Louvre fecha portas devido a protesto de funcionários exaustos com sobrelotação

  • Lusa
  • 16 Junho 2025

Vigilantes de sala, funcionários de bilheteira e seguranças do museu mais visitado do mundo recusaram-se a assumir os postos de trabalho, em protesto contra as multidões incontroláveis.

O Louvre, o museu mais visitado do mundo, manteve esta segunda-feira as portas fechadas, por decisão dos próprios funcionários, que denunciam o colapso interno da instituição.

Ainda assim, o momento pareceu ir além de um simples protesto laboral, pois o Louvre tornou-se um símbolo do fenómeno do excesso de turismo global, esmagado pela sua própria popularidade.

Enquanto destinos turísticos como Veneza ou a Acrópole lutam para limitar multidões, o museu mais icónico do mundo enfrenta o seu próprio ponto de rutura, descreve a agência de notícias AP.

A greve espontânea eclodiu durante uma reunião interna, quando vigilantes de sala, funcionários de bilheteira e seguranças se recusaram a assumir os seus postos, em protesto contra multidões incontroláveis, falta crónica de pessoal e aquilo que um sindicato descreveu como “condições de trabalho insustentáveis.”

“É o lamento da Mona Lisa aqui fora”, disse o norte-americano Kevin Ward, de 62 anos, um dos milhares de visitantes retidos em filas imóveis sob a pirâmide de vidro do arquiteto I.M. Pei, acrescentando: “Milhares de pessoas à espera, sem comunicação, sem explicações. Acho que até ela precisa de um dia de folga”.

O encerramento do Museu do Louvre ao público é um acontecimento raro, tendo acontecido apenas durante guerras, na pandemia e em algumas greves — incluindo paralisações espontâneas devido à sobrelotação em 2019 e preocupações com a segurança em 2013.

Mas raramente o cenário foi tão confuso: turistas a encherem a praça, bilhetes na mão, sem qualquer explicação clara para o encerramento súbito do museu.

A perturbação surgiu poucos meses depois de o presidente Emmanuel Macron ter apresentado um plano ambicioso a longo prazo, para salvar o Louvre dos problemas que agora se manifestam, como infiltrações, variações perigosas de temperatura, infraestruturas obsoletas e um número de visitantes muito acima da capacidade do museu.

Para os trabalhadores no terreno, esse futuro prometido parece distante. “Não podemos esperar seis anos por ajuda, pois as nossas equipas estão sob pressão agora. Não se trata apenas da arte — trata-se das pessoas que a protegem”, afirmou Sarah Sefian, do sindicato CGT-Culture.

No centro de tudo está a Mona Lisa, o retrato do século XVI que atrai multidões. Cerca de 20 mil pessoas por dia apertam-se na Salle des États, a maior sala do museu, apenas para tirar uma ‘selfie’ com a enigmática figura de Leonardo da Vinci, protegida por vidro, numa cena que é frequentemente ruidosa, caótica e tão densa que muitos mal olham para as obras-primas que a rodeiam, como as de Ticiano e Veronese, amplamente ignoradas.

“Não se vê uma pintura. Veem-se telemóveis. Veem-se cotovelos. Sente-se o calor. E depois, empurram-te para fora”, contou Ji-Hyun Park, de 28 anos, que viajou de Seul para Paris.

O plano de renovação de Macron, batizado como “Nova Renascença do Louvre”, promete resolver o problema, atribuindo a Mona Lisa uma sala própria, acessível com bilhetes e com hora marcada, estando também prevista, até 2031, uma nova entrada junto ao rio Sena para aliviar a pressão sobre a entrada principal, que fica sob a pirâmide.

“As condições de exibição, explicação e apresentação estarão à altura do que a Mona Lisa merece”, afirmou Macron, em janeiro.

No ano passado, o Louvre recebeu 8,7 milhões de visitantes, mais do dobro daquilo para que foi projetado.

Mesmo com um limite diário de 30 mil visitantes, os funcionários dizem que a experiência se tornou uma prova de resistência diária, com poucas zonas de descanso, casas de banho insuficientes e o calor de verão amplificado pelo efeito estufa da pirâmide de vidro.

Num memorando interno divulgado à imprensa, a presidente do Louvre, Laurence des Cars, alertou que partes do edifício “já não são estanques”, que as flutuações de temperatura colocam em risco obras inestimáveis, e que até as necessidades básicas dos visitantes — alimentação, casas de banho, sinalética — estão muito aquém dos padrões internacionais, tendo descrito a experiência como “uma provação física”.

“O que começou como uma sessão de informação mensal transformou-se numa manifestação coletiva de exasperação”, disse Sarah Sefian, acrescentando que as negociações entre os trabalhadores e a direção começaram às 10:30 e prolongaram-se pela tarde.

O plano de renovação total — com um custo previsto de 700 a 800 milhões de euros — deverá ser financiado através de bilheteira, doações privadas, fundos estatais e licenças da filial do Louvre em Abu Dhabi, sendo que o preço dos bilhetes para turistas fora da União Europeia deverá aumentar ainda este ano.

Contudo, os trabalhadores alertam que as suas necessidades são mais urgentes do que qualquer plano a dez anos, e ao contrário de outros marcos parisienses, como a catedral de Notre-Dame ou o Centro Pompidou, ambos a receber obras de restauro financiadas pelo governo, o Louvre continua num impasse — nem totalmente financiado, nem plenamente funcional.

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Square vai investir mais 200 milhões de euros em Portugal e Espanha

O fundo de investimento imobiliário, que tem 2,3 mil milhões de euros de ativos e acabou de adquirir um prédio em Barcelona à Zurich, vai continuar a investir na Península Ibérica.

A Square Asset Management (Square AM) prevê investir mais 200 milhões de euros em Portugal e Espanha este ano. A gestora de fundos imobiliários portuguesa está a expandir o plano de investimento em imóveis comerciais na Península Ibérica, avança esta segunda-feira a agência Bloomberg.

Num contexto de maior procura por edifícios de escritórios e centros comerciais, a Square AM garante que “oportunidades não faltam, o que falta é recursos”. A sociedade com sede em Lisboa, que conta com cerca de 2,3 mil milhões de euros em ativos, concluiu recentemente a aquisição de um prédio em Barcelona ao grupo Zurich Insurance por 44 milhões de euros, de acordo com o diário espanhol La Vanguardia.

