apanhar ondas que estão expostas a qualquer tipo de ventos e de ondulação”. Ou seja, se um surfista vem a Portugal e “não tem ondas num lugar, basta descer um bocadinho e já as pode apanhar”.

“O surf, pelas especificidades da nossa costa, tem uma qualidade das ondas que dão consistência a uma experiência que queremos proporcionar”, disse Teresa Ferreira, Diretora do Departamento de Dinamização dos Recursos Turísticos do Turismo de Portugal, acrescentando: “Parece-me que esta dimensão do surf não pode deixar de fazer parte da nossa estratégia de posicionamento internacional de Portugal como um destino turístico”.

Sustentabilidade, agricultura e pesca estão na raiz

Apesar de o surf ter um peso considerável na atração de turismo e pessoas, há uma sustentabilidade que se tem de garantir para que a qualidade da costa não se perca e também é preciso destacar a importância de outros setores para a região, como a agricultura e a pesca, que estão na raiz do crescimento económico do município e continuam a ter um peso considerável na sua economia.

Manuel Andrade Neves, Sócio da Abreu Advogados, lembrou que o momento que o mundo atravessa agora, “desde as eleições que recolocaram Donald Trump na presidência do governo norte-americano”, traz um “retrocesso nas políticas de desenvolvimento sustentável”, desde logo com a “retirada da convenção de Paris”.

No entanto, Domingos Santos, Vice-Presidente da CAP, destacou que a preocupação com a sustentabilidade e com a modernização começou há muitos anos atrás e foi reforçada com a entrada na UE, em 1985, e com os fundos comunitários. Lembrou, por isso, a ferramenta PAC, criada no pós II Guerra Mundial, com o objetivo de produzir alimentos para os europeus. “Hoje, a política agrícola comum tem a função de alavancar os agricultores europeus a produzir alimentos de qualidade e segurança alimentar com o menor impacto ambiental possível e a preços acessíveis aos consumidores”, disse.

Por sua vez, Sandra Primitivo, Executive Director EY, destacou a vantagem que a região de Mafra tem relativamente à produção agrícola, já que “está próxima de um grande centro de consumo, que têm vários padrões de consumidores”, o que lhe confere uma oportunidade: “Existe já um peso suficiente de consumidores que privilegiam a qualidade e rastreabilidade dos produtos, como os produtos biológicos, e essa pode ser uma via de afirmação”.

Já no que diz respeito à pesca, principalmente a artesanal, esta também “tem uma componente muito importante” para a região, uma vez que, segundo Rodrigo Sengo, Senior Program Development na MSC Portugal, “na realidade da vila piscatória da Ericeira, onde existe uma identidade própria e uma longa tradição, esta é um fator de agregação da comunidade, que depois acaba por complementar o turismo”.

“Em Portugal temos uma costa muito diversificada e isso promove uma diferenciação em relação às espécies. Aqui temos muita diversidade de espécies e isso acaba por nos diferenciar, principalmente em casos de comunidades como esta, na Ericeira, já que é uma zona rochosa onde existem essas características próprias para promover a diversidade das espécies”, acrescentou João Pereira, Chefe da Divisão de Modelação e Gestão de Recursos da Pesca no IPMA.

Qual a visão de futuro?

No encerramento da sessão, Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, partilhou a visão de futuro que tem para o município, que está alicerçada num desenvolvimento económico feito a partir da definição de políticas públicas “que, por si só, não seriam capazes de ser implementadas”.

O autarca realçou, por isso, a importância do apoio do setor privado: “O setor privado será um dos grandes dínamos da implementação dessa estratégia. Com a população a crescer, entendemos que os 20 mil residentes que fluem entre o concelho de Mafra e de Lisboa, eventualmente têm condições para se fixarem aqui através da criação de emprego e emprego digno“.

“Por isso, o que estamos a fazer em Mafra é a apostar na criação de emprego qualificado e em novas centralidades urbanas, essencialmente com a criação do parque empresarial e também de um terminal de mercadorias”, concluiu.

