Casa ISDIN celebra Sant Jordi com sessões de autógrafos, um workshop de escrita e um recital de poesia

  • Servimedia
  • 23 Abril 2025

O laboratório celebra o 50.º aniversário da sua fundação coincidindo com a festa das rosas e dos livros.

Esta quarta-feira, 23 de abril, assinala os 50 anos da fundação do ISDIN e, coincidindo com este aniversário, o laboratório internacional juntou-se às celebrações de Sant Jordi com um dia especial na Casa ISDIN, o seu espaço no Paseo de Gracia em Barcelona.

Durante o dia, foram realizadas várias atividades para destacar a cultura e a ciência, bem como o compromisso do laboratório com o cuidado da pele. O evento contou com a presença da modelo e embaixadora do ISDIN, Judit Mascó, também autora do livro infantil “The forever girls”.

Um dos pontos altos da jornada foi a tradicional sessão de autógrafos de diferentes autores. Assim, as farmacêuticas Virtudes Roig, criadora do famoso El Blog de Pills e do livro “Píldoras de Emociones”, e Cristina Gumuzio, escritora de romances de suspense como “Farmachip” ou “Cuarto Poder”, autografaram as suas obras. E ao lado deles, a muito jovem Daniela Sotil, que aos oito anos de idade já lançou a sua terceira história, “As aventuras de Daniela e os animais”. A pequena autora está a doar todos os lucros da venda do seu livro para a construção de um centro cultural para crianças em Moçambique.

A literatura também esteve presente na Casa ISDIN através do workshop de escrita criativa ministrado por Diana Orero, responsável por livros como “Todo cuenta” e “Love Your Skin”, e com um recital de poesia musicado por Gemma Humet. E, em consonância com este dia tão especial, a atividade “A capa do teu livro” – uma photocall para desenhar capas personalizadas – recordou aos participantes que eles são os protagonistas da história da sua pele.

RECOMENDAÇÃO DE ROTINAS

Outro dos destaques do dia foram os “Skin Checks”, análises da pele efetuadas pela equipa especializada da Casa ISDIN. Com uma atenção individualizada, os participantes puderam conhecer em profundidade o estado atual da sua pele, bem como as suas necessidades específicas.

Uma vez obtido o diagnóstico, foi concebida uma rotina de cuidados personalizada, recomendada com base em critérios dermatológicos e apoiada pela ciência e inovação que caracterizam a ISDIN. Esta experiência não só incentivou o autocuidado e o bem-estar, como também serviu para levar ao público conhecimentos especializados sobre a saúde da pele, reforçando o compromisso da marca com a consciencialização da importância dos cuidados com a pele.

O dia de festa foi acompanhado pela distribuição de poemas e balões corporativos com rosas serigrafadas. Por fim, foi efetuado um brinde com os convidados da marca, que deu o toque final a um dia muito especial para a empresa, o seu 50º aniversário.

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Famílias monoparentais têm brinde extra no IRS. Veja como ter direito

Os encargos gerais e familiares podem ser majorados até 335 euros, mais 85 euros. Mas, para isso, era preciso ter comunicado o agregado e a guarda parental ao Fisco, em fevereiro.

Pais ou mães sozinhos ou divorciados com filhos à sua guarda têm direito a um brinde extra no IRS e, assim, pode conseguir um reembolso maior ou um imposto menor a pagar, desde que tomem alguns passos prévios ao preenchimento da declaração Modelo 3, alertam vários fiscalistas consultados pelo ECO.

O Código do IRS determina que as famílias monoparentais podem deduzir 45% do valor suportado por qualquer membro do agregado com o limite global de 335 euros. Trata-se de uma majoração de 10 pontos percentuais ou de 85 euros, face aos 35% que os demais contribuintes podem abater até ao limite de 250 euros.

Para usufruir desta benesse, a família em causa tem de ter em atenção, “aquando do preenchimento da declaração do IRS, que o filho ou descendente apenas deve ser considerado no IRS do contribuinte (pai ou mãe) com quem habita, sob pena de dar lugar a uma discrepância, nomeadamente se ambos os pais considerarem o filho no seu IRS”, avisa o fiscalista Ricardo Reis, da Deloitte, em declarações ao ECO.

A este respeito, Luís Nascimento, da Ilya, sublinha a importância da “comunicação prévia à Autoridade Tributária, até 17 de fevereiro, do agregado familiar, da responsabilidade da guarda parental e da residência fiscal dos filhos”. De salientar que, a partir do próximo ano, esse prazo para o último dia de fevereiro, à semelhança de outras obrigações declarativas como a verificação das faturas, no âmbito do pacote de simplificação fiscal promovido pelo atual Governo da AD, liderado por Luís Montenegro.

“Caso o pai ou a mãe não tenha feito esse reporte e tentar, no momento do preenchimento da declaração, inserir o dependente manualmente, o Fisco vai emitir uma divergência e obrigar a uma declaração de substituição em conformidade com o que foi declarado”, alerta o fiscalista. Ou seja, as Finanças não vão aceitar a inclusão do filho e, como tal, a família em causa não poderá beneficiar da majoração da dedução das despesas gerais e familiares.

Nascimento dá como exemplo um casal que se divorciou: “a mãe ficou com a guarda da filha, mas não reportou a responsabilidade parental e o ex-marido comunicou mal o agregado à Autoridade Tributária (AT), porque incluiu a dependente”. A contribuinte ainda tentou reclamar, “mas o Fisco não aceitou passar a filha para o seu agregado, uma vez que o domicílio fiscal era a casa do pai”, indicou. Por isso, a progenitora acabou por não ter direito à majoração da dedução dos encargos gerais e familiares.

Como consequência, apenas o pai beneficiou da dedução, de 600 euros, por dependente com mais de três anos. A AT apenas concordou em dividir as despesas de educação e formação pelos dois progenitores, assinalou Luís Nascimento.

“O contribuinte deverá garantir que a informação relativa ao seu agregado familiar está correta junto da AT, incluindo a situação de residência dos filhos e a percentagem do valor das despesas a deduzir”, reforçam ainda Maria Inês Assis e Joana Monteiro de Oliveira, da Abreu Advogados.

Nas situações em que “existe guarda partilhada, as despesas poderão ser partilhadas e a divisão pode ser feita em partes iguais ou de outra forma, por exemplo, 60/40 ou 20/80, desde que a soma seja 100, de acordo com o que ficou determinado no acordo de regulação das responsabilidades parentais”, destacam as advogadas, especializadas em Direito Fiscal.

Para além da comunicação prévia do agregado familiar e da responsabilidade parental, o fiscalista da Ilya, Luís Nascimento, chama a atenção para “a importância da validação das despesas no portal e-Fatura até fevereiro para que o contribuinte possa beneficiar do teto máximo das deduções das despesas gerais e familiares, de 335 euros”.

“Caso não tenham feito essa validação, as famílias podem sempre optar, no momento do preenchimento da declaração de IRS, pela inserção manual dos encargos”, no anexo H, relativos às deduções à coleta, acrescenta.

A campanha para a entrega da declaração de IRS arrancou a 1 de abril e termina a 30 de junho. O Fisco não paga reembolsos inferiores a 25 euros e prescinde da cobrança de valores abaixo de 10 euros.

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Legislativas condicionam comunicação da obra das câmaras. Autarcas arriscam coimas

Comissão Nacional de Eleições recebeu vários pedidos de esclarecimento da parte dos municípios. Alguns autarcas já nem apresentam obra publicamente.

“Os municípios vão ficar mudos? O que é que podemos fazer? Qual a nossa ação?” As perguntas de Inês Medeiros, presidente da câmara de Almada, ao ECO/Local Online, fazem eco junto de outros autarcas, preocupados com a possível interpretação da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de que determinada iniciativa no longo período eleitoral durante 2025 seja propaganda encapotada em apresentação ou lançamento de obras, projetos e investimentos. Eventuais coimas saem do bolso do próprio presidente, não do cofre da autarquia.

“Os órgãos das autarquias locais não estão impedidos, no período eleitoral, de prosseguir as suas atribuições legais e, nesse sentido, de realizar atividades e eventos”, assegura a CNE ao ECO/Local Online. Contudo, destaca a ‘polícia eleitoral’, “na realização de eventos e atividades, os titulares dos órgãos das autarquias locais devem adotar um comportamento que não coloque em causa os deveres de neutralidade e imparcialidade”, tal como previsto no artigo 57.º da Lei Eleitoral.

Com a marcação de eleições legislativas antecipadas, o calendário de ações das autarquias reduziu-se de forma substancial, perdendo de supetão metade dos dias em que a ação governativa das câmaras não estava condicionada. Quando, a 13 de março, o Presidente da República marcou uma data para as legislativas, o artigo 57.º da Lei Eleitoral voltou a ser ativado, e assim ficará até dia 18 de maio. Neste período entre a marcação de legislativas e a ida dos cidadãos às urnas, decorrerão mais de 60 dias com comunicação camarária condicionada. Sabendo-se que o próximo Governo terá de marcar eleições autárquicas em meados de julho, na hipótese mais conservadora — por lei, terá de fazê-lo até ao máximo de 80 dias antes da data marcada para as autárquicas, cujo intervalo é, invariavelmente, entre 22 de setembro e 14 de outubro — o dia desse anúncio ativará automaticamente as restrições da CNE.

Recuando 80 dias perante 27 de setembro (data que, apurou o ECO/Local Online, junto de vários intervenientes políticos, é a mais provável, evitando o feriado de 5 de outubro e 12 de outubro, dia próximo da altura previsível de discussão do Orçamento do Estado), o calendário marca a segunda semana de julho, menos de 60 dias após as legislativas. Ou seja, apenas no período entre 18 de maio e o dia da marcação das autárquicas poderão os presidentes de câmara agir sem estarem manietados por esta restrição da Lei Eleitoral. Dos mais de 120 dias de que as autarquias dispunham quando o Governo caiu, o horizonte temporal para apresentações e inaugurações ficou reduzido a menos de 60.

