Partidos foram a Belém falar de estabilidade, mas revisão constitucional roubou foco mediático

Marcelo acredita ser possível, pelo menos no horizonte mais próximo, estabilidade governativa. Debate sobre alterações à Lei Fundamental ganhou tração com anúncio da IL.

Marcelo Rebelo de Sousa abriu esta semana as portas de Belém para receber a primeira ronda de conversas com os partidos com assento parlamentar sobre os resultados das eleições legislativas antecipadas de domingo, que deram a vitória à AD, uma subida vertiginosa ao Chega e uma derrota histórica ao PS. O foco dos contactos do Presidente da República foi a estabilidade da solução governativa, mas uma eventual revisão da Constituição roubou as atenções.

Na terça-feira, PSD, PS e Chega foram recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa, que ao final do dia se mostrou confiante em estabilidade. “Vamos ter estabilidade”, disse o chefe de Estado em declarações aos jornalistas, considerando que “correu bem, qualquer das três” audiências. “Vamos ver, isto continua. Os três [PSD, PS e Chega] continuam para a semana”, vincou.

Se nesse dia Luís Montenegro saiu do encontro sem declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, o seu parceiro de coligação, CDS-PP, foi vocal sobre a prioridade em cima da mesa: “A formação do Governo“.

“Portugal não quis instabilidade e crise política e deseja agora estabilidade e um Governo a continuar a resolver os problemas dos portugueses”, afirmou Nuno Melo em declarações aos jornalistas. O presidente dos centristas defendeu que “não há dúvida nenhuma sobre quem ganhou este campeonato” das eleições, apelando à responsabilidade da oposição para que permita ao Executivo prosseguir a implementação de um projeto “irresponsavelmente interrompido”.

O líder demissionário do PS, Pedro Nuno Santos, ainda marcou presença na reunião de terça-feira em Belém, mas a reunião foi sobretudo “de despedida.

“Desejo que a situação política estabilize rapidamente e que o país possa fazer o seu caminho”, afirmou o socialista à saída do encontro que durou apenas 15 minutos. O Presidente da República espera agora a decisão que sairá da reunião da Comissão Política Nacional do PS no sábado para aferir as condições de governabilidade do Executivo de Luís Montenegro, sem maioria absoluta.

Numa altura em que a AD não assumiu qualquer parceiro preferencial, a “estabilidade” é promessa do líder do Chega, que reclama para si o título de líder da oposição. “O país não precisa de mais eleições, o país não quer mais eleições, o país precisa de um rumo e uma ordem. Procuraremos ser um farol de estabilidade, mas não a qualquer custo”, disse André Ventura, em declarações aos jornalistas à saída do encontro, traçando três linhas.

“A luta contra corrupção é um pilar fundamental da nossa ação política. O combate a um país de portas abertas e a uma imigração descontrolada é um pilar fundamental. E o combate à subsidiodependência que tem destruído grande parte do tecido social, atribuindo subsídios a quem não precisa deles, permitindo que algumas minorias vivam à conta de subsídios e à custa de quem trabalha são linhas que nos separam dos dois partidos principais do sistema português”, elencou.

O tema da estabilidade estendeu-se também ao segundo dia de audiências. Na quarta-feira foi a vez da Iniciativa Liberal (IL) ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa. O partido que durante a campanha eleitoral chegou a sinalizar terem existido contactos com a AD sobre uma eventual coligação pós-eleitoral, acabou por afastar o cenário ainda na noite de domingo, após serem conhecidos os resultados.

À saída do encontro em Belém, o líder dos liberais, Rui Rocha, revelou que não tem mantido contactos com o primeiro-ministro reeleito, Luís Montenegro, e que o partido irá viabilizar as medidas que considere adequadas, mas defendeu que é um partido responsável.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

Revisão da Constituição ‘rouba’ cena

Após o encontro com o Presidente da República, Rui Rocha anunciou que o partido irá apresentar um projeto de revisão constitucional, para retirar peso ao papel do Estado na economia, tal como já fez em anteriores legislaturas. “A IL apresentará um projeto de revisão constitucional. Não é um ajuste de contas com a história, é uma oportunidade de futuro para que todos se reconheçam numa Constituição que traz mais liberdade e tem menos pendor ideológico”, afirmou o líder dos liberais aos jornalistas.

Na legislatura da maioria absoluta de António Costa, o Parlamento iniciou um processo de revisão constitucional, interrompido em novembro de 2023 após o anúncio de dissolução do Parlamento. Na ocasião, a IL apresentou uma proposta na matéria com a qual queria retirar “carga ideológica à Constituição”. Para abrir o processo de alteração à Lei Fundamental é necessário dois terços da Assembleia, algo que a direita toda junta agora tem.

O CDS-PP salientou que “quando chegar o tempo” o partido “terá uma posição que será pública, desde logo a partir do seu grupo parlamentar“, mas considerou que “é um direito dos deputados”. No entanto, Nuno Melo recordou que, em 1986, o CDS-PP foi “o único partido que votou contra a Constituição por ser marcadamente ideológica“.

O tema mereceu críticas à esquerda. “Seria muito importante que o senhor primeiro-ministro, ao ser indigitado, e que será, naturalmente, Luís Montenegro, da AD, que desse sinais de que esta legislatura não é uma legislatura para fazer uma revisão constitucional”, disse o porta-voz do Livre, Rui Tavares, em declarações aos jornalistas à saída da audiência em Belém.