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Nova técnica pode duplicar a taxa de embriões viáveis na reprodução assistida

  • Servimedia
  • 3 Julho 2025

A descoberta foi apresentada no 41º Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, em Paris.

A capital francesa reuniu especialistas internacionais em fertilidade para o 41º Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) e o evento contou com a apresentação de uma nova técnica que poderá duplicar a taxa de embriões viáveis em reprodução assistida.

Este encontro mundial, considerado um dos mais importantes no domínio da reprodução assistida, tem servido de plataforma para a apresentação de investigações pioneiras que marcam o futuro da medicina reprodutiva. Entre os trabalhos que despertaram mais interesse está um avanço tecnológico que poderá transformar o tratamento da infertilidade masculina: a imagem hiperespectral dos espermatozóides. Trata-se de uma ferramenta não invasiva que, através da utilização da luz e de uma câmara especializada, permite identificar os espermatozóides com maior probabilidade de gerar embriões viáveis, sem comprometer a sua integridade ou alterar a sua viabilidade.

 

O estudo, intitulado “Hyperspectral imaging of single spermatozoa before ICSI predicts optimal embryo development: potential use as a non-invasive tool for sperm selection”, foi apresentado no congresso e propõe uma abordagem completamente nova à seleção de espermatozóides. Ao contrário dos métodos convencionais, que se limitam a avaliar parâmetros como a quantidade, a motilidade ou a morfologia do sémen, esta técnica permite gerar um perfil bioquímico individual de cada espermatozoide, captando a sua “impressão digital molecular”.

Segundo o Dr. Nicolás Garrido, diretor da Fundação IVI e investigador principal do estudo, “até agora, os métodos de análise do sémen baseavam-se em parâmetros básicos como a quantidade, a motilidade e a morfologia. As técnicas bioquímicas mais aprofundadas exigiam a destruição dos espermatozóides para obter resultados, o que as tornava inaplicáveis na prática clínica”.

Um dos destaques da descoberta é o seu potencial impacto na taxa de formação de blastocistos viáveis, que poderia ser duplicada através de uma seleção mais precisa dos gâmetas masculinos. Isto seria uma melhoria nos casos de baixa resposta ovárica ou de má qualidade embrionária, em que cada tentativa conta.

“Enquanto as atuais técnicas de seleção de embriões apenas permitem decidir qual o embrião a transferir em primeiro lugar, esta tecnologia pode influenciar desde o início, aumentando o número de embriões viáveis desde o processo de fertilização”, acrescenta o Dr. Garrido. Esta precisão abre novas oportunidades para personalizar ainda mais os tratamentos e maximizar as hipóteses de sucesso, especialmente em doentes com mau prognóstico.

Além disso, a técnica destaca-se pela sua escalabilidade e facilidade de implementação em laboratórios, graças à simplicidade do equipamento necessário e ao seu custo relativamente baixo, o que poderá facilitar a sua adoção generalizada nas clínicas de reprodução assistida. Com este avanço, a infertilidade masculina – tradicionalmente menos explorada do que a infertilidade feminina – posiciona-se no centro da inovação, marcando um novo horizonte na medicina reprodutiva baseado na precisão, na eficiência e na tecnologia não invasiva.

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Francisco Assis, Ana Catarina Mendes e Sérgio Sousa Pinto entram no Secretariado Nacional do PS

  • Lusa
  • 2 Julho 2025

Francisco Assis, Sérgio Sousa Pinto e também a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, vão entrar no Secretariado Nacional do PS de José Luís Carneiro.

Os eurodeputados Ana Catarina Mendes e Francisco Assis, o ex-deputado Sérgio Sousa Pinto e a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, vão entrar no Secretariado Nacional do PS de José Luís Carneiro, confirmou o próprio à Lusa.

O novo Secretariado Nacional do PS vai ser votado pelos socialistas na Comissão Nacional de sábado, uma semana depois de José Luís Carneiro ter sido eleito secretário-geral dos socialistas numas diretas sem oposição.

