Governo confirma hoje se ANA prossegue com processo do novo aeroporto

O Executivo tinha 30 dias para "confirmar por escrito" se pretendia que a ANA avançasse com o processo de candidatura à construção do Luís de Camões. Prazo termina esta sexta.

O Governo anuncia esta sexta-feira se pretende que a ANA avance com o processo de candidatura à construção do Aeroporto Luís Sá Carneiro, seguindo a proposta apresentada no Relatório Inicial entregue ao Executivo.

O documento foi entregue pela concessionária dos aeroportos portugueses ao Governo a 17 de dezembro, mas só agora deverá ser revelado. O Executivo tinha 30 dias para “confirmar por escrito” se pretendia que a ANA avançasse com o processo de candidatura à construção do Luís de Camões no Campo de Tiro de Alcochete.

A proposta formulada no Relatório Inicial prevê a construção de duas pistas, com possibilidade de expansão futura para quatro pistas. O cenário central prevê um custo um pouco acima dos 8 mil milhões de euros, financiado através da alteração das taxas aeroportuárias e da extensão do prazo de concessão. Falta agora conhecer em detalhe o que propõe a concessionária.

Plano do novo Aeroporto Luís de Camões entregue com o Relatório Inicial (High Level Assumption Report) da concessionária ANA sobre o desenvolvimento da capacidade aeroportuária de Lisboa, para iniciar formalmente negociações sobre a extensão do contrato de concessão e viabilizar a construção do novo Aeroporto Luís de Camões, em Alcochete. ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira a criação de uma estrutura para o acompanhamento técnico do contrato de concessão com a ANA, as obras no Humberto Delgado e o projeto do novo aeroporto. Será liderada pelo presidente do Instituto Português da Mobilidade (IMT), João Jesus Caetano, e prestará apoio ao ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

A confirmação do processo para o avanço da candidatura é uma das muitas formalidades que são necessárias até poder arrancar a construção do novo aeroporto. Cumprido este passo, segue-se um período de consulta pública aos “cinco maiores operadores aéreos e outras partes interessadas”, como prevê o contrato de concessão, bem como a entidades públicas. A ANA tem seis meses para apresentar um Relatório das Consultas que deve incluir comentários sobre a localização proposta para a nova infraestrutura, principais especificações e níveis das taxas aeroportuárias.

A concessionária tem três anos para preparar a candidatura. Além do documento mencionado acima, tem ainda de entregar um Relatório sobre o Local Selecionado, um Estudo de Impacte Ambiental, o Relatório Técnico e o Relatório Financeiro. O Ministério das Infraestruturas pretende que este prazo seja encurtado, de forma a permitir o início mais cedo da obra.

O financiamento promete ser um dos temas que mais debate irá gerar. A concessão atribuída à ANA em 2012 só termina em 2062 e deverá ser estendida em vários anos. Um aumento das taxas aeroportuárias também poderá ser contestado, nomeadamente pelas companhias aéreas, estando a concessionária obrigada a manter preços competitivos face a um conjunto de 12 aeroportos europeus.

O Governo afasta o uso de verbas públicas para custear a obra do Aeroporto Luís de Camões, ideia que voltou a ser referida esta quarta-feira pelo ministro das Finanças. “Neste momento a informação que temos é que é possível fazer o aeroporto de Alcochete sem encargos para o Orçamento do Estado”, afirmou Joaquim Miranda Sarmento, no Parlamento. Já as acessibilidades terão de ser pagas pelos cofres públicos.

A construção do novo aeroporto de Lisboa nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete, que abrangem os concelhos de Benavente e Montijo, foi aprovada pelo Conselho de Ministros a 14 de maio de 2024, seguindo a localização apontada pela Comissão Técnica Independente como tendo mais vantagens.

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Nomeado pelo Governo e ‘testado’ pelos deputados. Afinal, como se escolhe um governador?

Nomeação é feita por resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do ministro das Finanças. Candidato tem de ir ao Parlamento, a quem cabe um parecer sem carácter vinculativo.

O mandato do governador do Banco de Portugal termina em julho e o Governo garante que só decide perto dessa altura a recondução ou não de Mário Centeno, com quem mantém uma relação tensa. Mas afinal, como se escolhe o responsável do regulador bancário português?

A nomeação do governador é essencialmente uma escolha política, cabendo ao Governo em funções. É nomeado por resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do ministro das Finanças. Ainda que não seja obrigado, o Governo pode consultar os partidos políticos antes de formalizar a indicação. Obrigatória é sim a audição parlamentar prévia à nomeação na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), da qual resulta um parecer sem caráter vinculativo.

De acordo com a lei orgânica do Banco de Portugal, a designação ou a proposta de designação não pode ocorrer nos seis meses anteriores ao fim da legislatura em curso ou entre a convocação de eleições para a Assembleia da República ou a demissão do Governo e a investidura parlamentar do Governo recém-designado. Em 2020, após a polémica com a nomeação de Mário Centeno para governador por ter sido ministro das Finanças do governo em funções, esteve em discussão um diploma para implementar um período de nojo de cinco anos entre o Governo e o cargo, mas a proposta foi chumbada, sendo as regras de nomeação apenas ligeiramente alteradas. Deste modo, não podem ser ser designados como governador ou membro do Conselho de Administração:

  • Pessoas que nos três anos anteriores tenham integrado os órgãos sociais, desempenhado quaisquer atividades, remuneradas ou não, ou detido participações sociais de valor igual ou superior a 2% do capital social, em entidades sujeitas à supervisão do Banco de Portugal ou em cuja supervisão o Banco de Portugal participe no âmbito do Mecanismo Único de Supervisão, ou em empresas ou grupos de empresas que controlem ou sejam controlados por tais entidades, no referido período ou no momento da designação;
  • Pessoas que nos três anos anteriores tenham integrado os órgãos sociais, desempenhado quaisquer atividades ou prestado serviços, remunerados ou não, ou detido participações sociais de valor igual ou superior a 2% do capital social, em empresas de auditoria ou de consultadoria no referido período ou no momento da designação.

A escolha do governador — e dos demais membros do Conselho de Administração — rege-se pelos seguintes critérios: “reconhecida idoneidade, sentido de interesse público, experiência profissional, capacidade de gestão, conhecimento e competência técnica relevantes e adequados” ao exercício das funções. Entre as principais tarefas incluem-se “exercer as funções de membro do conselho e do conselho geral do Banco Central Europeu (BCE)”, representar o banco, “atuar em nome do banco junto de instituições estrangeiras ou internacionais” e coordenar o Conselho de Administração.

O Governo considerou na quinta-feira que é extemporâneo tomar uma decisão sobre a nomeação do governador, um dia após Mário Centeno ter reafirmado a disponibilidade para um segundo mandato à frente da instituição e de ter anunciado que não será candidato à Presidência da República. “O tema nunca foi comentado em Conselho de Ministros, nunca foi objeto de qualquer conversa minha com o primeiro-ministro. Faremos uma reflexão e tomaremos uma decisão quando o mandato se estiver a aproximar do final“, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, no briefing do Conselho de Ministros.

