Portugal é o segundo país que mais erros cometeu na aplicação das verbas da Coesão

Três projetos indevidamente financiados pelo Feder colocam Portugal em destaque no uso incorreto das verbas segundo as regras nacionais e da UE. Restaurante JNcQUOI de Paula Amorim foi um deles.

Grandes erros nas despesas da Política de Coesão e falta de controlo da Comissão Europeia e dos Estados-membros para os corrigir são algumas das críticas do Tribunal de Contas Europeu (TCE), que aponta Portugal como o segundo país que mais erros cometeu no período de programação entre 2014 e 2020. A principal razão foram as infrações às regras em matéria de auxílios de Estado.

O TCE calcula o nível de erro nos fundos da coesão — que não mede a fraude, a falta de eficiência ou o desperdício –, ou seja, é uma estimativa do dinheiro que não foi usado de acordo com as regras nacionais e da UE. E, segundo o relatório publicado esta segunda-feira, nos períodos orçamentais de 2007-2013 e 2014-2020, os erros baixaram de 6% para 4,8%, mas ainda estão acima dos 2% definidos pelas regras e com um pico em 2022.

“A maior parte dos erros na área da coesão nos últimos anos resulta, em primeiro lugar, de se dar dinheiro para despesas e projetos inelegíveis (ou seja, que não têm direito ao apoio) e, em segundo, de os beneficiários dos subsídios não cumprirem as regras dos auxílios estatais e dos contratos públicos”, explica o relatório de Helga Berger, membro do TCE responsável pelo documento.

É precisamente aqui que Portugal se destaca. Os erros relacionados com infrações às regras de auxílios de Estado “atingiram um pico em 2018, devido a uma grave insuficiência sistémica que o Tribunal e a Comissão detetaram em Portugal, onde as regras nacionais não eram coerentes com as regras da UE em matéria de auxílios estatais”, sublinha o relatório da entidade que funciona como a última linha de defesa no cumprimento das regras de despesa.

Em 2018, o Tribunal encontrou três projetos financiados pelo Feder em Portugal que “não tinham um efeito de incentivo e constatou que as regras nacionais não eram coerentes com as regras da UE no que se refere aos efeitos de incentivo”.

Em causa estavam projetos como o JNcQUOI, o restaurante de luxo de Paula Amorim, que ia ser financiado pelo Programa Operacional de Lisboa, e projetos hoteleiros financiados pelo Compete, apurou o ECO, que iniciaram os investimentos antes de as candidaturas serem aprovadas. Como os programas operacionais estavam em execução, foi possível substituir os 121 milhões de euros (100 milhões do Compete e 20 milhões do PO Lisboa). Uma regra basilar dos fundos é demonstrar que os projetos não se executariam sem os fundos e que todas as despesas, para serem elegíveis, têm de ter data posterior à aprovação da candidatura. O ECO questionou a AD&C e o TCE para saber quais as operações em causa, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

“Antes da auditoria do Tribunal de Contas Europeu, a Comissão assinalou várias operações afetadas pelo mesmo erro e solicitou à autoridade de gestão do programa em causa que as excluísse das contas”, recorda o relatório. Portugal alterou as regras nacionais “para assegurar a coerência com as regras da UE e evitar outras irregularidades no futuro”, mas, segundo o TCE, nem as autoridades nacionais nem a Comissão “tomaram medidas corretivas suficientes para eliminar estes erros ou para compensar o impacto potencial através de uma correção financeira das despesas já certificadas relativamente ao exercício contabilístico de 2016-2017”. Isto porque Portugal só reviu as operações que potencialmente apresentariam problemas idênticos nesses dois PO.

No ano seguinte (2019), o TCE voltou a detetar um problema idêntico, estando assim em causa cinco projetos. “Nessa altura, a Comissão solicitou às autoridades portuguesas que identificassem todas as operações afetadas nos dois exercícios contabilísticos seguintes e que efetuassem as correções necessárias para excluir as despesas irregulares das contas. As correções resultantes totalizaram mais de 174 milhões de euros”, recorda o relatório.

Assim, por causa destes problemas, Portugal ocupa o segundo lugar do pódio no número de erros detetados pelo TCE na utilização do dinheiro da Coesão de acordo com as regras nacionais e da UE – sendo o primeiro lugar ocupado por Espanha e o terceiro pela Alemanha. Quando a comparação é feita com base no número de irregularidades detetadas pelas autoridades nacionais, então Portugal desce para último lugar.

O problema não é apenas nacional. A análise plurianual do tribunal demonstra que “foram constantemente assinalados erros nas operações auditadas que não foram detetados ao nível dos Estados-membros”. Mas é entre os principais beneficiários da Política de Coesão que foram detetados os maiores níveis de erros. “Nove Estados-membros são responsáveis por 76% das despesas da política de coesão: Polónia, Itália, Espanha, Portugal, Hungria, República Checa, Roménia, Grécia e Alemanha e estes representam 91% do nível de erro estimado pelo TCE.”

Em geral, o TCE aponta três grandes causas das falhas:

  • fraca administração dos Estados-membros, que inclui más decisões e verificações pouco eficientes das autoridades de gestão;
  • negligência ou possível violação intencional das regras por parte dos beneficiários e
  • problemas relacionados com a interpretação destas normas.

“Para evitar que o orçamento da UE seja prejudicado”, a Comissão Europeia pode aplicar correções financeiras por “deficiências graves de controlo”. No entanto, “até à data, os erros não levaram a uma perda direta de fundos para os Estados-membros abrangidos”, critica o TCE. “Pelo contrário, estes foram autorizados a usar as verbas resultantes das correções para mais projetos”. Segundo o TCE, isto “não só reduz o efeito preventivo das correções como também não encoraja os Estados-membros a melhorarem os seus sistemas e, assim, evitarem falhas desde o início”.