Na realização de eventos/atividades, os titulares dos órgãos das autarquias locais devem adotar um comportamento que não coloque em causa os deveres de neutralidade e imparcialidade previstos no artigo 57.º da Lei Eleitoral da Assembleia da República. No que diz respeito às inaugurações, a Comissão tem entendido que o ato de “inauguração” se inscreve no âmbito da observância dos deveres de neutralidade e imparcialidade a que as entidades públicas estão especialmente vinculadas.

Comissão Nacional de Eleições

Frederico Rosa, presidente da Câmara do Barreiro, admite haver “muitos constrangimentos”, perante um cenário “muito vago”. Exemplo disso, em autárquicas anteriores a autarquia fez alterações nos contentores de recolha de resíduos, comunicou-o nos órgãos oficiais e a CNE recebeu uma queixa, à qual deu provimento, penalizando o autarca.

Frederico Rosa resume a decisão do seu Executivo para 2025: “Assumimos que há uma lei da rolha e praticamente não fazemos nada [de comunicação]. Estamos a informar muito menos. Já o fazemos sem adjetivação e mesmo assim tivemos queixas a que a CNE deu provimento, coisas que para nós eram meramente informativas”.

A solução escolhida pelo presidente da Câmara do Barreiro foi comunicar nas suas próprias redes sociais. “As queixas recaem sobre o presidente da câmara e as multas são pesadíssimas”, explica. A penalização é pessoal, não sobre os serviços.

A estratégia de promoção de obra nas redes sociais é seguida também em Lisboa. A 8 de abril, após ter entregue 63 chaves aos inquilinos de um novo edifício de habitação camarária em Entrecampos, Carlos Moedas promoveu, na sua conta na rede Facebook, o trabalho executado. Já na conta da autarquia, os elogios são contidos.

No que diz respeito às inaugurações, a CNE “tem entendido que o ato de ‘inauguração’ se inscreve no âmbito da observância dos deveres de neutralidade e imparcialidade a que as entidades públicas estão especialmente vinculadas. No ordenamento jurídico nacional não existe proibição que impeça os titulares de cargos públicos e os órgãos e agentes das empresas públicas e dos concessionários de serviços públicos de promoverem atos públicos que consubstanciem ‘inaugurações'”, destaca a comissão. Porém, ressalva, “exige-se que os seus titulares o façam de forma imparcial, separando adequadamente as suas qualidades de titular de um dado cargo e de candidato, abstendo-se de, em atos públicos e, em geral, no exercício das suas funções, denegrir ou diminuir outras candidaturas e de promover a sua ou a da área política em que se inserem. Exige-se também que o exercício do direito se faça sem abuso – a frequência, as condições e o próprio conteúdo dos atos que se pratiquem têm necessariamente de integrar um quadro global legitimador de uma prática que, não sendo expressamente proibida pela lei, colide objetivamente com o dever de neutralidade e, por isso mesmo, se deve conter em limites justificados e socialmente aceitáveis“.

Assumimos que há uma lei da rolha e praticamente não fazemos nada [de comunicação]. Estamos a informar muito menos. Já o fazemos sem adjetivação e mesmo assim tivemos queixas a que a CNE deu provimento, coisas que para nós eram meramente informativas.

Frederico Rosa

Presidente da Câmara Municipal do Barreiro

As dúvidas prendem-se inclusive com as comemorações dos 51 anos do 25 de abril, nota o presidente da Câmara do Barreiro. “Uma das coisas que os serviços perguntaram ao vereador que tem o pelouro é se podemos comunicar o programa do 25 de abril. Obviamente sem adjetivação, o ‘concerto da pessoa ‘, o ‘hastear a bandeira’. É castrador. Se prejudica bastante, está-se a prejudicar o acesso a informação que pode ser relevante”.

Em alguns casos, chegou mesmo a haver cancelamento de ações, por receio de choque com a Lei Eleitoral, como no caso da região do Médio Tejo. Na preparação para o IV Congresso do Desporto, que acontecerá em maio, os 11 municípios do Médio Tejo recuaram na intenção de fazer a apresentação presencial do evento à imprensa. Uma das 11 câmaras do Médio Tejo, Vila Nova da Barquinha, informou que a conferência de imprensa seria cancelada, invocando “o período eleitoral” e “as respetivas restrições impostas pela CNE”. A informação acabaria por chegar à imprensa proveniente de várias autarquias da região, todas com o mesmo comunicado.

Ao ECO/Local Online, a CNE, citando a Lei Eleitoral, realça que “durante o período eleitoral, os órgãos das autarquias locais ‘não podem intervir direta ou indiretamente em campanha eleitoral nem praticar quaisquer atos que favoreçam ou prejudiquem uma candidatura em detrimento ou vantagem de outra ou outras, devendo assegurar a igualdade de tratamento e a imparcialidade em qualquer intervenção nos procedimentos eleitorais’”.

“No Barreiro, se tivermos alguma coisa para inaugurar, não vamos deixar de abrir, não o faremos é publicamente. Não vamos deixar de ter nada ao dispor da população só para deixar para outras núpcias”, assegura Frederico Rosa.

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Salário mínimo, IRS e pensões. As “soluções” dos partidos para (tentar) engordar carteira dos portugueses

Há quem defenda um salário mínimo de mil euros já este verão (CDU) e quem atire a chegada aos 1.100 ou 1.110 euros para 2029 (PS e AD). Reforço dos rendimentos é uma das áreas quentes dos programas.

  • O ECO vai divulgar cinco séries semanais de trabalhos sobre temas cruciais para o país, no período que antecede as eleições legislativas de 18 de maio. Os rendimentos das famílias, a execução dos fundos europeus, o crescimento da economia nacional, a crise da habitação e o investimento na Defesa vão estar em foco. O ECO vai fazer o ponto da situação destes temas, sintetizar as propostas dos principais partidos e ouvir a avaliação dos especialistas.

O reforço dos rendimentos dos portugueses é um dos temas quentes dos programas eleitorais apresentados pelos vários partidos para a ida às urnas de 18 de maio. Não é de estranhar, tendo em conta que os salários (e, em resultado, as pensões), apesar dos aumentos dos últimos anos, comparam mal com os assegurados nos demais países europeus. Para robustecer a carteira das famílias, os partidos defendem, nomeadamente, aumentos do salário mínimo nacional, novos alívios do IRS, e a criação de condições para que o salário médio floresça.

No que diz respeito ao salário mínimo nacional — que está hoje fixado em 870 euros, depois de dez anos consecutivos de aumentos –, entre os vários partidos, a maioria concorda que é preciso avançar com novos reforços, na próxima legislatura. Discordam, contudo, dos valores que devem ser decretados pelo Governo que resultar da corrida marcada para o próximo mês.

Importa explicar que há um acordo firmado em Concertação Social que deverá, pelo menos, orientar a evolução da retribuição mínima garantida até 2028. Nesse entendimento, estão previstos aumentos anuais de 50 euros, sendo que os parceiros sociais (e a própria ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho) já avisaram que o que foi assinada deve ser cumprido, venha que Governo vier.

Ora, entre os programas eleitorais já apresentados, vários partidos vão até além do previsto nesse acordo. É o caso da AD – Coligação PSD/CDS, que propõe um aumento do salário mínimo nacional para 1.100 euros até 2029.

Mas também do PS, que promete subir a retribuição mínima garantida em, pelo menos, 60 euros por ano, “atingindo um aumento mínimo de 240 euros para 1.110 euros em 2029“. Quer também “revisitar o conceito de retribuição mínima mensal garantida previsto na legislação laboral, em ordem a clarificar as componentes que o integram“, aponta o programa eleitoral.

Já o Bloco de Esquerda exige que o salário mínimo nacional alcance os mil euros já no próximo ano. E a CDU (PCP e PEV) vai mais longe: defende que a retribuição mínima garantida deverá atingir esse mesmo valor, mas já em julho.

Por outro lado, o Livre compromete-se com uma subida do salário mínimo nacional ao longo da legislatura até aos 1.250 euros, em 2029, “permitindo, assim, reforçar o valor do trabalho enquanto componente produtiva fundamental para a economia”.

Por sua vez, o PAN quer aumentar anualmente o salário mínimo, “incorporando integralmente a inflação e a variação de produtividade do trabalho do ano anterior, bem como parte dos restantes fatores de crescimento económico”. “A este aumento consentâneo com a sustentabilidade económica, será somado um valor anual de 25 euros. De acordo com o nosso cenário macroeconómico, em 2029 o salário mínimo nacional atingirá os 1.130 euros“, prevê o partido liderado por Inês Sousa Real.

A Iniciativa Liberal destoa destas propostas e volta a defender que o país deve “evoluir para um modelo setorial de negociação de salário mínimo“.

“A Iniciativa Liberal propõe alterar a legislação sobre o salário mínimo nacional, transpondo imediatamente a Diretiva Europeia n.º 2022/2041 [a diretiva dos salários mínimos adequados], no sentido de estabelecer indicadores que determinem os limites do salário mínimo nacional por referência ao custo de vida, a proporção do salário mínimo nacional face ao salário médio e mediano, a produtividade e a taxa de crescimento em geral”, lê-se no programa eleitoral dos liberais.

Com base nesses indicadores, a Iniciativa Liberal explica que o salário mínimo nacional passaria a ser “obrigatoriamente fixado dentro de uma banda com valor mínimo e máximo“. “O valor concreto para cada ano terá de ser negociado em Concertação Social e, só na falta de acordo, poderá ser definido unilateralmente pelo Governo. Em sede de negociação coletiva, os parceiros sociais poderão estabelecer valores mínimos setoriais acima do mínimo nacional“, detalham os liberais.

Como aumentar o salário médio?