“A IL disse para não estarmos com papões e hoje a IL apresentou um projeto de revisão constitucional a seguir a umas eleições extremadas. Já sabíamos que a IL gostava de motosserras, agora percebemos que gosta de mandar gasolina para o fogo com uma Assembleia da República, na qual é possível uma maioria apenas com a direita ou a extrema-direita ao contrário de outras revisões que contaram com o consenso de setores da direita e da esquerda”, argumentou.

Esta quarta-feira, embora admita que “é sempre possível melhorar o texto constitucional”, o secretário-geral do PCP defendeu que “é preciso é que a Constituição todos os dias se concretize na vida das pessoas, no trabalho, na saúde, na habitação, no direito das pessoas”.

“Precisamos de um caminho de uma alternativa deste caminho, não para alterar a Constituição, mas para que seja uma realidade na vida de cada um. Se aqueles que estão tão preocupados e empenhados em alterar a Constituição se empenhassem na sua concretização a vida da maioria dos que vivem no nosso país”, afirmou à saída da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, que durou mais de uma hora.

Ainda à esquerda, o Bloco de Esquerda (BE) também se mostrou contra a ideia. “Venha de um partido como a IL, que quer acabar com os serviços públicos, ou venha de um partido como o Chega, que quer acabar com liberdades individuais, parece-me que temos todos razões para preocupar, porque são as nossas liberdades coletivas e individuais que estão em risco”, disse a líder bloquista à saída do encontro em Belém.

Para Mariana Mortágua, “nenhuma outra resposta que não fechar as portas a uma revisão da Constituição, travá-la, lutar por todos os democratas por todas as pessoas que em Portugal gostam do Estado Social” existe.

O Presidente da República ainda irá receber na sexta-feira o PAN e o JPP, no rescaldo das eleições legislativas. A AD venceu com 32,1% dos votos, a que se somam mais 0,62% dos três deputados eleitos pela coligação PSD/CDS-PP/PPM nos Açores. Quando falta atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, o PS é o segundo partido mais votado, com 23,38% dos votos, com 58 deputados, os mesmos que o Chega, que tem menor votação, 22,56%.

Segue-se a IL, em quarto lugar, com 5,53% dos votos e nove deputados, e o Livre, com 4,2% e seis parlamentares. A CDU, com 3,03% dos votos elegeu três deputados, enquanto o BE com 2% e o PAN com 1,36% elegeram uma deputada cada. O JPP, da Madeira, entrou no parlamento com 0,34% dos votos em termos nacionais e um parlamentar.

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Rui Moreira concorda com petição para suspender segunda fase do metrobus do Porto

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

O autarca do Porto diz que não se justifica ter uma "via que acabaria com uma das ciclovias que é mais utilizada pelas pessoas, não apenas para bicicletas, mas também para andar a pé".

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira afirmou esta quinta-feira concordar com a petição para suspender e mudar a segunda fase do metrobus, defendendo a circulação sem canal dedicado e a salvaguarda de árvores e da atual ciclovia.

Em declarações à margem da abertura da Feira de Artesanato de Castilla-La Mancha, no Largo Amor de Perdição, o autarca afirmou ter recebido com agrado a petição anunciada pelo primeiro subscritor e candidato do PSD/CDS à Câmara do Porto, Pedro Duarte, em que pede “ponderação antes de avançar com a segunda fase” da obra pois “implica uma alteração (…) irreversível” da zona da Avenida da Boavista onde está projetado ser implantado.

“Isto corresponde exatamente aquilo que temos vindo a insistir junto do Metro do Porto, que não se justifica ter uma via dedicada no centro, que acabaria com uma das ciclovias que é mais utilizada pelas pessoas, não apenas para bicicletas, mas também para andar a pé. Parece-me perfeitamente razoável”, acrescentou Rui Moreira.

Neste contexto, prosseguiu o autarca independente, parece-lhe “muito avisado” o lançamento da petição, defendendo “que a população, sejam candidatos, seja quem for, se envolva nisto”.

“Naturalmente, esta é uma altura de candidaturas autárquicas, e portanto, é importante também que este tema seja debatido na cidade”, insistiu.

Também questionado pela Lusa sobre a posição do candidato independente à Câmara Municipal do Porto Nuno Cardoso, que considerou “o gesto” de Pedro Duarte, atualmente ministro dos Assuntos Parlamentares, “no mínimo desconcertante” e um “exercício de contradição”, argumentando que “o ministro, que até agora nunca se pronunciou publicamente sobre o avanço da obra – mesmo quando a primeira fase já decorria há anos – desperta agora para criar uma petição… contra o seu próprio governo”, Rui Moreira começou por lembrar que o projeto não é deste Governo.

“Se neste momento as pessoas se mobilizam em campanha eleitoral, é ótimo. Agora, se estão em desafio com o Governo ou não, isso não compreendo, essa é uma análise que não me compete fazer. Eu sou presidente de Câmara, não me compete fazer. Olho mais para isto como um movimento de cidadania, mas também é para isto que servem as eleições autárquicas”, disse.