Em entrevista à RTP3, transmitida na quarta-feira, Mário Centeno garantiu que o seu foco é completar o mandato que termina em julho à frente do Banco de Portugal e reiterou a disponibilidade para um segundo mandato, uma decisão que será tomada pelo Governo de Luís Montenegro, com quem mantém uma relação tensa. “Nunca desempenhei as minhas funções para passar com dez. O foco é esse. A minha expectativa é irrelevante para o tema. Não está nas minhas mãos“, disse.

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Ajudas de custos dos governantes vão ter “limites e regras” para evitar abusos

Subsídio à deslocação revogado no período da troika é reposto com efeitos a 1 de janeiro. Valores serão equiparados aos da Função Pública, entre 49 e 66 euros, no território nacional.

Governantes e membros dos gabinetes voltam a ter direito a ajudas de custo, com efeitos a 1 de janeiro, mas haverá “limites” aos valores e “regras de utilização”, segundo o decreto-lei que atualiza os valores das remunerações da Administração Pública, publicado esta quinta-feira em Diário da República.

Os montantes dos abonos deverão ser equiparados aos dos funcionários públicos, entre 49 a 66 euros, por cada dia deslocado em território nacional, ou entre 117 e 156 euros, em viagens ao estrangeiro. Nas próximas semanas, será publicada uma portaria dos ministérios das Finanças e da Presidência com a definição do regime dos subsídios a atribuir aos governantes e membros dos gabinetes. E haverá limites ao seu recurso para evitar situações de abuso, sabe o ECO.

São membros dos gabinetes governamentais os chefes de gabinete, adjuntos, técnicos especialistas e secretários pessoais, integrando também os gabinetes o pessoal de apoio técnico-administrativo e auxiliar.

O apoio à deslocação para governantes e membros dos seus gabinetes tinha sido revogado durante o período da troika, mais concretamente no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para 2010-2013, mas agora é recuperado. “Trata-se de repor um regime que existia até 2010. Ele foi suspenso e estamos a repô-lo”, afirmou o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, à margem do briefing do Conselho de Ministros desta quinta-feira que aprovou um pacote de 30 medidas para a simplificação fiscal.

“Prosseguindo a remoção de medidas excecionais previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para 2010-2013 e no Programa de Assistência Económica e Financeira de 2011, corrige-se uma desigualdade de tratamento dos gabinetes ministeriais face aos demais funcionários e dirigentes públicos, procedendo-se à repristinação das normas relativas às ajudas de custo, em território nacional, que haviam sido revogadas pelo Decreto-lei n.º 137/2010, de 28 de dezembro, com efeitos a janeiro de 2025″, lê-se no preâmbulo do diploma publicado esta quinta-feira.

No entanto, o Governo decidiu prever a “fixação de limites e regras próprias de atribuição de ajudas de custo” para os seus membros e gabinetes, de acordo com o mesmo decreto. Assim, o diploma abre a possibilidade de serem “estabelecidos limites e regras de utilização das ajudas de custo pelos membros do Governo e respetivos gabinetes através de portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da presidência, de acordo com os níveis remuneratórios constantes da Tabela Remuneratória Única (TRU)” da Administração Pública.

Nas próximas semanas, será publicada a portaria com o regime dos abonos dos governantes e membros dos gabinetes, que não irão beneficiar da atualização em 5% das ajudas de custo dos funcionários públicos. Os montantes deverão rondar os valores que serão pagos aos trabalhadores do Estado, entre 49 e 66 euros por dia por cada deslocação em território nacional e entre 117 e 156 euros por cada dia no estrangeiro, consoante o nível remuneratório, sabe o ECO. Mas os valores deverão ser em percentagem inferior.

Até à revogação do diploma de 2010, vigorava a portaria de 2008 que estabelecia o valor das ajudas de custo para membros de Governo em 69,19 euros.

Ajudas de custo dos funcionários públicos sobem entre dois e sete euros

O decreto-lei, agora publicado, estabelece uma valorização das ajudas de custo dos trabalhadores da Administração Pública em 5%, com efeitos a 1 de janeiro de 2025, o que irá corresponder a aumentos entre cerca de dois e sete euros.

Trabalhadores em funções públicas a ganhar até 1.017,98 euros, o que corresponde ao nível oito da nova tabela remuneratória única (TRU), vão receber 49,20 euros por cada dia em que se encontram deslocados dentro do território nacional. Isto significa um aumento de 5% ou de 2,34 euros face aos 46,86 euros em vigor. Se o funcionário tiver que viajar para o estrangeiro, o subsídio diário passa de 111,88 euros para 117,47 euros, o que corresponde a uma atualização de 5% ou de 5,59 euros.

Funcionários a auferir entre 1.074,14 euros (posição nove) e 1.547,83 euros (posição 18) vão ter direito a uma ajuda de custo de 53,60 euros por cada dia de deslocação dentro de Portugal. Trata-se de um incremento de 5% ou de 2,55 euros face ao valor atual, de 51,05 euros. Se a deslocação for internacional, o abono sobe 5% ou 6,64 euros para 138,18 euros relativamente ao montante em vigor, de 131,54 euros.

Para ordenados superiores, isto é, a partir do nível remuneratório 19 (1.600,46), o subsídio diário sobe 5% ou 3,14 euros, passando de 62,75 euros para 65,89 euros, no caso de viagens em território português. Se a deslocação for para o estrangeiro, o abono diário aumenta para 156,36 euros, o que significa um aumento de 7,45 euros ou de 5% face ao montante atual, de 148,91 euros.

Aumentos salariais de 56,58 euros ou de 2,15%

O diploma publicado estabelece que todos os cerca de 750 mil trabalhadores do Estado terão um incremento remuneratório entre 6,9% e 2,15% este ano que se aplica da seguinte forma: para vencimentos até cerca de 2.631,62 euros, o aumento mensal será de 56,58 euros, o que se traduz numa valorização entre 6,9% e 2,2%; ordenados superiores terão direito a uma subida de 2,15%. Na prática, isto significa aumentos nominais que vão dos 56,58 euros aos 146,63 euros (ver tabela em cima).

Em linha com estes pressupostos, a Base Remuneratória da Administração Pública (BRAP), vulgo salário mínimo do Estado, vai dar um salto de 56,28 euros, passando dos atuais 821,83 euros para 878,41 euros mensais brutos, ficando assim 8,41 euros acima da retribuição mínima no privado (820 euros).

Este foi o acordo que o Governo de Luís Montenegro celebrou com Fesap e STE, as federações sindicais representativas dos funcionários públicos afetas à UGT. A Frente Comum, da CGTP, ficou novamente de fora.

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Presidência, Congresso e Supremo. Trump regressa à Casa Branca com poder absoluto

O 47º presidente dos EUA toma posse a 20 de janeiro e prepara um regresso "confortável" à Casa Branca. Próximos dois anos serão chave para a execução da agenda de Trump.

Não se antecipava que um regresso de Donald Trump à Casa Branca, quatro anos depois, coincidisse com um Supremo e um Congresso controlado pelos republicanos. Se por um lado, não estão previstos entraves no campo judicial, por outro, o controle na Câmara de Representantes e no Congresso – a chamada ‘trifecta governamental’ vai permitir que Donald Trump execute a sua agenda política sem espinhas durante pelo menos dois anos. Isto é, até às próximas eleições intercalares.