Mais problemático do que o salário mínimo nacional, é o salário médio português, identificam os economistas, que alertam que a diferença face ao mínimo está a encurtar-se de forma alarmante. Daí que os partidos não se fiquem por propostas para aumentar a retribuição mínima garantida, e também prestem atenção ao vencimento médio. Ao contrário da primeira, esta não pode, contudo, ser decretada pelo Governo.

No caso da coligação que junta o PSD ao CDS-PP, o que se propõe é “criar as condições económicas para aumentar o salário médio para dois mil euros em 2029, com base na soma da inflação, nos ganhos da produtividade e no diálogo social“.

Também o PS tem essa meta. “Aumento do salário médio em, pelo menos, 5% ao ano, atingindo, pelo menos, os dois mil euros em 2029“, lê-se no programa socialista.

Já a CDU exige que todos os salários subam 15%, com um aumento mínimo de 150 euros. Quanto ao Livre, a proposta é “criar uma estratégia de concertação nacional para a valorização salarial, nos vários níveis de rendimentos, com especial atenção aos salários médios e aos rendimentos do trabalho qualificado, indexando à inflação e a métricas de produtividade”.

Além disso, o partido liderado por Rui Tavares propõe “regular as diferenças salariais dentro da mesma entidade, através da definição de um limite máximo para a diferença entre o salário mais baixo e o salário mais alto de cada empresa, organização ou ramo de atividade”.

Outra das propostas que o Livre recupera de outras idas às urnas é a criação de um programa piloto de rendimento básico incondicional, com uma verba de 30 milhões de euros e uma duração superior a dois anos.

O Bloco de Esquerda também promete “salários justos”, mas não define uma meta para o vencimento médio, no seu manifesto eleitoral. A Iniciativa Liberal defende igualmente a valorização salarial, mas não define um objetivo para o ordenado médio, preferindo focar-se no alívio fiscal, que faria engordar os vencimentos líquidos.

Reduzir o IRS, aumentar rendimentos líquidos

Outra das “soluções” propostas pelos vários partidos para aumentar o orçamento das famílias portuguesas é aliviar os impostos que são aplicados a salários e pensões. Nos últimos anos, já têm sido feitas várias baixas do IRS, mas há quem defenda descidas ainda mais expressivas.

É o caso da AD, que já prometeu reduzir o IRS em dois mil milhões de euros, dos quais 500 milhões de euros já em 2025. Em entrevista ao ECO, o cabeça de lista da AD por Lisboa, Joaquim Miranda Sarmento, explicou que, vencendo esta coligação, a ideia é refletir esse alívio já na retenção na fonte este ano.

Do programa do PSD e do CDS-PP, consta ainda a proposta de continuar o IRS Jovem, programa que foi reforçado e alargado com o atual Governo.

Também o PS refere, no seu programa, o IRS Jovem, mas promete criar um “ano zero”. “Criar um ‘ano zero’ no IRS Jovem, permitindo aos jovens que ingressam no mercado de trabalho, no segundo semestre de um determinado ano, beneficiar imediatamente do regime sem perda do primeiro ano de isenção, bem como não os prejudicando por trabalharem enquanto estudam até um rendimento anual de até ao valor anual de 14 salários mínimos”, detalham os socialistas.

Já a Iniciativa Liberal defende “uma baixa e uma simplificação substancial do IRS, promovendo uma economia que valoriza o trabalho, e permitindo a quem trabalha ver os frutos do seu trabalho no seu bolso sem ser penalizado pelo seu sucesso ou esforço adicional”.

Em concreto, a IL quer, nomeadamente, reduzir o número de escalões e diminuir o número de benefícios fiscais. Além disso, quer a “isenção total até ao salário mínimo nacional por via do aumento da dedução específica até esse montante e a retirada do atual sistema de mínimo de existência”, bem como a “aplicação de um sistema de duas taxas de IRS, a primeira de 15% para rendimentos brutos de 26.768 euros e 28% para rendimentos acima desse valor“.

Em sentido inverso, a CDU promete o aumento da progressividade do IRS e defende o englobamento de todos os rendimentos superiores a 80 mil euros.

De modo semelhante, o Livre exige a revisão das taxas e escalões do IRS, “promovendo o aumento da sua progressividade”. Considera também que é preciso ditar o englobamento dos rendimentos.

Entre aumentos extra permanentes e cheques one-off

Num dos países mais envelhecidos da Europa, os menos jovens têm um peso considerável nas eleições. E os partidos não os têm esquecido nos seus programas eleitorais.

No caso da AD, há três promessas principais. Primeiro, cumprir a fórmula legal de atualização das pensões (que se baseia hoje na inflação e no crescimento económico).

Depois, reforçar o valor de referência do Complemento Solidário para Idosos (CSI) para 870 euros. Este apoio complementa os outros rendimentos do beneficiário (como as pensões), ou seja, o valor a receber é igual à diferença entre os rendimentos atuais e o valor de referência. Daí que a AD explique que este esforço serve para que “nenhum pensionista” receba menos do que 870 euros por mês.

E, por outro lado, avançar com um novo bónus de até 200 euros, à semelhança do que aconteceu em 2024. “Na medida em que a execução orçamental do ano permita, assume-se o compromisso de atribuir um suplemento extraordinário às pensões e reformas, em moldes semelhantes ao realizado em outubro de 2024″, lê-se no programa eleitoral.

Já o PS promete dar aumentos extraordinários permanentes, se houver condições para tal, tendo o socialista Pedro Nuno Santos já criticado a intenção do PSD de repetir os cheques one-off.

Também o PS promete cumprir a fórmula legal de atualização das pensões e defende também que é preciso “avaliar aperfeiçoamentos” nesse modelo (acrescentando à inflação e ao crescimento económico, a variação da massa salarial no cálculo dos aumentos, a par da garantia de aumentos mínimos para evitar a estagnação das pensões mais baixas).

Promete também rejeitar quaisquer tentativas de privatização total ou parcial do sistema de pensões, e aprofundar a diversificação de fontes de financiamento da Segurança Social.

Em contraste, a Iniciativa Liberal considera que é precisa uma “reforma estrutural e gradual” do sistema, “baseada na liberdade de escolha, na responsabilidade individual e na solidariedade intergeracional, seguindo as melhores práticas internacionais”.

Já o Bloco de Esquerda promete “pensões dignas“, enquanto a CDU exige um aumento extraordinário das reformas já este ano de, pelo menos, 5% ou 70 euros (com retroativos a janeiros), bem como a garantia de “aumentos anuais que valorizem o poder de compra dos reformados”.

Ainda à esquerda, o Livre defende que se planeie “a convergência das pensões de valor reduzido com o salário mínimo nacional até 2029“. Quer, além disso, rever a fórmula de atualização das pensões ao final da legislatura“, desagravar os cortes hoje associados às pensões antecipadas e “garantir o acesso, sem penalizações, à pensão de velhice aos trabalhadores com 45 anos de descontos“.

As pensões foram um dos temas quentes das últimas legislaturas. Há, neste momento, um livro verde sobre o sistema previdencial da Segurança Social com várias propostas para rever as reformas e foi criado um grupo de trabalho para olhar para o sistema de forma mais ampla, pelo que os próximos anos prometem ser de debate e, potencialmente, de mudanças.

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“Resta saber se capital SIFIDE terá sido aplicado nas empresas certas”

Foi uma das medidas do 'pacotão', mas nos fundos, há quem aponte ao SIFIDE um efeito de distorção do ecossistema. A 31 de maio, termina prazo de candidaturas, para o ano fiscal de 2024.

Foi uma das 60 medidas do ‘pacotão’ para acelerar a economia do Governo de Montenegro, tendo no ano passado o reforço do Sistema de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial (SIFIDE) ajudado a trazer maior liquidez ao ecossistema de empreendedorismo. Mas há quem aponte um efeito de “distorção” que “a prazo, pode ser prejudicial para a indústria e o ecossistema”.Resta saber se no longo prazo esse capital terá sido aplicado nas empresas certas e contribuído para o seu crescimento.” A 31 de maio, termina o prazo de candidaturas ao SIFIDE, para o ano fiscal de 2024.

No ano passado as startups nacionais captaram 463 milhões de euros junto dos fundos, uma subida de 125,8% face aos 205 milhões de euros captados em 2023, segundo dados da Dealroom. Embora longe do pico de 1,5 mil milhões de euros registado em 2021 — ano em que várias startups nacionais voaram para unicórnio e registaram valorizações de mil milhões de dólares — foi visto como um sinal de recuperação do ecossistema.

É um mecanismo eficaz que tem contribuído para dinamizar o mercado e atrair capital privado para projetos com elevado valor acrescentado. Claro que há sempre margem para melhoria na execução — maior previsibilidade nos timings, simplificação de processos — mas, no geral, o SIFIDE é uma ferramenta estratégica para o país.

Vasco Pereira Coutinho

CEO da Lince Capital

Uma recuperação para a qual o SIFIDE II terá contribuído, com vários fundos a levantar dinheiro junto de investidores por essa via, embora não seja ainda possível apurar ao certo o montante captado e investido.

“É um mecanismo eficaz que tem contribuído para dinamizar o mercado e atrair capital privado para projetos com elevado valor acrescentado. Claro que há sempre margem para melhoria na execução — maior previsibilidade nos timings, simplificação de processos — mas, no geral, o SIFIDE é uma ferramenta estratégica para o país”, considera Vasco Pereira Coutinho, CEO da Lince Capital.

“O SIFIDE permite o crescente investimento em Investigação e Desenvolvimento (R&D), algo que Portugal e a Europa muito precisam se ambicionam ter empresas de relevo internacional e em concorrência com os Estados Unidos e a China”, continua o responsável. “Defendemos a sua continuidade e até o seu reforço, como forma de consolidar a competitividade da economia portuguesa“, conclui.

E o mesmo considera Ricardo Jacinto. “Enquanto potenciador do ecossistema nacional e das empresas que o constituem, o SIFIDE continua a ser, sem dúvida, um fator de dinamismo e de suporte às empresas tecnológicas em Portugal”, defende o managing partner da Shilling.

