Minalea dá arma para combater a guerra de preços dos seguros

A insurtech francesa usa hoje a Inteligência Artificial para dar os argumentos que os distribuidores de seguros precisam para conseguirem ultrapassar a barreira low-cost quando falam com clientes.

O cofundador da insurtech Minalea, Stéphane Favoretto, é adepto convicto de que nos seguros os preços não significam nada sem se juntarem os benefícios de uma apólice. “Notámos quando começámos que, devido à internet, a exposição dos preços é muito elevada, é possível saber preço em todo o lado” disse Favoretto em conversa exclusiva com ECOseguros, acrescentando que não se podem tomar decisões apenas com base no preço, também é preciso olhar para o que está no produto”. Assim, conclui, “para os clientes, o produto de seguros é uma caixa negra. Eles sabem quanto pagam, mas não sabem o que compram porque é demasiado complexo. Não é transparente”.

Stéphane Favaretto, co-fundador da Minalea, em entrevista ao ECO Seguros - 04JUL24
Stéphane Favaretto, cofundador da Minalea: “Queremos dar aos agentes algo que lhes permita passar do preço para o conteúdo do produto, sem isso, o cliente verá o produto de seguro como um custo e não como um serviço”.Hugo Amaral/ECO

Seguindo esta tese, os responsáveis da Minalea notaram que nas redes de distribuição, nos vendedores, nos agentes, no pessoal dos centros de atendimento, existem muitas ferramentas para calcular o preço, mas nada para lhes dar o seu discurso de vendas, nada para lhes dar os argumentos para, em poucos cliques, saberem o que devem ou não dizer a um determinado cliente.

Esta constatação juntou Stéphane Favoretto e Guy Leroy, profissionais com larga experiência nos seguros a lançar a Minalea, uma insurtech disposta a facilitar a vida aos distribuidores de seguros ao ajudá-los a criar o seu argumento de vendas e às divisões de marketing das seguradoras para terem o seu benchmark sobre os seus produtos e dos concorrentes e encontrarem soluções competitivas.

Prémio e experiências aceleram entrada em Portugal

A Inteligência Artificial foi logo um passo. “Recolhemos os dados e comparamos todos os concorrentes, todos os interessados no mercado”. Ou seja, carregando todas as condições gerais de todos os seguros à venda – e em França, em alguns casos, também as particulares – o software da Minalea torna a oferta de soluções de seguros mais transparente, analisando o perfil e as necessidades do cliente, identificando a oferta mais adequada e comparando-a com a oferta disponível no mercado.

Não comparamos o preço, não tocamos no preço, quando o cliente contacta o agente, sabe quanto paga”, sublinha Favoretto, “queremos dar aos agentes algo que lhes permita passar do preço para o conteúdo do produto, sem isso, o cliente verá o produto de seguro como um custo e não como um serviço”, diz. Segundo a Minalea, com alguns cliques, é gerada uma análise completa e são automaticamente ordenados os elementos importantes das ofertas de seguros selecionadas, por exemplo, os pontos fortes ou fracos mais relevantes, de acordo com o perfil do cliente a quem a oferta se destina.

O Zurich Innovation Championship, um dos mais relevantes concursos para insurtechs inovadoras a nível mundial, premiou a Minalea colocando-a no top 12 entre 3.500 concorrentes globais. Foi uma distinção importante para a insurtech francesa que nasceu em França há oito anos, e cinco anos depois decidiu ir para a Bélgica. Seguiu-se Itália e, continuando a expansão, optaram por privilegiar Portugal em relação a Espanha.Todos estes países são demasiadas distrações, a tração não era tão rápida em Espanha, é muito melhor em Portugal”.

A Mudum, seguradora Não Vida do Crédit Agricole Assurances, foi a porta de entrada em Portugal e a Minalea já está a trabalhar em pleno com o Novobanco, rede exclusiva de venda da seguradora. Os clientes em França são as TOP 30 dos seguros, todas querem os seus comerciais com possibilidade de compararem produtos através dos sistemas da Minalea. A Fidelidade em França também é cliente ao apostar nos seguros de proteção de crédito. Também a MetLife é também um cliente em França e na Bélgica.