O Tribunal de Cotas europeu considera que a Comissão e os Estados-membros “podem melhorar os seus controlos das despesas da coesão” e alerta que “o risco de ocorrerem erros continua a ser alto”. “A sobreposição entre as verbas dos orçamentos plurianuais, por um lado, e os fundos de recuperação da UE relacionados com a Covid-19, por outro, está a aumentar a pressão sobre alguns Estados-membros para garantirem que o dinheiro é gasto segundo as regras”, alerta ainda o tribunal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Grupo chinês BYD vai abrir fábrica de veículos elétricos na Turquia

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

O acordo prevê um investimento de mil milhões de dólares (cerca de 922 milhões de euros) para a abertura de uma fábrica com uma capacidade de produção de "150.000 veículos por ano".

A Turquia assinou esta segunda-feira um acordo com o construtor de veículos elétricos chinês BYD para a abertura de uma fábrica em território turco. O acordo foi assinado em Istambul pelo ministro da Indústria e Tecnologia turco, Fatih Kacir, na presença do Presidente da Turquia, Recep Tayip Erdogan, numa cerimónia que foi transmitida pelos ‘media’.

O acordo prevê um investimento de mil milhões de dólares (cerca de 922 milhões de euros) para a abertura de uma fábrica com uma capacidade de produção de “150.000 veículos por ano”, segundo o ministério. Erdogan recebeu previamente o Conselho de Administração do grupo BYD e o seu presidente, Wang Chuanfu, segundo fotos divulgadas pela presidência.

A localização da futura fábrica não foi indicada, mas deverá ficar na província de Manisa, na região ocidental do país. Para os observadores, a instalação de uma fábrica da BYD na Turquia vai permitir ao fabricante automóvel aceder ao mercado europeu contornando as taxas impostas na semana passada por Bruxelas aos veículos elétricos chineses.

A Comissão Europeia anunciou na quinta-feira que “impôs direitos de compensação provisórios sobre as importações” destes automóveis, nove meses depois do início de uma investigação aos subsídios estatais de veículos elétricos por parte da China. Os direitos compensatórios são um tipo de tributação cobrada sobre bens importados para compensar os subsídios concedidos aos produtores desses bens no país exportador.

Por outro lado, a união aduaneira celebrada pela Turquia com a União Europeia no final de 1995 abriu o mercado europeu aos automóveis produzidos na Turquia, facilitando a exportação de 70% da produção local para a Europa Ocidental.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Novo grupo europeu do Chega já é a terceira força no Parlamento Europeu. Tânger-Corrêa eleito vice-presidente

Hemiciclo em Estrasburgo volta a mudar de figura. Partido de Le Pen junta-se a Orbán e Conservadores de Meloni passam ao quarto maior partido. Tânger-Corrêa será vice-presidente do Patriotas da Europa

A ambição de Viktor Orbán concretizou-se: a nova família política de extrema-direita fundada pelo próprio será a terceira força política no Parlamento Europeu, na próxima legislatura, agora que conta com o apoio dos 30 eurodeputados eleitos pela União Nacional (Rassamblement Nacional), de Marine Le Pen. Jordan Bardella, que este domingo falhou as eleições para primeiro ministro de França, será o presidente deste novo grupo político. Já António Tânger-Corrêa, cabeça de lista pelo Chega às eleições europeias, foi eleito um dos quatro dos vice-presidentes do grupo, sabe o ECO.

A sessão constitutiva do partido decorreu esta segunda-feira, em Bruxelas. Em comunicado, citado pelo Politico, o novo líder francês considerou que os Patriotas da Europa “representam a esperança para as dezenas de milhões de cidadãos das nações europeias que valorizam a sua identidade, a sua soberania e a sua liberdade”, garantindo que irão trabalhar na próxima legislatura para “recuperar as nossas instituições e reorientar as políticas ao serviço das nossas nações e dos nossos povos”.

Segundo as regras europeias, para a formação de um novo grupo político são necessários, no mínimo, 23 eurodeputados que representem sete Estados-membros, mas o Patriotas da Europa superam por muito esse requisito. Ao todo, somam-se 84 eurodeputados de 12 Estados-membros. A maior fatia provém da extrema-direita francesa, com 30 eurodeputados, seguindo-lhe os 11 eurodeputados do partido Fidesz, de Viktor Orbán, que estavam, desde a legislatura anterior, sem família política depois de se terem desvinculado do Partido Popular Europeu (família do PSD e CDS).

De Itália, surgem os oito eurodeputados do Lega, partido de Matteo Salvini, enquanto da República Checa proveem sete representantes eleitos pela Aliança dos Cidadãos Descontentes (ANO) e dois pelo Přísaha and Motorists. Os seis eurodeputados do Partido da Liberdade da Áustria (FPO) também se juntam à nova família europeia, acompanhados da meia dúzia de representantes do espanhol Vox e outros seis do Partido pela Liberdade dos Países Baixos. Já o Vlaams Belang da Bélgica contribui para a formação deste novo grupo com três eurodeputados.

Portugal não fica de fora. Tal como o ECO noticiou, os dois eurodeputados eleitos pelo Chega trocaram de família europeia, passando também a integrar o Patriotas da Europa. As contribuições mais pequenas surgem do Partido Popular Dinamarquês, Latvia First, da Letónia, e Afroditi Latinopoulou, da Grécia, cada um com um eurodeputado.