Thijs Povel, CEO e fundador da Dealflow.eu e managing partner da Ventures.eu, dá nota positiva ao mecanismo, tendo no âmbito da Dealflow ajudado “ativamente as startups da nossa rede a compreender, candidatar-se e beneficiar do mecanismo SIFIDE“. “Esperamos que Portugal venha a beneficiar significativamente com a criação de empregos qualificados por muitas destas empresas num futuro muito próximo”, diz.

O CEO da Dealflow realça ainda como tendo tido um impacto positivo as alterações feitas pela Agência Nacional de Inovação (ANI) em março deste ano neste mecanismo. As mesmas “facilitam a relocalização de empresas de I&D para Portugal e o acesso ao financiamento através do SIFIDE”, destaca. “Estas mudanças eram extremamente necessárias, uma vez que não existiam empresas suficientemente relevantes em Portugal para tirar pleno partido do regime”, alerta.

O montante que captámos via SIFIDE já foi efetivamente executado, tanto em projetos de I&D, como em startups. No entanto, algumas das nossas startups ainda dispõem de investimentos SIFIDE por executar, nomeadamente nos seus projetos de I&D. Temos também observado que há ainda uma disponibilidade considerável de fundos SIFIDE para investimento, o que nos preocupa no sentido de evitar a criação de uma valorização artificial das empresas ou eventuais dificuldades na captação de capital em rondas futuras.

Luis Gutman

Managing partner da OW Ventures

Luís Gutman não tem dúvidas que o SIFIDE é “uma ferramenta útil para atrair capital” e “fundamental para desenvolver I&D em Portugal”. Mas, por si só, “não chega”, aponta o managing partner da OW Ventures. “É preciso uma mentalidade de risco e proximidade aos fundadores. Mais importante do que levantar capital é executar corretamente”, diz.

Este mecanismo foi um dos usados pela joint venture, entre a M4 Ventures e a Olisipo Way, para levantar capital. O mesmo já foi executado? “O montante que captámos via SIFIDE já foi efetivamente executado, tanto em projetos de I&D, como em startups. No entanto, algumas das nossas startups ainda dispõem de investimentos SIFIDE por executar, nomeadamente nos seus projetos de I&D”, refere o investidor.

“Temos também observado que há ainda uma disponibilidade considerável de fundos SIFIDE para investimento, o que nos preocupa no sentido de evitar a criação de uma valorização artificial das empresas ou eventuais dificuldades na captação de capital em rondas futuras”, alerta Luís Gutman.

Na Indico Capital recorreu-se a esse mecanismo, mas “de forma muito limitada”, adianta Stephan Morais. “Só 25% do nosso fundo ‘Indico VC 2’ tem capital SIFIDE. Em menos de um ano, está praticamente todo executado”, diz o managing partner. “A execução tem sido bastante mais rápida do que estávamos a pensar, uma vez que há muitas oportunidades de investimento”, precisa.

“Não recorremos a este mecanismo enquanto fundo”, adianta António Miguel, managing partner da Maze Impact. No entanto, “algumas das empresas do nosso portefólio beneficiaram de investimento elegível no âmbito do SIFIDE, por parte de outros fundos“, revela. “A avaliação que faço do SIFIDE é positiva, na medida em que trouxe liquidez para o mercado nacional, com um foco em investigação e desenvolvimento, apoiando muitas empresas portuguesas no processo de desenvolvimento de produto e interação com o mercado em termos de tração comercial”, considera.

Na Bynd não recorremos a fundos SIFIDE, uma vez que privilegiamos ter uma tese de investimento mais aberta e que nos permita otimizar a performance dos nossos investimentos. Quanto à execução, ainda é cedo para avaliar a medida, uma vez que não são conhecidos os resultados dos investimentos dos fundos. Nota-se claramente um maior influxo de capital no mercado, resta saber se no longo prazo esse capital terá sido aplicado nas empresas certas e contribuído para o seu crescimento.

Lurdes Gramaxo

Partner da Bynd VC

“Na Bynd não recorremos a fundos SIFIDE, uma vez que privilegiamos ter uma tese de investimento mais aberta e que nos permita otimizar a performance dos nossos investimentos”, justifica Lurdes Gramaxo. “Quanto à execução, ainda é cedo para avaliar a medida, uma vez que não são conhecidos os resultados dos investimentos dos fundos”, aponta a partner da Bynd VC, com um alerta. “Nota-se claramente um maior influxo de capital no mercado, resta saber se no longo prazo esse capital terá sido aplicado nas empresas certas e contribuído para o seu crescimento.”

Pedro Ribeiro Santos vai mais longe. Se por um lado reconhece o “efeito benéfico de atrair capital privado para a área de venture capital que, eventualmente, de outro modo poderia “ser menos recetivo a esta classe de ativos, sobretudo por não ter experiência ou historial de investimento nela”, o partner da Armilar aponta igualmente para um efeito menos positivo do SIFIDE no ecossistema. Fala em “distorção no mercado”. E explica como.

“O objetivo do venture capital é (tem de ser) o de produzir bons retornos para os seus investidores, por via dos investimentos que faz, em linha com o nível de risco que corre; se uma parte (muito significativa) do risco está mitigada à partida, isso distorce os incentivos de forma também significativa”, diz.

Como não tem estado ‘balizada’ — por exemplo, por uma exigência de coinvestimento com capital privado “tradicional” (isto é, não-SIFIDE) que servisse de validação da bondade e dos termos de investimento —, temos testemunhado, de facto, que o SIFIDE tem resultado numa distorção de mercado que julgo que, a prazo, pode ser prejudicial para a indústria e o ecossistema.

Pedro Ribeiro Santos

Partner da Armilar

“Acresce ainda a pressão temporal na aplicação dos fundos, que distorce ainda mais esses incentivos, e depois na aplicação do capital pelas empresas que o recebem, o que lhes acrescenta risco”, refere ainda o partner da Armilar.

“Como não tem estado ‘balizada’ — por exemplo, por uma exigência de coinvestimento com capital privado “tradicional” (isto é, não-SIFIDE) que servisse de validação da bondade e dos termos de investimento —, temos testemunhado, de facto, que o SIFIDE tem resultado numa distorção de mercado que julgo que, a prazo, pode ser prejudicial para a indústria e o ecossistema”, alerta.

Apontando para um fenómeno de “crowding-out de fundos de VC experientes por fundos que tradicionalmente não se dedicam ao VC mas que têm financiamento de SIFIDE que têm de aplicar”, reforça.

O “Portuguese Startup Scene Report 2024” da Armilar, conhecido no início de abril, detalha esse impacto. “Empresas de private equity locais, historicamente focadas em classes de ativos como negócios tradicionais, aquisições, imobiliário, ou reestruturações, começaram a olhar para o venture capital. Apoiadas em capital alavancado em incentivos (como o SIFIDE e financiamento do Banco Português de Fomento) e enfrentando pressão crescente para aplicar os fundos, estas firmas estão expulsando os tradicionais investidores orientados para o mercado”, pode ler-se na análise.

Fonte: “Portuguese Startup Scene Report 2024” da Armilar.

 

“Em 2024, tiveram um papel em mais de metade (53%) de todas as rondas de investimento anunciadas, com essas rondas a representar 76% do total de capital levantado, confundindo os limites entre VC clássico e as estratégias de investimento alternativas”, refere o estudo da Armilar.

“Reconhecendo que há virtudes em programas como o SIFIDE, julgo que há muito para melhorar na sua execução, sob pena de se estar a contaminar negativamente a atividade, e a reputação, da indústria nacional de venture capital“, conclui Pedro Ribeiro Santos.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 23 Abril 2025

O Banco de Portugal divulga os dados relativos ao endividamento da economia e o FMI vai publicar o Fiscal Monitor. Já a Fed vai revelar os dados mais recentes sobre a economia norte-americana.

Esta quarta-feira, o Banco de Portugal divulga os dados relativos ao endividamento da economia de fevereiro e o FMI vai publicar o Fiscal Monitor. Nos Estados Unidos, a Reserva Federal (Fed) revela os dados mais recentes sobre a economia norte-americana. A marcar o dia está ainda os dados do INE sobre os preços da habitação a nível local e os dados do Eurostat sobre a produção em construção.

BdP divulga endividamento da economia

O Banco de Portugal (BdP) divulga os dados relativos ao endividamento da economia de fevereiro. Em janeiro, o endividamento da economia nacional voltou a engordar pelo terceiro mês consecutivo, atingindo 818,4 mil milhões de euros. O endividamento do setor não financeiro aumentou 4,4 mil milhões de euros em janeiro, que se traduziu numa variação mensal de 0,54%, a maior desde maio de 2024.

FMI publica Fiscal Monitor

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai publicar esta quarta-feira o Fiscal Monitor, um documento onde constarão dados como previsões relativas ao défice orçamental e à dívida pública. Na terça-feira, o FMI revelou estar mais pessimista em relação a Portugal, tendo revisto em baixa o crescimento da economia portuguesa para este ano e o próximo. Já ao nível da Zona Euro, cortou a previsão de crescimento este ano para 0,8%, menos duas décimas do que projetava em janeiro, com revisões em baixa para as principais economias, à exceção de Espanha. Em causa está, sobretudo, a elevada incerteza internacional e a guerra comercial, com a instituição liderada por Kristalina Georgieva a esperar agora uma estagnação na Alemanha.

“Livro Bege” da Fed dá sinais sobre a economia

A Reserva Federal vai divulgar esta quarta-feira os dados mais recentes sobre a economia norte-americana. Publicado oito vezes por ano, o “Livro Bege” apresenta o resumo das condições e atividade económica do país, com base no reportado pelos diferentes bancos centrais federais. Na última edição lançada no início de março, o Livro Bege referia que os operadores económicos admitem aumentar os seus preços para repercutir as taxas alfandegárias aplicadas pelo governo de Trump.