À agência Lusa, José Luís Carneiro confirmou que convidou para este órgão, convites que foram aceites, nomes como do ex-deputado Sérgio Sousa Pinto, os eurodeputados Ana Catarina Mendes e Francisco Assis e a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros.

De saída do Secretariado Nacional está a deputada e ex-ministra Mariana Vieira da Silva, confirmou a própria à Lusa, bem como a candidata à Câmara de Lisboa, Alexandra Leitão e o ex-ministro Duarte Cordeiro.

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Alterações aos vistos é “questão de soberania e decisão legítima” de Portugal, diz líder cabo-verdiano

  • Lusa
  • 2 Julho 2025

O primeiro-ministro cabo-verdiano duvida que as novas regras de vistos, propostas pelo Governo, sejam "uma alteração substancial de forma a piorar o quadro atual" para a CPLP.

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, reconheceu esta quarta-feira que as alterações que o Governo português pretende fazer à emissão de vistos e à obtenção da nacionalidade portuguesa é uma questão “de soberania e decisão legítima”.

Trata-se de uma matéria de soberania e de decisão legítima do Governo português. Em segundo lugar, é preciso analisar o conteúdo da própria lei. Nós estivemos a fazer uma análise. Há algumas restrições, mas não significa que relativamente à CPLP [Comunidades dos Países de Língua Portuguesa], nomeadamente a Cabo Verde, que haja uma alteração substancial de forma a piorar o quadro atual”, disse Ulisses Correia e Silva à agência Lusa.

O chefe do executivo cabo-verdiano falava à Lusa à entrada para um jantar de gala oferecido pelo seu Governo, em Lisboa, no quadro das celebrações do 50.º aniversário da independência do seu país, e antes de receber o seu homólogo português, Luís Montenegro. Para Ulisses Correia e Silva, “é preciso entender que essas alterações são feitas. Cabo Verde também já fez alteração da sua lei de nacionalidade. Por exemplo, nós, relativamente à obtenção de nacionalidade por casamento, adotamos um processo mais legislativo”.

Questionado se a iniciativa das autoridades portuguesas não representa um passo atrás no acordo de mobilidade na CPLP, Ulisses Correia e Silva respondeu que não.

“Não, eu creio que não. Nós continuamos com a mesma vontade, há uma vontade política de ambos os lados, acho, da parte do Governo português, liderado por Luís Montenegro, relativamente a mantermos o espírito e aquilo que nós definimos como a base da nossa mobilidade a nível da CPLP”, afirmou.

Estas declarações surgem na sequência do Governo português ter anunciado, em 23 de junho, que vai exigir que as autorizações de residência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tenham sempre vistos consulares prévios nos países de origem, ao contrário do que hoje sucede nalguns casos.

Até agora, os cidadãos do Brasil e de Timor-Leste, que estavam isentos de vistos para entrada em Portugal, poderiam candidatar-se à residência CPLP já em Portugal, algo que vai deixar de acontecer, afirmou então o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, numa conferência de imprensa no final do conselho de ministros.

A partir da aprovação da proposta de lei anunciada pelo Governo, “para pedir uma autorização de residência CPLP é preciso ter um visto de residência prévio” aprovado pelos consulados, disse António Leitão Amaro. Além disso, a candidatura a autorização de residência CPLP passa a exigir “uma verificação dos sistemas de segurança”.

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Famílias reembolsaram 9 mil milhões do crédito da casa antes do prazo

Descida dos juros reduziu incentivos às amortizações antecipadas de crédito. Ainda assim, os reembolsos antes do prazo atingiram os 9 mil milhões de euros no ano passado.

Os reembolsos antecipados do crédito à habitação atingiram os nove mil milhões de euros no ano passado, quase menos 20% em relação a 2023, com a descida das taxas de juro a reduzir os incentivos para as famílias amortizarem o empréstimo da casa antes do tempo, segundo o Banco de Portugal.

Ao todo foram realizados mais de 182 mil reembolsos antecipados totais ou parciais ao longo de 2024, menos 26,1% em comparação com o ano anterior (247 mil), de acordo com o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito divulgado esta quarta-feira pelo supervisor bancário.