Favoretto afirma que se estão a implantar na banca. “Todos os bancos estão a fazer seguros em França, a bancassurance mudou realmente o mercado. Em alguns produtos, como no seguro automóvel e no seguro de habitação para pessoas com mais de 20 anos, os bancos detêm quase 30% do mercado, têm produtos, mas são caros”. Por isso têm de ultrapassar o preço só por si, precisam de mostrar conteúdos dos produtos, e daí que a Minalea já conte como clientes como a Societe Generale, Crédit Agricole, o Crédit Lyonnais, o Crédit Mutuel e o Paribas.

Em Portugal a Minalea tem equipa local, um analista de negócios com conhecimentos sobre seguros. “A tecnologia, a inteligência artificial não é capaz, até à data, de compreender uma questão de contrato de seguro. Podemos tentar, mas se perguntarmos ao robô, à inteligência artificial ou ao ChatGPT, o que quer que seja, 50% das coisas estarão certas, mas 50% estarão completamente erradas apenas notando esses erros quem conhecer muito bem o produto”. Precisam de uma grande fiabilidade nos dados que fornecem, para isso precisam de uma pessoa para ler e, por vezes, a escrever um pouco, porque “os humanos são bons e continuam a ser muito bons a ler, a compreender e a escrever, usamo-los para isso”. Stéphane Favoretto conclui que a máquina , talvez um dia nos supere: “é super rápida”.

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Primeiro fundo português de saúde e biotecnologia arranca com 51 milhões

O fundo da Biovance resulta do primeiro coinvestimento do Fundo Europeu de Investimento (FEI) e do Banco Português de Fomento (BPF) num fundo de saúde português.

A Biovance Capital Partners, o principal investidor na área da saúde em Portugal, acaba de lançar o primeiro fundo de investimento português especializado em saúde e biotecnologia. A capital de risco fechou a primeira ronda de levantamento de capital com 51 milhões de euros para investir em empresas que estejam a desenvolver medicamentos inovadores por toda a Europa. O fundo nasce do primeiro coinvestimento do Fundo Europeu de Investimento (FEI) e do Banco Português de Fomento (BPF) num fundo, tendo ainda como acionistas a CGD e o Fundo de Pensões EDP.

Gerido por um médico e dois investigadores, o Biovance Capital Fund I irá privilegiar o investimento em Portugal e no sul da Europa, “onde a qualidade excecional da investigação biomédica tem gerado um reconhecido potencial tecnológico que urge capitalizar sob a forma de novas empresas”, refere a gestora em comunicado, adiantando que o fundo vai participar em rondas de financiamento seed e Série A, com montantes entre 1,5 e 6 milhões de euros, disponibilizando capital e apoio cruciais ao desenvolvimento de novas terapias disruptivas, em áreas terapêuticas prioritárias como a oncologia, imunologia, neurologia, entre outras.

Os principais investidores do fundo incluem o FEI, o BPF e a Comissão Europeia, através dos programas Portugal Tech e InvestEU. A Caixa Capital, do grupo Caixa Geral de Depósitos, a Ageas Pensões, o Fundo de Pensões EDP, e investidores privados dos EUA e da Europa são outros dos investidores do fundo.

“Sendo o primeiro fundo dedicado à biotecnologia em Portugal, o Biovance Capital Fund I constitui um marco significativo no nosso ecossistema de bio-empreendedorismo. Estamos entusiasmados por lançar este fundo e apoiar empresas inovadoras de biotecnologia por toda a Europa, estando profundamente gratos aos nossos investidores pela sua confiança e apoio”, referiu Ricardo Perdigão Henriques, managing partner da Biovance Capital.

“Dado o crescente interesse demonstrado por outros investidores nesta oportunidade de mercado largamente inexplorada, a equipa prevê expandir o fundo nos próximos meses até ao seu final closing“, refere a mesma nota.

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Fed está mais otimista, mas corte de juros ainda não está no horizonte

Jerome Powell volta a mostrar-se reticente em cortar as taxas de juro, notando que "reduzir a restrição política demasiado cedo" poderá colocar em causa os ganhos alcançados no controlo da inflação.

O presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell, apresentou esta terça-feira o relatório semestral de política monetária ao Congresso, deixando transparecer uma postura mais otimista sobre a economia dos EUA.

Powell destacou que os riscos para atingir os objetivos de inflação e emprego “estão a ficar mais equilibrados” e sublinhou que a economia norte-americana “continua a expandir-se a um ritmo sólido”, apesar de alguns sinais de moderação no primeiro semestre deste ano.