Lembrando estar no final do seu último mandato, Rui Moreira afirmou ser “bom que quem venha a jogo diga o que pensa sobre a cidade e consiga mobilizar, principalmente nesta altura em que as pessoas estão mais atentas, aquilo que é vontade dos cidadãos”. No mesmo ímpeto, o autarca retomou críticas à administração da Metro do Porto para dizer que o veículo experimental prometido para estar a circular no canal do metrobus no princípio de maio, ainda não foi visto.

“Para a população ficar tranquila, fazia mais sentido perceber como funciona e (…) só depois iniciar a segunda fase”, sublinhou o autarca, que, sobre o mesmo tema, fez outro reparo, nomeadamente a questão do abastecimento a hidrogénio dos futuros autocarros.

Segundo Rui Moreira, a central de produção de hidrogénio que está a ser construída em instalações da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) “não vai estar pronta seguramente nos próximos 10 meses, ou seja, para conversa séria, no próximo ano”, o que obrigará que a “energia verde para esses autocarros vai ter que vir, provavelmente, de Sines, por terra”.

“Também por essa razão parece-nos que faria todo o sentido pôr a primeira fase a funcionar (…) corrigir aquilo que tenha que ser corrigido, (…) ter a formação do pessoal da STCP que vai ter que operar aqueles autocarros, (…) e quando estiver em velocidade de cruzeiro (…) então sim iniciar a segunda fase”, insistiu.

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Ações da Impresa disparam 19%. É a sessão mais movimentada em quatro anos

  • + M
  • 22 Maio 2025

O movimento acontece no momento em que se fala de possíveis mudanças acionistas no grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão. O grupo Jerónimo Martins nega "alegado investimento num grupo de media".

Os títulos da Impresa dispararam hoje 19%, para um fecho nos 14 cêntimos. Este é o valor de encerramento mais alto em perto de um ano. Porém, mais significativo que o preço de fecho é o volume, que está fora do padrão habitual para as ações da dona da SIC e do Expresso.

Trocaram hoje de mãos 1,86 milhões de ações. É preciso recuar até abril de 2021 para ver um dia mais movimentado. Os negócios desta quinta-feira viram trocar de mãos cerca de 2,3% das ações dispersas, o free-float. Ainda assim, estamos a falar de um valor total de menos de 240 mil euros.

O movimento acontece no momento em que se fala de possíveis mudanças acionistas no grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão. Contactado pelo +M, o grupo Jerónimo Martins, que se tem especulado que possa entrar na estrutura acionista, “desmente categoricamente notícias que andam a circular sobre um alegado investimento num grupo de media”. A resposta dada na última semana, e reiterada esta quinta-feira, é válida para todas as empresas do grupo dono do Pingo Doce e do Recheio. Também contactada, a Sociedade Francisco Manuel dos Santos, acionista maioritária no grupo Jerónimo Martins, não comenta um eventual interesse no grupo dono da SIC.

O movimento de subida das ações da Impresa começou no dia 13 de maio. Contactada pelo +M, o grupo não comenta os eventuais motivos.

A dona da SIC e do Expresso, recorde-se, terminou o ano de 2024 com prejuízos de 66,2 milhões de euros. O número reflete uma perda, a título de imparidade, do goodwill da SIC.

Em 2024, considerou-se que o ativo SIC, pelos resultados obtidos no último triénio, e tendo em conta as tendências do mercado onde se insere, perdeu valor e deixou de valer tanto como está registado contabilisticamente. Tendo sido revistos os pressupostos-chave utilizados nos testes de imparidade destes negócios, determinou-se uma perda por imparidade de goodwill no montante de 60,7 milhões de euros. Note-se que este valor também inclui uma imparidade que resulta da avaliação da Infoportugal, num valor naturalmente inferior ao da SIC”, explicava ao +M Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo.

“Importa salientar que, pela sua natureza, estas imparidades têm cariz meramente contabilístico e não têm impacto na atividade operacional do Grupo, nem comprometem a sua tesouraria“, assegurava.

O resultado líquido ajustado, sem essa perda de imparidade, foi de 5,5 milhões de euros negativos, um aumento de 176,5% das perdas na comparação com o ano de 2023. Este inclui, explicava a Impresa, o reforço do valor das provisões em aproximadamente 5,3 milhões de euros, na sequência da evolução dos processos judiciais em curso intentados contra o Grupo e da aferição dos respetivos riscos e responsabilidades.

O EBITDA do grupo situou-se em 18,4 milhões de euros (uma melhoria de 19,5%) e o EBITDA recorrente, ajustado dos custos de reestruturação e de indemnizações pagas e recebidas, foi de 15,6 milhões de euros. O agravamento dos resultados financeiros decorre não apenas da subida das taxas de juro, mas também dos custos de lançamento das Obrigações SIC 2025-2028.

A dívida remunerada líquida registada no final de 2024 foi de 130,9 milhões, um acréscimo de 13,3% em relação ao ano anterior.

 

(notícia atualizada às 21h30)

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Coindu justifica despedimento coletivo e lay-off com “grave situação de crise”

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

A empresa justifica o lay-off de 237 trabalhadores e o despedimento coletivo de 123 com a “crise automóvel na Europa", que implica uma "readaptação, reajuste e reestruturação".

A Coindu justificou a sua decisão de avançar com o despedimento coletivo de 123 trabalhadores e o lay-off de 237 com a “grave situação de crise” que enfrenta neste momento.