“Este último investimento significa que a nossa meta para 2025 aumentou”, disse o CEO da Square AM, em entrevista à Bloomberg. Pedro Coelho disse que este negócio na Catalunha é a maior aquisição de ativos individuais na Espanha.

A Square AM, que tem uma quota de mercado de 14%, está neste momento a ultimar a aquisição de um armazém logístico em Espanha. “Temos algumas ofertas na rua, tanto em Portugal como em Espanha”, referiu ainda o CEO, sem apresentar informações adicionais.

Pedro Coelho, administrador da Square Asset Management, em entrevista ao ECO - 04OUT22
Pedro Coelho, administrador da Square Asset Management, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

Ainda no mês passado, o fundo de investimento imobiliário Property Core Real EstateFund, gerido pela SquareAM, reforçou o seu portefólio de ativos ao adquirir um novo imóvel logístico no Algarve RetailPark, em Albufeira, por 5,5 milhões de euros, arrendado à loja de mobiliário Conforama.

Localizado junto à Estrada Nacional 125, o espaço possui 7.908 metros quadrados de área e conta com um contrato de arrendamento de longa duração com a retalhista internacional que lhe dá a “estabilidade necessária à prossecução da política de investimento”. “Mais uma vez, garantimos um ativo arrendado a um player com uma boa penetração de mercado, numa zona de bons acessos e elevado movimento, elementos essenciais à boa rentabilização deste ativo”, afirmou o Chief Investment Officer da Square AM, Nuno Nunes.

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Recebeu uma chamada ou e-mail para recuperar conta com criptoativos? Provavelmente é fraude, alerta BdP

Banco de Portugal alerta para tentativas de fraude, em que pessoas se tentam passar por representantes de entidades que gerem criptoativos e pedem pagamentos para reativar carteiras com estes ativos.

Recebeu uma chamada ou um e-mail para o ajudar a recuperar o saldo “retido” numa carteira de criptoativos? O mais provável é que estes contactos, na maior parte dos casos realizados em inglês, sejam uma tentativa de fraude, alerta o Banco de Portugal. “Não efetue pagamentos para reativação ou reforço de carteiras digitais de criptoativos“, avisa o supervisor.

“O Banco de Portugal alerta para tentativas de fraude em que, através de chamadas telefónicas, e-mails ou mensagens, realizadas maioritariamente em língua inglesa, os infratores se fazem passar por representantes de entidades que alegadamente gerem investimentos em criptoativos ou que se disponibilizam para ajudar na recuperação de criptoativos supostamente detidos pela vítima”, começa por escrever o regulador, em comunicado.

Segundo o Banco de Portugal, “o infrator identifica a vítima pelo nome, procurando reforçar a aparência de legitimidade do contacto, e informa-a de que tem, em seu nome, uma carteira digital com um saldo positivo, em estado inativo, o que implicará a perda dos fundos nela alegadamente existentes”, explica o regulador, adiantando que “é provável que o autor destes contactos não represente nenhuma entidade gestora de carteiras de criptoativos.

“Para reativar a carteira e supostamente recuperar os fundos investidos em criptoativos, a vítima é induzida a realizar pagamentos“, explica o Banco de Portugal, acrescentando que, para dar maior credibilidade ao esquema, o infrator pode disponibilizar o acesso a uma plataforma online, na qual a vítima consegue ver o saldo fictício da sua carteira digital.

Essa plataforma disponibiliza a evolução do saldo, que pode “aparentar uma valorização da carteira, conduzindo a vítima a realizar novos pagamentos, para reforço da mesma, em busca de retornos elevados“.

“É provável que, tanto a carteira digital como a plataforma online que é disponibilizada sejam fictícias”, conclui o alerta do regulador, onde recomenda aos investidores que não façam pagamentos para reativação de contas, nem reforços de carteiras.

O Banco de Portugal aconselha ainda as pessoas que suspeitem que possam ter sido vítimas de fraude a contactar os órgãos de polícia criminal competentes (PSP, GNR ou PJ) ou o Ministério Público.

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Iniciativa Liberal ‘abraça’ Pedro Duarte no Porto e tem presidência à vista noutras duas câmaras

A entrada na coligação PSD/CDS no Porto, na batalha autárquica mais aguardada, é uma das novidades da IL. Soma simples dos votos em dois dos municípios onde vai coligada vale "roubo" da câmara ao PS.

Numa altura em que ainda aguarda a escolha de um novo líder, a Iniciativa Liberal anunciou o seu plano eleitoral autárquico para 10% dos municípios portugueses, com 17 candidaturas próprias e 13 em coligação: quatro com o PSD, uma com CDS e as demais com ambos os partidos do espetro da direita.

A decisão mais sonante é união ao PSD e CDS na coligação encabeçada pelo ex-ministro do primeiro Governo de Luís Montenegro, o social-democrata Pedro Duarte. Em 2021, liberais e centristas estiveram unidos em torno da candidatura do independente Rui Moreira, ainda presidente da segunda maior câmara do país, e que dentro de poucos meses deixará o lugar, por atingir o limite de mandatos.

Se, em 2021, com o apoio não escrito com o movimento independente, a IL apenas podia reivindicar ser apoiante de um presidente de câmara, agora, o partido poderá vir a intitular-se como líder de uma das 308 autarquias do país, após o anúncio feito neste domingo. Isto caso a direita leve de vencida uma câmara que é há 12 anos liderada por um independente.

Ao anunciar a formalização da aliança com PSD e CDS em torno de Pedro Duarte, a IL assume uma posição formal, ao contrário do que, até ao momento, escolheu fazer em Lisboa. E aumenta o “poder de fogo” da direita para a batalha eleitoral que se antevê acesa contra o PS de Manuel Pizarro e o movimento independente do atual vice-presidente de Rui Moreira, Filipe Araújo.

Em 2021, o PS obteve 18% dos votos, enquanto o PSD alcançou 17,2%. Vencedor destacado, o movimento de Rui Moreira, com apoios do CDS e IL e 40,7% na escolha dos eleitores.