O presidente da Fed destacou que o mercado laboral “arrefeceu” nos últimos meses, com “as condições do mercado de trabalho a manterem-se fortes e não estão sobreaquecidas”.

Reduzir a restrição política demasiado cedo ou em demasia poderia parar ou até reverter o progresso que vimos na inflação.

Jerome Powell

Presidente da Fed

Relativamente às dinâmicas inflacionistas na maior economia do mundo, Powell mostrou-se cautelosamente otimista. “Fizemos progressos consideráveis em direção à nossa meta de inflação de 2%, e as leituras mensais mais recentes mostram um progresso adicional modesto”, afirmou.

No entanto, o presidente da Fed deixou claro que são necessários mais dados positivos para “reforçar a nossa confiança de que a inflação está a mover-se de forma sustentável para os 2%”.

Esta postura cautelosa reflete-se na política monetária que a Fed tem seguido. “Não esperamos que seja apropriado reduzir a taxa de juro diretora até termos maior confiança” na trajetória da inflação, reiterou Powell. Os dados do primeiro trimestre, segundo o líder da Fed, “não apoiaram essa maior confiança”.

Powell enfatizou ainda o delicado equilíbrio que a Fed enfrenta nas suas decisões de política monetária. “Reduzir a restrição política demasiado cedo ou em demasia poderia parar ou até reverter o progresso que vimos na inflação”, alertou. Por outro lado, “reduzir a restrição demasiado tarde ou pouco poderia enfraquecer indevidamente a atividade económica e o emprego”.

O presidente da Fed sublinhou que o mercado de trabalho está “mais ou menos de volta aos níveis pré-pandemia”, com os dados mais recentes a enviarem “um sinal bastante claro de que o mercado de trabalho arrefeceu consideravelmente”.

No decorrer da sua intervenção ao Congresso, Powell relatou um quadro de uma economia a atravessar um período positivo, mas que ainda requer uma gestão cuidadosa por parte da Fed, notando que a autoridade monetária dos EUA não tem pressa em alterar o rumo da sua política monetária restritiva.

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Bruxelas atribui 15 milhões em apoio de emergência a produtores de vinho portugueses

  • Lusa
  • 9 Julho 2024

A mobilização de 15 milhões de euros da reserva agrícola da UE será para “apoiar produtores de vinho portugueses que enfrentam graves perturbações do mercado”.

A Comissão Europeia anunciou esta terça-feira a atribuição de 15 milhões de euros da União Europeia (UE) para apoiar produtores de vinho portugueses com graves perturbações do mercado, num ‘bolo’ total de 77 milhões de euros para quatro países. Em comunicado, o executivo comunitário indica então ter proposto aos Estados-membros, que o aceitaram, a mobilização de 15 milhões de euros da reserva agrícola da UE para “apoiar produtores de vinho portugueses que enfrentam graves perturbações do mercado”.

Este montante insere-se dentro de uma soma total de 77 milhões de euros que também apoiará agricultores dos setores frutícola, hortícola e vitivinícola da Áustria, da República Checa e da Polónia, recentemente afetados por acontecimentos climáticos adversos sem precedentes, acrescenta a instituição, referindo que os quatro países em causa podem complementar este apoio da UE até 200% com fundos nacionais.

Está previsto que o apoio à destilação temporária e excecional de vinho em casos de crise para os beneficiários em Portugal tenha de ser pago até 30 de abril de 2025, enquanto os pagamentos aos agricultores da República Checa, da Áustria e da Polónia ao abrigo do apoio financeiro de emergência têm de ser efetuados até 31 de janeiro de 2025.

Para tal avançar, os atos legislativos que estabelecem estes apoios serão adotados nos próximos dias, sendo diretamente aplicáveis após a sua entrada em vigor em julho de 2024. Na informação à imprensa, Bruxelas assinala que “os produtores de vinho em Portugal estão a ser afetados por desequilíbrios de mercado que poderão transformar-se numa crise prolongada e mais alargada”.

“A atual acumulação de existências sem precedentes em Portugal resulta de uma diminuição das vendas de vinho tinto combinada com o aumento da produção no ano passado”, acrescenta a Comissão Europeia, apontando que, no ano passado, Portugal foi o Estado-membro que registou o maior aumento de produção face ao ano anterior.