Num comunicado, a empresa confirmou, como já tinha noticiado a Lusa, que “deu início a dois procedimentos de reestruturação organizativa”, nomeadamente um de lay-off, que abrangerá aproximadamente “237 trabalhadores, com a duração inicial de seis meses”, e um “despedimento coletivo”, de cerca de 123 trabalhadores, “dada a inexistência de alternativas por força da atual e projetada redução de atividade”.

Segundo a empresa de componentes têxteis para o setor automóvel, a “crise automóvel na Europa é conhecida e decorre de uma confluência de fatores económicos (forte recessão económica e consequente incerteza de mercado), ambientais e regulatórios (veículos elétricos e o seu elevado custo), tecnológicos e geopolíticos (barreiras comerciais e tarifas)”.

A empresa disse depois que a situação afetou, “desde o início do ano, mais de duas centenas de trabalhadores, em média, por mês, que embora dispensados da prestação de trabalho, mantiveram a retribuição por inteiro”. Uma situação que, afirmou, “não é comportável por mais tempo, obrigando a que a administração da Coindu se veja forçada a tomar medidas de combate à grave situação de crise empresarial, de modo a prover pela respetiva sustentabilidade e viabilidade”.

Segundo o grupo, estas medidas têm “necessariamente de passar pela readaptação, reajuste e reestruturação da atividade produtiva” da empresa, ou seja, pela redução de pessoal.

Na mesma nota, a “administração da Coindu nota e faz notar que a implementação das referidas medidas foi prévia e devidamente dada a conhecer aos trabalhadores e respetivos representantes”, apontando a sua “firme intenção” de que “ambos os procedimentos decorram com a maior transparência e serenidade” e prometendo aos trabalhadores que “serão prestadas todas as informações e esclarecimentos”.

Na quarta-feira, Francisco Vieira, do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, disse à Lusa que os processos de lay-off e despedimento coletivo foram comunicados na segunda e na terça-feira, tendo a administração considerado que se trata de uma “inevitabilidade”.

“Alegam a crise no setor automóvel e a consequente falta de encomendas. Dizem que aguentaram até ao limite, mas que agora não dá mais”, referiu então o dirigente sindical. Segundo Francisco Vieira, a Coindu conta atualmente com 1.170 trabalhadores em Famalicão. O sindicalista acrescentou que a empresa pretende este ano ter uma disponibilidade de entre 800 e 825 trabalhadores.

Em 2026, esses números deverão subir para 950 a 1.050 trabalhadores. “São notícias muito violentas, há muita revolta e descontentamento, muita gente a sofrer por dentro”, disse Francisco Vieira, sublinhando que os visados serão essencialmente os mais novos na empresa, cujos despedimentos “ficarão, obviamente, mais baratos”.

Disse ainda que os problemas na Coindu começaram na pandemia de covid-19. Em finais de 2024, a Coindu fechou a fábrica que tinha em Arcos de Valdevez, deixando sem emprego 350 trabalhadores. Segundo Francisco Vieira, a empresa terá aberto “há meia dúzia de meses” uma fábrica na Tunísia, transferindo para lá parte da sua produção. Em 2022, entre Arcos de Valdevez e Vila Nova de Famalicão, a Coindu empregava 2.100 trabalhadores.

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Empresa autónoma ou marca da americana Carrier? “Integração ainda está numa fase inicial”, diz Addvolt

Novos donos de Palm Beach deram apenas garantias da passagem dos 65 trabalhadores para o grupo internacional e de crescimento "nos próximos meses", sobretudo nas áreas de engenharia e suporte.

A empresa portuguesa Addvolt, que é um caso de sucesso mundial na área das baterias para camiões de frio, está a ser integrada no grupo norte-americano Carrier, mas o futuro da sua estrutura permanece incerto. A garantia é que a gestão se mantém nacional durante a fase de transição e todos os 65 colaboradores passam a fazer parte da multinacional, continuando a trabalhar a partir da sede em São Mamede de Infesta.

Fonte oficial da Addvolt diz ao ECO que existem “planos para crescer nos próximos meses”, sobretudo nas áreas de engenharia e suporte internacional, contribuindo para o desenvolvimento da divisão de Soluções de Climatização para Transporte da Carrier, sediada em Palm Beach.

Questionada sobre se o plano dos novos donos é manter a empresa autónoma ou funcionar como uma marca do grupo internacional, a Addvolt referiu apenas que está “ainda numa fase inicial do processo de integração”.

Continuamos comprometidos com uma integração suave e com a entrega de soluções inovadoras e um serviço de excelência aos nossos clientes”, garantiu, sem se comprometer com quaisquer hipóteses.

Bruno Azevedo continuará a liderar a equipa da Addvolt durante a integração na Carrier”, refere a Addvolt. O gestor português está a reportar a Victor Calvo, vice-presidente e diretor-geral da Carrier Transicold Truck Trailer International. Na aquisição que a Carrier fez antes desta, a do grupo alemão Viessmann, a liderança confirmou no mesmo dia que a empresa se manteria como um “family business independente”, o que não aconteceu neste caso.

A estratégia de investimento na operação em Portugal também permanece uma incógnita, mas espera-se a continuação da aposta num negócio no qual a Carrier reconhece “um grande valor” tanto em termos de tecnologia como de talento. “Esperamos um apoio contínuo à inovação, desenvolvimento de talento e oportunidades de expansão como parte da estratégia de longo prazo da Carrier”, referiu.