Com 84 eurodeputados, os Patriotas da Europa tornam-se assim na terceira força política destronando o Conservadores e Reformistas europeus (ECR), liderado por Giorgia Meloni, que com a saída do Vox, viram a sua bancada a encolher para os 78 assentos. Em sentido contrário, o Identidade e Democracia, do qual integrava o partido de Marine Le Pen e o de André Ventura, deixa de existir por já não reunir as condições mínimas.

O hemiciclo em Estrasburgo volta assim a mudar de figura com um reforço em peso da direita e extrema-direita, mas até dia 16 de julho são esperadas mais novidades uma vez que ainda há cerca de 37 eurodeputados não inscritos (que poderão permanecer assim) e 43 recém-eleitos que não estão filiados em qualquer dos grupos políticos do Parlamento cessante.

O PPE continua a ser a maior bancada, ocupando 188 lugares no Parlamento Europeu e a segunda maior é da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), da família europeia do PS, que conta com 136 eurodeputados. Em terceiro surge agora o Patriotas da Europa, com 84 eurodeputados, e logo a seguir o ECR com 78. A uma curta distância, mantêm-se os liberais do Renovar Europa com 76 eurodeputados e os Verdes com uma bancada composta por 53 lugares. O grupo mais pequeno continua a ser o da Esquerda que nas últimas eleições elegeu 46 representantes.

As negociações para a formalização de novos grupos políticos ou para o recrutamento de novos eurodeputados vão decorrer entre 16 e 19 de julho, altura em que 720 eurodeputados eleitos tomarão posse na primeira sessão constitutiva, em Estrasburgo. Nessa sessão, será votado também o presidente e vice presidente do Parlamento Europeu, e ainda a nomeação de Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia. Para a aprovação da candidata alemã são precisos 361 votos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mercado publicitário global deve crescer 10% este ano e atingir 855 mil milhões de euros

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

No caso de Portugal, o mercado publicitário deverá crescer cerca de 10% este ano, estimando-se receitas na ordem dos 880 milhões de euros.

O mercado global publicitário deverá crescer 10% este ano, em termos homólogos, para 927 mil milhões de dólares (855 mil milhões de euros), de acordo com as conclusões do relatório de junho do grupo IPG Mediabrands, divulgadas esta segunda-feira.

O relatório é elaborado pela Magna, unidade de intelligence do grupo IPG Mediabrands que fornece dados e análises que apoiam as estratégias de investimento das equipas das agências e clientes, que garantem uma vantagem competitiva no mercado, segundo a empresa.

De acordo com as previsões da IPG Mediabrands, “o mercado global publicitário em 2024 deverá registar um aumento de 10% relativamente a 2023, e atingir cerca de 927 mil milhões de dólares, impulsionado pela estabilidade da economia e o seu desenvolvimento mais forte em mercados como a Espanha (14%), Índia e Reino Unido (ambos com 12%), França e EUA (ambos com 11%)”.

A Alemanha e a China “enfrentam um abrandamento económico com impacto no ritmo de crescimento publicitário mais lento (8%)”, estima. Nos EUA, o mercado publicitário deverá crescer “cerca de 10,7% este ano, para um máximo histórico de 374 mil milhões de dólares [345 mil milhões de euros]”.

Este aumento beneficia “desproporcionalmente os players digitais puros (+13,5%) para 263 mil milhões de dólares [242 mil milhões de euros], com as receitas de publicidade nos segmentos de search e trade a crescer 13%, e aumentos de 16% em social media e vídeos de curto formato para as redes sociais”.

O out-of-home (OOH) “continua a mostrar resultados orgânicos significativos de crescimento (+7%) para 35 mil milhões de dólares [32 mil milhões de dólares], impulsionado pelos outdoors digitais que representam quase 40% do investimento publicitário”.

Em termos globais, “os investimentos em publicidade foram mais fortes do que o esperado, relativamente ao previsto pela Magna no último relatório de dezembro, observando-se crescimento em todos os segmentos de media, incluindo os media tradicionais”.

Os eventos cíclicos de 2024 (UEFA, Jogos Olímpicos de Paris, Copa América, eleições gerais, entre outros acontecimentos) “vão proporcionar um crescimento adicional de 1,3% à economia global, impulsionando os investimentos publicitários”, conclui.

O mercado publicitário português deverá crescer cerca de 10% este ano, estimando-se receitas na ordem dos 880 milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Moedas insiste no aumento da taxa turística para investir em limpeza, cultura e espaços verdes de Lisboa

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

O autarca vincou que esta medida permite “baixar os impostos aos lisboetas”, lembrando que o turismo corresponde a quase 20% da economia da cidade e 25% do emprego.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, insistiu esta segunda-feira no aumento da taxa turística de dois para quatro euros, cujas receitas podem ser utilizadas para investir nas áreas da limpeza da cidade, cultura e espaços verdes.

“Se a cidade vir o valor do turismo, seja em melhor limpeza, melhores espaços, mas também mais cultura, então o turismo vale mesmo a pena, ele é visível”, defendeu o autarca na cerimónia de assinatura do contrato de concessão para criação do “Centro Interpretativo dos Murais de Almada nas Gares Marítimas”, entre a Administração do Porto de Lisboa (APL) e a Associação do Turismo de Lisboa (ATL).

Carlos Moedas voltou a defender a duplicação do valor da taxa cobrada aos turistas que visitam Lisboa, de dois para quatro euros por noite, que mereceu críticas da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), e deu como exemplo o novo polo cultural e turístico dos murais de Almada Negreiros nas gares marítimas, que recebeu cerca de 3,5 milhões de euros provenientes da taxa turística para a sua concretização.

