Acordo na OPEP: “Diabo está nos detalhes”
O petróleo sobe depois de a OPEP ter chegado a um acordo para reduzir a produção. Mas a subida é tímida. O mercado quer saber o que é que cada país terá de cortar. Afinal, o "diabo está nos detalhes".
A decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) animou os mercados. Mas não tanto quanto era esperado. Porquê? Porque ainda falta definir os detalhes do acordo. E o “diabo está nos detalhes”, como diz o Commerzbank. Tudo depende agora da forma como as quotas de produção são divididas entre os Estados-membros, uma das questões mais controversas durante as várias tentativas do cartel para chegar a um consenso. Mas há outra dúvida entre os investidores: será que os países vão cumprir o acordo?
Commerzbank: “Diabo está nos detalhes”
O banco diz que a decisão da OPEP de reduzir a produção pela primeira vez em oito anos está a impulsionar os preços do petróleo. O Brent, negociado em Londres, sobe quase 8%. No entanto, o impacto total desta decisão no mercado vai depender da forma como os cortes são distribuídos pelos vários países produtores.
“Os preços reagiram positivamente, mas o diabo está nos detalhes“, diz Carsten Fritsch, analista do Commerzbank. “Temos de esperar para perceber de que forma é que os cortes se vão distribuir pelos países e se isso é de confiança ou não”, explica o analista. Carsten Fritsch diz que a reação inicial dos preços do petróleo pode ter sido contida, uma vez que o mercado esperava um corte mais acentuado.
Hoje, a OPEP decidiu reduzir a produção em 1,2 milhões de barris por dia para 32,5 milhões por dia, quando se chegou a falar no mercado de um corte de 1,4 milhões. O analista alerta: não esperem um corte significativo da produção por parte dos países fora do cartel.
UBS: Preços devem subir para os 50 a 55 dólares
Haverá uma subida dos preços do petróleo se a OPEP anunciar em detalhe quais são os planos para o corte de produção de cada país. “Se for anunciado um corte mais elevado e os países fora da OPEP contribuírem fazendo os seus próprios cortes, então vamos ver os preços a disparar para níveis acima dos 55 dólares por barril“, nota Giovanni Staunovo, analistas de matérias-primas do UBS Group.
O Morgan Stanley já tinha previsto um impulso de 5 dólares ou mais para os preços no caso de um acordo. Embora o compromisso não deva anular totalmente que o excesso que há no mercado, abre caminho para a participação dos países fora do cartel, nota.
KBC: Será que os países vão cumprir o acordo?
Para além da apresentação dos detalhes para cada país, o mercado quer saber se os produtores de petróleo vão cumprir o compromisso hoje alcançado. “No longo prazo, as pessoas estar atentas ao cumprimento do acordo pelos membros da OPEP”, refere Ehsan Ul-Haq, consultor principal da KBC Advanced Tecnologies.
O consultor diz que hoje em dia é fácil saber se os países da OPEP estão a cumprir o que foi acordado ou se encontram formas de enganar o mercado, mantendo as exportações elevadas. “O único problema será perceber se têm um produto com algum tipo de tratamento ou se têm crude puro”, diz Ehsan Ul-Haq.
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