INE revela preços da habitação ao nível local

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai revelar os dados do quarto trimestre de 2024 dos preços da habitação a nível local. No terceiro trimestre, o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal foi 1.819 euros/metro quadrado, na sequência de uma taxa de variação de 10,8% em relação ao terceiro trimestre de 2023. O preço mediano da habitação aumentou, em relação ao período homólogo de 2023, em 22 das 26 sub-regiões NUTS III, destacando-se a sub-região Alto Alentejo com o maior crescimento (26,3%).

Como evolui a construção na Europa?

O Eurostat vai divulgar dados sobre a produção em construção referentes a fevereiro. Em janeiro, a produção na construção permaneceu estável na área do euro e aumentou 0,2% na União Europeia, face ao mesmo mês do ano passado, com Portugal a registar a segunda maior quebra mensal (-4,1%). Na comparação com dezembro de 2024, a produção na construção avançou 0,2% entre os países da área do euro e recuou 0,2% no conjunto dos 27 Estados-membros.

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Startups nacionais captaram 82,6 milhões até março. Investimento caiu para metade

Com a guerra das tarifas a deixar as bolsas à beira de um ataque de nervos, que impacto esta turbulência está a ter no investimento no ecossistema e na capacidade dos fundos em levantar capital?

Nos primeiros três meses do ano as startups nacionais captaram 82,6 milhões de euros, uma descida de 38,8% face aos 135 milhões de euros registados no último trimestre do ano passado e um recuo de 49,9% em relação aos 165 milhões levantados há um ano junto dos investidores, segundo dados da Dealroom. Business as usual ou efeito da guerra comercial e da turbulência nos mercados financeiros? E que impacto o atual ambiente de incerteza poderá ter na capacidade os fundos em levantar capital?

“Com a incerteza económica provocada pela entrada em cena em janeiro da nova Administração norte-americana, é natural que haja uma maior prudência quanto a novos investimentos”, considera Stephan Morais, managing partner da Indico Capital, quando instado a comentar os dados de investimento no primeiro trimestre no ecossistema de empreendedorismo português.

“Estes números refletem um abrandamento da atividade de investimento, que não nos surpreende. Temos vindo a observar uma retração generalizada dos investidores, muito influenciada pelo contexto macroeconómico e mais recentemente, por fatores de instabilidade geopolítica”, aponta Vasco Pereira Coutinho. Mas o CEO da Lince Capital ressalva. “É importante não ler estes dados de forma isolada. O ecossistema tem ciclos naturais e, muitas vezes, estes momentos de correção são também oportunidades para consolidar projetos mais sólidos e eficientes. Continuamos a ver talento, inovação e propostas de valor interessantes no mercado — o capital poderá ter abrandado, mas não desapareceu.”

Temos vindo a observar uma retração generalizada dos investidores, muito influenciada pelo contexto macroeconómico e mais recentemente, por fatores de instabilidade geopolítica.

Vasco Pereira Coutinho

CEO da Lince Capital

Depois de, no ano passado, o ecossistema de empreendedorismo ter levantado 463 milhões de euros, praticamente o dobro do captado em 2023, o arranque de 2025 tem sido marcado por uma guerra comercial, com impacto nos mercados. Um clima de incerteza marca a economia. “A queda é certamente significativa, mas não inesperada. O primeiro trimestre é, normalmente, mais lento em termos de atividade de negócios, e a incerteza macroeconómica mais ampla teve claramente um papel. O que é importante sublinhar é que esta é provavelmente uma descida temporária, e não uma inversão a longo prazo”, acredita Thijs Povel, CEO e fundador da Dealflow.eu e managing partner da Ventures.eu.

Não é o único investidor a desvalorizar a curva descendente no arranque do ano. “No que diz respeito ao venture capital em particular, a dimensão do mercado não aconselha a uma análise trimestral — um único deal de maior dimensão pode distorcer por completo a leitura dos números”, alerta Pedro Ribeiro Santos, partner da Armilar.

O mesmo diz Ricardo Jacinto. “O mercado de venture capital inclui empresas em estágio muito inicial e empresas que levantam rondas de dezenas de milhões, pelo que uma janela temporal curta tende a ter distorções dos outliers“, alerta o managing partner da Shilling. “Uma comparação mais realista seria excluir esses outliers e perceber como se está a comportar o mercado entre pré-seed e seed, o core do mercado português, e por períodos mais longos para evitar o impacto de rondas ainda não anunciadas ou o efeito de final do ano que pode acelerar algum deployment de fundos. Nesse sentido, não vemos com preocupação esses dados (que podem ser ainda precoces para retirar conclusões)”, sintetiza.

No que diz respeito ao venture capital em particular, a dimensão do mercado não aconselha a uma análise trimestral — um único deal de maior dimensão pode distorcer por completo a leitura dos números.

Pedro Ribeiro Santos

Partner da Armilar

“A volatilidade e incerteza que têm marcado os últimos meses no mercado de capitais a nível global acarretam questões de liquidez a médio e longo prazo. Esta situação impacta toda a cadeia de valor de investimento, consequentemente afetando classes de ativos ilíquidas e de maior risco, como o capital de risco. Esta é uma tendência global que também se reflete em Portugal”, começa por admitir António Miguel, fundador e managing partner da Maze Impact.

Mas para o investidor, a razão da queda trimestral poderá ser outra. “Tanto no trimestre homólogo do ano anterior como no último trimestre de 2024, existiram rondas de investimento significativas (uma de 70 milhões de euros e outra de 100 milhões de euros) em cada trimestre, que impactaram o montante total mobilizado — são outliers”, ressalva o managing partner da Maze Impact, destacando os 100 milhões de euros levantados pela Powerdot em fevereiro do ano passado e a ronda de mais de 70 milhões da Tekever em novembro. “Se olharmos para o número de rondas de investimento, as diferenças existem, mas não são tão acentuadas”, conclui. Na ordem das 20 operações.

Investimento no ecossistema de empreendedorismo nacional

Fonte: Dealroom.com. Dados até 21 de abril de 2025

A maioria dos investidores afasta a ideia de que a guerra das tarifas, quase todos os dias com novos episódios, e a agitação nos mercados financeiros estejam a ter impacto nas suas decisões de investimento.

“A volatilidade faz parte do jogo de quem trabalha com capital de risco. Mais do que travar investimentos, estas mudanças globais criam novas oportunidades: cadeias de valor que mudam, novos mercados que se abrem, novas necessidades que surgem”, defende Luís Gutman. “Estamos atentos e queremos apoiar fundadores que queiram alavancar estas mudanças. A incerteza é terreno fértil para criar disrupção e novas soluções. A nossa forma de investir, com base em tecnologia, permite-nos ser rápidos e eficientes mesmo num contexto instável. E é isso que o mercado precisa: menos burocracia, mais ação”, diz o managing partner da OW Ventures, joint venture entre a M4 Ventures e a Olisipo Way que arrancou atividade este ano e, através do Terralis Fund, quer investir 20 milhões de euros em oito anos com foco na sustentabilidade e tecnologia.

Uma linha de pensamento partilhada por Thijs Povel. “A turbulência pode afetar o timing dos negócios e o apetite pelo risco entre coinvestidores, mas não alterou a nossa tese central. Na verdade, estes períodos muitas vezes representam melhores oportunidades de entrada para investidores de longo prazo”, considera o managing partner da Ventures.eu.

A turbulência pode afetar o timing dos negócios e o apetite pelo risco entre coinvestidores, mas não alterou a nossa tese central. Na verdade, estes períodos muitas vezes representam melhores oportunidades de entrada para investidores de longo prazo.

Thijs Povel

Managing partner da Ventures.eu

“Estes fatores têm impacto a nível macro e no sentimento geral do ecossistema. Contudo, o maior impacto reside sempre nas empresas em estágios mais avançados, mais próximas dos múltiplos praticados nos mercados públicos. Após a estabilização do mercado europeu, parece-nos que os estágios pré-seed e seed continuam bastante ativos e com recuperação nos termos de investimento”, considera Ricardo Jacinto. Situação que, assegura, não tem tido impacto na atividade da Shilling. “Continuamos ativos e a apoiar empresas que encaixem na tese do Fundo, com três novas empresas já investidas este ano”, adianta.

Mas não faltam alertas à navegação.Na Bynd temos uma lógica de investimento a longo prazo, pelo que as flutuações económicas imediatas acabam por ter pouco peso nas nossas decisões de investimento. Como investimos num horizonte temporal de 8-10 anos, o que procuramos entender são os impactos que estas políticas poderão ter no longo prazo a nível de tendências macroeconómicas, estratégia geopolítica ou redistribuição do talento”, sublinha Lurdes Gramaxo.

Ainda assim, a partner da Bynd admite que o atual contexto pode ter impactos no ecossistema. “A perda de confiança e de previsibilidade vão afetar os mercados financeiros e é possível que haja um spillover que pode vir a ter consequências nesta classe de ativos, principalmente no que toca a operações de M&A, levando os investidores e as próprias startups a atrasar decisões”, reconhece.

É também essa a análise de Stephan Morais. “A instabilidade bolsista afeta sempre as decisões de investimento de private equity e de venture capital e o valor que os fundos estão dispostos a pagar pelas empresas. Perturba também o ambiente para a saída das empresas investidas, levando por vezes os fundos a adiar a sua venda”, afirma o managing partner da Indico.

A perda de confiança e de previsibilidade vão afetar os mercados financeiros e é possível que haja um spillover que pode vir a ter consequências nesta classe de ativos, principalmente no que toca a operações de M&A, levando os investidores e as próprias startups a atrasar decisões.