O montante médio por reembolso aumentou para 49,4 mil euros, mais quatro mil euros em relação a 2023.

Os dados mostram que a maioria que fez reembolsos antecipados no ano passado optou por amortizar a totalidade do empréstimo da casa ao banco: foram mais de 105 mil, ou seja, 57% do total de reembolsos antecipados. Ainda assim, observou-se uma diminuição de 20% do número de amortizações antecipadas totais, correspondendo a um montante reembolsado de 7,8 mil milhões de euros (-13,8%).

Já o número de amortizações parciais caiu 33% para 77,7 mil operações, envolvendo 1,2 mil milhões de euros.

O Banco de Portugal explica que a diminuição dos reembolsos antes do prazo se deveu à descida das taxas de juro aplicadas aos contratos de crédito à habitação, “reduzindo os incentivos às amortizações antecipadas”.

O supervisor lembra ainda que a diminuição dos reembolsos antecipados se verificou “em paralelo com o prolongamento da suspensão temporária da comissão por reembolso antecipado nos contratos de crédito para habitação própria permanente que estejam num período de taxa de juro variável”.

“Contudo, observou-se um aumento pontual destes reembolsos em dezembro de 2024, para o que pode ter contribuído a maior liquidez por parte dos clientes bancários nesta altura do ano e o facto da decisão sobre a prorrogação da isenção de comissão por reembolso antecipado ter sido confirmada apenas no início de 2025 com a publicação do Lei n.º 1/2025, de 6 de janeiro”, acrescenta o Banco de Portugal.

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Presidente da Câmara de Gouveia recorre de condenação e não se demite

  • Lusa
  • 2 Julho 2025

“O processo não acabou, ainda posso recorrer e recorri, porque não estou convicto daquela sentença", diz Luís Tadeu. Autarca condenado a três anos e seis meses de prisão, com pena suspensa.

O presidente da Câmara de Gouveia vai manter-se em funções e já recorreu da decisão da Relação, que confirmou a condenação a três anos e meio de prisão, com pena suspensa, pelo crime de prevaricação de titular de cargo político.

Em 11 de junho, o Tribunal da Relação de Coimbra julgou “totalmente improcedentes” os recursos apresentados pelos arguidos às condenações no caso das parcerias público-privadas (PPP) realizadas pelos municípios de Trancoso, Gouveia (distrito da Guarda) e Alcobaça (distrito de Leiria), entre 2007 e 2011, com a empresa de obras públicas MRG.

Em abril de 2023, o Tribunal da Guarda tinha condenado Álvaro Amaro, presidente da Câmara de Gouveia na altura dos factos, a três anos e seis meses de prisão, com pena suspensa, pelo crime por prevaricação de titular de cargo político, condicionada ao pagamento de 25 mil euros.

A mesma pena foi aplicada a Luís Tadeu, atual presidente do município e vice de Álvaro Amaro na altura dos factos. Após a condenação na primeira instância, Álvaro Amaro renunciou ao mandato de eurodeputado. Luís Tadeu manteve-se em funções na Câmara de Gouveia e na presidência da Comunidade Intermunicipal Região das Beiras e Serra da Estrela (CIMRBSE).

“Não me conformo com a decisão. Não fui acusado, nem fui condenado, por ter roubado, por ter sido corrompido, por ter corrompido, por ter feito o que quer que seja, a não ser, eventualmente – e isso é muito discutível – ter havido uma falha em termos de um processo de contratação pública. Nada mais”, disse Luís Tadeu (PSD).

O autarca falava na última Assembleia Municipal de Gouveia, realizada na segunda-feira, respondendo a interpelações dos deputados socialistas Pedro Pacheco e José Mota. “Estou de consciência tranquila, volto a dizer não fiz nada que, em consciência, mereça aquela condenação. Como tal, continuarei em funções até ao final do mandato”, acrescentou.

Luís Tadeu revelou também que já recorreu do acórdão da Relação. “O processo não acabou, ainda posso recorrer e recorri, porque não estou convicto daquela sentença. Se tiver de pagar, serei eu, do meu bolso, cumprirei aquilo que me for imposto. Se o processo estivesse terminado hoje, pagaria na hora porque, felizmente, tenho dinheiro para pagar”.