É uma situação extraordinária, e quase perigosa”, aponta Francisco Seixas da Costa ao ECO. “2025 vai ser um ano essencial. Quando chegarmos novembro já teremos visto muita coisa a acontecer”, diz ainda. Donald Trump toma posse a 20 de janeiro como o 47º presidente dos Estados Unidos.

Desde de que o sistema partidário moderno foi criado, em 1857, o governo dos EUA esteve unificado, isto é, sob a governação de um partido, só 48 vezes – 23 vezes sob o comando dos democratas e 25 sob o comando dos republicanos, segundo os dados oficiais.

As ‘trifectas’ podem ser a chave para o partido poder concretizar a sua agenda política de forma rápida e eficaz, e sem oposição. E com a ala democrata fragilizada, sem nenhum líder renovado à vista, não se espera que os primeiros dias de Trump na Casa Branca sejam complicados.

“O presidente vai ter uma margem muito forte de decisão que se vai expressar muito rapidamente num conjunto de ordens executivas, tal como Trump fez no seu primeiro mandato”, continua o embaixador em declarações ao ECO, realçando que estas serão visíveis sobretudo em questões políticas e económicas internas. “Vão cair em catadupa a partir do dia 20 [de janeiro]. E ao que tudo indica terão como objetivo reverter tanto quanto isso seja viável à luz da legislação aquilo que foi decidido por Joe Biden nos últimos quatro anos”, frisa.

Em sentido contrário, o controle republicano nos três poderes também pode desmascarar fragilidades caso os membros do partido não estejam alinhados com as vontades do presidente e não consigam aprovar medidas no Congresso. Sobretudo no que diz respeito ao papel dos Estados Unidos no mundo.

Já percebemos que muitos dos que foram eleitos para o Congresso não seguem, necessariamente, a mesma cartilha relativamente a Trump. Podem estar sintonizados com ele mas podem ter determinadas orientações e perspetivas diferentes”, diz Seixas da Costa.

Poderá ser o caso do novo líder republicano no Senado dos EUA, que foi reeleito mas não contou com o apoio de Trump. Ainda assim, e apesar de não ter tido o aval do presidente norte-americano, John Thune comprometeu-se a não dificultar a passagem das medidas mais emblemáticas, incluindo uma nova redução dos impostos e o financiamento da construção de um muro anti-imigração na fronteira com o México.

E mesmo que o Congresso consiga ir abrindo caminho para concretizar as promessas de Trump, sujeitam-se a ir contra a vontade do eleitorado, o que, consequentemente, aumenta as chances de uma reação negativa nas eleições intercalares seguintes.

“Em 2025, vão estar todos confortáveis. Só em 2026 é que podem começar a surgir sinais de um Senado ou Câmara de Representantes em rutura com o presidente devido ao calendário das eleições intercalares”, prevê Seixas da Costa.

O mesmo conforto será sentido no tribunal federal. O Supremo Tribunal dos Estados Unidos, responsável por avaliar as leis criadas pelo Congresso, é composto por nove juízes, dos quais seis são conservadores nomeados por republicanos e três deles por Donald Trump — Brett Kavanaugh, Amy Coney Barrett e Neil Gorsuch.

Os juízes têm mandato vitalício, o que significa que só podem ser destituídos por impeachment — o que nunca aconteceu. O mais comum é um juiz interromper o mandato por querer desfrutar da reforma o que permitiria ao presidente em funções nomear um substituto. Dos membros atuais do Supremo Tribunal, os dois mais velhos são ambos conversadores — Clarence Thomas e Samuel Alito -, nomeados por George Bush pai e filho, respetivamente.

Mas mesmo que a composição se mantenha, Trump não terá problemas no tribunal federal, sobretudo nos temas mais sociais. “Tudo o que diga respeito à agenda cultural, problemas de género, armamento, aborto — todas essas questões que podem ser julgadas e decididas em tribunal mas Trump está confortável também aí“, refere Seixas da Costa.

Maioria dos presidentes beneficiou de ‘trifecta’ governamental

Desde 1857, os três poderes dos Estados Unidos estiveram divididos apenas 38 vezes. Isto significa que a maioria dos governos eleitos beneficiou das três instituições controladas pelo próprio partido, pelo menos metade do mandato presidencial. O democrata Jimmy Carter foi o único presidente que conseguiu assegurar e manter o controlo do Congresso durante os quatro anos de mandato, entre 1977 a 1981.

Trump já beneficiou desta unificação na primeira metade dos seus quatro anos na Casa Branca. E agora, seis anos depois, volta a tirar partido desta composição, algo que facilitará o plano de ação nos primeiros 100 dias do mandato. Seja para avançar com a deportação em massa dos imigrantes não documentados – medida resultante de um controlo mais acérrimo da fronteira entre os Estados Unidos com o México; a retirada dos Estados Unidos de instituições internacionais como a Organização Mundial de Saúde ou da NATO; ou a anulação das políticas ambientais de Joe Biden, nomeadamente, os apoios fiscais ou o fim da exploração de combustíveis fósseis, que permitiria, em alternativa, alargar a aposta nas energias renováveis.

E, mesmo que a ‘trifecta’ se mantenha apenas por dois anos, é tempo suficiente para avançar com medidas significativas.

Por exemplo, em 2010, o antigo presidente Barack Obama adotou um dos maiores estímulos de emergência da história dos Estados Unidos, e fê-lo com um Senado unificado. Foram mais de 787 mil milhões de dólares com o objetivo de salvar a economia americana em queda. No ano seguinte, promulgou o Affordable Care Act, e depois disso o Senado deixou de ser unificado.

No caso de Trump, em 2017, o presidente promulgou uma revisão fiscal de 1,5 biliões de dólares, considerado pelo próprio como o “maior corte fiscal de sempre” nos Estados Unidos (rapidamente negado pelos fiscalistas) e promoveu uma reforma ao sistema penal e de justiça do país (First Step Act).

Já Joe Biden, que assumiu a presidência no pico da pandemia, em 2021, conseguiu ainda assim promulgar uma bazuca de 1,9 biliões de dólares para mitigar os impactos provocados pela crise da Covid-19. E no ano seguinte o Inflation Reduction Act, um diploma que autoriza 738 mil milhões de dólares em despesa e apoios de 391 mil milhões para a transição energética e climática.

Existe uma noção de que toda a ação de Trump no plano interno vai concentrar-se nestes dois anos. Até porque vai ter um impacto num ponto essencial da vida americana: o orçamento que é decidido no segundo semestre deste ano. Trump vai ter a vida facilitada mas não significa que a prazo as coisas não possam assumir contornos limitativos”, reforça Seixas da Costa.

E os democratas?

A derrota presidencial do passado dia 6 de novembro foi uma machadada para o partido democrata.

Depois de terem perdido o controlo do Senado e da Câmara dos Representantes, as hipóteses de um democrata renovar a liderança na Casa Branca foram enfraquecendo. E com um eleitorado cada vez mais extremado, nem a agenda do partido, ou a ideia de ter Kamala Harris como presidente, pareceu ser suficientemente atrativa.

“Os democratas têm de se reinventar”, recomenda Seixas da Costa, sublinhando que a orientação política do partido sofreu por tabela com os efeitos da globalização, “dentro e fora dos Estados Unidos”, diz.