Com a ajuda de 15 milhões agora anunciada, será financiada a destilação temporária de vinho em resposta à situação de crise no Portugal, visando eliminar quantidades excedentárias e reequilibrar o mercado.

“Para evitar distorções da concorrência, a utilização do álcool assim obtido deve limitar-se a fins industriais, nomeadamente produtos de desinfeção e fármacos, assim como a fins energéticos. Cabe às autoridades nacionais definir as regras de candidatura ao apoio, podendo atribuir a ajuda financeira a produtores, cooperativas, destiladores e empresas vitivinícolas”, elenca a instituição.

Portugal terá, no seguimento do processo, comunicar à Comissão Europeia a execução da medida, nomeadamente as quantidades de vinho retiradas do mercado em cada região. Recentemente, o executivo comunitário criou um grupo de alto nível sobre política vitivinícola, que deverá formular recomendações até ao início de 2025, para assim responder aos desafios do setor vitivinícola da UE.

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Morreu ex-procuradora-geral da República Joana Marques Vidal

A ex-procuradora-geral da República estava há várias semanas em coma no Hospital de São João do Porto. Tinha 68 anos.

Faleceu esta terça-feira Joana Marques Vidal aos 68 anos, avança o Observador. A ex-procuradora-geral da República estava há várias semanas em coma, após ser operada por causa de uma doença cancerígena, tendo sofrido uma septicemia, no Hospital de São João do Porto.

O corpo da antiga magistrada vai estar em câmara ardente esta quarta-feira das 14h às 22h na freguesia de Pedaçães, concelho de Águeda. As cerimónias fúnebres decorrerão em Aveiro, onde será cremada.

Nascida em Coimbra, Joana Marques Vidal iniciou o seu percurso enquanto magistrada do Ministério Público em 1979. Em 2012, o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva nomeou-a para o cargo de procuradora-geral da República, onde permaneceu até 2018. Em novembro de 2018, iniciou funções no gabinete do Ministério Público junto do Tribunal Constitucional.

A ex-procuradora geral da República foi condecorada em outubro de 2018 pelo Presidente da República, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.

Em comunicado, o Ministério e a ministra da Justiça lamentaram a morte da antiga magistrada. “É com profundo respeito que o Ministério da Justiça lamenta a morte de Joana Marques Vidal, magistrada notável e antiga Procuradora-Geral da República“, lê-se.

A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice afirma “juntar-se aos que vão sentir a sua falta e aos que lhe prestam tributo pelo seu caráter, retidão e dedicação à Justiça”. “Joana Marques Vidal será sempre merecedora da nossa homenagem, admiração e gratidão”, refere.

Também o Presidente da República lamentou a morte da ex-procuradora-geral da República, sublinhando o seu “relevante” papel na sociedade portuguesa, como jurista “ilustre”, magistrada com “profundas preocupações sociais” e funções de liderança, nomeadamente enquanto procuradora-geral da República.

Granjeou o respeito e o apoio de pares, subordinados e da sociedade em geral, nunca deixando de se dedicar a uma pedagogia democrática, com destaque para a participação cívica e a defesa dos direitos fundamentais, neles avultando o papel da mulher e a defesa dos mais frágeis e discriminados”, lê-se na nota publicada no site da presidência.

O primeiro-ministro Luís Montenegro escreveu na rede social X que foi com “profundo pesar” que recebeu a notícia da morte de Joana Marques Vidal. “Magistrada notável, cuja vida de serviço ao Estado teve como corolário o mandato como procuradora-geral da República, cargo que desempenhou com rigor, imparcialidade e excelência assinaláveis. Em meu nome e do Governo expresso as mais sentidas condolências à sua família”, lê-se.

(Notícia atualizada às 17h34)

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“A próxima medida mais provável será cortar novamente as taxas de juro”, diz Centeno

Mário Centeno revela que o BCE não está comprometido com um número específico de cortes, mas considera que a trajetória aponta claramente para uma redução das taxas de juro.

Mário Centeno voltou a sublinhar que a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) deve ser conduzida com prudência e gradualismo, sublinhando também que antecipa novos cortes das taxas de juro.

“Espero mais alguns cortes de juros este ano”, referiu Mário Centeno numa entrevista concedida a 3 de julho e publicada esta terça-feira na Econostream Media, sublinhando ainda que “a decisão mais provável na próxima reunião [que será realizada a 18 de julho] será cortar novamente as taxas.” A confirmar-se, será o segundo corte do preço do euro seguido, depois de em junho o BCE ter cortado as taxas diretoras pela primeira vez em quase cinco anos.

