Lagarde e Powell escondem o jogo sobre futuro das taxas de juro
Os líderes do BCE e da Fed mostraram-se cautelosamente otimistas no Fórum do BCE sobre o combate à inflação, destacando avanços, mas sublinhando a necessidade de manter políticas restritivas.
No Fórum do BCE em Sintra, Christine Lagarde e Jerome Powell, líderes dos dois principais bancos centrais do mundo, traçaram um panorama cauteloso, mas otimista sobre o combate à inflação e os próximos passos da política monetária, mas sem avançarem com qualquer ideia sobre eventuais cortes das taxas de juro nas suas economias.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, abriu o debate afirmando que a zona euro está “muito avançada no processo de desinflação” e que a inflação “está a seguir na direção certa”. No entanto, Lagarde fez questão de sublinhar que ainda há trabalho pela frente.
“Não precisamos ter a inflação dos serviços a 2%. Mas precisamos de ver os lucros a absorver os aumentos salariais”, explicou a líder do BCE, sinalizando que a autoridade monetária europeia está atenta aos riscos de uma espiral inflacionista impulsionada pelos salários.
Do outro lado do Atlântico, o presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell, também se mostrou cautelosamente otimista. “A tendência de desinflação mostra sinais de retoma. Fizemos bastantes progressos na inflação”, afirmou Powell.
No entanto, o líder da Fed deixou claro que ainda é cedo para festejar. “Precisamos de estar mais confiantes antes de reduzir as taxas de juro. Precisamos de ver mais dados como os que temos visto recentemente”, explicou Powell, acrescentando que “os dados representam progressos significativos”.
Powell fez questão de sublinhar que a Fed está a ponderar cuidadosamente os riscos associados a quaisquer mudanças que possam ocorrer no ciclo da política monetária. “Estamos bem cientes do risco de cortar demasiado cedo ou demasiado tarde. Os riscos estão a tornar-se muito mais equilibrados”.
O presidente da Fed também abordou a questão dos salários e do mercado de trabalho, temas cruciais para a evolução da inflação: “A inflação dos serviços é geralmente mais persistente. Os aumentos salariais estão a voltar a níveis mais sustentáveis, mas ainda estão acima o ponto de equilíbrio. O mercado de trabalho está a arrefecer.”
Quanto ao futuro, Powell mostrou-se cauteloso, mas otimista: “A inflação pode voltar aos 2% no final do próximo ano ou no ano seguinte. A política monetária ainda é restritiva e é apropriado que assim seja”. Lagarde mostrou-se ligeiramente mais otimista, antecipando que, no espaço de um ano, a inflação na Zona Euro possa estar na casa dos 2%.
Lagarde e Powell parecem estar em sintonia quanto à necessidade de manter uma postura vigilante, mas também flexível. Como resumiu Powell: “Temos a capacidade de tomar o nosso tempo e acertar nisto”.
Tanto Lagarde como Powell revelaram novamente uma abordagem prudente e vigilante na gestão da política monetária, com ambos a expressarem um otimismo cauteloso em relação ao progresso no combate à inflação, destacando a necessidade de continuar a monitorar cuidadosamente os indicadores económicos antes de considerar qualquer redução nas taxas de juro.
Lagarde enfatizou os avanços na desinflação na zona euro, enquanto Powell sublinhou os progressos significativos nos EUA, mas ambos concordaram que ainda há desafios pela frente e que apesar dos sinais positivos a política monetária deve permanecer restritiva e adaptável para garantir uma recuperação económica sustentável e evitar riscos de uma espiral inflacionista.
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