As guerras culturais e de género – o chamado wokeismo – afastaram muitos eleitores e setores. A própria agenda Biden fez várias concessões a nível dos costumes e agenda cultural que afastou muita gente dos meios mais moderados”, sublinha. “Neste momento, ninguém lidera o partido. Há um vazio no campo democrático e tem de haver uma revisão da agenda política para se ultrapassar a derrota”, explica.

Com os poderes na mão e uma oposição fragilizada, Trump regressa à Casa Branca com caminho livre para se fazer ouvir, sem contestação política, legislativa ou judicial, uma realidade que pode pôr em causa a estabilidade da democracia no país que se diz ser o centro do mundo e a “terra dos livres”.

Aos olhos de Seixas da Costa, “Trump está a pôr em causa a matriz da força moral dos EUA: a ordem regulada, que deu origem às Nações Unidas”, não só pelo discurso que leva a cabo mas também pelo próprio perfil: além de ser o primeiro presidente condenado em tribunal, foi também um dos incitadores do ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2022. “Mas já ninguém se lembra disso”, lamenta o embaixador.

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Dona do Portal da Queixa vai entrar em Itália

A Consumers Trust, onde os brasileiros da Reclame Aqui têm 30%, decidiu entrar no mercado italiano, segundo a Mergermarket. O CEO da empresa diz ao ECO que o investimento será decidido este trimestre.

A empresa portuguesa Consumers Trust, dona do Portal da Queixa, decidiu entrar em Itália com o negócio das reclamações online e admite fazer aquisições neste mercado, refere a Mergermarket e confirmou o ECO.

A decisão final vai ser tomada em reunião do conselho de administração neste primeiro trimestre, onde se irá também perceber qual o orçamento disponível para realizar este investimento além-fronteiras, explicou o CEO da Consumers Trust ao ECO. “Vamos começar a analisar em conjunto a questão de Itália. É um mercado embrionário que ainda está por explorar. Provavelmente, fá-lo-emos através da procura de um parceiro ou uma espécie de franchise [franquia]”, detalha Pedro Barros Lourenço.

Pedro Barros Lourenço explica que será a abordagem de entrada em Itália será diferente de França, por exemplo, onde já existiam concorrentes, portanto, a empresa conseguiu integrar o portal Réclame Ici no grupo — composto também por outros estrangeiros, como o Libro de Quejas (Espanha) e o Complaints Book (África do Sul e Reino Unido). Questionado sobre os assessores, uma vez que a Abreu Advogados esteve a cargo da última transação, afirmou que não há um escolhido.

A Consumers Trust tem capital disponível para estes movimentos no mercado, uma vez que, no início de dezembro, a brasileira Reclame Aqui comprou uma participação de 30% na empresa com o objetivo de aportar valor, obter mais recursos e dar mais capacidades à nova dona no Brasil. Porém, a porta ficou aberta para que essa posição seja reforçada. “Para não desequilibrar decidiram negociar assim os 30% numa fase inicial. A entrada de outros investidores também é uma hipótese”, referiu Pedro Barros Lourenço ao ECO.

Quando esse negócio ficou fechado, houve um exit (saída do investimento) dos investidores anjo (business angels), entre os quais sul-africanos e o ‘tubarão’ Tim Vieira, que foi um dos jurados no programa de televisão para empreendedores à procura de investimento Shark Tank.

Segundo a Mergermarket, o alvo são empresas que operam em marketing, comércio eletrónico (e-commerce), consultoria ou entidades ligadas aos direitos do consumidor, associações de consumidores e relação entre marcas e consumidores. Qualquer aquisição seria financiada com fundo de maneio, embora se considere uma abertura do capital social a mais investidores a partir de 2026.

A Consumers Trust detém o Portal da Queixa em Portugal, uma plataforma digital para apresentação de queixas às empresas e obtenção de respostas. Funciona como uma rede social entre consumidores e marcas e tem mais de dez milhões de interações mensais, entre visualizações e queixas às 20 mil marcas presentes. Em 2023, antes do reforço do acionista brasileiro, o volume de negócios rondava os 700 mil euros, de acordo com a consultora Informa DB.

A Reclame Aqui, acionista desde 2021, nasceu em 2000 e tornou-se na maior plataforma online de reclamações da América Latina com cerca de 30 milhões de acessos por mês, mais de um milhão de queixas mensais, 25 milhões de utilizadores registados e aproximadamente 700 mil empresas referenciadas. A taxa de resolução das denúncias é de 75%.

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Portugueses vão a Davos falar de energia, IA e competências

António Guterres, Cláudia Azevedo, Miguel Stilwell, Graça Carvalho, Pedro Reis, Paulo Rangel, Rui Teixeira, Ana Luísa Virgínia e Luís Valente são alguns dos portugueses que marcam presença em Davos.

Davos volta a ser o palco dos grandes decisores mundiais da economia, política e diplomacia. Sob o lema “Colaboração para a Era Inteligente”, o encontro vai contar com mais de 900 personalidades, entre as quais haverá pelo menos 12 portugueses, alguns já repetentes e com direito a intervir em alguns painéis.

É o caso da ministra do Ambiente e da Energia. Maria da Graça Carvalho é uma das oradoras no segundo dia de trabalhos a quem é colocada a questão: “Num cenário geopolítico e tecnológico cada vez mais volátil, onde devem os líderes concentrar a sua atenção para moldar eficazmente a geoeconomia da energia e dos materiais?” Com Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia; Muhammad Taufik, CEO da Petronas; Kgosientso Ramokgopa, ministro da Eletricidade e Energia da África do Sul; Jonathan Price, CEO da Teck Resources e Meghan O’Sullivan diretora do Centro Belfer para a Ciência e Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard, a ministra portuguesa vai analisar o contexto energético internacional num momento em que a procura de energia tem vindo a aumentar e os investimentos em energias limpas deverão atingir os dois mil milhões de dólares em 2024.

Mas Graça Carvalho não é o único elemento do Executivo português que estará presente. O ministro do Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, acompanhado por um adjunto, também vai marcar presença na estância de ski, “onde terá encontros bilaterais e participará em eventos fechados”, avançou ao ECO fonte oficial das Necessidades. E o ministro Pedro Reis vai participar num evento com o presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell, e a nova comissária europeia da Concorrência, a espanhola Teresa Ribera. Miguel Stilwell, como habitualmente, não vai sozinho. Este ano será acompanhado do seu CFO, Rui Teixeira, avançou ao ECO fonte oficial da elétrica.

As empresas portuguesas estarão ainda representadas pela CEO da Sonae. Cláudia Azevedo vai tentar dar pistas sobre o esforço colaborativo necessário para colmatar as lacunas de competências dos trabalhadores e desbloquear os benefícios para a competitividade, o crescimento e a produtividade das empresas. Ao seu lado terá Joe Ucuzoglu, CEO global da Deloitte, e Jayant Chaudhary, ministro indiano da Educação, entre outros, para falar da necessidade de continuar a apostar nos recursos humanos, porque estes escasseiam, mesmo com as empresas a investir mais de 240 mil milhões de dólares por ano em inteligência artificial.