Lurdes Gramaxo

Partner da Bynd

“O que se tem passado, não abranda, nem acelera, as decisões de investimento no imediato”, assegura Pedro Ribeiro Santos. “Dito isto, cada decisão de investimento leva em conta uma avaliação do risco, naturalmente influenciada pela perceção do que pode ser o futuro — e é ainda incerto dizer se o futuro será estruturalmente diferente a nível da globalização em que temos vivido. Portanto, essa incerteza (a estrutural, não a turbulência bolsista) passa naturalmente a incorporar-se na avaliação do risco dos investimentos em curso; passa a ser uma variável a ter em conta, com possíveis impactos, uns positivos, outros negativos, na avaliação da oportunidade de investimento”, admite o partner da Armilar.

António Miguel reconhece que, face ao atual cenário, determinados parâmetros são mais ponderados na hora de injetar capital numa startup. “A situação a que assistimos faz com que nas nossas decisões de investimento pesem mais questões relacionadas com a resiliência e defensibilidade das cadeias de valor e fornecimento, no sentido de garantir que as empresas que trabalham em áreas de hardware, inovação científica e indústria, estão preparadas para esta nova realidade”, diz.

“Estamos também cada vez mais a incorporar nas nossas decisões de investimento a capacidade das empresas atraírem outras fontes de capital, não dilutivo, que permita financiar o seu crescimento, investigação, e desenvolvimento de produto, em especial aquelas empresas que têm soluções mais intensivas do ponto de vista de consumo de capital”, acrescenta o managing partner da Maze Impact.

A situação a que assistimos faz com que nas nossas decisões de investimento pesem mais questões relacionadas com a resiliência e defensibilidade das cadeias de valor e fornecimento, no sentido de garantir que as empresas que trabalham em áreas de hardware, inovação científica e indústria, estão preparadas para esta nova realidade.

António Miguel

Managing partner da Maze Impact

Turbulência complica a vida aos fundos na hora de levantar capital?

E até que ponto o atual momento económico, afeta a capacidade dos fundos de levantar capital junto dos investidores? Stephan Morais não tem grandes dúvidas. “É evidente que momentos de mercado com maior incerteza tornam mais difícil o levantamento de capital no mercado”, atira o managing partner da Indico.

E o mesmo admite Lurdes Gramaxo. “Naturalmente, a instabilidade económica leva à incerteza nos mercados e conduz alguns investidores a adiar decisões de investimento”, diz a partner da Bynd VC. “Do nosso lado, temos como aspeto positivo a performance alcançada em fundos anteriores, que passaram também por períodos económicos turbulentos como a pandemia global ou a Guerra na Ucrânia. Estamos próximos do target de dimensão do nosso fundo e a fechar os últimos tickets de investidores privados até final do ano”, acrescenta.

Pedro Ribeiro Santos fala de um “impacto direto”. E explica porquê. “A turbulência bolsista tem um impacto direto na liquidez (por exemplo, fechando a ‘janela’ para IPO, que se vinha reabrindo depois de um período em que as entradas em bolsa foram muito escassas), e isso afeta diretamente a disponibilidade dos investidores privados e institucionais para considerar novos compromissos com fundos de investimento”, justifica o partner da Armilar.

Dúvidas houvesse, o adiamento do IPO da Klarna é disso indicativo. Depois de, em novembro, ter iniciado o processo de entrada na Comissão de Valores Mobiliários dos EUA para uma oferta pública inicial, em abril a fintech sueca suspendeu os planos quando a onda de choque do efeito das tarifas impostas por Trump começou a alastrar na economia mundial.

Mas não só. “Os exits sentirão primeiro a dor das tarifas e de forma mais acentuada”, aponta uma análise da Pitchbook, “Tariffs and European VC: IPO Window Threatened First”. “Esperamos repercussões também em outras áreas do ecossistema. O levantamento de capital europeu e os fluxos de investidores americanos podem ser afetados, à medida que os investidores americanos se retiram para os mercados domésticos“, aponta ainda, dando como exemplo desse movimento o fecho do escritório da capital de risco Andreessen Horowitz no Reino Unido no rescaldo da eleição de Donald Trump.

Um foco mais doméstico poderá inibir investimento transfronteiriço bem como o levantamento de capital”, alerta ainda a análise da Pitchbook.

“Não temos sentido grande impacto, até ao momento”, assegura António Miguel da Maze Impact. “Existe interesse — talvez com um perfil de risco um pouco mais conservador — mas há apetite por oportunidades bem estruturadas, com equipas fortes e modelos de negócio resilientes”, diz Vasco Pereira Coutinho. “Estamos a preparar o lançamento de novos veículos que respondam precisamente a esta procura por segurança com retorno, com um enfoque em setores que demonstraram resistência ou até crescimento em períodos de incerteza”, revela.

Uma potencial recessão ou a potencial subida da taxa de juros podem levar os investidores a procurar ativos de menor risco. Em Portugal esse impacto não foi muito sentido, tanto pelo programa SIFIDE II como o lançamento do programa de Venture Capital por parte do Banco Português de Fomento, mas no longo prazo pode fazer sentido os programas de incentivo ao investimento em capital de risco terem uma componente contracíclica para mitigar volatilidade pronunciada no ecossistema.

Ricardo Jacinto

Managing partner da Shilling

“Mais do que levantar capital, estamos a reinventar a forma como se constroem fundos. A Angels Way é um exemplo: um fundo ágil, com acesso rápido e transparente, orientado por tecnologia”, diz Luís Gutman. O grupo de mais de 400 investidores — havia um ticket mínimo de 1.200 euros para entrar no fundo — já decidiu investimento em três startups que irão cada 50 mil euros. “Estamos a lançar outros veículos igualmente inovadores. Acreditamos que o futuro do venture capital passa por fundos mais eficientes, mais rápidos e mais alinhados com os empreendedores”, diz o cofundador da OW Ventures.

“Uma potencial recessão ou a potencial subida da taxa de juros podem levar os investidores a procurar ativos de menor risco. Em Portugal esse impacto não foi muito sentido, tanto pelo programa SIFIDE II como o lançamento do programa de Venture Capital por parte do Banco Português de Fomento, mas no longo prazo pode fazer sentido os programas de incentivo ao investimento em capital de risco terem uma componente contracíclica para mitigar volatilidade pronunciada no ecossistema”, recomenda Ricardo Jacinto, da Shilling.

Thijs Povel desvaloriza o impacto do atual momento na capacidade dos fundos em levantar capital. “Esta volatilidade nos mercados bolsistas é, na verdade, muito benéfica para os fundos de capital de risco, uma vez que a bolsa tem sido um dos principais concorrentes pelo capital de risco disponível. Além disso, os fundos de capital de risco beneficiam da turbulência e superam a média graças à queda nas avaliações e às oportunidades correspondentes”, explica o managing partner da Ventures.eu. Mais, argumenta, “os fundos de capital de risco têm ciclos de vida mais longos e os melhores vintages tendem a investir em períodos de turbulência e a sair em períodos de exuberância”.

Em fevereiro, a Dealflow.eu estava a levantar capital para o fundo Ventures.eu com uma meta global de 60 milhões. “No que diz respeito ao nosso fundo, a nossa capacidade de identificar oportunidades de elevada qualidade e com risco mitigado, provenientes do ecossistema apoiado pela UE, ressoa particularmente bem junto dos LP que procuram um elevado potencial de retorno em investimentos em fase inicial”, diz.

“Embora o primeiro fecho ainda não tenha sido alcançado, o fundo está a ser lançado e os primeiros investimentos já estão a ser realizados, caso a caso, pelos investidores comprometidos”, acrescenta. Thijs Povel não revela qual o montante ambicionado para o primeiro fecho, nem quanto foi já levantado, mas adianta que já têm “três startups em fase avançada de due diligence e esperamos concluir o nosso primeiro investimento nos próximos meses”.

Recuperação em 2024 irá manter-se?

Apesar de um arranque de trimestre aparentemente pouco auspicioso, os fundos mantêm um otimismo q.b quanto à manutenção da curva de recuperação do investimento no ecossistema ocorrida no ano passado. Nesse ano, o ecossistema captou quase 500 milhões de euros, bem acima dos 205 milhões de euros levantados pelas startups em 2003, embora longe do pico de 1,5 mil milhões atingido em 2021, ano em que o ecossistema viu várias startups nacionais voar para unicórnio, para valorizações de mil milhões de dólares.

“Mesmo que se verifique uma redução face a 2024, acreditamos no potencial intrínseco desta classe de ativos e dos empreendedores portugueses”, diz o managing partner da Shilling, Ricardo Jacinto.

Thijs Povel acredita que 2025 será um ano de continuidade na recuperação. “Especialmente em setores como a inteligência artificial, deep tech e inovação verde, onde a Europa se está a tornar cada vez mais competitiva. O apoio dos instrumentos da União Europeia, como o EIC e o Horizonte Europa, continua a impulsionar o dinamismo nas fases iniciais, mesmo quando os mercados globais estão mais hesitantes”, afirma. “Os nossos relatórios com a Dealroom mostram um pipeline sólido de empresas em fase de crescimento a emergir destes programas, com um claro compromisso por parte dos decisores políticos em desbloquear capital de risco adicional proveniente de fundos de pensões, seguradoras e novos programas de financiamento”, reforça.

Estamos otimistas. Com mais fundos founders-friendly , mais capital inteligente e mais ambição dos empreendedores, acreditamos que 2025 será um ano de consolidação e crescimento. Portugal pode tornar-se um ecossistema vibrante com capacidade real de gerar unicórnios. Mas para isso temos de arriscar, sair da zona de conforto e apoiar os melhores com tudo: capital, rede, conhecimento e confiança.

Luís Gutman

Managing partner da OW Ventures

“O ecossistema português tem mostrado vitalidade, tanto na criação de startups inovadoras como na captação de capital por parte de fundos destinados a apoiar o seu crescimento. Neste contexto, antecipamos uma evolução positiva no número e volume de oportunidades de investimento até ao final do ano”, aponta Lurdes Gramaxo da Bynd VC.