Vitória mais “próxima” no Bombarral e Montijo

Nos 13 municípios onde vai a eleições coligada, e comparando com as autárquicas de 2021, a IL é estreante em nove, entre as quais o Bombarral, para onde se promete uma luta intensa contra o incumbente, o PS. De facto, a distância entre PS e PSD nesse ato eleitoral cingiu-se a 2,9 pontos percentuais, de 38,2% para 41,1%, mas na altura o CDS avançou sozinho, tendo alcançado 5,9%, ao passo que a IL não esteve presente no boletim de voto. Tudo somado, e numa matemática simples, daria uma vitória da direita sobre o PS, que governa a câmara desde 2017 com Ricardo Fernandes, após mais de duas décadas de liderança social-democrata neste município do Oeste.

A comprometer estas contas poderá estar o Chega, cujo desempenho em legislativas disparou de um dígito para mais de 20% em 2024 e 2025. Duas eleições em que a vitória sorriu ao PSD e CDS, e a IL teve mais de 4% da escolha dos eleitores.

Outra câmara em que, à luz dos resultados das autárquicas de 2021, e também numa análise meramente teórica, a IL pode chegar ao Executivo, é o Montijo. Ali, o PS alcançou a presidência com 29,5%, a coligação PSD/CDS/Aliança teve 27,7% e a IL chegou aos 4,4%. Neste município do distrito de Setúbal, a atual presidente, Maria Clara Silva, está no cargo há apenas 12 meses, depois de substituir Nuno Canta, que, prestes a atingir limite de mandatos, renunciou, a favor da então vice-presidente.

Se na soma simples de votos o resultado se torna favorável à coligação PSD/CDS/IL tanto no Bombarral como no Montijo, no Porto há a expectativa de ver quanto poderão ter valido liberais e centristas na vitória de Rui Moreira.

Também interessante para análise do peso eleitoral dos centristas e dos liberais é o caso da Covilhã, onde a antiga coligação PSD/CDS/IL se desfez, mas CDS e IL não romperam o vínculo entre si, pelo que se poderá agora perceber quanto dos 30,4% obtidos em 2021 nessa câmara socialista pertenceriam aos social-democratas.

Nas 13 câmaras onde a IL se estreia, o partido substitui o CDS no “casamento” com o PSD em cinco (Santo Tirso, Montijo, Santa Comba Dão e Vizela) e entra na aliança PSD/CDS que já existia em Loulé, Portimão, Arruda dos Vinhos e Almeirim, um quarteto de autarquias onde em 2021 não apresentou candidatura. Nota ainda para a criação de coligações a três à direita depois da corrida eleitoral a sós de PSD e CDS em Mirandela, Silves e no já referido município do Bombarral.

Nos 17 concelhos onde a IL decide ir a votos sozinha, os melhores resultados de 2021 foram obtidos em Oeiras, onde o movimento de Isaltino Morais venceu destacado com 51%, enquanto a IL teve 4,1%, e em Cascais. No município liderado por Carlos Carreiras, na maioria absoluta PSD/CDS, a IL chegou aos 4,3% — para as eleições de setembro ou outubro, o partido anunciou nesta segunda-feira o nome de Manuel Simões de Almeida, candidatura que será formalizada a 25 de junho.

Por outro lado, o partido liderado até há duas semanas por Rui Rocha estreia-se no boletim de votos em Oliveira de Azeméis, Vila Verde, Castelo Branco, Figueira da Foz, Albufeira, Caldas da Rainha, Torres Vedras e Ponte de Lima, esta última um bastião do CDS. Nota ainda para São João da Madeira, onde a IL deixa de estar agregada ao PSD, numa coligação que valeu 32% nas últimas autárquicas, enquanto os socialistas alcançaram 51,6% dos votos dos conterrâneos do à data ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.

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Portugal com 137 inscrições no festival de criatividade Cannes Lions

Com 19 trabalhos, Outdoor foi a categoria com maior número de inscrições por parte das agências e marcas a operar em Portugal.

São 137 os trabalhos que estão a representar Portugal na 72ª edição do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, o mais importante festival de criatividade do mundo, que decorre de 16 a 20 de junho. Este número representa um recuo de 14 projetos a concurso em relação ao ano passado e um decréscimo de 47 trabalhos em comparação com 2023, uma edição histórica em número de casos inscritos e também de prémios conquistados.

Com 19 trabalhos, Outdoor foi a categoria com maior número de inscrições por parte das agências e marcas a operar em Portugal. A categoria Media tem 15 inscrições, mais uma do que Direct. Já Entertainment Lions for Sport conta com 13 trabalhos, enquanto Brand Experience & Activation e Film têm 12 inscrições.

Creative Strategy apresenta sete inscrições enquanto Creative Data e Social & Creator contam com seis trabalhos. Print & Publishing tem cinco trabalhos portugueses inscritos, mais um que Film Craft. Com três casos a concurso surgem as categorias Creative Effectiveness, Design, Health & Wellness e Digital Craft. Já as categorias Creative B2B, Creative Commerce e Entertainment e Sustainable Development Goals contam com dois trabalhos portugueses inscritos.

Menos concorridas, as categorias de Audio & Radio, Glass: The Lion For Change, Titanium e PR contam apenas com um trabalho de assinatura portuguesa.

Até agora Portugal conta já com 17 trabalhos em shortlist no Cannes Lions, festival que arrancou esta segunda-feira e que se estende até sexta. A primeira manhã do Festival de Criatividade de Cannes também trouxe boas notícias para Portugal, tendo em conta que a Dentsu Creative e a Stream and Tough Guy (S&TG) já ganharam distinções de bronze. A campanha “Outnumbered”, da Dentsu para o canal História ganhou bronze em Outdoor e Print, enquanto o projeto “Save Us From The USA“, da S&TG, ganhou bronze em Outdoor.

No total, o festival que serve de ponto de encontro da indústria global da comunicação, marketing e publicidade recebeu 26.900 inscrições. Com 6.797 inscrições, os EUA são o país com mais trabalhos a concurso na edição deste ano. Seguem-se o Brasil, com 2.736 inscrições e o Reino Unido, com 2.349.

Brand Experience & Activation, com 2.337 casos, Media com 2.058 e Direct com 2.038 são as categorias com mais inscrições.

Em 2024, a produtora portuguesa Bro Cinema conquistou um Grand Prix com o projeto “Magnetic Stories” na categoria Pharma (Patient Engagement). O mesmo projeto conquistou ainda a distinção de prata, na mesma categoria, que contou com 232 candidaturas a concurso.

