Distinguidos pelo Banco de Portugal como os melhores alunos da licenciatura em economia, os recém-licenciados já estão a preparar o próximo passo: a entrada no mercado de trabalho.
“Mudança”, “ciência”, “escolhas”, “desenvolvimento”, “otimização” e “futuro”. Assim definem economia, numa só palavra, os melhores alunos de 2017/2018, das várias faculdades de Portugal. Entre eles estão as preocupações comuns de um jovem recém-licenciado, relativas ao mercado de trabalho que os espera. Do Banco de Portugal (BdP), por sua vez, ouviram os conselhos do governador: “Cuidar da caixa de ferramentas que agora possuem e desenvolvê-la”.
Todos com objetivos e preferências traçadas, nenhum deles foi ao engano quando escolheu começar a licenciatura em Economia. Passados três anos, chega agora o momento de celebrar o título e, claro, o mérito daqueles que foram distinguidos pelo Banco de Portugal com o Prémio Professor Jacinto Nunes que, nas palavras do governador da instituição, Carlos Costa, reconhece “o mérito dos alunos que se destacaram no estudo de uma área que é fundamental para o desenvolvimento do país”.
Entre uma mistura de nervos e felicidade, todos admitem que a sua geração é, de certo modo, disruptiva. Talvez por isso esperem, não só de um bom nível salarial, mas “sobretudo de oportunidades de progressão na carreira e desafios permanentes, de ter um papel ativo na organização onde trabalham e de ver uma preocupação crescente em termos ecológicos e sociais”, explica Daniel Marques, um dos alunos premiados, que abriu a sessão de perguntas ao governador.
Daniel quer saber como podem as empresas portuguesas reter os talentos da sua geração. E Carlos Costa responde. “Precisamos de ter organizações ágeis, que sejam capazes de integrar os novos licenciados e os novos talentos, mas que não façam deles apenas elementos decorativos da organização”, disse.
Contudo, confessa que essa integração pode, por vezes, não ser fácil. “Quanto mais arcaica é a organização, maior o risco de rutura”, uma vez que a nova geração traz uma “bagagem” disruptiva. A chave estará em deixar de lado a atitude defensiva e em “adotar uma atitude de integração, aceitação e aproveitamento”.
Joana Figueira, outra das premiadas, prefere focar-se na política de recursos humanos do Banco de Portugal, talvez uma possível candidata à instituição, quem sabe. Depois de uma licenciatura em Música, Joana vê-se, no futuro, a trocar as pautas pelos números e a enfrentar aquele que considera o maior desafio da sua geração.
“Os economistas recorrem muito a modelos matemáticos, que não podem ser completamente aplicados à realidade. Um dos nossos desafios é contrariar isso mesmo”, considera.
Matilde Dias concorda e espera que a sua geração tenha a capacidade de definir linhas orientadoras para a economia portuguesa, rumo a uma economia mais estável e que se ligue às pessoas. “A economia tem de ser muito presente na vida das pessoas”.
“Somos a geração da crise”
Recordando a grande crise financeira pela qual o país passou há poucos anos, José Máximo diz que foi nesse momento, em que tinha pouco mais de dez anos, que decidiu enveredar pela economia. “Nós somos a geração da crise e isso caracteriza-nos muito. Aliás, foi por isso que fui para economia. Considero que essa dor pela qual passámos dá-nos, agora, outra capacidade de adaptação e de visão para a economia e para a sociedade”, explica.
E além da geração da crise, são os millennials, a geração da tecnologia, que não quer empregos para a vida e é considerada por muitos a melhor preparada para enfrentar o mercado de trabalho. No meio de tudo isto, gerir as expectativas pode tornar-se complicado.
Carlos Costa quis deixar alguns conselhos a estes jovens, que podem ser os futuros grandes empresários, governadores ou dirigentes do país. “Têm de continuar a estudar, fazendo-o em função daquilo que vai ser a vossa carreira profissional”, diz.
Metaforicamente, Carlos Costa explica-lhes, como se de economia se tratasse: “Vocês têm na mão um ativo muito importante, têm de o fazer valer”. “Obtiveram um resultado de um grande investimento. Agora cuidem dessa caixa de ferramentas, desenvolvam-na e insiram-se num meio que a favoreça”, acrescentou.
Desistir ou emigrar seria “uma perda de investimento”, disse. Um investimento que é feito a três partes: família, Estado e o próprio aluno. “A família e o Estado deram-vos a caixa de ferramenta e agora tem de usá-la bem. Não a deixem enferrujar”, alertou o governador do Banco de Portugal.
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Para os melhores alunos do país, economia é “mudança”, “otimização” e “escolhas”
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