“Estamos otimistas”, diz Luís Gutman. “Com mais fundos founders-friendly, mais capital inteligente e mais ambição dos empreendedores, acreditamos que 2025 será um ano de consolidação e crescimento. Portugal pode tornar-se um ecossistema vibrante com capacidade real de gerar unicórnios. Mas para isso temos de arriscar, sair da zona de conforto e apoiar os melhores com tudo: capital, rede, conhecimento e confiança”, refere o responsável da OW Ventures.

Vasco Pereira Coutinho acredita que a evolução positiva ocorrida no ano passado irá manter-se este ano, embora “talvez a um ritmo mais moderado do que inicialmente antecipado”. “Em 2025, veremos uma continuação dessa tendência, mas com um ‘filtro’ mais exigente por parte dos investidores. As empresas que conseguirem demonstrar métricas sólidas, tração comercial e uma visão clara de rentabilidade continuarão a captar capital. O mercado está mais maduro e isso, a médio prazo, é positivo para todos”, considera o CEO da Lince Capital.

É impossível dizer neste momento se [a atual turbulência] é um efeito passageiro ou se terá consequências a médio-longo prazo. Esperemos que seja passageiro.

Stephan Morais

Managing partner da Indico Capital

“Prefiro não fazer previsões, mas à partida (e mais uma vez, cingindo-me ao setor do venture capital), continuando a haver capacidade de investimento e continuando a haver muitas novas oportunidades de investimento, pela simples lógica de oferta e procura, não vejo razão para que volte a retrair-se”, considera Pedro Ribeiro Santos, da Armilar. “Não tenho dúvidas de que as boas empresas sempre encontram financiamento.”

Stephan Morais, da Indico, não tem tantas certezas sobre se o atual momento terá, ou não, um impacto duradouro na evolução do investimento em 2025. “É impossível dizer neste momento se é um efeito passageiro ou se terá consequências a médio-longo prazo. Esperemos que seja passageiro.”

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Portuguesa EAD quer entrar na bolsa de Madrid após comprar mais empresas em Espanha

Paulo Veiga, CEO da gestora de arquivos e documentos, diz ao ECO que o objetivo é ganhar escala para dispersar o capital em bolsa.

A empresa portuguesa de arquivos e gestão de documentos EAD decidiu avançar com uma fusão com a sociedade Papiro, que tinha comprado há cinco anos, para que o grupo possa ganhar escala de forma a continuar a fazer aquisições em Espanha. O objetivo no médio prazo é atingir um volume de negócios de 50 milhões de euros e entrar na bolsa de Madrid.

“Continuamos às compras em Espanha, mas já não estamos a olhar para pequenos operadores regionais, porque chegou a altura de preparar a nova era da empresa, que é olhar para a Península Ibérica como um mercado único. Temos perspetivas mais ambiciosas, como a dispersão de capital quando faturarmos, pelo menos, 50 milhões”, avançou ao ECO o CEO da EAD.

Paulo Veiga descarta o índice PSI e almeja uma investida na bolsa de Madrid, onde “o mercado de capitais não está alicerçado em empréstimos obrigacionistas”, mas só em 2028. Até lá, a empresa que lidera e na qual detém uma participação de 30% vai focar-se no crescimento inorgânico num mercado de nicho como é o de quem gere e guarda documentos das empresas.

A EAD está a ser assessorada nas questões de project finance por um fundo de investimento português com ativos em Espanha, embora o nome não tenha sido revelado por questões de confidencialidade contratual. O plano é fazer novos investimentos no país vizinho. “Se estamos no Top 5 da gestão documental… Temos de olhar para os quartos, terceiros…”, diz Paulo Veiga ao ECO.

Os maiores players da gestão documental em Espanha são a multinacional norte-americana Iron Mountain, que em 2024 viu as receitas do negócio de centros de dados aumentarem 25% para os 620 milhões de dólares (545 milhões de euros). Seguem-se empresas de menor dimensão, o principal alvo da EAD, como a Adea, os galegos da Servicio Mobil, a Docout – comprada em 2024 pelo fundo português Vallis Capital Partners – e a AGS Records Management.

A primeira etapa – estratégica e administrativa – foi a integração da totalidade da Papiro na estrutura do grupo EAD através de um processo de fusão para simplificar a organização e lutar pela liderança do ranking da gestão documental. “Visa consolidar todos os ativos, clientes e operações do grupo sob uma única entidade, aumentando a eficiência e robustez da organização. O negócio não envolve qualquer despedimento ou alteração nos serviços prestados aos clientes”, esclarece a EAD.

A Papiro passa a ser uma marca, mantendo-se na área da gestão de salas de correspondência (mailrooms) físicos e digitais, documentos e desmaterialização de processos em empresas e organismos do Estado, bem como destruição de papel e outros ficheiros, entregas expresso e end-to-end finishing (ciclo completo do produto).

A responsabilidade pela marca Papiro fica a a cargo de Daniel Alves, que havia sido nomeado diretor da unidade de negócio e pretende “continuar a valorizar” a (agora) insígnia, “dar-lhe escala, recursos e capacidade de desenvolvimento dentro de um grupo sólido”, salientou, num comunicado de imprensa publicado esta aquando da fusão, que serve para dar resposta à pressão que a indústria tem enfrentado das clouds e data centers (nuvens e servidores).

Custódia de informação vale sete mil milhões

A EAD projeta uma faturação de 18 milhões de euros para este ano. Em 2024, teve um volume de negócios de 14 milhões de euros, quase o dobro dos 7,8 milhões de euros registados em 2023 com a prestação de serviço de custódia e gestão de arquivos, sala de cofres com maior segurança, consultoria em ciências documentais, reciclagem de documentação e digitalização (passar documentos físicos para versão online) e desenvolvimento e venda de softwares de gestão documental.

No mês passado, a EAD – Empresa de Arquivo de Documentação anunciou um investimento de 1,5 milhões de euros na aquisição de dois novos armazéns no Porto e contratação de 44 colaboradores. O crescimento na região norte é um sinal de proximidade à Galiza, que é uma zona estratégica para a expansão do grupo em Espanha, onde opera através das empresas Deletedoc (Barcelona, Madrid, Valencia e Bilbau) e DID Confidencial (Pontevedra), compradas em 2023 e 2024, respetivamente.

A média tem sido uma aquisição anual, tendo em conta que em 2021 foi a Fernandes & Canhoto e no ano que ficou marcado pelo início da pandemia foi a Papiro. Questionado sobre se teve ofertas no sentido contrário, inclusive uma proposta de compra da Iron Mountain, o CEO da EAD foi pragmático: “Várias vezes. Não estou vendedor”.

Globalmente, o mercado da gestão de documentos vale cerca de 7,16 mil milhões de dólares (2024) segundo a Fortune Business Insights.

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Valentim de Carvalho vende terrenos por 8,4 milhões para pagar dívidas

Grupo quer vender imobiliário para saldar dívida que ascende a 20 milhões de euros. Mas nem todos os credores estão a favor do plano de recuperação da empresa.

A enfrentar um quadro financeiro desafiante, a Valentim de Carvalho tem em mãos uma proposta de 8,4 milhões de euros para parte dos terrenos onde se encontram os seus estúdios, em Paço de Arcos. É com este dinheiro que a empresa pretende fazer o saneamento de uma dívida que ascende a 20 milhões de euros e ainda relançar a sua atividade, mas o plano de recuperação não é consensual entre todos os credores.

O novo Plano Especial de Revitalização (PER) da Estúdios Valentim de Carvalho – Gravações e Audiovisuais apresentado aos credores não revela o nome do investidor interessado naqueles terrenos, indicando apenas que o loteamento em causa – de maior valor comercial — será destinado à habitação e que o projeto já foi aprovado pela Câmara de Oeiras.

Os equipamentos audiovisuais que se encontram no lote a ser vendido vão ser transferidos para novas instalações que a empresa irá alugar, numa operação que visa concentrar toda a atividade operacional e novas áreas de negócio, apontando-se para investimentos de 1,5 milhões nos próximos anos, de acordo com o plano submetido no tribunal.

Há ainda um segundo lote (de valor comercial inferior) onde o grupo manterá a sede, serviços centrais e apoio administrativo, mas onde prevê a realização de obras de ampliação e a manutenção da atividade relacionada com histórico estúdio.

A Estúdios Valentim de Carvalho assegura que a proposta de 8,4 milhões de euros se “tornará efetiva com a aprovação e transito em julgado do presente plano de revitalização” e que as verbas vão ajudar “a normalizar o passivo” e a “relançar a atividade” que foi profundamente afetada nos últimos anos com os problemas financeiros da generalidade das empresas que compõem o grupo, a pandemia e massificação da oferta de conteúdos em streaming, segundo explica.

O plano perspetiva uma recuperação paulatina do negócio nos próximos anos, passando de uma faturação de 700 mil euros em 2024 para perto dos cinco milhões em 2029.

Lisgarante contra PER

Com as dívidas ascenderam a mais de 20 milhões de euros, nem todos estão satisfeitos com as condições impostas pela nova versão do PER, que teve de ser ajustado para responder às exigências dos credores.

À cabeça da lista encontram-se a Autoridade Tributária (2,73 milhões de euros), a Segurança Social (2,57 milhões) e os trabalhadores (203 mil euros), dívidas que a empresa se compromete a pagar na íntegra, juros incluídos, em 180 dias a contar a partir da homologação do plano.

Deve ainda 1,3 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos (CGD), dos quais 240 mil euros correspondem a juros que a Valentim de Carvalho quer que sejam perdoados.

Entre os credores garantidos estão ainda a Sony Pictures (2,3 milhões) e outras instituições financeiras, como o Abanca (230 mil euros) e a Lisgarante (600 mil euros) e aos quais pede um perdão parcial de dívida (além do perdão de juros). Em relação a esta última, a Estúdios Valentim de Carvalho acusa-a de quer inviabilizar o PER “em função exclusivamente dos seus interesses egoísticos”, segundo a carta que enviou à juíza do tribunal de Sintra, onde o processo corre termos.