A inteligência artificial é, aliás, um dos temas que vai dominar o encontro de Davos este ano. A comitiva de empresários portugueses vai ainda contar com Ana Luísa Virgínia, CFO do Grupo Jerónimo Martins, Tiago Pitta e Cunha, presidente executivo da Fundação Oceano Azul, e Luís Valente, CEO da iLoF, uma startup que quer “ajudar a desenvolver medicamentos personalizados”, como contou o próprio ao ECO. Convidado para participar num dos eventos paralelos, Luís Valente vai falar da sua empresa que já está a dar cartas graças ao processo não invasivo de análise, através de uma plataforma de inteligência artificial, lamentando que os preços pouco acessíveis de Davos afastem outros empresários e os impeçam de viver esta experiência.

Também vai marcar presença Inês Ayer que foi “selecionada como uma das 50 Youth Voices para representar o Global Shapers Lisbon Hub, uma iniciativa do World Economic Forum”, contou ao ECO a designer que foi nomeada para a lista 30 Under 30 da Forbes em 2024. “Terei ainda a oportunidade de participar como speaker no painel sobre Urban Identity, em diálogo com Hans Ulrich Obrist, diretor da Serpentine Gallery, e Ana Claudia Rossbach, diretora da UN-Habitat”, acrescentou a “designer humanista”, como gosta de se apresentar, que tem usado o design como ferramenta transformadora da sociedade.

O naipe de portugueses é ainda composto por António Guterres, que, fruto do cargo máximo que desempenha nas Nações Unidas, marca presença todos os anos.

No entanto, António Costa, o novo presidente do Conselho Europeu, não vai estar em Davos, porque a sua pesada agenda internacional não o permite, confirmou ao ECO fonte oficial do seu gabinete

Uma presença habitual que este ano também não irá a Davos é o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, confirmou o ECO.

Quem vai ‘regressar’ este ano é Donald Trump, já no papel de Presidente dos Estados Unidos, mas a sua intervenção será por videoconferência, já que decorrerá três dias depois da sua tomada de posse. Trump será um dos 60 Chefes de Estado e de Governo neste edição de 2025, onde se inclui também o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que intervirá na sessão de terça-feira 21 de janeiro.

Entre outras presenças confirmadas em Davos na próxima semana, está a do vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, da presidente da Comissão Europeia, Ursula con der Leyen, e do novo ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria na sequência da queda do regime de Bashar al-Assad, Asaad al-Shaibani. Entre os 350 responsáveis políticos aguardados, contam-se ainda o chanceler alemão, Olaf Scholz, o Presidente da Argentina, Javier Milei, o chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, e o Presidente de Israel, Isaac Herzog, assim como vários líderes de organizações, entre os quais o secretário-geral da NATO, Mark Rutte.

Criado em 1971, o Fórum Económico Mundial reúne todos os anos milhares de participantes, entre empresários, líderes políticos e representantes da sociedade civil, numa estância de esqui nos Alpes Suíços transformada em centro de conferências internacionais durante uma semana, tendo este ano sido mobilizados cinco mil militares para garantir a segurança em torno do evento, anunciou o Governo suíço na segunda-feira.

Esta reunião anual ocorre num momento marcado por um nível de incerteza global maior do que aquele a que assistimos numa geração, impulsionado por tensões geopolíticas, fragmentação económica e aceleração das alterações climáticas. Neste clima mais instável, a única forma de enfrentar desafios urgentes e desbloquear novas oportunidades é através de abordagens inovadoras e cooperativas”, disse o presidente do Fórum Económico Mundial, o norueguês Borge Brende, durante a apresentação da 55ª edição do Fórum esta semana.

Notícia atualizada às 17h53 com a informação da participação de Paulo Rangel e novamente atualizada com a participação de Pedro Pitta e Cunha e Inês Ayer.

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“Almofada” das pensões ganha 5,9% em 2024 e alcança valor histórico de 36 mil milhões de euros

O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social teve o segundo ano seguido de ganhos à boleia do bom desempenho das ações, fechando 2024 com um valor recorde de quase 13% do PIB.

O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) teve mais um ano positivo. Depois de em 2023 ter valorizado 9,1%, José Vidrago e a sua equipa de pouco mais de 30 pessoas foram capazes de gerar ganhos líquidos de transferências de 5,9% no ano passado, elevando com isso o FEFSS para o máximo histórico de 35,9 mil milhões de euros.

Este montante representa quase 13% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e equivale a mais de 184% dos gastos previstos com pensões em 2024 (aproximadamente 22 meses), que segundo as estimativas de execução orçamental do Governo para 2024 publicadas no Orçamento do Estado para 2025 deverão atingir os 19,5 mil milhões de euros, ficando assim mais perto da meta de cobrir despesas previsíveis com pensões por um período mínimo de dois anos.

A sustentar o desempenho do FEFSS em 2024 voltou a estar novamente a exposição do fundo a ações, que por imposições legais não pode ir além dos 25%.

Numa entrevista exclusiva ao ECO, José Vidrago revela que o FEFSS fechou 2024 com uma alocação de 22,06% da sua carteira exposta a ações num valor de mercado superior a 8,1 mil milhões de euros que alcançou uma rendibilidade de 19% no ano passado.

Destaque particularmente para os ganhos de 17,6% gerados pelas ações de empresas de grande capitalização captados sobretudo pela exposição aos fundos cotados iShares Core S&P 500 ETF e Vanguard Institutional Index Fund, dois ETF que replicam o principal índice acionista dos EUA, o S&P 500, e que no final do ano passado agregavam mais de 9% dos ativos do FEFSS.

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Em oposição ao bom desempenho da carteira de ações esteve a classe de obrigações, particularmente a carteira de dívida pública, que voltou a penalizar o desempenho da “almofada” da Segurança Social por conta de representar quase 52% dos ativos da carteira do fundo. Somente a exposição de 17,4 mil milhões de euros a obrigações do Tesouro no final do ano passado da carteira do FEFSS (representativa de 48,5% da carteira do fundo) valorizou apenas 3%, e a carteira de obrigações não portuguesas fechou o ano com uma perda marginal de 0,04%.

A penalização dos títulos da dívida nacional na carteira do FEFSS é de tal ordem que, segundo estimativas da equipa de José Vidrago, a rendibilidade do fundo em 2024 excluindo a carteira de dívida portuguesa foi de 8,89%, cerca de 3,02 pontos percentuais mais face aos 5,87% de rendibilidade nominal global do fundo. Esta realidade não é nova.

Além do valor acrescentado aportado pela equipa de gestão no ano passado, que se traduziu em quase 2 mil milhões de euros, o crescimento do FEFSS em 2024 foi novamente impulsionado por significativas transferências do Estado, que se traduziram em dotações de mais de 4,1 mil milhões de euros.

Segundo o Instituto de Gestão do Fundo de Capitalização da Segurança Social (IGFCSS), a entidade responsável pela gestão do FEFSS, a obrigação legal de o fundo manter pelo menos 50% da sua carteira em títulos de dívida pública portuguesa custou ao FEFSS mais de 2 pontos percentuais por ano nos últimos cinco anos terminados em 2023, num montante equivalente a cerca de 3 mil milhões de euros.