Perante a Assembleia Municipal, onde o assunto foi abordado no período de antes da ordem do dia, Luís Tadeu, que não pode recandidatar-se por ter atingido o limite de mandatos, voltou a reiterar a sua inocência. Luís Tadeu referia-se à requalificação da zona da antiga fábrica têxtil Bellinos & Bellinos, no centro da cidade.

Segundo disse na Assembleia Municipal, “estão feitos dois terços, falta o pavilhão, cujo projeto está pronto e tem financiamento garantido na ITI da CIMRBSE. São 8,5 milhões, não é conversa fiada”. Além de Álvaro Amaro e Luís Tadeu, foi ainda condenado o ex-presidente da Câmara de Trancoso, Júlio Sarmento, a pena de prisão efetiva de sete anos, pelos crimes de prevaricação, corrupção e branqueamento de capitais, também confirmada pela Relação de Coimbra.

Já o empresário Fernando Gouveia manteve a pena de seis anos e seis meses de prisão, o consultor Marco Carreiro a de cinco anos de prisão suspensa (condicionada ao pagamento de 25 mil euros) e a empresária Josefina Araújo a uma pena suspensa de dois anos e meio por branqueamento de capitais.

Os nove arguidos (três foram absolvidos na primeira instância) eram suspeitos da prática de crimes de corrupção, prevaricação de titular de cargo político, branqueamento de capitais e participação económica em negócio, entre outros, num esquema de PPP alegadamente lesivo para os municípios.

O Tribunal da Guarda tinha absolvido o presidente da Câmara de Alcobaça, Hermínio Rodrigues, a empresa MRG – Engineering & Solutions, S.A. e Eduardo Nogueira.

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Com incerteza sobre espetro, “Nos não irá fazer mais um euro de investimento na rede móvel”

Enquanto houver incerteza sobre a renovação e atribuição de espetro, Miguel Almeida diz que a Nos não tenciona investir mais, por não ter garantia de que terá tempo para rentabilizar o investimento.

O CEO da Nos disse esta quarta-feira que a operadora “não vai fazer mais um euro de investimento na rede móvel” enquanto existir incerteza sobre a a renovação dos direitos de utilização de frequências, visto não ter garantias que consiga obter retorno.

“A Nos não vai fazer mais um euro de investimento na rede móvel, neste momento não tem tempo de se pagar”, atirou o gestor. Quando questionado sobre se a empresa tem interesse em obter acesso a mais frequências para melhorar o seu serviço 5G, Miguel Almeida respondeu que não.

“Não necessitamos de mais espetro neste momento. Aquilo de que temos necessidade fundamental é de previsibilidade sobre o acesso a esse espetro”, constatou.

Algumas das licenças de utilização de espetro detidas pelas operadoras vão caducar já em 2027. No entanto, no final do ano passado, a Autoridade da Concorrência veio considerar que estas não devem ser renovadas automaticamente e que a duração das mesmas deve ser mais curta.

Lembrando essa posição do regulador, Miguel Almeida apontou que “introduzir esta incerteza num momento destes é a loucura total”. E, endurecendo o discurso, disse mesmo: “É criminoso.”

“O espetro vai ser renovado. Não sei se há um conjunto de obrigações ou não. Tem de ser feito”, disse o CEO da Nos.

Miguel Almeida falava no painel Estado da Nação das Comunicações, inserido no congresso anual da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), debatendo o estado do setor com Ana Figueiredo, CEO da Meo, e Luís Lopes, CEO da Vodafone.

Luís Lopes anunciou que a Vodafone pode “potencialmente” estar interessada em 10 MHz na faixa dos 3,6 GHz, onde já possui direitos de utilização de 90 MHz.