Fundada em 2014 na Área Metropolitana do Porto, a Addvolt tem cerca de seis dezenas de trabalhadores, vendas anuais de 8,21 milhões de euros para mais de 20 mercados e resultados de 1,40 milhões de euros (2023). Tornou-se conhecida e atraiu o interesse de investidores estrangeiros por ter criado o primeiro sistema elétrico plug-in do mundo para o setor do transporte comercial refrigerado, que permite aos camiões frigoríficos, que carregam frutas, legumes, flores, vacinas ou até semicondutores, trabalharem sem necessidade deu um motor a diesel.

No podcast Liga dos Inovadores, gravado antes da aquisição, Bruno Azevedo falou sobre a importância e os primórdios do negócio que criou a partir das salas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. “Costumo dizer que a nossa empresa nasceu de três ingredientes: a ignorância, a coragem e o compromisso”, contou o CEO e engenheiro eletrotécnico. E deixou um desafio aos ouvintes: “Imaginem o motorista a dormir dentro do camião e o motor a diesel a roncar para refrigerar”.

Bruno Azevedo recordou que a história da empresa – ainda antes de ser uma spin-off – começou no momento em que se apercebeu da problemática que significava este ronco e quis, com os colegas de curso, desenvolver uma alternativa. Mais tarde, em plena pandemia, os fundadores – Bruno Azevedo e Rodrigo Pires – foram nomeados pela revista Forbes para o ranking dos 30 melhores talentos europeus com 30 anos de idade ou menos.

A Carrier, através do braço de capital de risco, tinha uma participação minoritária de 10% na Addvolt e, dada a boa performance do investimento, acabou por aumentar a posição para 100%. Só entre 2021 e 2022, a Addvolt viu o volume de negócios quase duplicar para 9,7 milhões de euros.

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Lucro da Altri afunda quase 65% até março

  • ECO
  • 22 Maio 2025

A Altri aponta a política tarifária da administração Trump como a causa do abrandamento da procura por pasta.

A Altri teve um lucro de 7,6 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, menos de metade que os 21,6 milhões registados em período homólogo. A empresa explica a queda de 64,7% nos resultados líquidos com a incerteza na procura por pasta causada pelas tarifas anunciadas pela administração Trump, de acordo com o comunicado enviado ao mercado.

Entre janeiro e março, o grupo atingiu receitas de 203 milhões de euros, menos 8,6% face ao mesmo período do ano passado. “Variação é explicada por um nível de preços médios de pasta inferior, resultado das condições menos favoráveis que já se sentiram no mercado global na segunda metade de 2024”, indica a nota da empresa publicada no site da Comissão do mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) caiu 41,2%, para os 29,4 milhões no arranque do ano, devido às “condições de mercado menos favoráveis”. Mas não só. A Altri aponta ainda um “contexto mais desafiante da Celbi no 1T25 relacionado com o incidente temporário na turbina de cogeração e também do ramp-up da conversão de BHKP para pasta solúvel (DP) na Biotek”. Com a turbina da Celbi a reiniciar no final de março, a empresa acredita na “normalização dos níveis de eficiência operacional”.

Por outro lado, as mudanças da política tarifária dos EUA causaram incerteza no setor de pasta global, revertendo o dinamismo sentido no início do ano à boleia da China.

Os resultados financeiros também se deterioraram, com os resultados financeiros a atingirem os -7,9 milhões, o que compara com -4,7 milhões no período homólogo. “A deterioração dos resultados financeiros decorre essencialmente da evolução menos favorável das diferenças de câmbio no trimestre”, justifica a empresa em comunicado.

“O ano de 2025 arrancou sob o signo da incerteza, motivado pela política de tarifas imposto pela administração norte-americana, com sucessivos avanços e recuos”, começa por dizer o CEO José Soares de Pina, numa mensagem no relatório. O líder da papeleira refere que “este sentimento afeta toda a cadeia de valor nos diversos mercados, com especial ênfase para o mercado chinês, um mercado relevante para a indústria de fibras celulósicas”.

José de Pina nota que, “no primeiro trimestre, verificamos um aumento da procura de fibras celulósicas no mercado, com a pasta Hardwood, mais relevante para o Grupo, a crescer perto de 5% e com o nível de stocks nos portos a normalizarem”.

No entanto, “apesar dos anúncios de aumentos nos mercados internacionais, a média de preços no primeiro trimestre do ano ainda está 5% inferior à registada no primeiro trimestre de 2024. Este fator, conjugado com um nível de produção e volumes vendidos ligeiramente inferior, resultou numa redução de receitas totais do Grupo de 8,6% face aos primeiros três meses do ano passado”, explica.

A dívida líquida do grupo Altri atingiu 211 milhões no final de março de 2025, uma ligeira redução face aos 213,6 milhões registados no final de dezembro de 2024.

Em termos de perspetivas futuras, a papeleira destaca que, “dada a situação de maior incerteza económica global, nomeadamente na China, acreditamos que o nível de preços da pasta BHKP (pasta de eucalipto branqueada de fibra curta) estará sob pressão no curto prazo“.

“Uma clarificação da situação final das tarifas a aplicar pelos EUA deverá contribuir para retomar um contexto que continuamos a acreditar que seja positivo para o setor nos próximos três anos“, remata a empresa.