O governador do Banco de Portugal salientou ainda que “temos mais quatro reuniões este ano, pelo que o número máximo de reduções de taxas está limitado a quatro”, notando que “a dimensão da redução [desses cortes] vai ser discutida, pelo que temos muitas decisões a tomar.”

No entanto, questionado diretamente sobre a reunião de 18 de julho, Centeno destacou que essa reunião “será como todas as outras ” onde se discutirá “a situação económica da Zona Euro”, salvaguardando que “a decisão de cortar ou não as taxas dependerá das informações disponíveis.”

Além disso, o governador do Banco de Portugal reforçou também que a prudência deve ser a palavra de ordem por parte do Conselho do BCE, tanto na política monetária como no comportamento dos agentes económicos. “Não devemos pensar que o processo de redução das taxas de juro significa que podemos relaxar a nossa vigilância” e “o mais importante neste momento é manter a trajetória em mente para que todos saibam a direção a seguir”, afirmou o governador do Banco de Portugal.

Centeno enfatizou também que a política monetária do BCE deve continuar a focar-se na estabilização da inflação em torno dos 2%. “Desde a primeira vez que projetámos a inflação, para 2025, temos mantido previsões em torno dos 2%, 2,2%, 2,1%. A nossa determinação em alcançar a estabilidade de preços é clara. E faremos o que for necessário para atingir este objetivo”, afirmou.

O governador do Banco de Portugal destacou ainda que, embora a inflação esteja a convergir para a meta dos 2%, “é crucial não subestimar a importância de uma abordagem prudente por parte do BCE na gestão desse comportamento”.

Comentando os dados recentes do PMI (índice dos gestores de compras) e do PPI (Índice de Preços no Produtor), Centeno mostrou-se cauteloso. “O PMI foi menos positivo do que o esperado, mas não devemos reagir de forma exagerada. A economia mantém um nível de crescimento relativamente fraco, mas numa perspetiva de aterragem suave”, explicou.

Quanto ao PPI, Centeno alertou para a queda dos preços dos produtores, sublinhando que “a descida dos preços é preocupante, pois o objetivo da política monetária não é trazer a inflação abaixo dos 2%”.

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Doze praias do litoral alentejano passam a ter transportes públicos gratuitos

Municípios do litoral alentejano disponibilizam transportes públicos gratuitos para praias da região com vista a diminuir o tráfego automóvel e as emissões de gases com efeito de estufa.

Depois de 14 mil pessoas terem aderido, em 2023, ao transporte gratuito nas deslocações para as praias da região, a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL) volta a lançar este verão o projeto com o objetivo de diminuir o tráfego automóvel. Mas desta vez com viagens diárias.

“A iniciativa da CIMAL pretende diminuir os congestionamentos de tráfego automóvel junto às zonas balneares e as emissões de gases com efeito de estufa, convidando a população e os visitantes a abdicarem do transporte particular”, detalha Vítor Proença que preside esta entidade.

Durante os meses de julho e agosto, os veraneantes podem utilizar, diariamente, os transportes gratuitos que ligam as localidades dos cinco concelhos da CIMAL a 12 praias do Alentejo Litoral.

Esta Comunidade Intermunicipal disponibiliza oito linhas e um total de 56 carreiras diárias durante a semana, e 57 aos sábados, domingos e no feriado de 15 de agosto.

A iniciativa da CIMAL pretende diminuir os congestionamentos de tráfego automóvel junto às zonas balneares e as emissões de gases com efeito de estufa, convidando a população e os visitantes a abdicarem do transporte particular.

Vítor Proença

Presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL)

De Alcácer do Sal parte a ligação de ida e volta para a praia da Comporta; de Grândola as ligações são para as praias de Carvalhal e Pego, e para a praia de Melides. Já Santiago do Cacém dispõe, este ano, de ligação a Porto Covo, com paragens em várias praias entre S. Torpes e o final da linha.

Os autocarros em Odemira fazem ligação para Zambujeira do Mar e Vila Nova de Milfontes, com passagem por Almograve. Também a linha que começa no Cercal do Alentejo termina em Vila Nova de Milfontes.