“Quando eu digo que quero aumentar a taxa turística é exatamente para ter mais cultura, mais equipamentos de cultura, é para maior limpeza da cidade, é para ter espaços mais verdes”, insistiu o presidente da Câmara, em declarações aos jornalistas no final da cerimónia. Carlos Moedas vincou ainda que esta medida permite “baixar os impostos aos lisboetas”, lembrando que o turismo corresponde a quase 20% da economia da cidade e 25% do emprego e garantindo que a ideia “não é diminuir o turismo, mas apostar também em outras áreas”.

“Temos trabalhado com o Turismo de Lisboa para pensar novas centralidades, […], nós temos mais ou menos 35.000 turistas [diários] que entram na nossa cidade e esses 35.000 normalmente vão exatamente para os mesmos sítios, vão para as mesmas partes da cidade e aquilo que nós temos de conseguir é novas centralidades, como é o caso daquilo que estamos aqui a fazer”, apontou.

Já o diretor-geral da Associação de Turismo de Lisboa, Vítor Costa, considerou que o que mais preocupa o setor na capital é a utilização das verbas arrecadadas com a taxa turística. “Os turistas, quando vão a determinada cidade, também têm o seu peso, a sua interferência, e a nós o que nos preocupa no setor do turismo é que haja recursos para que os turistas tenham maior ligação com a cidade e que a qualidade da cidade seja melhorada com esses recursos também”, disse o responsável, considerando que “é bom para os turistas, mas é também, sobretudo, bom para os residentes”.

Relativamente aos receios manifestados por algumas entidades de que o aumento da taxa faça diminuir o número de turistas, Vítor Costa disse não partilhar desta visão e acredita que tal não vai acontecer. “Já tivemos experiência de quando a taxa foi introduzida, com um euro, quando ela passou para dois euros, e isso não teve nenhum impacto. Este movimento de requalificação, da maior qualidade do turismo em Lisboa tem-se verificado”, argumentou.

A cerimónia de hoje foi presidida pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, que, em declarações aos jornalistas fez um balanço de “100 dias de um Governo que veio para fazer e não para tricas partidárias”. “São os primeiros 100 dias de muitos outros que o Governo liderado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, terá para mostrar aos portugueses aquilo a que veio”, realçou o governante.

Já questionado sobre o concurso público internacional para a construção e gestão do primeiro troço da linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa, que recebeu duas candidaturas, Pinto Luz disse que “o Governo não tem de esperar muitas ou poucas candidaturas” e que o importante é “que se faça bem, em tempo e dentro dos orçamentos”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Setor do turismo recupera nível global pré-pandemia até final de 2024

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

A OCDE sublinha que as chegadas de turistas internacionais já excederam em 2023 os números de 2019. É o caso de Portugal, que com 19,4 milhões no ano passado recebeu mais 12,1%.

A atividade turística terá recuperado globalmente os níveis pré-pandemia até ao final do ano, segundo a OCDE, que num relatório insiste que devem ser procurados modelos mais sustentáveis em termos de impacto ambiental e de envolvimento de todos os afetados.

No relatório, publicado esta segunda-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sublinha que as chegadas de turistas internacionais já excederam em 2023 os números de 2019, o ano que precedeu a crise da pandemia, em alguns países, especialmente na Europa.

Em particular, isso ocorreu no Velho Continente em Portugal, que com 19,4 milhões no ano passado recebeu mais 12,1%, mas também em França (mais 7,8%), em Itália (4,4%) ou em Espanha (2%), mas igualmente fora da Europa na Colômbia (33,6%) ou em Marrocos (12,3%). De um modo geral, os principais destinos europeus beneficiaram em 2023 das viagens dentro da região, bem como da taxa de câmbio favorável do dólar em relação ao euro, o que favoreceu as visitas dos norte-americanos.

Na região da Ásia-Pacífico, a recuperação está a demorar mais tempo, em grande parte porque a reabertura das fronteiras ocorreu mais recentemente, especialmente na China. Isto explica porque é que em 2023 o volume de visitantes estrangeiros permaneceu muito abaixo do nível de 2019 na Austrália (-24,1%), no Japão (-21,4%) ou na Nova Zelândia (-24%).

As várias crises geopolíticas estão a afetar os fluxos turísticos e a economia do setor. Por exemplo, a invasão russa da Ucrânia deixou muito abaixo do volume pré-pandemia as chegadas de visitantes à Finlândia (-22,3% até ao final de 2023) e a outros países vizinhos da Rússia e da Ucrânia.

Do mesmo modo, os ataques terroristas do Hamas em solo israelita e o conflito em Gaza reduziram as chegadas a Israel em 33,9% no ano passado. Globalmente, o número de turistas internacionais em todo o mundo em 2022 foi ainda 33% inferior ao registado em 2019. Deve ter-se em conta que em 2020 tinha caído até 72%.

No conjunto da OCDE, enquanto em 2019 o setor do turismo representava 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB), 6,9% do emprego e gerava 20,4% das exportações de serviços, em 2020 a sua contribuição para a atividade caiu para 2,5% do PIB. Dois anos mais tarde, a quota tinha recuperado parcialmente para 3,9%, em média.

Os autores do estudo defendem que, a longo prazo, o turismo continuará a crescer e que isso cria “oportunidades significativas”, mas também coloca uma série de desafios que as políticas têm de enfrentar para o tornar mais sustentável e para que os seus benefícios sejam mais amplamente partilhados e ultrapassem os custos.