Destaque ainda para a carteira de ativos imobiliários, que fechou 2024 com ganhos de 5,1%, mas que, por conta da pouca expressão na carteira do FEFSS (apenas 0,27%, num valor de pouco mais de 95 milhões de euros), não teve grande impacto no desempenho do fundo em 2024.

O mesmo sucedeu com a carteira de reserva estratégica, que inclui participações nos sub-fundos do Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado (FNRE). Apesar de ter valorizado 20% no ano passado (após ter perdido 18,5% em 2023), como representa apenas 0,003% na carteira do FEFSS (cerca de 830 mil euros) não teve qualquer expressão.

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Mais uma transferência milionária para os cofres do FEFSS

Além do valor acrescentado aportado pela equipa de gestão no ano passado, que se traduziu em quase 2 mil milhões de euros, o crescimento do FEFSS em 2024 foi novamente impulsionado por significativas transferências do Estado, que se traduziram em dotações de mais de 4,1 mil milhões de euros. Este valor inclui 3,5 mil milhões de euros do saldo do sistema previdencial da Segurança Social, 449 milhões de euros da consignação do IRC, 148 milhões de euros do Adicional do IMI e ainda 38 milhões de euros do Adicional de Solidariedade sobre o setor bancário.

A importância das contribuições do Estado para o crescimento do FEFSS é de tal forma relevante que somente nos últimos três anos foram transferidos cerca de 11,8 mil milhões de euros, aproximadamente um terço do valor total do FEFSS no final de 2024. E estes números não ficarão por aqui.

De acordo com declarações recentes da ministra da tutela, Maria do Rosário Palma Ramalho, o FEFSS irá receber já em fevereiro 4 mil milhões de euros, numa transferência recorde do saldo do sistema previdencial da Segurança Social. A este montante é necessário ainda somar 669 milhões de euros da consignação do IRC, do Adicional do IMI e do Adicional de Solidariedade sobre o setor bancário, segundo estimativas do Governo publicadas no anexo Orçamento do Estado de 2025, e de eventuais outras transferências que possam ocorrer, como, por exemplo, receitas resultantes da alienação de património.

Significa que, depois de um ano recorde de transferências do Estado para o FEFSS em 2023 num montante superior a 4,5 mil milhões de euros, o FEFSS prepara-se para em 2025 receber mais um cheque “chorudo” do Estado que, para já, ascende a quase 4,7 mil milhões de euros.

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O desempenho do FEFSS em 2024 e o seu crescimento contínuo são particularmente relevantes no contexto das projeções do Governo para os próximos anos. Segundo o relatório sobre a sustentabilidade financeira da Segurança Social anexo ao Orçamento do Estado para 2025, espera-se que o fundo continue a crescer, atingindo 41,2 mil milhões de euros em 2025, o que representaria 207,4% da despesa anual com pensões do sistema previdencial.

As projeções de longo prazo são ainda mais ambiciosas, com o Governo a antecipar que o FEFSS possa alcançar 68,4 mil milhões de euros em 2030 (21,4% do PIB) e 113,7 mil milhões em 2040 (33% do PIB). Para 2070, o horizonte mais distante das estimativas, prevê-se que o fundo atinja 166,8 mil milhões de euros, correspondendo a 32,5% do PIB.

Estas projeções baseiam-se num cenário de crescimento económico moderado e numa gestão prudente do fundo. O Governo assume uma taxa de rendibilidade média anual de 4,12% para o FEFSS nos próximos 40 anos, um objetivo que pode ser considerado ambicioso tendo em conta o desempenho histórico do fundo.

Apesar do resultado positivo de 5,9% em 2024 e de 9,1% em 2023, a rendibilidade anualizada do FEFSS no longo prazo é muito menos animadora. A dez anos é de apenas 2,7% e a 25 anos é de 3,9%. Mesmo alargando o horizonte para o início do lançamento do fundo, em 1989, apesar da rendibilidade anualizada do fundo nestes 35 anos ter sido de 5,7%, em termos reais (descontando a inflação) foi de apenas 2,3%.

O crescimento contínuo do FEFSS e a sua capacidade de gerar retornos positivos são cruciais para a sustentabilidade do sistema de Segurança Social. À medida que a população envelhece e as pressões sobre o sistema de pensões aumentam, o papel do FEFSS como “almofada financeira” torna-se cada vez mais importante.

No entanto, o desempenho do fundo enfrenta muitos desafios, incluindo as limitações impostas à sua política de investimento. Desde logo a começar na obrigação de aplicar pelo menos metade das transferências que recebe do Estado na compra de dívida pública nacional e de pelo menos 50% da carteira do fundo manter-se aplicada em títulos de dívida pública portuguesa que, ano após anos, têm penalizado o fundo como também já referiram o Conselho das Finanças Públicas, o Tribunal de Contas e mais recentemente a Comissão para a Sustentabilidade da Segurança Social no decorrer da publicação do “Livro Verde sobre a sustentabilidade do sistema Previdencial”.

Estas restrições, embora visem garantir estabilidade no curto prazo, limitam fortemente o potencial de retorno do fundo e conferem um risco “perigoso” à carteira do FEFSS. Em caso de crise das finanças públicas, justamente quando o fundo seria mais necessário para apoiar a Segurança Social, o valor dos títulos de dívida pública nacional cairiam drasticamente, como aconteceu durante a crise da dívida soberana que levou ao resgate de Portugal em 2011. Esta situação provocaria um rombo na carteira do FEFSS, podendo com isso comprometer seriamente a capacidade do FEFSS de cumprir a sua função de “almofada” financeira, porque teria de acorrer ao mercado para traduzir essa exposição (altamente pressionada pelos investidores) em liquidez para, por exemplo, acudir ao pagamento das pensões.

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Parlamento dos Açores aprova estudo para avaliação dos manuais digitais

  • Lusa
  • 16 Janeiro 2025

Parlamento açoriano aprovou proposta da bancada do PS que recomenda ao Governo a realização de um estudo de avaliação do processo de implementação dos manuais digitais nas escolas da região.

A Assembleia Legislativa dos Açores aprovou esta quinta-feira, por maioria, uma proposta da bancada do PS que recomenda ao Governo a realização de um estudo de avaliação do processo de implementação dos manuais digitais nas escolas da região.

“Este processo avançou sem estar devidamente consolidado”, acusou Inês Sá, deputada do PS no parlamento açoriano, lembrando que “há professores que se sentem perdidos com as novas tecnologias” e que não têm o devido acompanhamento por parte da tutela, situação que se aplica também a muitos alunos.

A iniciativa socialista propõe que a Secretaria Regional da Educação apresente, num prazo de nove meses, os resultados de um estudo sobre o impacto da aplicação desta medida, que foi introduzida, como experiência-piloto, no ano letivo e 2021/2022, em apenas duas turmas do 6.º e 9.º anos de escolaridade.

A titular da pasta da Educação no arquipélago, Sofia Ribeiro, explicou em plenário que o Governo Regional de coligação (PSD/CDS-PP/PPM) está a ultimar o caderno de encargos para lançar a concurso a realização de uma avaliação externa aos manuais digitais, mas que só ficará concluída no próximo ano letivo.

