É a partir de Entrecampos, em Lisboa, que centenas de portugueses desenvolvem as aplicações da plataforma de streaming Peacock. Soma já 42 milhões de assinantes nos EUA, concorrendo com a Netflix.
O Peacock é pouco conhecido em Portugal, mas é um dos rivais da Netflix no grande mercado dos EUA. Lançado há pouco menos de um ano, somava já 42 milhões de assinantes norte-americanos em abril de 2021.
Se são poucos os portugueses que conhecem o Peacock, menos serão os que sabem que o desenvolvimento da plataforma também passa por Lisboa. É na capital portuguesa que dois terços dos 340 trabalhadores da Sky em Portugal constroem não só o sistema de pesquisa do Peacock como todo o front-end das aplicações usadas pelos clientes.
António Vieira, diretor do centro de tecnologia da Sky em Portugal, explica ao ECO que a equipa portuguesa está a trabalhar neste projeto desde o início, em fevereiro de 2019. Não sendo o Peacock detido pela Sky, a ligação entre as duas marcas explica-se com o facto de partilharem o mesmo acionista principal, a gigante Comcast.
A diversidade da Sky reflete-se no projeto. De acordo com o responsável, a empresa conta em Portugal com trabalhadores de “11 nacionalidades diferentes”. “Naturalmente, a que tem maior representatividade é a nacionalidade portuguesa, à qual se seguem a brasileira, cabo-verdiana, francesa e italiana.” Para além de Lisboa e dos EUA, o desenvolvimento do Peacock também passa pelo Reino Unido, onde se localiza a sede da Sky.
“As equipas em Portugal desenvolvem alguns dos serviços de back-end utilizados pela plataforma de streaming do Peacock. Como exemplo disto, posso referir os serviços de Content & Discovery, que, muito resumidamente, permitem aos clientes encontrar os seus conteúdos favoritos quando utilizam a funcionalidade de pesquisa”, explica António Vieira.
Mas é também em Lisboa que se desenvolve todo o rosto do Peacock: “O nosso foco principal no desenvolvimento deste produto é o front-end. Isto é, desenvolvemos a partir da Sky Portugal todas as aplicações que são utilizadas diretamente pelos clientes do Peacock para aceder ao serviço de streaming, seja através de dispositivos móveis, computadores ou televisores”, acrescenta o diretor do centro.
Desenvolvemos a partir da Sky Portugal todas as aplicações que são utilizadas diretamente pelos clientes do Peacock para aceder ao serviço de streaming.
Sky em teletrabalho. E a recrutar
Como aconteceu com a generalidade das empresas de tecnologia, a Sky também está em teletrabalho por causa da Covid-19. E, para já, a ideia é assim continuar.
“Inicialmente, a preocupação principal foi proteger as nossas pessoas da propagação do vírus através da adoção imediata do regime de teletrabalho para todos. Foi também uma das nossas prioridades garantir que todos tinham o material adequado para trabalhar a partir de casa, e até hoje tem sido uma área que apoiamos, pois é um fator decisivo para o bem-estar dos nossos colaboradores neste contexto”, assume António Vieira.
Considerando que a adaptação da equipa à nova realidade “foi fantástica”, o diretor recorda que o Peacock nasceu em pleno pico da pandemia, com o pré-lançamento a ter lugar a 15 de abril de 2020 e o lançamento final a 15 de julho de 2020. “Destaco a flexibilidade e, acima de tudo, a resiliência de todos ao enfrentar momentos de tanta incerteza e, mesmo assim, mantivemos o lançamento deste produto na data prevista”, aponta.
Esperando-se que o pior da pandemia já tenha passado, o polo da Sky em Portugal quer agora continuar a crescer. A empresa britânica está à procura de profissionais, num contexto de escassa mão-de-obra disponível, apesar do desemprego elevado. Há quatro dezenas de vagas por preencher neste momento.
“Estamos sempre à procura de pessoas talentosas para integrar na nossa equipa e que, acima de tudo, partilhem a mesma busca pela excelência que nos une a todos na Sky. A resposta mais longa é que temos atualmente acima de 40 vagas para preencher, ainda durante este ano, e as áreas não poderiam ser mais variadas e desafiantes: back-end, SRE, front-end, mobile, QA, entre inúmeras outras”, conta o responsável.
Como fator de atração, António Vieira explica que são vagas destinadas “a todos os que pretendem participar ativamente na construção do futuro da televisão e streaming, numa escala impactante, chegando a milhões de clientes”. O objetivo é que o centro empregue 380 pessoas até ao fim do ano.
Em plena “guerra” do streaming, o Peacock ainda tem muito que crescer para alcançar uma base de clientes como a da Netflix. No final do primeiro trimestre, a empresa tinha 74,38 milhões de assinantes nos EUA, número que passa a 207,64 milhões tendo em conta todos os mercados em que a plataforma opera.
Além disso, com o desconfinamento a ganhar força no mercado norte-americano, o Peacock dificilmente poderá contar com taxas de crescimento elevadas como as registadas em 2020. Reabertura também significa que há cada vez mais gente na rua, e cada vez menos pessoas sentadas em sofás, coladas ao ecrã da televisão.
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