Tal implica a adaptação a um ambiente em crescente mutação, o envolvimento de todas as partes interessadas numa “visão comum”, a diversificação da oferta, a atração de novos mercados e segmentos para destinos emergentes e fora dos períodos de ponta.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vinho verde já pode ser vendido em garrafas de vidro de 5 litros

Esta alteração pretende valorizar a imagem e reputação da Denominação de Origem e criar valor à crescente procura deste vasilhame nos segmentos de mercado médios e altos.

Os vinhos com Denominação de Origem Vinho Verde já podem ser comercializados em grandes formatos, ou seja, em volumes nominais superiores a cinco litros, desde que isso seja em garrafas de vidro, de acordo com um aviso publicado esta segunda-feira em Diário da República.

“A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) autorizou a comercialização de garrafas de grande formato. Alguns produtores querem ter este tipo de garrafas devido à distribuição em restauração“, explica ao ECO/Local Online fonte oficial da CVRVV, acrescentando que “o estágio numa garrafa grande permite que [esses vinhos] fiquem guardados muitos anos”.

O aviso assinado pelo presidente do conselho diretivo do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), Bernardo Gouvêa, impõe ainda a eliminação das restrições relativas ao tipo de vasilhame – garrafa de vidro – e aos volumes nominais autorizados – até 75 centilitros ou múltiplos – previstas para os vinhos com DO “Vinho Verde” com indicação de sub-região, indicação de casta ou designativos de qualidade.

“Perdeu sentido o espírito subjacente à criação da norma, assente na associação de limitações do tipo e volume nominal do vasilhame à qualidade organolética superior dos vinhos com aquelas menções na rotulagem”, justifica no mesmo diploma.

Por outro lado, lê-se no aviso, “será expectável que das presentes alterações às especificações da DO “Vinho Verde” resulte a valorização da imagem e da reputação da DO, bem como a criação de valor pela resposta à crescente procura deste vasilhame nos segmentos médios e altos do mercado”.

No ano passado, as exportações de vinho verde aumentaram quase 11% em valor, para um total de 90 milhões de euros. Já em volume, ainda de acordo com dados oficiais, os produtores da região venderam 35 milhões de litros no estrangeiro, o que equivaleu a um crescimento de 8%.

Para beneficiar da Denominação de Origem Vinho Verde, os produtos vitivinícolas estão sujeitos a um “controlo rigoroso” de todas as fases do processo de produção, desde a vinha ao copo. As castas utilizadas, os métodos de vinificação e as características organoléticas são apenas alguns dos elementos cujo controlo permite a atribuição desta Denominação de Origem.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Diversificar e crescer em valor são desafios para o turismo do Norte do país

  • Conteúdo Patrocinado
  • 8 Julho 2024

O Norte tem tido um aumento constante do turismo, mas este crescimento tem trazido alguns desafios. Diferenciar a oferta e dispersar os turistas para outras zonas da região são possíveis soluções.

Tal como no resto do país, o turismo continua a crescer na região Norte e a reforçar o seu peso na economia local. De acordo com os dados do primeiro trimestre deste ano, a região melhorou em todos os indicadores de alojamento, face ao período homólogo de 2023, e também em volume de negócio, com um acréscimo global de receitas na casa dos 14,4%.

Apesar desta trajetória ascendente, que adivinha, para o ano em curso, um resultado superior às quase seis milhões de dormidas registadas em 2023, a região enfrenta vários desafios para continuar a desenvolver-se nesta área, de forma sustentada e com enfoque na diversificação da oferta de hotelaria e lazer.

A Associação Comercial do Porto – Câmara de Comércio e Indústria (ACP-CCIP), a mais antiga representante empresarial portuguesa e parceira da Associação de Turismo Porto e Norte, tem tomado parte neste debate e produzido vários contributos para qualificar o produto turístico da região. Entre eles, a defesa de uma conectividade aérea reforçada para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a autonomia orçamental das entidades regionais de turismo ou, mais recentemente, a posição pública sobre o combate à insegurança na cidade do Porto.

Nuno Botelho, presidente da ACP CCIP, reconhece que “o turismo teve um impacto transformador na cidade do Porto, na sua regeneração urbana e num novo dinamismo económico, que não existia há 15 anos”. Apesar do diagnóstico positivo, o dirigente identifica a necessidade de se “reformar a atividade”, investir na “diferenciação e na qualificação dos produtos e serviços” e perseguir o objetivo de “trazer maior valor acrescentado à economia” regional.

Um dos aspetos mais relevantes para Nuno Botelho é o alargamento dos voos intercontinentais no Aeroporto Francisco Sá Carneiro: “estamos já a crescer significativamente em mercados como a América do Norte e o Brasil, mas temos de continuar a apostar em destinos emissores não-europeus porque trazem ao Porto e ao Norte outro tipo de turistas, mais exigentes e com maior poder de compra, o que é fundamental para a nossa indústria hoteleira”, refere o presidente da ACP-CCIP. Na mesma linha, acrescenta a importância de dispersar a procura por outros destinos da região, contribuindo para reforçar a “coesão económica em todo o território”. “O Porto e o Alto Douro Vinhateiro já apresentam um nível de maturidade muito elevado no serviço turístico que oferecem, mas há outras zonas com grande potencial de crescimento, em áreas como o turismo de natureza, o de saúde e bem-estar, o gastronómico, o patrimonial ou o religioso”, enumera.

A mesma perspetiva é partilhada por Manuel Proença, presidente do grupo Hoti Hotéis e sócio da ACP-CCIP. Para o empresário, “a diversificação e alargamento da oferta” é um dos “maiores desafios da região do Porto”, impondo-se uma distribuição dos fluxos turísticos por novos pontos de atração. “Atualmente, o fluxo turístico está concentrado na baixa da cidade do Porto e na zona ribeirinha do Porto e de Vila Nova de Gaia, no entanto é crítico dinamizar outras áreas de Gaia, a zona oriental da cidade do Porto, Matosinhos, Maia, entre outras localizações”, considera o empresário, que aponta a necessidade de se evoluir para uma oferta “mais abrangente, qualificada e dispersa territorialmente”.