(Notícia atualizada às 19h15)

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Apagão. REN pede adiamento da entrega de relatório. Prazo alargado até 28 de maio

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) alargou o prazo por mais 10 dias, até 28 de maio.

A REN – Redes Energéticas Nacionais solicitou o adiamento da entrega do relatório sobre o apagão de 28 de abril, tendo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) alargado o prazo por mais 10 dias.

De acordo com o regulador, o pedido teve como objetivo permitir à gestora das redes nacionais recolher informação à qual ainda não tinha tido acesso, sendo agora a nova data limite para a entrega do relatório o dia 28 de maio. Inicialmente, o prazo para a apresentação do relatório era de 20 dias úteis, terminando a 18 de maio. Com esta alteração, o prazo estende-se para 30 dias.

“A REN solicitou o adiamento da entrega do relatório sobre o Incidente de Grande Impacto (IGI), para recolher informação que não tinha tido possibilidade de aceder, para a data limite estabelecida para a solicitação da classificação de Evento Excecional (30 dias)”, disse à Lusa fonte oficial da ERSE.

fonte oficial da REN referiu que “a prorrogação está prevista e foi pedida devido à complexidade dos dados a analisar. O objetivo da REN é entregar um relatório tão detalhado e informativo quanto possível”, acrescentou. Um corte generalizado no abastecimento elétrico deixou, a 28 de abril passado, Portugal continental e Espanha praticamente sem eletricidade, bem como uma parte do território de França.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão. Este incidente mostrou a importância de aumentar a resiliência da rede energética da UE, numa altura em que a Península Ibérica tem uma conectividade abaixo dos 3% com o resto da União.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E, na sigla em inglês) está a investigar as causas deste apagão, que classificou como excecional e grave.

Este painel de peritos terá de elaborar um relatório factual que constituirá a base do relatório final até o prazo máximo de 28 de outubro deste ano. Já o relatório final sobre a investigação do incidente deverá ser publicado, o mais tardar, até 30 de setembro de 2026.

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CEO da Caixa em sintonia com Miranda Sarmento. “Não é saudável para Portugal ter 50% da banca em mãos espanholas”

Paulo Macedo está em sintonia com o seu acionista, considerando que "não é saudável" para o país que 50% da banca esteja nas mãos de bancos espanhóis. Separar o Novobanco será "muito complexo".

O ministro das Finanças disse-o e o CEO da Caixa Geral de Depósitos (CGD) está em sintonia: “Não é saudável para Portugal ter 50% da banca em mãos espanholas”.

Parece-me uma opinião razoável, não é uma novidade”, disse Paulo Macedo, na conferência de apresentação dos resultados do banco público relativos ao primeiro trimestre do ano.

Esta quarta-feira, Miranda Sarmento afirmou em entrevista à RTP que “é do interesse do país que não haja uma excessiva concentração do setor bancário de bancos de um único país, como é o caso de Espanha. “Não dá muita saúde discordar do que o ministro diz”, ironizou Macedo.

Separação do Novobanco “seria muito complexa”

Na mesma entrevista, o ministro deu carta branca à administração da Caixa para apresentar uma proposta ao Governo sobre uma eventual aquisição do Novobanco, sozinha ou em parceria.

Sobre isto, Paulo Macedo frisou que “o ministro das Finanças tem dado uma latitude grande à Caixa, na gestão do seu dia a dia”. “Estamos confortáveis para apresentar as propostas que sejam relevantes”, adiantou.

Reiterou ainda que a Caixa estaria interessada em “melhorar a quota na área das empresas”, onde tem “uma quota abaixo do que é natural”.

Macedo explicou que só pode ficar com uma parte do negócio por questões de concorrência. “Se há outras alternativas [a ficar com todo o banco] iremos vê-las”, atirou, dizendo depois que “a separação [do Novobanco] seria muito complexa”.

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APPM Marketing Awards estão de volta com duas novas categorias. Candidaturas abrem a 1 de junho

  • + M
  • 22 Maio 2025

As candidaturas decorrem de 1 de junho a 31 de julho, com o desconto early bird de 10% disponível até 30 de junho. A cerimónia de entrega dos prémios realiza-se a 15 de outubro.

Com o compromisso de distinguir as campanhas “que se destacam pela estratégia de marketing, ideias inovadoras, criatividade, inovação e impacto real no mercado português”, os APPM Marketing Awards estão de regresso para mais uma edição.

Promovidos pela Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing (APPM), os prémios contam este ano com a novidade da criação do Prémio Inovação, que vai premiar a marca e a ideia mais inovadora do Ano. “Considero que faltava um prémio de Inovação nos APPM Marketing Awards, pois a inovação é uma componente essencial para a evolução e crescimento das marcas”, diz Sandra Alvarez, presidente dos APPM Marketing Awards, citada em comunicado.

Além disso, são ainda introduzidas duas novas categorias, a de “Eventos & Ativação de Marca” e a de “Influencer Marketing”, que levaram também à criação de dois novos prémios de agência do ano: Agência de Eventos do Ano e Agência de Influencers do Ano.

Ao todo, são assim nove as categorias agora a concurso: Marketing, Advertising, Media, Comunicação & RP, Inovação, Data, Sustentabilidade, Eventos & Ativação de Marca e Influencer Marketing. O Prémio Marketer Revelação do Ano, lançado em 2024, mantém-se, com nomeação pública no site da APPM a partir de 1 de junho, e votação do júri.