“A Lisgarante coloca no mesmo plano todos os credores hipotecários, omitindo despudoradamente que a posição deles é distinta em função do respetivo grau hipotecário”, alega.

Acrescenta que “os credores da mesma categoria beneficiam do mesmo tratamento existindo apenas tratamentos diferenciados para situações também elas distintas, pelo que a acusação de que existe violação do princípio da igualdade entre credores é totalmente infundada”.

Nesse sentido, a Estúdios Valentim de Carvalho pede ao tribunal para indeferir o pedido de não homologação do PER apresentado pela Lisgarante “por total falta de fundamento”.

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The Core oferece um dia exclusivo com Suja, uma referência do Fortnite, para inspirar os jovens criadores

  • Servimedia
  • 23 Abril 2025

No dia 26 de abril, o núcleo organiza um dia gratuito com workshops e atividades para mergulhar no mundo da comunicação, da criação de conteúdos audiovisuais e dos jogos de vídeo.

The Core, a escola de audiovisual pertencente à rede de ensino superior Planeta Formación y Universidades, realizará uma jornada aberta no dia 26 de abril com uma proposta muito especial para os amantes do ambiente digital e criativo.

Nesta ocasião, o protagonista do encontro será Suja, um dos streamers e criadores de conteúdos de Fortnite mais reconhecidos em Espanha, que partilhará a sua experiência profissional com os participantes.

Os participantes aprenderão a criar mapas Fortnite, jogarão com o mapa “The Core”, tornando-se a primeira escola com um mapa das suas instalações no videojogo, criado para a ocasião por Suja e Algon Games; e discutirão com Suja sobre Fortnite, a sua marca pessoal e a economia digital. Juan Pablo Guzmán, CEO da Infinite Thread Games, também dará uma palestra sobre psicologia e videojogos.

O Fortnite Open Day by Suja destina-se a jovens que queiram dar os primeiros passos no setor digital ou que procurem orientação para desenvolver uma carreira profissional em áreas como os eSports, a criação de conteúdos, a comunicação digital, o design de videojogos ou a produção audiovisual.

Para além de participarem nas diferentes atividades, os participantes poderão visitar os cenários da escola, as salas de aula técnicas e as áreas comuns do campus, conhecer o pessoal docente e conversar com os atuais alunos. Receberão também informações em primeira mão sobre os cursos de videojogos, comunicação digital e criação audiovisual do The Core.

“Este evento com Suja é uma forma de abrir as portas da nossa escola a jovens talentos, mostrando-lhes que podem transformar a sua paixão pelos videojogos numa verdadeira carreira profissional com futuro”, afirmou Mercedes Agüero, reitora do The Core.

A indústria dos videojogos tornou-se uma das principais forças do entretenimento em Espanha, impulsionando o crescimento económico e gerando emprego. De acordo com o Libro Blanco del Desarrollo Español del Videojuego, prevê-se que em 2025 o setor atinja os 13.000 postos de trabalho diretos, o que dá origem a uma procura contínua de perfis qualificados que respondam ao dinamismo, criatividade e inovação que este setor exige, com o objetivo de conseguir a sua consolidação. As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser efetuadas através do site oficial do The Core.

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Insurtech Lovys arranca 2025 com crowdfunding e novos seguros

A mediadora digital, nascida em Leiria, conseguiu novo financiamento através da Croudcube e reforça notoriedade entre as insurtechs europeias. Resposta aos clientes melhorou e tem seguro para lançar.

“Março de 2025 foi o melhor mês da história da Lovys”, garante fonte da insurtech nascida em Leiria pela vontade do empreendedor João Cardoso. O motivo é “reflexo direto da trajetória de consolidação que iniciámos em 2024. Para este ano, o nosso objetivo é continuar a crescer de forma sustentável, investindo no lançamento de novos produtos, como o seguro para scooters, e reforçando a nossa tecnologia e o desenvolvimento das nossas equipas”.

A equipa tecnológica da Lovys está fundamentalmente no ambiente da Startup Leiria, as vendas estão maioritariamente em França.

A Lovys começou o ano com boas notícias. Tentou uma operação na Crowdcube, uma relevante plataforma britânica de equity crowdfunding, utilizada para diversificar fontes de financiamento, envolver a comunidade e aumentar a notoriedade de uma marca. A campanha de financiamento da Lovys na Crowdcube foi lançada em novembro de 2024 e encerrou em 17 de dezembro de 2024.

Durante esse período, a Lovys arrecadou 865.109,25 euros atraindo a participação de 123 investidores. Este valor corresponde a 3,4% do capital da Lovys, na altura avaliada em 24,7 milhões de euros, sendo a gestora de fundos FinTLV a maior acionista com 25% do capital. À partida, a empresa pretendia angariar apenas 640 mil euros.

No seu prospeto de apresentação a potenciais investidores do Crowdcube, a Lovys declarou que em 2023 obteve um volume de negócios 2,8 milhões de euros, quase o dobro do ano anterior, enquanto prejuízos atingiram 917 mil euros – em 2021 e 2022, teve resultados líquidos negativos de cerca de nove milhões de euros. Nesse período a dívida da Lovys baixou de 18 milhões de euros para seis milhões, pressupondo o princípio do fim da maior fase de investimento.

O reforço de capital da empresa, que hoje diz competir com a Leocare, Acheel ou Lemonade, complementa uma história que começou em 2017. Em 2019, realizou uma operação inicial (seed) de 3,3 milhões de euros, motivando a Portugal Ventures, a Maif Avenir (hoje Ternel), entidades que um ano depois também estiveram numa operação de financiamento Série A no valor de 17 milhões de euros. Nesta também aderiram a FinTLV, MS&AD, e a Advinta, entre outras.

Uma forte campanha publicitária passou em 15 canais TV em França, com criatividade e produção portuguesa.

Sendo mediadora supervisionada em França, Espanha e em Portugal, a Lovys trabalha com as seguradoras Generali, Allianz e Wakam, esta uma companhia que resultou da transformação da tradicional La Parisienne Assurances numa seguradora B2B2C, com produtos de marca branca para distribuidores, entre eles insurtechs com relacionamento direto com os clientes finais.

Este ano vai lançar em França um seguro para scooter, aumentando a sua atual oferta de coberturas habitação, automóvel, cão e gato, smartphone, saúde, seguro de crédito e bicicleta. Em Espanha oferece por enquanto seguro habitação, enquanto em Portugal já tem oferta de seguro para smartphone.

A equipa da Lovys tinha 40 pessoas no final de 2024, dos quais 23 dedicados a tecnologia e ao produto, 4 a seguros e 7 a operações e, de todos, 15 estavam baseados em Leiria, no centro de investigação onde nasceu a Lovys.

Startup Leiria continua a ser a casa da tecnologia

Embora sediada e com maior parte da seu negócio a ser conseguido em França, a ligação da Lovys à Startup Leiria é significativa. A empresa está inserida na IDDnet, uma incubadora de empresas e é considerada uma das scale-ups de maior destaque na região.

Em 2020, a Lovys anunciou a entrada no polo tecnológico em Leiria, uma associação criada pelo Instituto Politécnico de Leiria, a Câmara Municipal de Leiria e a NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria. A iniciativa visava reforçar a presença da Lovys em Portugal e apoiar a sua expansão internacional.

“Temos contado com o apoio da Startup Leiria, cuja parceria tem sido um pilar importante no nosso crescimento”, comenta fonte da Lovys. “Tem-nos proporcionado acesso a mentoria estratégica, networking, espaço físico e, sobretudo, a uma rede valiosa de parceiros e investidores”, acrescenta.

Este suporte, segundo a mesma fonte, “tem sido fundamental para o nosso desenvolvimento operacional e para a nossa expansão nacional e internacional, dado que já beneficiámos de conexões com parceiros globais através da Startup Leiria”, conclui.

A investigação tecnológica de Leiria já produziu resultados evidentes. A Lovys anunciou que em dezembro de 2024 o bot do seu site já resolvia 85% das interações com os clientes, quando em três anos apenas 20% eram solucionadas e as restantes a serem resolvidas por contacto direto com os clientes.

No mesmo período aumentaram de 50% para 85% as solicitações de clientes tratadas em menos de 5 minutos, levando a que o indicador NPS (resultado de um inquérito realizado a mais de mil utilizadores, de entre os seus 45 mil clientes) elevava-se a 61, uma positiva diferença proporcional entre clientes que recomendavam a Lovys e os que não a recomendavam.

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“Não tenho intenção de o despedir”, diz Trump sobre Powell

“Gostaria de o ver ser um pouco mais ativo em termos da sua ideia de baixar as taxas de juro”, sublinhou o presidente dos EUA sobre o presidente da Reserva Federal.

Donald Trump afirmou esta terça-feira que não tem planos de demitir o presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, mas sublinhou que quer que as taxas de juros sejam mais baixas.

“Não tenho intenção de o despedir”, disse o presidente dos Estados Unidos aos jornalistas, na Sala Oval, citado pela agência Reuters.

“Gostaria de o ver ser um pouco mais ativo em termos da sua ideia de baixar as taxas de juro”, acrescentou.

O presidente da Fed disse recentemente que as tarifas anunciadas por Trump são “significativamente maiores do que o esperado” e que irão acelerar a inflação e travar a economia, criando incerteza sobre o rumo das taxas de juro. “É demasiado cedo para dizer qual será o caminho apropriado para a política monetária”, avisou Powell.

A postura do banco central norte-americano não tem agradado a Trump, que avisou Powell diversas vezes para cortar juros e disse mesmo que não vê a hora para o seu mandato terminar, adiantando mesmo que poderia despedir Powell, afirmações que aceleraram um sell-off nos mercados, com os investidores a recearem que esteja em causa a independência da Fed.

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