Já sobre a notícia de que a Anacom irá dar “novidades” em breve sobre a atribuição de 10 MHz na faixa dos 700 MHz, o líder da Vodafone especulou que “deve haver uma razão” para a Meo ter sido a única a não licitar dois lotes nesta faixa, ao contrário das duas concorrentes, e enalteceu a decisão do regulador de instaurar um processo contra a Dense Air por esta nunca ter usado as licenças que adquiriu no leilão do 5G: “Já não era sem tempo.”

Por seu turno, Ana Figueiredo exigiu um ambiente mais favorável ao investimento: “Sempre que nos deram condições para investir, nunca falhámos com o país.”

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Ventura espera espera acordo com Montenegro sobre imigração e IRS

  • Lusa
  • 2 Julho 2025

O presidente vai encontrar-se esta quinta-feira com o primeiro-ministro para tentar chegar a um entendimento quanto à lei da nacionalidade e descida do IRS.

O presidente do Chega disse que na quinta-feira irá encontrar-se com o primeiro-ministro e espera chegar a um entendimento quanto às alterações à legislação sobre nacionalidade e imigração e também no que toca à descida do IRS. O gabinete de Luís Montenegro já confirmou a reunião.

“Espero amanhã [quinta-feira] poder anunciar ao país que, em matéria de descida de impostos e em matéria de imigração, chegámos ao mínimo consenso possível para aprovar já na sexta-feira medidas que entrem em vigor rapidamente no país”, afirmou esta quarta-feira, indicando que espera poder fazer esse anúncio com o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

André Ventura falava aos jornalistas no Cacém, concelho de Sintra e distrito de Lisboa, onde acompanhou a candidata do partido à Câmara Municipal de Sintra numa arruada.

Fonte do gabinete do primeiro-ministro confirmou, entretanto, o encontro entre Montenegro e Ventura, referindo que se realiza a pedido do presidente do Chega.

O líder do Chega indicou que não esteve presente na reunião desta quarta-feira com os ministros da Presidência, António Leitão Amaro, e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, porque estará na quinta-feira com o primeiro-ministro.

“Estarei amanhã com o primeiro-ministro, que acho que é o que um líder de um partido deve fazer. A reunião agora está a acontecer a nível da bancada parlamentar com o Governo, e amanhã penso que terei a oportunidade de, se isso acontecer, podermos anunciar que se chegou a esse entendimento, com o primeiro-ministro”, afirmou.

Questionado a que horas e onde decorrerá essa reunião, André Ventura disse não ter “muitos dados sobre isso”.

O líder do Chega indicou que ainda “há negociações a decorrer” e apelou ao Governo que “tenha a boa vontade para chegar a um entendimento ainda esta noite ou durante o dia de amanhã”.

Ventura disse que a reunião desta quarta-feira com os ministros “visa articular e preparar e chegar a consensos nas matérias de imigração e nas matérias de fiscalidade” e indicou que estiveram presentes, pelo Chega, o líder parlamentar, Pedro Pinto, e o presidente da Comissão de Orçamento e Finanças, o deputado Rui Afonso.

Questionado qual o sentido de voto do Chega quanto aos diplomas que o Governo levou ao parlamento matéria de descida do IRS, e de alterações à legislação da nacionalidade e imigração, que serão discutidos e votados na sexta-feira, André Ventura não adiantou.

“Estamos neste momento a negociar com o Governo”, disse, indicando as diferenças entre as propostas do Chega e as do Governo.

“Vamos esperar que a reunião decorra com o Governo para ver também qual é a abertura que o Governo tem para este caminho que está a ser feito. Agora, é importante também que o Governo decida que caminho quer fazer nesta legislatura” e se mostra “boa vontade” para negociar com a oposição, afirmou.

Ainda assim, admitiu que os diplomas possam descer à especialidade, mas alertou que “o processo será mais longo, demorará mais”.

“Acho que se houver boa vontade, se houver líderes com boa vontade e partidos com boa vontade, nestas matérias sensíveis conseguiremos, pelo menos, chegar a um entendimento comum e garantir que as leis entram em vigor rapidamente e não vamos andar agora meses e meses e meses numa discussão que as pessoas depois deixam de acompanhar para não entrar em vigor em nada”, defendeu.

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