Já a campanha “The Endangered Typeface”, da Bar Ogilvy para a ANP (Associação Natureza de Portugal) que trabalha com a WWF (WorldWideFund for Nature) e o Jardim Zoológico, foi premiada com o bronze na categoria de Digital Craft (Data Visualisation).

Este ano Hugo Veiga (global chief creative officer da AKQA que anunciou no início do mês a saída da rede), Lourenço Thomaz (diretor criativo executivo da Dentsu Creative Iberia) e João Camacho (executive creative director da Saatchi Wellness ME&Turkey) são os jurados portugueses no júri de Cannes. Enquanto Hugo Veiga vai avaliar os Dan Wieden Titanium Lions, Lourenço Thomaz e João Camacho integram o júri nas categorias de Direct e Health & Wellness, respetivamente.

Também presente no festival, Nuno Riça, diretor criativo da Bar Ogilvy, faz parte do painel de jurados que vai avaliar a fase de shortlist na categoria de Film.

A MOP é a representante oficial do festival em Portugal, “voltando a marcar presença com o compromisso renovado de dar visibilidade ao talento criativo português”, refere a empresa.

A própria MOP inscreveu um trabalho, com uma ideia da agência Havas. Trata-se da campanha “Lost and Found”, onde se demonstra a “força e capacidade de intervenção dos mupis colocados no Metro de Lisboa numa forma bastante ‘criativa'”.

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Trabalhadores do Novobanco não se opõem à venda desde que garanta emprego

Comissão de trabalhadores preferia a venda em bolsa, mas está "confiante e otimista" em relação ao futuro do banco com o novo dono francês.

Os trabalhadores do Novobanco não se opõem à venda aos franceses do Groupe BPCE desde que o novo dono assegure a manutenção dos postos de trabalho e a independência do banco português.

“Consideramos que uma venda que garante a manutenção do emprego e a independência do banco poderá ser uma solução positiva, não só para os trabalhadores e clientes, mas também para o sistema financeiro nacional”, adianta a comissão de trabalhadores do Novobanco num comunicado enviado esta segunda-feira às redações.

A comissão liderada por Liliana Felício assume ainda que viu com “agrado as primeiras declarações” do CEO do grupo francês, Nicolas Namias, que assegurou que serão mantidos os atuais postos de trabalho.

“Neste contexto, a comissão de trabalhadores não tem objeções ao processo de venda, desde que sejam salvaguardados os princípios acima referidos”, refere.

Num comunicado com oito pontos, a comissão de trabalhadores admite que preferia a solução da venda em bolsa, permitindo que os trabalhadores pudessem adquirir ações do Novobanco como uma “forma justa de reconhecer o seu contributo e envolvimento no sucesso do banco”.

Ainda assim, assume “confiança e otimismo” quanto ao futuro do banco com o dono francês: “Acreditamos que esta nova fase poderá trazer estabilidade e novas oportunidades de crescimento, já que nos vamos associar ao quarto maior grupo bancário europeu”.

“O Novobanco e os seus trabalhadores merecem um acionista comprometido, que queira investir e desenvolver o negócio a longo prazo. A equipa do Novobanco já demonstrou ser uma das mais competentes do setor bancário”, destaca a comissão de trabalhadores, frisando que “irá acompanhar de perto todo o processo, com especial atenção à salvaguarda de todos os postos de trabalho”.

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Bourke aos trabalhadores: “BPCE abre capítulo promissor para o Novobanco”

CEO do Novobanco reconheceu o esforço dos trabalhadores nos últimos anos e considera que o Groupe BCPE abre um "novo capítulo promissor e de ambição" para o banco português.

O CEO do Novobanco, Mark Bourke, escreveu aos trabalhadores após a Lone Star fechar o negócio da venda do banco ao Groupe BPCE. Reconheceu o trabalho dos colaboradores na trajetória da instituição e destacou que a integração no grupo francês “abre um novo capítulo promissor e de ambição” para o Novobanco, incluindo clientes e staff.

“Estando integrado num grupo financeiro europeu robusto, o Novobanco terá acesso a uma maior escala, recursos e uma base financeira ainda mais sólido”, frisa o gestor irlandês na comunicação enviada internamente na passada sexta-feira e a que o ECO teve acesso.

“Estaremos assim numa posição ainda mais sólida para concretizar as nossas ambições de longo prazo com confiança renovada e um propósito claro”, acrescenta ainda.

Sobre o passado, não esquece o esforço dos trabalhadores que contribuíram para o “progresso notável” alcançado por todos e que resultou num banco com “fortes níveis de rentabilidade, no reforço nossa posição financeira e na consolidação da confiança dos clientes e demais stakeholders”.

O BPCE disse que espera concluir a transação, que valoriza o Novobanco em 6,4 mil milhões de euros, no próximo ano, e o CEO do grupo francês, Nicolas Namias, já assegurou que a administração liderada por Mark Bourke continuará ao leme do banco.

“Durante este período”, explica o gestor irlandês, “continuaremos a assegurar com normalidade as nossas operações, a fortalecer a relação com os clientes e a trabalhar para alcançar as metas que definimos no nosso plano estratégico e no apoio às famílias e empresas portuguesas”.

De resto, Bourke destacou que “a equipa de gestão mantém-se totalmente empenhada em liderar e preparar o Novobanco neste novo capítulo e continua, como sempre, a contar com o apoio de todos”.

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Ministra do Ambiente anuncia inspeção ao acesso às praias na costa de Grândola

  • Lusa
  • 16 Junho 2025

A ministra do Ambiente lembrou que as praias em Portugal "são públicas", pelo que as autoridades vão inspecionar se "a legalidade está a ser cumprida" na zona costeira de Grândola.

A ministra do Ambiente garantiu esta segunda-feira, em Carcavelos, que as praias “em Portugal são públicas” e que as autoridades vão inspecionar se “a legalidade está a ser cumprida” na zona costeira de Grândola.

“As praias em Portugal são públicas, portanto, não pode ser vedado em nenhumas condições o acesso às praias”, afirmou Maria da Graça Carvalho, após assinalar o início oficial da época balnear na Praia de Carcavelos, no concelho de Cascais.

A governante adiantou que, perante notícias de “alguns problemas nos acessos às praias” no sudoeste alentejano, “a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] com a Autoridade Marítima e outras entidades irão fazer uma inspeção a ver se toda a legalidade está a ser cumprida”, se “todas as leis estão a ser cumpridas”.

