Vestidos a rigor e cheios de entusiasmo, são milhares os que rumam ao Passeio Marítimo de Algés. Há quem gaste centenas de euros com a paixão pelo mundo da fantasia.
“Todos nós já fomos cowboys e super-heróis”. É assim que Paulo Rocha Cardoso, diretor-geral da Comic Con Portugal, explica o sucesso do evento que desde há alguns anos tem conquistado milhares de portugueses. “Todos crescemos com influências da banda desenhada”, o que justifica o entusiasmo de muitos fãs da cultura pop que aproveitam o evento para demonstrarem a paixão pelas mais variadas personagens. Uma paixão que pode sair cara.
São muitos aqueles que se vestem a rigor para a ocasião, envergando fatos inspirados nos seus heróis favoritos, que chegam a custar algumas centenas de euros. Há outros, mais discretos, que aproveitam para visitar o Geek Market, a área do evento dedicada a colecionadores, saltando de stand em stand em busca daquela peça que faz falta na estante, mas obriga, muitas vezes, a partir o mealheiro.
Para os amantes de gaming, que também têm uma zona a eles dedicada, podem experimentar em primeira mão os videojogos que a indústria se prepara para lançar. Aqueles que querem ver os seus heróis de cinema em carne e osso, podem dirigem-se ao Gold Theatre. Existem talks e sessões de autógrafos, que transportam os ídolos do ecrã para a realidade.
Independentemente do que leva alguém até à ComicCon, “existirá sempre um conteúdo com que se vai identificar” no Passeio Marítimo de Algés, o palco de um mundo de fantasia durante quatro dias.
Na área de Geek Market, há milhares de peças relacionadas com o mundo pop. É lá que os colecionadores vão, uns à procura de exclusivos e peças raras, outros em busca de itens mais em conta. Há t-shirts, livros, figuras, jogos, acessórios e toda uma infinidade de objetos relacionados com séries, filmes e super-heróis.
Humberto Marques está na Comic Con a representar a sua loja, a Hyper Toys. Costuma comparecer todos os anos para “tentar despertar o bichinho de pessoas que querem começar a colecionar, porque tanto se pode colecionar peças de valores elevados, como peças de 20 euros”. O que são valores elevados? A peça mais cara que tem no stand é uma estátua que custa 1.600 euros. “Hoje vendi uma peça que custa 1.400 euros, mas não é o mais caro que tenho. Na loja tenho uma estátua em tamanho real que custa cerca de 16 mil euros”, contou.
Há interessados em peças que valem milhares? Há. Humberto contou ao ECO que tem clientes interessados em modelos de todos os preços, que olham para a coleção como um investimento. “Tenho clientes com coleções tão grandes que podiam para abrir lojas”, confessou.
“A roupa que trago custou 150 euros, mas num dos dias [do evento] vou trazer um fato que custou 500”, diz Catarina Gaita ao ECO. A jovem vestida de Lux Star, presença assídua na Comic Con, dedica os tempos livres ao cosplay. E o que é o cosplay? Uma abreviação de costume play, em que um fã de um super-herói veste (literalmente) a personagem, com fatos e acessórios pensados ao detalhe.
Micael Florêncio gastou 450 euros na roupa para levar ao primeiro dia do evento. Alguns fatos são feitos à mão, mas no caso de Micael, mandou fazer. Há quem use o AliExpress para encontrar roupas e ornamentos para o efeito. Mas há quem não considere a despesa importante quando se trata de uma paixão. É o caso de André Ramos. Foi vestido de Capitão América, a icónica personagem da Marvel, e não quis revelar quanto custou o fato. “Faço isto por amor à personagem, independentemente dos números”, confessou.
A Comic Con existe em Portugal desde 2014. “Na primeira edição esperávamos ter 20 mil visitantes, e em cinco anos atingir os 100 mil”, diz Paulo Rocha Cardoso. Não foi bem assim que a história se passou. No primeiro ano, o evento contou com a visita de 33 mil pessoas, e passados cinco anos já tinha ultrapassado a meta a que se tinha proposto.
Quantas visitas esperam este ano? “Mais uma do que no ano passado”. O diretor da Comic Con Portugal refere que o evento “não se pauta por números” mas sim pela qualidade de experiências que fornece ao público. “Queremos que as pessoas venham divertir-se e que tragam sempre mais uma pessoa com elas. Só assim há melhoria contínua e um crescimento do evento”, confessou.
O investimento necessário para fazer uma Comic Con em Portugal “é imensurável”. Em cada ano há uma maior aposta no programa, e mais parceiros a chegar. É o caso da HBO, Netflix e NOS Studios, que marcam presença no evento pela primeira vez em 2019.
Este ano também há maior volume de visitantes vindos dos mais variados pontos do país, bem como de países vizinhos. Para os fãs a distância não é um problema. Assim o dizem Ágata Rodrigues e Diogo Pereira, que vieram do Porto. Já eram visitantes do evento no norte e quando mudou de localização para Oeiras, não quiseram deixar de aparecer. “Tenho pena que já não seja em Matosinhos, mas não vou deixar de vir à Comic Con por causa da distância. Divirto-me sempre muito aqui”, contou Ágata Rodrigues.
O evento nasceu na zona norte do país e ganhou força nas edições que aconteceram na Exponor, em Matosinhos. Contudo, em 2018, foi de malas e bagagens para se instalar em Oeiras, no Passeio Marítimo de Algés. A mudança de local não é um assunto para o diretor. “A Comic Con Portugal não tem barreiras. Não faz diferença estar no norte, centro ou sul. O nosso nome é Comic Con Portugal. Isso é o que faz o evento ser o que é”, afirmou Paulo Rocha Cardoso.
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Comic Con. Há quem gaste centenas de euros por uma paixão
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