Nunca desperdice uma boa crise
Para tirar partido do poder do tempo e assim ultrapassar a crise do presente e a austeridade do futuro, é crucial colocar em prática um plano de poupança e de investimento de longo prazo.
O tempo é o maior aliado dos investidores. Ele tem a capacidade extraordinária de diluir o risco e, ao mesmo tempo, capitalizar os ganhos à medida que os anos vão passando.
Mas para tirar partido do poder do tempo e assim ultrapassar a crise do presente e a austeridade do futuro, é crucial colocar em prática um plano de poupança e de investimento de longo prazo. Só desta maneira os investidores conseguirão amenizar o impacto das perdas momentâneas dos mercados e capitalizar os ganhos gerados ao longo dos anos.
E neste ponto, as ações ganham lugar de destaque: segundo um estudo realizado por Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton, da London Business School, ao desempenho de 32 bolsas mundiais durante 121 anos, entre as quais a bolsa portuguesa, as ações tendem a apresentar uma rendibilidade média anual de 5,3% acima da inflação. Mais nenhum ativo foi capaz de se aproximar destes números.
Uma das coisas que a última crise revelou foi que nada está verdadeiramente garantido no que se refere aos investimentos financeiros. Hoje, esse princípio continua bem presente. É certo que todo o cuidado é pouco, mas viver com medo e esperar que o mercado caía sempre mais um pouco para depois então investir neste ou naquela empresa, dificilmente se repercute em bons resultados.
Não há bolas de cristal capazes de prever o futuro. Ninguém sabe o que vai acontecer aos mercados amanhã, na próxima semana ou no próximo mês. Quem lhe disser o contrário está a mentir. Então, qual é a estratégia mais adequada?
Ken Fisher, num vídeo publicado recentemente no seu canal de YouTube, explica porque devemos estar otimistas. O reconhecido investidor diz que vivemos um período de grande pessimismo em que diariamente somos assoberbados de medos em relação a uma série de eventos, como seja o eclodir de uma guerra nuclear ou o receio de uma recessão mundial.
Porém, Fisher defende que grande parte destes medos só será alguma fez concretizado mediante a ocorrência de uma série de outros fatores que não estão obrigatoriamente ligados entre si. E isso faz com que, segundo Fisher, muitos desses medos estejam a ser extremamente sobrevalorizados e a gerar ótimas oportunidades de negócio para quem estiver a investir para o longo prazo.
Parece que estamos a ser perseguidos por um enxame de abelhas, que apesar de não nos ferrarem assustam-nos porque são milhares de abelhas que voam sobre nós. Isso cria medo e gera ainda mais medos que, na sua maioria, não são reais.
Se todos nós soubéssemos qual o momento ideal para comprar e o momento perfeito para vender ações estaríamos todos ricos e não haveria qualquer ponto de interesse para se discutir estratégias de investimento. Porém, a realidade é bem diferente.
São poucas as pessoas que, consistentemente, conseguem atingir a maximização das suas operações ao comprar no ponto mínimo e vender no ponto máximo. Isso não existe (ou pelo menos é tão raro quanto acertar na chave do Euromilhões).
Ninguém gosta de ver as suas poupanças decrescerem dia para o dia. Todavia, antes de tomar qualquer decisão a quente e mais tarde arrepender-se, sugiro-lhe a leitura de “5 regras para investir em tempo de crise”. Não colocar os ovos no mesmo cesto é só uma das regras que o vão ajudar a fintar os períodos mais conturbados dos mercados, como aquele que se vive atualmente nas bolsas.
Texto adaptado da terceira edição do Portefólio Perfeito, a newsletter de finanças pessoais do ECO. Convido-o a subscrever o Portefólio Perfeito e a escrever-me (luis.leitao@eco.pt) sobre questões relacionadas com impostos, produtos bancários, investimentos ou qualquer outro tema relacionado com as suas finanças. Procurarei sempre dar-lhe uma resposta que possa contribuir para fortalecer as suas finanças pessoais.
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