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Salas de cinema com menos espectadores no último trimestre em relação a 2023

  • Lusa
  • 9 Julho 2024

Em junho deste ano, 731.410 espectadores foram ao cinema, num aumento em relação a abril e maio, que se refletiu também na receita de bilheteira que foi de cerca de 4,5 milhões de euros.

O número de espectadores nas salas portuguesas de cinema aumentou ligeiramente entre abril e junho deste ano, chegando a cerca de 731 mil, mas os valores mantêm-se quase 26% abaixo dos atingidos em junho do ano passado.

De acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em dados divulgados esta terça-feira, 731.410 espectadores foram ao cinema em junho deste ano. Em maio tinham ido 667.595 e em abril 634.297.

Apesar deste aumento, os números registados entre abril e junho do ano passado eram mais elevados. Em abril, maio e junho de 2023, as salas de cinema portuguesas tinham registado cerca um milhão de espectadores (999.913 em abril, 1.103.481 em maio e 987.246 em junho), correspondendo os valores deste ano a descidas de público que oscilam em termos homólogos entre os 25,9% e os 39,5%, nos três últimos meses.

Em junho deste ano, o aumento do número de espectadores, em relação a abril e maio, refletiu-se também na receita de bilheteira: foi de cerca de 4,5 milhões de euros, menos 21,4% do que em junho do ano passado, quando a receita registada tinha atingido 5,78 milhões de euros.

Em termos acumulados, na primeira metade deste ano, as salas de cinema portuguesas registaram cerca de 4,7 milhões de espectadores, menos 12,8% do que no mesmo período de 2023, quando se somaram 5,4 milhões de espectadores.

Em termos de receitas de bilheteira, para o primeiro semestre deste ano, a quebra registada é de 9,6%. Nos primeiros seis meses de 2023, a receita tinha sido de cerca de 32,1 milhões de euros, este ano fico pelos 29 milhões.

De acordo com o ICA, em junho deste ano, o filme mais visto nas salas de cinema foi o norte-americano “Bad Boys: Tudo ou nada”, estreado em 06 de junho, (187.376), seguido dos filmes de animação “Garfield: O filme” (142.606), nas salas desde 23 de maio, e “Gru — O Maldisposto 4” (95.354), estreado em 27 de junho.

Já quando se analisa os números desde o início do ano, o filme mais visto foi o norte-americano “Todos menos tu”, estreado em 28 de dezembro de 2023 e que registou 317.801 espectadores e 1,95 milhões de receitas de bilheteira.

O filme português mais visto nas salas de cinema entre janeiro e junho deste ano foi “Revolução (sem) sangue”, de Rui Pedro Sousa, estreado em 11 de abril, que registou 20.755 espectadores e cerca de 113 mil euros de receita de bilheteira.

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UTAD tem 19 milhões para duplicar número de camas em residências universitárias

O valor do investimento engloba a construção, renovação e adaptação de residências universitárias. Academia transmontana vai duplicar a oferta para mil camas.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) lançou um concurso para as empreitadas de construção, renovação e adaptação das residências universitárias, num investimento superior a 19 milhões de euros.

Atualmente, a academia transmontana dispõe de 532 camas distribuídas por cinco residências, localizadas no Complexo Residencial de Além-Rio e em Codessais. A UTAD confirma ao ECO/Local que este investimento vai duplicar a oferta no número de camas para mais de mil.

“É um investimento significativo, que reflete o nosso compromisso em melhorar as condições de alojamento para os estudantes da UTAD, proporcionando-lhes infraestruturas modernas e adequadas às suas necessidades”, afirma o reitor Emídio Gomes.

O projeto é composto por três lotes que incluem a construção de uma nova residência na Quinta de Prados, num investimento de cerca de seis milhões de euros, ainda a adaptação para a nova residência do edifício do antigo CIFOP, localizado no centro da cidade, com um preço base de 8,2 milhões de euros. Assim como a renovação e adaptação da residência de Codessais, com um preço base de cinco milhões de euros.

Segundo a academia, o anúncio do concurso foi publicado a 6 de julho, em Diário da República, e o prazo de execução das obras está previsto até março de 2026.

Estes investimentos vão ser concretizados no âmbito do Plano Nacional de Alojamento para o Ensino Superior, financiado parcialmente pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e que prevê a criação de 26 mil camas para estudantes do Ensino Superior até 2026.