André Cordeiro Rodrigues, administrador da Rollertown, empresa que opera na área dos transportes turísticos, aponta para a necessidade de haver uma melhor gestão da mobilidade no Porto, designadamente “ao nível do acesso e desembarque nos diferentes pontos da cidade”, que, confessa, “tem sido um desafio nos últimos anos para continuar a apresentar um serviço de qualidade aos visitantes”. Olhando para o âmbito mais regional, o operador concorda com a ideia de “haver um maior número de ligações diretas aéreas” e desse reforço “contribuir para um melhor posicionamento do destino Porto e Norte”.

Falta de mão de obra: uma questão estrutural

Se há diagnóstico consensual entre os stakeholders do setor, ele é certamente a escassez de mão de obra em domínios como a hotelaria, a restauração ou as atividades de lazer. André Rodrigues recorda o “impacto do período de pandemia” nesta matéria e a necessidade que os operadores tiveram de promover um “recrutamento contínuo”, que respondesse ao crescimento da atividade. No quadro atual, o gestor defende a aposta na “capacitação dos novos colaboradores” e na “qualificação dos que já existem”, para garantir “novas dinâmicas de oferta” turística. Ainda assim, não deixa de apontar para a necessidade de haver políticas públicas capazes de “motivar estes esforços empresariais”, designadamente através de “apoios ao fundo de maneio” das empresas, que “muitas vezes são micro-negócios”.

Manuel Proença, por sua vez, sublinha a obrigatoriedade de os agentes económicos “redesenharem processos, procedimentos e apostarem na automatização de várias tarefas”. Uma transformação que, na opinião do empresário, visa “minimizar a utilização de mão-de-obra” humana, ainda que reconheça que esta é “crítica para a experiência” oferecida aos clientes. Já no plano político, o presidente do grupo Hóti aponta duas prioridades: “reforçar a rede das escolas de hotelaria e facilitar o acesso aos vistos de trabalho para trabalhadores da CPLP”.

Desde a geografia, ao clima, passando pela “natureza acolhedora” dos portugueses, o empresário reconhece as vantagens competitivas que o turismo do nosso país oferece, no contexto internacional. Mas a aposta para o futuro, na opinião de Manuel Proença, deve estar no valor acrescentado e não na quantidade, “uma vez que só com um turismo qualificado é que poderemos pagar mais e melhores salários”. André Rodrigues partilha a perspetiva da “diferenciação da oferta, com maior valor percecionado”, ainda que mantenha uma visão otimista quanto a possibilidades de crescimento no setor: “o turismo pode crescer mais em Portugal. O Porto e a região Norte, de uma forma particular, mantêm um grande potencial de desenvolvimento”.

Num olhar mais amplo sobre a atividade, o administrador da Rollertown identifica, como desafios fundamentais para o futuro, “um melhor planeamento de recursos”, a “definição de uma agenda para a sustentabilidade” e a adaptação à “transição digital”, um requisito que, na sua perspetiva, “afeta sobremaneira as microempresas”. Ao mesmo tempo, André Cordeiro Rodrigues advoga a criação de “grupos de trabalho”, que aproximem os agentes turísticos, as autarquias e outras instituições com responsabilidade neste setor, para “discutir regularmente as diferentes preocupações, limitações e oportunidades de melhoria”.

A estas propostas, Manuel Proença acrescenta a necessidade de “garantir os investimentos que reforcem as acessibilidades ao território”, com destaque para os aeroportos e a ligação de alta velocidade “a Madrid e à Galiza”; apostar no “planeamento e ordenamento do território” para que o setor cresça em sustentabilidade e valor; e melhorar o desempenho da justiça, considerando tratar-se de um “fator crítico para a credibilidade de Portugal junto dos investidores internacionais”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Volkswagen está a avaliar produção de carro elétrico na Autoeuropa

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

"Estamos, como é óbvio, bastante agradados com a possibilidade de a Autoeuropa estar em posição de poder receber mais um modelo para a produção e desta vez elétrico", diz a Comissão de Trabalhadores.

A administração do grupo Volkswagen garantiu à Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa que a fábrica de Palmela “está a ser considerada para receber um carro elétrico”, disse esta segunda-feira à Lusa o coordenador daquele órgão representativo dos trabalhadores.

Segundo Rogério Nogueira, a informação foi transmitida pela administração do grupo alemão durante as reuniões do Comité Mundial das Comissões de Trabalhadores da Volkswagen, realizadas nos dias 27 e 28 de junho, em Wolfsburg, na Alemanha, prevendo-se que a decisão final seja conhecida nos próximos meses.

De acordo com o representante dos trabalhadores, a revelação da administração da Volkswagen surgiu após a insistência da CT na reivindicação da atribuição de um novo modelo para a Autoeuropa, de forma a substituir o novo T-Roc a partir de 2028.

Estamos, como é óbvio, bastante agradados com a possibilidade de a Autoeuropa estar em posição de poder receber mais um modelo para a produção e desta vez elétrico“, disse o coordenador da CT da fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, no distrito de Setúbal.

“Como é do conhecimento de todos, está a ser feito um grande investimento para o futuro, para preparar a fábrica para estar em condições de produzir também carros elétricos. A Comissão de Trabalhadores continuará a fazer pressão ao seu nível para que essa possibilidade se torne uma certeza”, acrescentou Rogério Nogueira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Montenegro prefere “ir embora” a faltar aos compromissos com o povo

O primeiro-ministro aceita "dialogar" e admite "aproximar posições" com a oposição, mas recusa entrar em "jogos de sombras políticas" ou "andar a simular negociações", avistou.