“Esperamos que ao final de nove meses, possamos ter um primeiro relatório a dar-nos nota dessa avaliação, e ao final de 18 meses, termos então aí um relatório final, para fazermos essa comparação”, justificou a governante, adiantando tratar-se de “um estudo muito completo”.

Délia Melo, deputada da bancada do PSD, explicou aos deputados que o estudo que o Governo de direita está agora a preparar é “mais completo” e “mais abrangente” e, como tal, deverá demorar mais tempo a conhecerem-se os seus resultados.

“Para fazer esse estudo com uma avaliação externa, implica a recolha de dados para análise comparativa, que implica a observação, aplicação de inquéritos, questionários, tratamento de dados, que não se fazem no período de tempo que o grupo parlamentar do PS propõe”, ressalvou a deputada social-democrata.

Opinião semelhante manifestaram também os deputados Catarina Cabeceiras (CDS), Hélia Cardoso (CH) e João Mendonça (PPM), que entendem que, para se fazer uma avaliação “bem feita”, o prazo de nove meses, proposto pelo PS, “é curto”.

Durante a discussão da proposta socialista, Nuno Barata, deputado da Iniciativa Liberal, levantou muitas dúvidas sobre a utilidade dos manuais digitais nas escolas dos Açores, lembrando que os resultados alcançados pelos alunos do ensino secundário, onde não há ainda manuais digitais, revelam que, afinal, o papel ainda é uma boa ferramenta de estudo.

“São aqueles que estudaram em manuais em papel, que fizeram o seu percurso académico no secundário sem terem utilizado os manuais digitais, que estão a ter os resultados que agora se conhecem”, insistiu o parlamentar liberal.

Já António Lima, do Bloco de Esquerda, manifestou preocupação com o futuro dos manuais digitais, que foram adquiridos com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência, (PRR), mas cuja substituição, não está ainda assegurada.

A proposta do PS foi aprovada por todos os partidos com assento parlamentar, à exceção dos deputados das três formas políticas que formam o executivo açoriano (PSD, CDS-PP e PPM), que se abstiveram.

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Gouveia e Melo demarca-se da associação que apoia a sua candidatura às Presidenciais

  • Lusa
  • 16 Janeiro 2025

Gouveia e Melo demarcou-se da associação que está a apoiar a sua candidatura presidencial, afirmando não sentir qualquer responsabilidade nas ações dos seus membros.

Henrique Gouveia e Melo demarcou-se esta quinta-feira da associação que está a apoiar a sua candidatura presidencial (MAAP), afirmando não sentir qualquer responsabilidade nas ações dos seus membros.

“Informo para os devidos efeitos que o cidadão Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo, Almirante e antigo Chefe de Estado Maior da Armada, na reserva, e no exercício pleno dos seus direitos civis, não está ligado à criação da associação MAAP e não sente qualquer responsabilidade pelas ações dos seus membros, muito menos poderá escrutinar todos as pessoas que através deste, ou doutro modo o venham apoiar”, esclarece num comunicado enviado à Lusa.

No texto, Gouveia e Melo defende “de forma clara que qualquer cidadão deve ter o direito à defesa do seu bom nome e reputação até ser condenado” e garante não querer “participar em qualquer atividade que fira esse princípio da liberdade individual”.

O comunicado do ex-chefe do Estado-Maior da Armada surge 24 horas após ter sido oficializada a constituição do Movimento de Apoio ao Almirante à Presidência (MAAP) e alguns dias após a publicação de uma sondagem que o coloca como o candidato mais bem posicionado para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa na chefia do Estado.

O esclarecimento do almirante acontece também no dia em que o Correio da Manhã publicou uma notícia de que um dos elementos do MAAP, José Mateus, é acusado pelo Ministério Público de corrupção passiva no processo Operação Triângulo, em que é arguido.

A comissão organizadora do MAAP, de acordo com a escritura que a formaliza, é composta por António Brás Monteiro, José Manuel Anes e Paulo Azevedo Noguês. Cristina Valente e Manuel Ferreira Ramos são também membros fundadores do movimento, esclareceu na quarta-feira o movimento em comunicado.

José Mateus, da associação “Círculo de Estratégia D. João II”, além de José Manuel Anes e Paulo Noguês, diretor e administrador, respetivamente, da revista Segurança e Defesa, marcaram presença na escritura que oficializou o movimento na quarta-feira.

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Governo cria estrutura para coordenar negociação do novo aeroporto

Estrutura de Gestão vai fazer o acompanhamento técnico do contrato de concessão e coordenar a negociação sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa e as obras na Portela.

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira a criação de uma estrutura para o acompanhamento técnico do contrato de concessão com a ANA, as obras no Humberto Delgado e o projeto do novo aeroporto. Será liderada pelo presidente do Instituto Português da Mobilidade (IMT), João Jesus Caetano, e prestará apoio ao ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

A Estrutura de Gestão e Acompanhamento dos Projetos de Aeroportos (EGAPA) “tem como principal objetivo assegurar o acompanhamento técnico, jurídico e financeiro das obrigações contratuais decorrentes dos Contratos de Concessão Aeroportuários celebrados com a ANA – Aeroportos de Portugal”, afirma o comunicado do Conselho de Ministros.

Esta entidade irá também coordenar, em representação do Estado, a negociação com a concessionária sobre a construção do Aeroporto Luís de Camões, bem como os procedimentos subsequentes. O mesmo se aplica às obras de expansão do Aeroporto Humberto Delgado. A estrutura é criada um dia antes de o Governo se pronunciar sobre a proposta inicial apresentada pela ANA.

A EGAPA será presidida pelo presidente do IMT, João Jesus Caetano, “e contará também com um coordenador geral e equipas de especialistas”, e prestará apoio ao “membro do Governo responsável pelas infraestruturas nas negociações e decisões estratégicas relacionadas com os projetos aeroportuários”.

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+M

Podcast do ECO na nova grelha da CNN

  • ECO
  • 16 Janeiro 2025

'O Mistério das Finanças', um podcast do ECO com os jornalistas António Costa e Pedro Santos Guerreiro, vai passar para a nova grelha da CNN Portugal ao fim de semana,

O podcast ‘O Mistério das Finanças’ com vai passar a integrar a nova grelha da CNN ao fim de semana. Os jornalistas António Costa, diretor do ECO, e Pedro Santos Guerreiro, diretor-executivo da CNN Portugal, vão convidar semanalmente decisores económicos e empresariais para “resolver mistérios da nossa economia — e do seu impacto nas vidas dos portugueses”.

Nascido em 2019 enquanto podcast, vai saltar agora para a televisão numa parceria entre o ECO e a CNN para “decifrar e revelar temas, desde finanças pessoais à gestão de empresas, de políticas públicas e mercados financeiros”. É uma das novidades da nova grelha do canal líder de informação em Portugal, apresentado esta quinta-feira.

O mais importante são sempre as notícias”, começou por afirmar Nuno Santos, diretor da CNN Portugal e também diretor de informação da TVI. No entanto, a CNN quer apostar na diversificação da sua oferta, tanto em termos de abordagem como de conteúdo. “Isto significa que nós, sendo líderes, não queremos adormecer à sombra dessa liderança e queremos marcar o passo“, afirmou o responsável ao ECO/+M, à margem de um evento de apresentação de novidades do canal.