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Guardas prisionais querem fechar negociações sobre suplemento antes das férias

  • Lusa
  • 9 Julho 2024

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional espera conseguir um acordo com o Ministério da Justiça na reunião de quarta-feira e destacou a urgência de concluir as negociações antes das férias.

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) manifestou esta terça-feira a expectativa de conseguir um acordo com o Ministério da Justiça na reunião agendada para quarta-feira e destacou a urgência de concluir as negociações antes das férias.

“Estamos num mês terrível para as negociações. Julho é o último mês antes das férias, vem agosto e as férias do Governo, a seguir é setembro e começa-se a negociar o Orçamento do Estado. Não podemos permitir que este suplemento de missão – ou de componente fixa, como se chama agora – transite para depois do verão, porque corremos o risco de não ter nada. É o tudo ou nada”, referiu o presidente do SNCGP.

Em declarações à Lusa, Frederico Morais admitiu ter noção de que o valor a atribuir aos guardas prisionais “nunca vai ser igual” àquele que foi dado à Polícia Judiciária, mas expressou a convicção de que o Governo, através da ministra Rita Alarcão Júdice, “irá apresentar um bocadinho mais” na reunião marcada para as 12h00 de quarta-feira, no Ministério da Justiça.

Acreditamos que a ministra vai analisar a nossa contraproposta. Não sabemos se vai dar mais um cêntimo ou menos um cêntimo, mas há lá pontos na carreira da guarda prisional que, se houver alguma resolução para esses pontos, então, a proposta torna-se ainda mais interessante”, disse.

Na última reunião entre as partes, o SNCGP apresentou à tutela uma contraproposta para a atribuição do suplemento, que consiste na concessão de 200 euros já a partir de julho, mais 100 euros em janeiro de 2025, outros 100 euros em janeiro de 2026 e ainda o indexante do diretor nacional da Polícia Judiciária no início de 2027.

O dirigente sindical assumiu também alguma fadiga pela demora nas negociações e alertou para as questões das promoções, do sistema de avaliação e das condições de trabalho.

“Estas reuniões e propostas e contrapropostas sobre o suplemento de missão (e agora sobre o suplemento de componente fixa) estão a tornar-se muito desgastantes para o corpo da guarda prisional… Já estamos com o Governo há 94 dias em funções e estamos a atrasar a negociação de coisas mais urgentes para o corpo da guarda prisional”, vincou.

Frederico Morais lamentou o comentário “infeliz” do primeiro-ministro, Luís Montenegro, quando anunciou que não haveria “nem mais um cêntimo” para responder às reivindicações dos membros das forças de segurança, ao notar que parecia “quase um ultimato”. Por outro lado, louvou a postura “frontal e assertiva” da ministra da Justiça, apesar de deixar um aviso.

Acreditamos que iremos chegar a um entendimento, porque é muito importante para o corpo da guarda prisional resolver este problema”, disse, sem deixar de indicar que o sindicato pode enveredar por outras ações de protesto: “Se não conseguirmos chegar a entendimento, iremos parar o sistema prisional português. (…) Nem é de bom-tom estar antes de chegar ao dia de negociação a fazer uma ameaça de paralisação, mas teremos sempre essa facilidade”.

Confrontado com a sua presença nas galerias da Assembleia da República na semana passada, na sequência de um apelo do presidente do Chega, André Ventura, para que os elementos das forças de segurança se mobilizassem para assistir à discussão de propostas sobre o suplemento de missão, Frederico Morais reiterou que o SNCGP não tem partido.

“Somos apartidários. O sindicato esteve presente porque havia cinco partidos políticos que estavam a levar à Assembleia da República propostas do interesse do corpo da guarda prisional. É óbvio que só houve um partido que veio à comunicação social solicitar que estivessem presentes, mas não estivemos lá por partido nenhum. Estivemos lá pelo interesse da guarda prisional”, frisou.

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Pedro Nuno acusa Montenegro de ameaçar com eleições no dia em que PS se disponibiliza a viabilizar OE

  • Lusa
  • 9 Julho 2024

Pedro Nuno Santos criticou declarações do primeiro-ministro de que, se o PS estiver a fazer jogo sobre a negociação do Orçamento, então tenha a coragem de deitar abaixo o Governo.

O líder do PS, Pedro Nuno Santos, acusou esta terça-feira o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de ter feito uma “ameaça de eleições” no dia em que os socialistas tinham mostrado disponibilidade para negociar e viabilizar o Orçamento do Estado.

