Crianças e jovens visitam a Startup Braga: assistem a pitch e, agora, até eles podem apresentar projetos.
“O que é que lhes dão para tomar?”, pergunta Nuno César Vieira, em jeito de brincadeira. Nuno está de costas para a matéria estudada, e é o único de pé naquela sala da Startup Braga, a incubadora da cidade.
O fundador da Magnética Apps & Crafts, criadora da WonderCover-Games, responde às mais de dez perguntas feitas pelos miúdos de 15 e 16 anos que, esta quinta-feira, participavam em mais um Pitch for Kids, uma iniciativa da Startup Braga para trazer crianças e jovens a conhecer — e a perceber o que se passa na incubadora.
“A primeira grande dificuldade foi o financiamento. A ideia surgiu há quatro anos e estivemos dois anos a tentar encontrar dinheiro. Depois, entrar no retalho: as lojas têm distribuidores e foi preciso adaptarmo-nos”, recorda, sobre o olhar atento dos aprendizes.
“Têm visto algum resultado em estar na Startup Braga, mesmo que em incubação virtual?”, pergunta um dos alunos da sessão. Nuno sorri e responde: “Sim sim, ajuda muito”.
Os miúdos estão sentados em duas filas alinhadas, que lhes permitem verem-se uns aos outros e perceberem o que se passa na frente da sala, onde um projetor deixa a descoberto as apresentações preparadas pelas três startups incubadas. Em cima das mesas, mexem nos produtos que a startup incubada virtualmente na Startup Braga comercializa, quatro anos depois da ideia, dois anos depois do início do desenvolvimento do produto.
As perguntas vão desde as mais simples às realmente complexas.
“Como surgiu a ideia de criar este projeto?”, pergunta um.
“Já atingiram o break-even?”, questiona outro.
Depois do pitch, Nuno não tem mãos a medir à procura de respostas à altura dos jovens inquiridores. São menos de 20 os alunos de 15 e 16 anos que visitam, nesta tarde, a incubadora de Braga. A visita faz parte da iniciativa Pitch for Kids, versão 2.0. “Partimos deste princípio: simplificar o discurso, de forma a toda a gente entender o que fazes, — até as crianças –, sem jargão nem complicações”, esclarece Daniela Monteiro, diretora da Startup Braga. A ideia levou a incubadora a convidar crianças a dar feedback às startups. “Desta vez houve um upgrade, as crianças eram mais velhas e também tinham as suas apresentações para fazer”, refere.
Depois dos pitch ‘profissionais’
Amanda Chohfi não consegue estar parada. Levanta-se, tira fotografias, bate palmas, sorri de nervoso e de orgulho. Ao fundo da sala, revê curiosa as apresentações dos seus alunos de Business Studies, a disciplina opcional que leciona no colégio internacional onde dá aulas. “Este projeto, feito em parceria com a Junior Achievement, começa no 10.º ano. Até ao 12.º ano é preparada uma mini empresa: escolhem o produto ou serviço, a equipa e, no fundo, passam por todas as etapas de lançar o produto no mercado. Algumas mini empresas continuam a promover o produto depois. No ano passado, tivemos uma equipa que continua, dois anos depois, com a empresa”, conta a professora, em entrevista ao ECO.
Depois das apresentações dos dois projetos dos miúdos, é a vez de os graúdos avaliarem e questionarem os pitch. Mas as perguntas parecem não meter medo aos aprendizes de empreendedores. “A primeira regra das startups é: alguma coisa vai falhar”, explica Ricardo Carvalho, um dos empreendedores incubados na Startup Braga presentes na ronda de pitch. Depois de apresentar o projeto da app “Juntar a Junta”, pensada para facilitar a comunicação dos problemas locais diretamente às juntas de freguesia, é a vez do avaliado passar a avaliador. E Ricardo não poupa elogios às duas equipas de alunos. “Dou-vos os meus parabéns!”, repete.
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De pequenino se prepara o pitch
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