Em entrevista ao ECO, presidente da Anivec, concorda com solução encontrada pelo Governo para a TAP, mas refere que a companhia tem de servir o país. Já o Estado tem a obrigação de ser transparente.
O presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (Anivec), César Araújo, concorda com a injeção de 1,2 mil milhões de euros do Estado para salvar a TAP, mas reforça que o Governo tem a obrigação de ser “transparente” e “a companhia tem de servir o país” e produzir riqueza para o mesmo.
“O custo de salvar a TAP é maior que o investimento do Estado para salvar a economia portuguesa. Se a população vai investir na TAP, a companhia aérea tem de servir o país e o Estado tem a obrigação de ser transparente”, refere César Araújo, em entrevista ao ECO.
O Estado em apenas uma semana reforçou a posição na TAP para 72,5% pelo montante de 55 milhões de euros e ficou com 71,73% do capital da Efacec, participação detida pela empresária angolana Isabel dos Santos. O presidente da Anivec, concorda com as opções, mas destaca que o “Estado tem a obrigação de transparência” e destaca a necessidade de “tornar públicos todos os movimentos” em ambas as empresas.
Estado ficou com 71,73% do capital da Efacec. Como vê esta nacionalização?
O problema da Efacec é muito complexo. É preciso muita transparência quer na Efacec, quer na TAP. É preciso tornar público quais são os movimentos e o que vai acontecer à empresa. A Efacec é uma empresa que Portugal deve ter, todavia esta privatização esteve mais relacionada com o acionista e não com problemas financeiros, ao contrário da TAP.
O primeiro cheque de 250 milhões de euros já chegou à TAP. Concorda com esta injeção?
A Lufthansa também foi salva pelo Governo alemão e todos tínhamos a consciência que a TAP também tinha de ser salva. Portugal tem todas as condições de ser a Suíça do Sul, mas o Governo ao injetar 1.200 milhões de euros na TAP, tem como maior obrigação ser transparente, porque ao não existir essa transparência vai criar um sentimento de insegurança, desconfiança e dúvida entre os cidadãos. Se queremos ser um país moderno e inovador temos de partir dessa base: criar confiança e transparência nos negócios onde o Estado está envolvido.
Salvar a TAP é o custo de salvar toda a economia, por isso tem de existir uma relação de transparência.
Não nos podemos esquecer que o custo da TAP é maior que o investimento do Estado para salvar a economia portuguesa. Se a população vai investir na TAP, a companhia área tem que servir o país e servir os dois aeroportos nacionais. O segredo das companhias aéreas é ocupação, aviões cheios. A TAP devia voar de Lisboa ou do Porto para qualquer destino, mas devia fazer uma aterragem numa dessas cidades. Esta paragem técnica era uma forma de rentabilizar o país. O Norte sente-se muito magoado porque vamos ter muita dificuldade em ter ligações do Aeroporto Sá Carneiro a outros destinos. Esta seria uma solução provisória até que o setor arranque, algo que vai demorar pelo menos dois anos a acontecer.
Os corredores aéreos são um desafio para a economia?
Isto devia ser uma tomada de posições na Europa, não devíamos abrir a países estrangeiros fora da comunidade europeia enquanto não forem abertas todas as fronteiras dentro da Europa. O facto de o Reino Unido deixar Portugal de fora está a pôr em causa o crescimento do turismo em Portugal e esta timidez e este distanciamento social está a obrigar-nos a um arranque muito tímido. Portugal está a ser afetado e isso vai ter um grande impacto na nossa economia, mas também podemos beneficiar destas restrições, uma vez que vamos correr menos riscos de contaminação.
Até que ponto estas restrições aéreas são um desafio para o setor?
Somos um dos setores portugueses mais exportadores. O problema é que esses países para onde exportamos estão confinados e precisamos, neste momento, que abram a porta a Portugal para podermos arrancar. Para não falar que muitos dos nossos clientes estão com dificuldades e vão entrar em insolvência e tudo isto vai ter um grande impacto na nossa indústria. Estamos, neste momento, com as fábricas em ponto morto para quando começar a retoma estarmos totalmente preparados.
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“TAP tinha de ser salva, mas tem de servir o país”, diz César Araújo
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