Quase a completar 100 dias de governação, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, deixou esta segunda-feira um aviso ao PS e ao Chega, que têm viabilizado diplomas à revelia do programa do Executivo: “Podem pedir-me para aproximar posições, já temos dado muitos passos nesse domínio, não podem é pedir para fazermos o contrário daquilo que nos trouxe até aqui e daquilo em que acreditamos, porque, para isso, eu prefiro ir embora.”

Montenegro indicou que essa é mensagem que quer “passar à sociedade portuguesa e à sociedade política”, afirmou no enceramento da conferência Millennium Talks, que decorreu no pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa.

“Não vou andar com jogos de sombras políticas, não vou andar a simular negociações, se, antecipadamente, as partes tiverem já a sua decisão assumida. Francamente, digo isto com o peito aberto e com uma postura que não é de arrogância, é de quem tem a humildade de ter a obrigação de cumprir com os seus compromissos com o povo, em primeiro lugar, com o Presidente da República, em segundo lugar, e com a Assembleia da República, em terceiro”, reforçou.

Ainda assim, reconheceu que, “pela força e vicissitude do resultado eleitoral e da composição da Assembleia da República”, é preciso “negociar, dialogar”. Mas há uma linha vermelha: “Não aceito contrariar a minha palavra do ponto de vista dos principais compromissos eleitorais e não aceito deturpar os princípios pelos quais assumi, perante o Presidente da República e perante os deputados da Assembleia da República, a incumbência de executar o programa”. Ora, esse limite já foi pisado algumas vezes com a aprovação, por exemplo, dos projetos de lei do PS para a eliminação das portagens das ex-SCUT no Interior ou para a descida do IRS.

A descida dos impostos sobre as empresas e o trabalho, assim como o plano para saúde e educação, estão entre as principais medidas que o Governo quer implementar, sublinhou Montenegro. No âmbito do IRC, foi proposta uma redução da taxa média de 21% para 15% até 2027, à razão de dois pontos percentuais por ano.

“A política fiscal não é um instrumento de política financeira, mas, sobretudo, de política económica e social. Deve mexer-se num imposto para haver maior crescimento económico. Quando decidimos diminuir o IRC, quando fazemos isso, olhamos para o efeito económico e social das medidas, não estamos a pensar na receita fiscal”, defendeu.

Montenegro ressalvou que não é “irresponsável” e reconheceu que “há objetivos de arrecadação de receita que têm de ser cumpridos”. “Mas o país quer ou não arriscar? Quer ficar na mesma, fazer o que sempre foi feito nos últimos anos? Se quer fazer isso tem de escolher outro Governo, porque este foi escolhido para fazer coisa diferente”, rematou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dos salários às pensões, passando pelos impostos. O que prevê o programa económico da esquerda francesa?

Vencedora inesperada das eleições francesas, Nova Frente Popular tem programa económico que custa à volta de 125 mil milhões de euros. Dos salários às pensões, o que propõe a coligação de esquerda?

A coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) conseguiu uma surpreendente vitória nas eleições francesas deste domingo, conquistando 182 dos 577 lugares da Assembleia Nacional e derrotando a extrema-direita. Mas, sem uma maioria absoluta, será muito difícil de pôr em prática o seu programa económico para o país, com França a arriscar tempos de ingovernabilidade.

O que prevê o programa macroeconómico da Nova Frente Popular? A ideia dos seus líderes passa por “colocar o Estado no centro da economia”, tendo como foco reforçar o apoio aos cidadãos com menores rendimentos, reduzir a idade da reforma e agravar significativamente os impostos junto dos mais ricos para compensar o aumento da despesa.

Trabalho

  • Aumentar o salário mínimo para 1.600 euros líquidos (cerca de 1.400 euros líquidos atualmente);
  • Indexar os salários à inflação;
  • Aumentar em 10% o indexante para os funcionários públicos.

Pensões

Empresas

  • Condicionar o apoio às empresas que não respeitem os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG);
  • Tornar os trabalhadores “verdadeiros atores da vida económica”, dando-lhes pelo menos um terço dos lugares nos Conselhos de Administração das empresas;
  • Regulamentar o setor bancário e financeiro “para evitar novas crises”;
  • Criação de vários mecanismos de ajuda às PME e às microempresas: adiantamentos a 0% durante 1 ou 2 anos, pelo setor bancário público, para empresas em dificuldades financeiras;
  • Criação de um fundo de solidariedade para o desenvolvimento das PME;
  • Criação de um regime de crédito bonificado para as PME e microempresas que pretendam fazer investimentos estratégicos (financiamento a 0% ou mesmo a taxas de juro negativas para quanto mais útil for o investimento do ponto de vista social e ambiental).

Poder de compra

  • Congelar dos preços dos alimentos de primeira necessidade, energia e dos combustíveis;
  • Anular a taxa de 10% sobre as faturas de energia e do aumento do preço do gás a partir de 1 de julho.

Impostos

  • Introduzir um 14.º escalação de imposto sobre o rendimento;
  • Criar uma sobretaxa sobre os salários mais elevados;
  • Tributar os dividendos, distribuição de lucros, poupança salarial, compra de ações e horas extraordinárias;
  • Reintroduzir o imposto sobre o património com uma dimensão climática;
  • Abolir o flat tax e reinstituir o exit tax (um imposto para os que deixam de ser residentes em França);
  • Reformar o imposto sobre as heranças tornando-o mais progressivo, visando os ativos mais elevados e introduzindo um limite de herança máxima;
  • Introduzir um imposto quilométrico sobre os produtos importados;
  • Eliminação de nichos fiscais “ineficazes, injustos e poluentes”.