As candidaturas decorrem de 1 de junho a 31 de julho, com o desconto early bird de 10% disponível até 30 de junho. A cerimónia de entrega dos prémios realiza-se a 15 de outubro.

A Sandra Alvarez (PHD|Omnicom), que preside os prémios, juntam-se como jurados da edição de 2025 Bruno Albuquerque (Grupo Super Bock), Sérgio Leal (McDonald’s), Catarina Barradas (EDP), Verónica Dourado (Red Bull), Catarina Pestana (Grupo Visabeira), Jorge Padinha (The Walt Disney Company), Maria Estarreja (Grupo Lusíadas Saúde), Piedade Guimarães (Burson), Joana Santa Bárbara (Uber), Patrícia Nunes Coelho (Control), Ana André (Leroy Merlin), Frederico Correia (Wavemaker), Mariana Lourena (Hearts & Science|Omnicom), Bruno Salomão (Adclick Group), Lourenço Fernandes Thomaz (Dentsu Creative), Miguel Teixeira Santos (Santander), Ricardo Santos (Aldi), Marta Marques (Ebiquity), Helena Laymé (ISEG) e Manuel Paula (El Corte Inglés).

Os prémios contaram ainda com um rebranding nesta edição, tendo em vista um alinhamento com a nova identidade visual apresentada pela APPM no início do ano para “responder aos desafios do marketing atual”. A identidade visual e o conceito gráfico desta edição ficaram a cargo da agência Happy Brands.

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Taxa de retenção dos recibos verdes baixou para 23% mas trabalhadores podem optar por 25%

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

Depois da taxa mais alta de IRS na emissão dos recibos estar balizada nos 23%, o teto foi alterado e quem passa faturas-recibo enquanto trabalhador independente passou a poder descontar 25%.

O Orçamento do Estado para 2025 baixou a taxa de retenção na fonte dos recibos verdes de 25% para 23%, mas a mais alta continua a estar disponível, dando resposta aos contribuintes com taxa efetiva de IRS mais elevada.

A descida da taxa de retenção na fonte foi bem recebida pelos contribuintes, mas levou a alguns alertas de que os 23% não seriam suficientes para quem recebe valores mais elevados, situação que acaba por resultar numa fatura de imposto mais alta, quando chega o momento da entrega da declaração anual.

Um desses alertas partiu da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC). “Chamámos a atenção para que a retenção na fonte fosse maior e que havia pessoas que queriam reter mais”, disse à Lusa a bastonária da OCC, Paula Franco, salientando que a questão se tornou mais relevante num contexto em que os reembolsos estão a baixar.

Depois de num primeiro momento, a taxa mais alta disponível na emissão dos recibos estar balizada nos 23%, o teto foi alterado e quem passa faturas-recibo enquanto trabalhador independente passou a poder descontar os referidos 25%.

Em resposta à Lusa, fonte oficial do Ministério das Finanças confirma “que existe a opção de contribuintes que desenvolvam atividades profissionais, especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º do Código do IRS, cujos rendimentos estão sujeitos à taxa de retenção na fonte sobre 100% do seu valor (montante do recibo), poderem optar pela taxa de 23% ou pela taxa de 25%”.

Em declarações à Lusa, António Gaspar Schwalbach, fiscalista e sócio da PARES, começa por lembrar que a partir da reforma do IRS, produzida em 2014 e com entrada em vigor no início de 2015, passou a estar prevista na lei a possibilidade de os titulares de rendimentos das categorias A (trabalhadores dependentes), B (independentes) e H (pensionistas) poderem optar pela taxa de retenção do IRS “imediatamente superior à que lhes é legalmente aplicável em declaração para o efeito a apresentar à entidade pagadora dos rendimentos”.

Porém, sublinha o fiscalista, ainda que esta norma faça referência a uma declaração autónoma, “a forma como as faturas recibos de preenchimento eletrónico têm vindo a ser concebidas desde 2014 no sistema informático da AT – com menção obrigatória à retenção na fonte e, em caso positivo, à taxa legal aplicável – restringiu, na prática, este direito dos contribuintes”.

Ou seja, detalha, seria contraditório que um contribuinte emitisse uma declaração a comunicar a escolha, por exemplo, de uma taxa de retenção na fonte de 26% e, depois, apresentar uma fatura recibo com menção a uma taxa de retenção na fonte inferior: 25%, pelo que, conclui, na prática, a “AT acaba por impedir que os contribuintes exerçam este direito” de optar pela retenção na fonte de uma taxa superior.

Sobre o regresso da taxa de 25%, António Gaspar Schwalbach refere acreditar que tal se deveu ao facto de a AT ter compreendido que os contribuintes que auferem rendimentos mais elevados poderiam preferir continuar a reter um valor mais elevado, como forma de antecipar o IRS devido a final.

De referir que os trabalhadores independentes que cumprem os critérios para beneficiar do IRS Jovem apenas podem optar pelo benefício no momento da entrega da declaração anual, uma vez que não existe a possibilidade de reterem de acordo com as regras deste regime fiscal.