No ano passado, a CNN Portugal foi líder entre os canais de informação, tendo fechado 2024 com 2,4% de share e 50,5 mil espetadores. O canal do grupo Media Capital ficou assim à frente da SIC Notícias (share 1,9% e média por 40,9 mil telespectadores) e RTP3 (share de 0,7% e 15,6 mil telespectadores).

Queremos manter a posição de liderança, por um lado. Por outro, acreditamos que a quota com a qual fechamos o ano é relevante, também do ponto de vista do mercado publicitário, e apontamos este ano para uma quota muito semelhante“, disse Nuno Santos ao ECO/+M.

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PGR vai monitorizar as investigações para serem mais rápidas

Um conjunto de objetivos estratégicos foi revelado pela PGR esta quinta-feira e possui diversas medidas para os mais variados órgãos. Órgão quer monitorizar o tempo de duração das investigações.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) quer monitorizar o tempo de duração das investigações criminais e pretende identificar os principais motivos dos seus constrangimentos, procurando soluções para ultrapassar o problema. Estes são alguns dos objetivos estratégicos para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) no triénio 2025-2027, apresentados esta quinta-feira.

Mas a PGR, liderada por Amadeu Guerra, vais mais longe e tenciona também “melhorar os índices de perdimento a favor do Estado dos instrumentos, produtos e vantagens do crime, bem como, quando aplicável, do património incongruente”. Para tal, quer identificar logo na fase de inquérito e o impulso, “no momento adequado, à aplicação das medidas de garantia necessárias e adequadas”.

Entre os objetivos está ainda a melhoria da articulação entre os magistrados no DCIAP e os magistrados na fase de julgamento, prestando apoio, “sempre que necessário”, à sua preparação e realização e a melhoria da comunicação com a sociedade, de forma “atempada” e “clara” — “dentro do quadro legal e com rigoroso respeito pelo segredo de justiça”.

O conjunto de objetivos estratégicos, revelado esta quinta-feira, tem diversas medidas para os mais variados órgãos, desde o DCIAP até ao Gabinete de Cibercrime e Procuradorias da República das Comarcas.

Tomada de posse do Procurador-Geral da República Amadeu Guerra - 12OUT24
Amadeu Guerra, Procurador-Geral da RepúblicaHugo Amaral/ECO

No documento, a PGR assume que entre os principais pilares está o reforço da confiança do cidadão na Justiça, a qualidade na ação e a qualidade organizacional e condições de trabalho.

Melhorar a qualidade da informação e dos canais de comunicação com o cidadão dinamizando e simplificando a informação disponível online, assim como “implementar uma comunicação proativa, em linguagem clara e simples para garantir a compreensibilidade e transparência das decisões e respetivos fundamentos”, são outros dos pontos elencados. O órgão sublinha que pretende também melhorar as condições e a qualidade do atendimento ao público.

No que concerne à qualidade na ação, o objetivo é promover e definir estratégias de articulação e coordenação entre magistrados da 1.ª e 2.ª instância e entre jurisdições, e identificar constrangimentos, principalmente na fase de inquérito, de forma a reduzir o prazo da conclusão das investigações e “desenvolver planos de ação específica para a conclusão dos processos pendentes há mais tempo”.

Consagrar e implementar a autonomia financeira do Ministério Público (MP), incluindo o quadro orçamental da gestão das Procuradorias Gerais Regionais nos Tribunais da Relação e do Ministério Público na Jurisdição Administrativa e Fiscal” é outra das metas.

Numa era marcada pela digitalização, o órgão quer ainda apostar na formação tecnológica dos juízes, modernizar os sistemas informáticos e redefinir a distribuição dos recursos humanos face à real dimensão da atividade de cada unidade territorial.

Aposta no combate ao cibercrime

Criado em 2011, o Gabinete do Cibercrime coordena a área de criminalidade, pugnando pela formação específica e o estabelecimento de canais de comunicação com fornecedores de serviço de acesso às redes de comunicação, que “permitam facilitar a sua colaboração na investigação criminal”.

Para este gabinete, a PGR quer continuar a explorar a possibilidade de realização de perícias informáticas em instituições universitárias e dar continuidade à criação, junto da Google, de contas na plataforma LERS, que “permitem aos magistrados do MP solicitar informações, de forma direta, àquele operador de serviços” na internet.

“Privilegiar a comunicação direta com magistrados do Ministério Público, por via telefónica e de correio eletrónico, com o propósito de os apoiar nas suas concretas atividades relacionadas com a investigação de cibercrime e de obtenção de prova digital”, refere.

Para além de dinamizar a Rede Cibercrime, a PGR quer apostar na formação ao longo do ano e promover a “articulação com redes internacionais de combate ao cibercrime”, nomeadamente a CiberRede/CiberRed e o Fórum Lusófono sobre Cibercrime e Prova Digital. “Prevê-se para o ano 2025 a realização, em Lisboa, de um grande evento internacional que congregue representantes de ambas”, acrescenta.

Objetivo é equilibrar a distribuição de processos

No que concerne às Procuradorias da República das Comarcas, a PGR pretende reforçar a intervenção do magistrado do Ministério Público Coordenador na promoção da agilização e articulação da atividade de todos os magistrados da comarca, na criação de redes de contacto e circuitos informais de partilha de informação e de boas práticas, e na promoção da reflexão conjunta sobre as melhorias da atuação do MP.

“Avaliar a adequação da organização dos departamentos e secções de investigação e ação penal à estrutura da criminalidade na comarca e eventuais propostas de alteração dirigidas aos Procuradores-Gerais Regionais visando, nomeadamente, o melhor equilíbrio da distribuição processual e privilegiando a especialização, designadamente quanto aos crimes de corrupção e à criminalidade económico financeira, à violência doméstica, aos abusos sexuais de crianças e à cibercriminalidade“, aponta.

Entre as medidas definidas estão ainda a promoção e desenvolvimento de metodologias de definição do objeto do inquérito, da estratégia de investigação e de gestão processual; a melhoria, organização e monitorização dos procedimentos de articulação com os órgãos de polícia criminal; e a melhoria dos procedimentos de ligação entre as fases de inquérito, instrução e julgamento (incluindo o recurso).

Mas o que pretende mais a PGR nas comarcas?

  • Melhorar e organizar a ligação e articulação com a fase de execução das penas e com as instâncias superiores;
  • Organizar e monitorizar procedimentos que promovam a melhoria da qualidade da intervenção em julgamento;
  • Continuar a promover a aplicação dos institutos de simplificação processual suspensão provisória do processo;
  • Reduzir pendências excessivas mediante identificação das secções com volume excessivo de pendência e adoção de medidas de gestão processual e/ou de gestão de recursos humanos no sentido da redução da pendência para os níveis médios da comarca.

Relativamente à proteção das vítimas, um dos objetivos é o desenvolvimento de procedimentos processuais e organizacionais para uma efetiva proteção e informação da vítima de crime, designadamente das mais vulneráveis, com uma especial atenção à prestação de depoimentos e à necessidade de “evitar a revitimização”.

Sobre a execução de penas, a PGR quer reforçar a articulação entre os tribunais de julgamento e a jurisdição de execução de penas e reforçar a presença e o acompanhamento do MP nos estabelecimentos prisionais.

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