“Por outro lado, estamos a trabalhar com a Câmara de Grândola de modo a garantir que há mais passagens de acesso à praia na costa do concelho“, acrescentou Graça Carvalho, admitindo que “há ali alguma extensão que tem dificuldade de acesso, que não tem os acessos ainda abertos” e pretende-se “dar condições para que seja mais fácil o acesso à praia”.

Questionada sobre se no licenciamento dos próprios empreendimentos não deveria estar assegurado algum espaço para estacionamento e livre acesso às praias, a ministra do Ambiente e Energia respondeu que sim, mas que também compete às entidades oficiais “fazer essa vigilância e, se não está a correr bem, atuar no sentido em que se reponha a situação”.

Na sua intervenção, para assinalar o início oficial da época balnear, Maria da Graça Carvalho disse mesmo que “não há praias privadas em Portugal e qualquer tentativa de limitar ou dificultar o livre acesso da população às praias será identificada” e contrariada.

A ação de fiscalização da APA, em articulação com a Autoridade Marítimas e outras entidades, decorrerá “nas praias do sudoeste alentejano” e a ministra notou que “as praias são de todos” e “para todos” e cabe ao Governo e autoridades nacionais e ao poder local garantir que as pessoas desfrutam destes espaços “em segurança” e “sem obstáculos”.

O acesso às praias do concelho de Grândola tem vindo a ser dificultado por diversos empreendimentos turísticos em construção ou já concluídos, principalmente na zona da Comporta e de Tróia, com a colocação de barreiras nos acessos e limitação de zonas de estacionamento.

Autarca de Grândola quer clarificar se acesso às praias está a ser respeitado

Entretanto, o presidente da Câmara de Grândola, António Figueira Mendes, veio defender que é preciso clarificar se o acesso público às praias do concelho é respeitado, considerando positiva a decisão do Governo de avançar com uma inspeção.

“Essa é uma questão que já tínhamos falado com a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] porque todos aqueles empreendimentos são aprovados não apenas pela câmara, como também por um conjunto de entidades”, como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, afirmou o autarca à agência Lusa.

Figueira Mendes defendeu que é preciso clarificar esta situação e assegurou que “a câmara está a trabalhar nesse sentido”. “Vamos fazer uma visita em conjunto” com responsáveis da APA, “para verificar se se confirma ou não tudo aquilo que tem vindo a ser especulado e anunciado sobre a faixa costeira de Grândola”, avançou.

No seu entender, em causa está “um processo persecutório contra a Câmara de Grândola por razões políticas, obviamente, e não a questão da proibição de ir para as praias”. De acordo com o autarca, eleito pela CDU e a cumprir o seu terceiro e último mandato, “não há praias privadas no concelho de Grândola” e, se existirem promotores com essa intenção, não serão bem sucedidos.

“Se há algum promotor que faça tentativas para que isso aconteça, não vai ser bem-sucedido, porque a câmara não vai autorizar praias apenas destinadas a um determinado empreendimento”, avisou.

Além de reiterar que “não há praias privadas em Portugal” e “muito menos no concelho de Grândola”, Figueira Mendes disse estar “de acordo com a ministra” do Ambiente e, por isso, pretende, juntamente com a APA, “clarificar tudo isso”.

“O problema é que temos dúvidas [sobre] se alguém está a proibir que as pessoas passem pelo seu empreendimento para ter acesso à praia. Alguém tem de provar que é verdade que é assim. As praias, todas elas têm acesso, com mais dificuldades, menos dificuldade, mas ninguém pode impedir que as pessoas tenham acesso à praia”, assegurou.

Questionado sobre a decisão do Tribunal Judicial de Setúbal que determinou a reabertura da estrada de acesso à praia do Pego, na freguesia de Carvalhal, e a imediata remoção de cancelas e outros obstáculos aí colocados, desde outubro de 2022, o autarca afirmou que continua a acreditar na justiça.

“Muito se especulou à volta [desse assunto] e nós continuamos a acreditar na justiça e o tribunal veio dar razão à câmara e aos promotores desses dois empreendimentos [que interpuseram a providência] porque aquele acesso ser apenas para aquele loteamento não estava previsto”, argumentou.

Segundo Figueira Mendes, com a decisão judicial, se não houver “imediata remoção” dos obstáculos, será a câmara “a intervir para que sejam removidas aquelas cancelas”.

(Notícia atualizada às 18h30 com declarações do autarca)

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Bastonário da Ordem dos Advogados defende combate ao isolamento da advocacia

Segundo o bastonário, a advocacia açoriana enfrenta dificuldades acrescidas, nomeadamente ao nível da formação, da disponibilidade de meios técnicos e no acesso a recursos.

“Há claramente um isolamento da advocacia. E, isso tem sido uma das queixas que mais temos ouvido”, afirmou João Massano, em declarações à agência Lusa, no dia em que tomaram posse, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, os membros do Conselho Regional dos Açores da Ordem dos Advogados eleitos para o triénio 2025/2027.

Segundo o bastonário, a advocacia açoriana enfrenta dificuldades acrescidas, nomeadamente ao nível da formação, da disponibilidade de meios técnicos e no acesso a recursos, quando comparada com regiões como Lisboa.

“O acesso é diferente”, assinalou João Massano, garantindo que a Ordem dos Advogados “irá estar mais próxima” dos profissionais açorianos, com medidas concretas como a criação de grupos de trabalho e a realização de inquéritos para “adequar a ação do Conselho Geral às necessidades específicas dos Açores em matéria de formação e em tudo que seja necessário”.

Nesse sentido, explicou que as verbas da Ordem são distribuídas de acordo com o número de advogados em cada Conselho Regional, daí que os Açores tenham uma verba inferior aos outros Conselhos Regionais.

“A nossa ideia é que Conselhos com menos meios devem ser apoiados de forma diferente pelo Conselho Geral”, sustentou, afirmando que “uma quota paga por um advogado deve valer o mesmo, esteja ele em Lisboa, nos Açores ou no interior do país”.

Para estas regiões que “têm menos acesso a determinados meios a Ordem tem que dar um apoio diferente”, reforçou João Massano, à Lusa.

O bastonário da Ordem dos Advogados referiu-se ainda à “falta de investimento na justiça”, o que origina “um défice” de oficiais de justiça, condições deficitárias de vários tribunais e a sobrecarga de “trabalho dos procuradores”, transversal ao país.