No mesmo dia em a líder parlamentar [Alexandra Leitão] usa a palavra viabilizar [o Orçamento do Estado], o líder do Governo, o primeiro-ministro ameaça com eleições, desafia para a apresentação de uma moção de censura”, criticou Pedro Nuno Santos no encerramento das jornadas parlamentares, em Castelo Branco.

De acordo com o secretário-geral do PS, é o Governo que tem que “apresentar um orçamento até outubro e se há partido que tem sido fustigado” com o tema é o PS.

“No dia em que o PS fala em viabilizar, disponibiliza-se para viabilizar, aquilo o que o primeiro-ministro tem para fazer, em vez de ser abraçar a disponibilidade do PS para construir uma solução comum, aquilo que temos do primeiro-ministro são ameaças de eleições”, criticou.

A líder parlamentar socialista tinha avisado na segunda-feira que se a margem negocial do Orçamento do Estado “vier fechada” por medidas como o IRC ou IRS jovem fica “mais difícil” o PS viabilizá-lo, exigindo ter uma “palavra significativa” no documento.

O presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou na véspera que, se o PS estiver a fazer jogo sobre a negociação do Orçamento, então tenha a coragem de deitar abaixo o Governo.

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Produção de cereais sobe no Alentejo, mas qualidade é inferior

  • Lusa
  • 9 Julho 2024

Produtores dizem que os valores de qualidade do grão estão "muito abaixo da média", nomeadamente no setor do trigo duro.

A produção de cereais no Alentejo aumentou este ano em quantidade, mas com qualidade inferior devido à lixiviação dos solos, provocada pelo excesso de água que arrastou os adubos, alertou esta terça-feira um agrupamento de produtores.

Em declarações à agência Lusa, o dirigente da Cersul – Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul, José Maria Falcão, indicou também que este ano agrícola está a passar “sem seca”, principalmente no distrito de Portalegre, apesar de existirem alguns casos pontuais no Baixo Alentejo.

“É um ano sem problemas de água, nalguns sítios até com excesso de água em períodos que foram desnecessários”, disse.

A Cersul conta com cerca de 210 associados, que representam uma área global que ronda os 40 mil hectares, sobretudo nos distritos alentejanos de Portalegre e Évora.

Segundo o mesmo dirigente, vive-se “um bom ano” no que diz respeito à quantidade de cereais, mas “não é um bom ano em termos de qualidade”.

Houve muita lixiviação, muito arrastamento de adubos com o excesso de água. E, por outro lado, foi muito difícil conciliar as adubações azotadas que dão mais qualidade e proteína ao grão”, explicou.

José Maria Falcão referiu ainda que os produtores cerealíferos estão a registar produtividades médias-altas, mas com valores de qualidade do grão “muito abaixo da média”, dando como exemplo o setor do trigo duro.

Houve muita lixiviação, muito arrastamento de adubos com o excesso de água. E, por outro lado, foi muito difícil conciliar as adubações azotadas que dão mais qualidade e proteína ao grão.

José Maria Falcão

Dirigente da Cersul - Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul

E, relacionado com este tipo de cereais, existe “um problema gravíssimo”, que é a descida do preço pago aos produtores, vincou. “No ano passado, o trigo duro atingiu os 400 euros por tonelada e, neste momento, nas cotações internacionais, não chega aos 250 euros”, o que “é completamente desastroso”, afirmou, lamentando: “É muito difícil fazer cereais com esta irregularidade”.

Questionado sobre a produção de milho, o dirigente da Cersul indicou que a mesma está “perfeitamente assegurada” na região do rio Caia, em Elvas (Portalegre), mas sublinhou que, “cada vez se faz menos”, este tipo de cultura naquela região.

O perímetro de rega do Caia, frisou, “está sustentado” em culturas como o olival, amendoal e tomate e já “quase não se faz milho”, apesar de ser “um ano bom” para este tipo de cereal.

A Cersul – Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul foi o primeiro agrupamento de produtores de cereais e oleaginosas do país a ser constituído. Com sede em Elvas, foi criada em 1990, reconhecida como agrupamento de produtores em 1991 e como organização de produtores em 2012.

A empresa é responsável pela receção, condicionamento e comercialização de cereais e oleaginosas, além de funcionar como central de compras de fatores de produção e prestação de serviços.

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