Educação

  • Dar os primeiros passos para uma escolaridade totalmente gratuita (transportes, cantina, material e atividades extracurriculares).

Indústria

  • Reindustrializar França no sentido de acabar com a dependência do país e da Europa em setores estratégicos (energias renováveis, semicondutores, medicamentos, tecnologias de ponta, automóveis elétricos).

Imigração

  • Revogar as leis de asilo e imigração de Macron;
  • Facilitar o acesso aos vistos, regularizar o estatuto dos trabalhadores, dos estudantes, pais de crianças em idade escolar e introduzir uma autorização de residência de dez anos;
  • Rever o Pacto Europeu de Asilo e Imigração para “garantir que os migrantes sejam migrantes”.

A NFP reúne mulheres e homens de organizações políticas, sindicais, comunitárias e cívicas que estão unidos na construção de um programa para romper com as políticas de Emmanuel Macron, respondendo a questões sociais, ecológicas, democráticas e de paz urgentes.

Programa eleitoral Nova Frente Popular

Défice excessivo agrava preocupações

Apesar da vitória nas eleições, existem dúvidas quanto à capacidade da coligação de esquerda vir a implementar estas medidas. “Sem uma maioria absoluta, e dada a radicalidade do seu programa socioeconómico, o NFP não conseguirá aprovar uma única lei, a não ser que recorra ao instrumento (artigo 49.º, n.º 3, para forçar a legislação) que o próprio tanto criticou durante a anterior legislatura”, lê-se numa nota do ING divulgada esta segunda-feira.

O banco neerlandês continua a análise afirmando que a atual retórica da esquerda “poderá reacender alguma volatilidade nos mercados”, mas deixa sublinhado que “não será possível este programa ser implementado na sua totalidade, uma vez que não encontrará outro apoio no parlamento“.

Certo é que o programa económico da coligação tem feito soar os alarmes entre os partidos da oposição, o tecido empresarial e os mercados por poder representar uma ameaça às contas publicas. Pressionada a quantificar o seu programa económico, a Nova Frente Popular estima que as medidas tenham um custo que ascenderá a 25 mil milhões de euros este ano e a 100 mil milhões no próximo. No entanto promete que o programa não será financiado por “um aumento dos défices”.

Além disso, estas propostas, onde se inclui a indexação dos salários à inflação, a revisão dos escalões do imposto sobre o rendimento e a revogação da reforma das pensões, surgem numa altura em que a França está a ser alvo de um processo da Comissão Europeia por ter um défice excessivo. O défice francês atingiu 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, enquanto a dívida pública do país se fixou em 110,6% do PIB.

Caso não reduza o seu défice orçamental até ao limite de 3% e o rácio da dívida pública para menos de 60% do PIB, mediante o cumprimento de ajustamentos anuais que terá de negociar com o Executivo comunitário, Paris arrisca-se a ter de pagar uma multa de 0,1% do PIB, o que equivale a cerca de 2,5 mil milhões de euros.

Reviravolta deixa França à beira da ingovernabilidade

O resultado das eleições do passado domingo foi uma surpresa, na medida em que se esperava uma vitória da extrema-direita. A Nova Frente Popular conquistou 26% dos votos, enquanto o bloco do Presidente Emmanuel Macron, a Renascença liberal, ficou em segundo lugar, com 24%.

A maior surpresa foi a queda do Reagrupamento Nacional (RN, de extrema-direita) de Marine Le Pen, que, na primeira volta, esteve em vias de ganhar as eleições com uma maioria absoluta, mas, na segunda ronda, caiu para a terceira posição, ainda que tenha tido mais votos do que os seus adversários (37%).

Resumindo, nenhum dos partidos conseguiu a maioria absoluta. E se, por um lado, o resultado permitiu que parte do país (e da Europa) respirasse de alívio, devido aos receios em relação a um governo de extrema-direita, levantou outras preocupações quanto a uma possível ingovernabilidade.

Afinal de contas, a coligação de esquerda é composta pelos socialistas, ecologistas e a extrema-esquerda, e embora o Emmanuel Macron ainda não se tenha pronunciado sobre o resultado eleitoral, os liberais já rejeitaram a ideia de a esquerda chegar ao Governo sob o argumento de não haver nenhuma maioria no parlamento.

A resistência à esquerda também se refletiu na vontade do primeiro-ministro, Gabriel Attal, apresentar a demissão, que não foi, “por enquanto”, aceite pelo Presidente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Saiba quem são as melhores firmas de advogados em 2024

  • Conteúdo Patrocinado
  • 8 Julho 2024

A Leaders League divulga o ranking que dá a conhecer, numa parceria ECO/Advocatus, os melhores escritórios de advogados de 2024, em cinco áreas distintas. Conheça-os aqui.

Numa parceria com o ECO/Advocatus, a Leaders League divulga o novo ranking que mostra quem são as melhores firmas de advogados em 2024.

Os escritórios foram distinguidos em cinco áreas distintas, nomeadamente Data Protection & Cybersecurity, Trademark Prosecution, Telecoms, Technology, Patent Prosecution, IP Litigation.

Os resultados dos rankings do diretório internacional baseiam-se nos questionários aos clientes, entidades externas e aos respetivos pares – advogados – de cada jurisdição.

Conheça, aqui, os resultados:

Ranking Leaders League: melhores firmas de advogados 2024

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.