No caso dos Açores, alertou para a situação do estabelecimento prisional de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, cuja construção da nova cadeia “é reivindicada há vários anos”.

“O que se tem notado ao longo dos últimos anos é que a justiça é um direito de segunda relativamente à saúde e à educação. E a falta desse investimento tem conduzido a situações como aquela que se verifica no estabelecimento prisional de Ponta Delgada, pois há anos que se justificava outro estabelecimento, com outra capacidade”, apontou João Massano.

A Ordem dos Advogados assinalou, na quinta-feira, em Ponta Delgada, os seus 99 anos, tendo o bastonário recordado que existe uma deliberação do Conselho Geral para a realização de eventos comemorativos do centenário, no próximo ano, em cada um dos Conselhos Regionais.

“Estamos aqui nos Açores no sentido de dar um sinal claro de que pretendemos que a Ordem esteja junto de todos os advogados onde quer que eles se encontrem”, reforçou.

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Só quatro dos dez acusados de agredir Gouveia e Melo falaram em tribunal

  • Lusa
  • 16 Junho 2025

O julgamento dos 'negacionistas' acusados de agredir e insultar Henrique Gouveia e Melo e Eduardo Ferro Rodrigues começou e apenas quatro dos dez arguidos quiseram falar em tribunal.

O julgamento dos ‘negacionistas’ acusados de agredir e insultar Henrique Gouveia e Melo e Eduardo Ferro Rodrigues começou esta segunda-feira e apenas quatro dos dez arguidos quiseram falar em tribunal.

Os dez arguidos acusados dos crimes de ofensas à integridade física agravada na forma tentada, injúria agravada, ameaça agravada e dano qualificado na forma consumada estiveram todos presentes na sala do Tribunal Central Criminal de Lisboa, mas apenas quatro quiseram prestar declarações nesta fase inicial do julgamento.

Os arguidos Luís Filipe e Jorge Torres falaram sobre o episódio que envolveu o antigo presidente da Assembleia da República, a 11 de setembro de 2021, junto à Assembleia da República. O primeiro negou qualquer insulto a Ferro Rodrigues, tendo dito que apenas gritou “respeito” e que o seu objetivo foi sempre proteger Ferro Rodrigues quando esteve saiu do restaurante onde estava com a mulher.

O segundo arguido, Jorge Torres, admitiu que chamou “pedófilo” e “genocida” a Ferro Rodrigues, mas não se lembra de ter dito as palavras “assassino” e “canalha”. “No calor da situação, somos levados a chamar expressões. Vacinar crianças é um ato genocida”, disse em tribunal esta manhã.

Os últimos dois arguidos, Maria Inês Ribeiro e Pedro Ribeiro, falaram sobre o episódio que envolveu Henrique Gouveia e Melo, que na altura, em 2021, era o coordenador da ‘task force’ do plano de vacinação contra a covid-19. Maria Inês Ribeiro assumiu alguns dos factos que constam na acusação e negou outros.

“Chamei assassino, porque quem mata é um assassino. Não tenho por hábito usar essas palavras e foi a força de expressão em relação ao que pensava e sentia. Sou inocente da acusação que me é feita de agredir e tentar agredir”, disse, acrescentando desconhecer que, naquele dia em que se manifestava junto ao centro de vacinação de Odivelas, Henrique Gouveia e Melo iria estar presente.

Já Pedro Ribeiro, cujas declarações foram interrompidas pela hora de almoço, disse ao coletivo de juízes liderado pela juíza Sandra Carneiro que esteve no centro de vacinação de Odivelas, mas que apenas gritou “capitão iglo paga-me um shot”, dirigindo-se a Gouveia e Melo, uma vez que estava a ser promovida uma festa no âmbito da campanha da vacinação.

O processo chega agora a julgamento, depois de o Tribunal Central de Instrução de Lisboa ter decidido, em dezembro de 2024, que existiam indícios suficientes para julgamento de dez dos 12 constituídos arguidos pelo Ministério Público pelos crimes de ofensas à integridade física agravada na forma tentada, injúria agravada, ameaça agravada e dano qualificado na forma consumada.

De acordo com a acusação, em causa estão episódios que aconteceram durante a pandemia – um deles em agosto de 2021, quando os manifestantes negacionistas gritaram “assassino” e “genocida” contra Gouveia e Melo, então coordenador da ‘task force’ do plano de vacinação contra a covid-19, junto ao centro de vacinação em Odivelas, e o outro aconteceu um mês depois, junto ao parlamento, quando chamaram “pedófilo” e “nojento” a Ferro Rodrigues, quando este se deslocava a pé com a mulher para almoçar num restaurante nas imediações.

O Ministério Público constituiu doze arguidos, mas alguns pediram a abertura de instrução e a juíza Sofia Marinho Pires decidiu não pronunciar dois dos arguidos, que estavam acusados de um crime de ofensas à integridade física qualificada, na forma tentada, contra o então almirante Gouveia e Melo.

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IA surge mais de 30 vezes no Programa do Governo. Onde será aplicada nesta legislatura?

Cardápio de medidas prevê uma aplicação quase transversal de inteligência artificial (IA) nas políticas públicas, incluindo em áreas sensíveis, como forças de segurança, justiça e impostos.

O programa do novo Governo inclui mais de 30 referências à expressão “inteligência artificial” (IA), mais do dobro do anterior, e com objetivos muito distintos. Por exemplo, pretende-se incentivar a adoção destas tecnologias pela indústria e usá-las para melhorar a educação e o combate à evasão fiscal. O uso de IA na Administração Pública é, aliás, um dos desígnios da Reforma do Estado agora prometida por Luís Montenegro.

Anteriormente, o Executivo já estava a trabalhar numa Agenda Nacional para a IA, enquadrando, por exemplo, o desenvolvimento do modelo de inteligência artificial Amália, vulgarmente apelidado de ‘ChatGPT português’. Mas a medida, originalmente prometida até ao final do primeiro trimestre, foi ‘atropelada’ pela convocação de eleições antecipadas.

Agora, o Governo promete “finalizar e implementar” esta agenda, missão que poderá caber ao novo ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Saraiva Matias (a anterior ministra da tutela, Margarida Balseiro Lopes, vai assumir competências na área da Cultura). A nova equipa governativa conta ainda com Bernardo Correia como secretário de Estado para a Digitalização, até aqui diretor-geral da Google Portugal, uma das tecnológicas mundialmente mais avançadas nesta área.