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Proença-a-Nova atribui 1.500 euros por criança para apoio à natalidade e adoção

  • Lusa
  • 22 Maio 2025

O apoio total é de 1.500 euros por criança, distribuído ao longo de três anos (até 500 euros/ano) e é reembolsado mediante apresentação de faturas de despesas com creches, consultas, e outros gastos.

A Câmara de Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, vai atribuir apoios à natalidade no valor de 1.500 euros por criança a famílias que residam no concelho. Segundo o município de Proença-a-Nova, o Regulamento de Incentivo à Natalidade e à Adoção já está em vigor.

“Queremos com este apoio ampliar os apoios que já praticamos no município nas várias áreas, seja na educação e no apoio social”, afirmou o presidente do município, João Lobo. Este apoio dirige-se a famílias com crianças nascidas ou adotadas a partir da entrada em vigor do regulamento, sendo que os pais ou adotantes devem residir no concelho de Proença-a-Nova há pelo menos 12 meses consecutivos a partir do nascimento da criança.

Para beneficiar deste incentivo, a criança deve ser residente no concelho, ter idade igual ou inferior a três anos no caso de nascimento e ter até seis anos no caso de adoção.

O apoio total é de 1.500 euros por criança, distribuído ao longo de três anos (até 500 euros/ano) e é reembolsado mediante apresentação de faturas de despesas com creches, consultas médicas, medicamentos, artigos de higiene e puericultura, vestuário, calçado, alimentação, mobiliário infantil, entre outras.

De acordo com o município, as despesas devem ser realizadas no concelho de Proença-a-Nova. Para beneficiar deste apoio, os interessados devem preencher o formulário próprio, disponível nos serviços online ou no Balcão Único da Câmara Municipal de Proença-a-Nova.

Para o efeito, é necessário apresentar a certidão de nascimento, o comprovativo de residência e IBAN, e a declaração de não dívida às finanças ou autorização de consulta e o comprovativo da decisão judicial ou administrativa das entidades ou organismos legalmente competentes de que a criança lhe esteja confiada (nas situações aplicáveis).

As faturas das despesas devem ser apresentadas três vezes por ano, nos serviços de Ação Social da Câmara Municipal, e o reembolso é feito até 45 dias após entrega dos documentos. O apoio será cancelado em caso de falsas declarações ou mudança de residência para fora do concelho.

“Este incentivo é um apoio direto às famílias e um contributo para o desenvolvimento do concelho, promovendo a natalidade, a adoção e o comércio local”. João Lobo salientou ainda que este apoio permite às famílias “um maior desafogo económico e, ao mesmo tempo, potenciar as compras nos agentes económicos” concelhios.

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Lucro da Caixa estabiliza nos 393 milhões apesar da redução dos juros

Margem financeira caiu 11%. Ainda assim, o resultado do banco público estabilizou perto dos 400 milhões, o maior da banca em Portugal.

O lucro da Caixa Geral de Depósitos estabilizou no primeiro trimestre, ascendendo a 393 milhões de euros, apesar da redução dos juros ter pressionado a margem, anunciou o banco público esta quinta-feira.

A margem financeira – que corresponde à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos – cedeu 11% para 636 milhões de euros nos três primeiros meses do ano.

Em conferência de imprensa, Paulo Macedo assegurou que, apesar do contexto de incerteza, a Caixa vai ter um “resultado expressivo” este ano. No ano passado, teve lucros recorde acima dos 1,7 mil milhões, o que permitiu pagar um dividendo ao Estado de 850 milhões.

As comissões subiram para 147 milhões de euros, embora a Caixa não tenha atualizado o preçário pelo terceiro ano, mas foi a reversão de provisões e imparidades para o risco do crédito a contribuir para a estabilização do resultado final, com um contributo de 53 milhões.

Os custos de estrutura subiram para 308 milhões, mais 3,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. O rácio cost-to-income manteve-se abaixo dos 30%.

O volume de negócios cresceu 6% para 167 mil milhões de euros, dos quais mais de 76 mil milhões correspondem a depósitos de clientes, representando uma quota de mercado de 23%.

A carteira de empréstimo aumentou 2,7% para 48,9 mil milhões de euros, que dão a liderança de mercado à Caixa com uma quota de 18%. Os empréstimos para a compra de casa aumentaram 2% (em linha com o mercado) para 25,95 mil milhões de euros.

30% da garantia pública usada

Paulo Macedo adiantou que tem uma utilização da quota da linha de garantia pública para os jovens na ordem dos 30%. Já foram contratadas ou estão em fase final de contratação mais de 2.800 operações, correspondendo a 530 milhões de euros de crédito concedido.

Ao todo, a Caixa já recebeu mais de 6.800 pedidos de jovens no âmbito da garantia, com empréstimos que ascendem a 1.280 milhões de euros.

“Caixa ou fará investimento ou distribuirá mais ao acionista”

Paulo Macedo revelou ainda que o excesso de capital dá opções ao banco para “ou fazer um investimento ou distribuir mais ao acionista”.

Há bancos tiveram rácios de distribuição de 90% ou 75%”, lembrou o CEO da Caixa. O banco público tem distribuído entre 40% a 50% dos resultados nos últimos anos e Macedo abre a porta a um reforço do payout.

“O Estado não tem problema em ter este dinheiro na Caixa, está a ter rentabilidade de 15%”, mas fará as suas opções, explicou.

(notícia atualizada às 18h12)

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