O futuro dos bootcamps de programação
Ainda há desafios que precisam ser ultrapassados antes que os bootcamps possam garantir a sua permanência na indústria da educação
Como surgiram
O ensino superior está a ter dificuldades em trabalhar para empregadores cujas necessidades estão a surgir mais rapidamente do que a velocidade a que uma universidade consegue fornecer respostas adequadas. Os bootcamps de programação surgem da necessidade de, de uma forma mais eficaz e eficiente, preparar as pessoas para um grande número de empregos que não estão preenchidos na área da tecnologia.
Desafios atuais
Embora este acelerado novo método de treino preencha uma necessidade imediata para os empregadores, ainda há desafios que precisam ser ultrapassados antes que os bootcamps possam garantir a sua permanência na indústria da educação.
Regulamentação: além das plataformas de revisão de terceiros, como a Switchup e a Course Report, a grande maioria das informações sobre bootcamps de programação é disponibilizada por partes interessadas, como eu. A maioria dos bootcamps não são acreditados, o que deixa os consumidores um pouco vulneráveis ao encontrar um programa de qualidade.
Diversidade: apesar de os bootcamps terem uma percentagem maior de mulheres do que um grau tradicional de Ciências de Computação (35% da média da representação feminina no Le Wagon, em comparação com 15% em cursos CS), a matrícula nos bootcamps ainda é predominantemente masculina, branca, na casa dos 20 anos e com o ensino superior.
Escala: a programação é muitas vezes vendida como a pílula mágica para a empregabilidade instantânea, que está longe disso. A programação é uma habilidade fundamentalmente difícil de aprender, e não é para todos. Devido a essa intensidade cognitiva, o ensino tem de ser um trabalho de contacto completo para ser eficaz, o que torna o modelo do bootcamp bastante trabalhoso e mais difícil de escalar.
O futuro
Parcerias universitárias: parcerias entre universidades não técnicas e bootcamps de codificação, como o Le Wagon fez com a HEC em Paris, começarão a crescer à medida que ambos os fornecedores académicos reconhecerem que são complementares. A capacidade de adaptação no mercado dos bootcamps de programação e a sua abordagem mais curta e prática à aprendizagem técnica torna-o um parceiro complementar das universidades. Os bootcamps podem claramente beneficiar das universidades que, para começar, trazem estrutura e organização aos cursos que, de outra forma, são completamente auto-regulados. Além disso, o estilo abstrato e académico que as universidades oferecem ainda é relevante. Os bootcamps de programação carecem de educação em artes liberais como comunicação, mindset multidisciplinar e liderança, encontradas na educação tradicional.
Modelo de partilha de rendimentos – propinas diferidas: os acordos de partilha de rendimentos têm uma abordagem ligeiramente diferente do empréstimo bancário tradicional em que o estudante concorda em pagar a propina do bootcamp com uma percentagem fixa do seu rendimento pós-bootcamp durante um período de tempo pré-definido. Novas ferramentas financeiras, como estas, tornarão os bootcamps mais acessíveis a um público maior do que a atual demografia limitada que estão a alcançar.
Aprendizagem combinada em tempo parcial: cada vez mais os bootcamps começarão a adaptar o seu treino intensivo em tempo integral para atender a um segmento de público maior que não pode dar-se ao luxo de tirar um tempo livre para estudar. Vamos começar a ver mais bootcamps a oferecerem formatos de aprendizagem em tempo parcial e blended, onde os alunos podem completar as palestras com vídeos pré-gravados por conta própria e ainda ter tempo para estar com os seus colegas de turma e instrutores para, desta forma, mantê-los envolvidos, motivados e apoiados.
*Shannon Graybill é responsável pelo Le Wagon Lisbon.
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