Na tomada de posse dos novos governantes, o primeiro-ministro prometeu uma “guerra à burocracia” nesta legislatura, e conta com a IA como aliada nesse combate: “A digitalização, incluindo o uso de inteligência artificial, deve ser acelerada, assegurando a interoperabilidade de sistemas e o fluxo automático de informação entre serviços (como entre AT e Segurança Social), para reduzir erros, pedidos repetidos e custos de contexto”, explica o Programa do Governo, enviado à Assembleia da República durante o fim de semana. A intenção é garantir que o Estado não pede aos cidadãos e às empresas informação que já conste nos seus muitos sistemas.

O documento prevê ainda “equipar a Administração Pública transversalmente com ferramentas tecnológicas mais modernas e de colaboração e de inteligência artificial”. A meta é promover “a adoção de IA nos serviços, melhorando a satisfação dos cidadãos” com os serviços públicos e “reduzindo a pressão” sobre os funcionários do Estado.

Ainda na senda da Reforma do Estado, o Governo tenciona “aprofundar a reforma” dos serviços públicos com recurso a IA, quer ao nível dos serviços que lidam diretamente com os cidadãos, quer ao nível do funcionamento nos bastidores. A promessa é a de expandir “os serviços cujos processos podem ser tramitados integralmente por via digital, assegurando assistência presencial ou remota” aos mais tecnicamente excluídos.

Nestes pontos, o modelo Amália poderá ser fulcral — se vier, como se espera, a permitir uma interação com os cidadãos em linguagem natural, nomeadamente texto e voz.

O Amália está a ser desenvolvido por um consórcio de universidades, de onde se destacam a Universidade Nova de Lisboa e o Instituto Superior Técnico. O projeto de 5,5 milhões de euros encontra-se atualmente na segunda fase, estando previsto que até ao final de setembro seja disponibilizada à Agência para a Modernização Administrativa (AMA) uma versão base do modelo, para que possa começar a ser implementado nos serviços do Estado.

A “revolução” em curso

O Programa do Governo também estabelece visões de como a IA pode ser usada a um nível mais setorial, partindo do pressuposto de que “o digital permeia praticamente todas as esferas do quotidiano, e no qual a inteligência artificial está a mudar a forma de realizar tarefas, criar conteúdos, aceder e assimilar informação”.

Desde logo, nas Finanças. O Governo tenciona que a IA ajude o Fisco a melhor detetar fraudes e fugas aos impostos. A tecnologia é altamente eficaz a detetar padrões complexos em conjuntos de dados que facilmente escapariam ao olho humano, mesmo o mais experiente. Assim, o cardápio de medidas do Governo contempla a definição de “um programa de combate à fraude e evasão fiscais”, garantindo, porém, que não serão comprometidas “as garantias constitucionais dos contribuintes”.

No ensino, é prometido o desenvolvimento e implementação de uma Estratégia para o Digital na Educação que potencie, entre outras coisas, a “criação de recursos educativos digitais inovadores”, e que se baseie também “no potencial da IA para o apoio personalizado à aprendizagem dos alunos”. Isto evoca uma promessa anterior de Luís Montenegro, quando anunciou em novembro, no palco da Web Summit, que pretende dar “a cada aluno um tutor educativo de IA” adaptado aos currículos nacionais.

A qualificação é outra das preocupações. Pretende-se “promover iniciativas de exposição às novas tecnologias para crianças e jovens, por exemplo durante os programas de férias escolares, através da realização de atividades de sensibilização, motivação e promoção de competências em programação, robótica, comunicação digital e IA”.

Para a população mais em geral, promete-se uma aposta “na qualificação dos portugueses em competências tecnológicas e digitais”, para preparar os trabalhadores para o que o Governo apelida de “revolução da inteligência artificial”, sem se referir como.

Para o Executivo, “as escolas e instituições de ensino têm um papel duplo neste paradigma”. “Por um lado, apoiar e preparar alunos e famílias a lidar com um mundo cada vez mais digital, desenvolvendo competências que serão cada vez mais relevantes para a sua empregabilidade; por outro lado, discernir de que forma, e em que momentos, a tecnologia pode ser um potenciador das aprendizagens e do desenvolvimento das crianças e jovens em condições de equidade”, justifica o programa.

Ainda dentro das qualificações, a IA é também uma das em que o Executivo pretende desenvolver “programas de qualificação e requalificação profissional”. Para tal, espera contar “com o apoio dos centros tecnológicos setoriais”.

Passando à Justiça, a ministra Rita Alarcão Júdice, que transita da equipa anterior, terá a incumbência de “criar um código de conduta” para o uso de IA pelas diferentes entidades do setor, com enfoque nos direitos fundamentais.

A tecnologia servirá ainda para garantir a “publicitação de toda a jurisprudência, incluindo sentenças judiciais de primeira instância e decisões dos meios alternativos de resolução de litígios e arbitragem”, ao permitir a anonimização automática dos documentos, confia o Governo.

Dentro da chancela da segurança, prevê-se o uso de “meios tecnológicos preditivos” e de IA pelas forças de segurança. Esta medida insere-se no “investimento em meios tecnológicos” que reforcem “a capacidade de vigilância”. Não são especificadas as aplicações concretas.

De resto, nem a habitação escapa à onda da IA. Numa secção dedicada à Juventude, o programa estipula o uso de tecnologias de IA para “agilizar os processos e evitar atrasos” no programa Porta 65 Jovem. É uma iniciativa já existente que apoia jovens dos 18 aos 35 anos no arrendamento habitacional, pagando uma percentagem da renda do imóvel sob a forma de subvenção mensal.

Gonçalo Saraiva Matias é o novo ministro Adjunto e da Reforma do EstadoHenrique Casinhas/ECO

IA como íman de investimento

Aplicações que recorram a IA podem ainda desbloquear eficiências nas empresas, motivo pelo qual esta é também vista como essencial para a competitividade económica. Nesse sentido, o Executivo promete às empresas “lançar programas de apoio ao investimento na implementação de tecnologias avançadas”. A essa juntam-se outras, como a robótica, a automação e a “manufatura aditiva” (mais conhecida por impressão 3D).

Outra meta é “apoiar a investigação, a inovação e o empreendedorismo em IA, bem como estimular a adoção e a utilização de IA nas empresas”. Sobre este ponto não se estabelecem medidas concretas, no entanto é público que a Comissão Europeia está a desenvolver uma estratégia para fomentar o uso de IA pelas pequenas e médias empresas (PME) europeias.

Já para facilitar a atração de investimento estrangeiro, o Governo quer empregar IA para disponibilizar “informação centralizada e simplificada, em linguagem bilingue, sobre os procedimentos administrativos e legislação relevante para as empresas”. Aparentemente, um processo essencialmente assente na tradução da língua portuguesa.

É notório que o aumento do uso de IA a nível global tem gerado novas oportunidades económicas, com o país bem posicionado para atrair até 12 mil milhões de euros de investimento em data centers nos próximos cinco anos, estimou recentemente uma associação do setor — sobretudo depois de os EUA terem retirado as restrições à compra de chips avançados para IA por parte de entidades estabelecidas em Portugal. O Governo não quer deixar escapar esse filão de investimento, prometendo incentivos “à instalação e desenvolvimento” de centros de dados com elevados padrões de segurança, resiliência, eficiência energética e sustentabilidade.

Além disso, o Governo promete “investir no desenvolvimento de uma infraestrutura computacional de alto desempenho em Portugal que permita a investigação, inovação, desenvolvimento e comercialização de soluções” de IA”. Aqui deve entrar a Fábrica de IA em que o Governo participa, em conjunto com Espanha, Turquia e Marrocos, que se materializa num supercomputador instalado em Barcelona, ou as novas Gigafábricas de IA, que serão infraestruturas de grande dimensão em que a Comissão Europeia pretende coinvestir em conjunto com consórcios privados.

Resposta a novos desafios

A emergência da IA nos últimos anos suscitou novos desafios, prendendo-se um deles com o dos direitos de autor. Algumas destas ferramentas são ou foram treinadas com conteúdos protegidos — e, a nível internacional, têm-se travado batalhas judiciais para definir o que pode ou não ser considerado uso legal de obras protegidas (como este mesmo artigo que está a ler), ou se deve haver compensação. É o caso do processo que coloca frente a frente o jornal norte-americano The New York Times e a empresa que criou o ChatGPT, a OpenAI.

Ora, o próprio Estado está a ser afetado por esse dilema. O desenvolvimento do modelo Amália com recurso a informação recolhida da internet, incluindo artigos dos jornais portugueses ‘eternizados’ no Arquivo.pt — projeto gerido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) –, tem suscitado dúvidas sobre a proteção dos direitos de autor, incluindo da parte do Sindicato dos Jornalistas: “Importa […] perceber como operará este modelo no recurso e referência a conteúdos jornalísticos, que vêm sendo canibalizados sem atribuição por inteligências artificiais”, avisou em maio, num comunicado.

O Programa do Governo não é omisso sobre essa matéria. Nele, o Executivo de Luís Montenegro assume a intenção de “ajustar os direitos autorais às novas realidades digitais, nomeadamente no que diz respeito à IA”. Não se conhecem detalhes sobre o que se pretende nesta matéria.

Para finalizar, é pretensão do Governo “ampliar as competências e o âmbito de atuação dos reguladores” também nesta vertente, mas também noutras ligadas ao universo digital, como os criptoativos. No que à IA diz respeito, tem entrado em vigor, gradualmente, o novo regulamento europeu da IA. A próxima fase acontece já em agosto de 2025, prazo para o novo Governo determinar qual será em Portugal a autoridade de fiscalização, com a Anacom a ser uma forte candidata.

O Programa do Governo começa a ser debatido no Parlamento esta terça-feira. O documento será votado na quarta-feira, tendo aprovação já garantida.

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Leroy Merlin distribuiu 18,3 milhões de euros pelos colaboradores

A empresa de materiais de construção, decoração, jardinagem e bricolagem entregou 2,7 salários extra aos funcionários em 2024 através de um prémio e da partilha de parte dos resultados operacionais.

A Leroy Merlin anunciou esta segunda-feira que distribuiu 18,3 milhões de euros pelos colaboradores, relativos aos resultados de 2024, o que representa um aumento de 22% em relação ao valor entregue aos trabalhadores no ano anterior.

A verba, que aumentou em cerca de três milhões de euros de um ano para o outro, representa 2,7 salários extraordinários por cada colaborador. Os 18,3 milhões de euros são distribuídos pela equipa a título de participação nos resultados da multinacional francesa e prémios de evolução na performance.

Em Portugal, a empresa de materiais de construção, decoração, jardinagem e bricolagem tem 6.200 funcionários. No âmbito da estratégia da Employer Value Proposition, existe uma cultura de partilha e participação interna através da qual quase todos (99%) dos colaboradores em Portugal sejam, também, acionistas.

A Leroy Merlin procedeu à distribuição dos resultados de duas formas: com o prémio progresso, que se traduz em valor monetário acrescido ao salário, e pela partilha de parte dos resultados operacionais, que pode ser convertida num produto financeiro ou em ações do grupo francês Adeo, ao qual pertence. Em 2024, procedeu-se ainda à atribuição de um voucher online no valor de 150 euros para apoio financeiro adicional no regresso às aulas e na antecipação das despesas de Natal.

“Acreditamos que a partilha do valor gerado é essencial para construir uma empresa mais humana, sustentável e atrativa. Somos human centric [centrados nas pessoas] e preocupamo-nos diariamente em fomentar uma cultura que coloca as pessoas em primeiro lugar”, afirma a diretora de Recursos Humanos da Leroy Merlin Portugal.

Ana Herrero diz que a empresa tem “consciência de um contexto económico desafiante”, portanto investiu no bem-estar dos colaboradores, quer através da valorização financeira quer por via de benefícios e iniciativas relacionadas com a saúde. “Em 2025 continuaremos a dar corpo à nossa ambição de ser um verdadeiro empregador responsável”, garantiu a gestora.

No dia 1 de abril de 2025 a Leroy Merlin aumentou o salário mínimo de entrada para 920 euros, dos anteriores 850 euros. A decisão de subir os ordenados implicou um investimento global de revisão salarial superior a 3,7 milhões de euros e fez com que a empresa fique 5,7% acima do salário mínimo nacional.

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