António Costa: “Não podemos passar a olhar para o que sobe e o que desce. Temos de olhar para a série longa”
Primeiro ministro diz que olhar para a evolução mensal dos números pode levar a "falhar o diagnóstico". Para isso, importa ter o panorama geral do que aconteceu.
António Costa diz que, para evitar falhar o diagnóstico do que se passa no país é preciso olhar para o quadro total. “Não podemos passar a olhar para o que sobe e o que desce. Temos de olhar para a série longa. Se não olharmos para a série longa dificilmente acertamos no diagnóstico”, disse, na noite desta segunda-feira, em entrevista à RTP.
Questionado sobre o crescimento antecipado pelo Governo, Costa disse que “desde janeiro de 2016 que temos vindo a retomar o crescimento da economia”. No entanto, disse ainda não estar satisfeito com os resultados. “Assumimos um triplo compromisso: do PS com os eleitores, do PS com os parceiros parlamentares e do Governo com a UE. Vamos manter-nos fiéis a esses compromissos”, garantiu.
Sobre a dívida pública, e questionado sobre o facto de a considerar de alguma forma “impagável”, Costa rejeitou a ideia. Assim como desvalorizou o papel das autarquias no total de dívida. “As autarquias locais são responsáveis por uma parte ínfima da dívida pública. O Estado tem muito que fazer para poder dar lições às autarquias e à região autónoma dos Açores”, afirmou, reforçando que o Governo espera fechar o ano com o défice mais baixo dos últimos 42 anos. “Temos de ter uma gestão ativa da dívida. (…) A realidade é que antecipámos o pagamento ao FMI. A questão das sanções também vai ajudar a criar um ambiente diferente”.
No entanto, o primeiro ministro não conta que a dívida seja alvo de discussão em Bruxelas antes das eleições alemãs, em outubro do próximo ano. “Devemos olhar para o futuro com objetividade. Havendo eleições na Alemanha em outubro de 2017, a UE não discutirá nada até essa altura. A UE não pode continuar a ignorar um problema que exige uma resposta europeia integrada”, disse, acrescentando que, ainda que as regras da UE devam ser alteradas, “enquanto as regras não forem mudadas, devemos cumprir as regras.”
"As autarquias locais são responsáveis por uma parte ínfima da dívida pública. O Estado tem muito que fazer para poder dar lições às autarquias e à região autónoma dos Açores.”
Ainda o Novo Banco
António Costa não quis antecipar valores para as propostas de venda do Novo Banco, alegando que o processo está ainda nas mãos do Banco de Portugal. “Valores não sei dizer, o processo está a ser conduzido pelo BdP e não me vou antecipar ao trabalho que está a ser feito. Avaliaremos a proposta e em função disso tomaremos a decisão que tivermos de tomar. Seria uma indelicadeza estar a condicionar a negociação a ser conduzida pelo Banco de Portugal”, acrescentou o primeiro ministro, sublinhando a importância de os media deixarem de falar de um “banco mau” por criar “uma ideia errada nas pessoas”.
“Um dos grandes problemas foi ter-se desvalorizado a situação financeira dos bancos. (…) Teríamos perdido menos tempo mas esse tempo está passado”, afirmou, em entrevista à RTP, acrescentando que “não basta resolver o problema na banca, é preciso resolver os problemas estruturais nas empresas.”
Sobre o futuro, António Costa disse que gostava de “chegar ao fim deste ano com um quadro geral do sistema financeiro devidamente estabilizado e com um quadro de medidas definido”. “Queria entrar em 2017, olhar para o sistema financeiro e para as nossas Finanças Públicas tranquilos relativamente ao futuro. A economia precisa, o sistema financeiro merece e é essencial para o conjunto de financiamento ao país e para os juros da dívida”, sublinhou, acrescentando que casos como os do Millennium, BPI e Caixa “têm os problemas em vias de solução”. “Tudo isso significa que vamos ter condições para aquilo que necessitamos: um sistema financeiro estabilizado”, acrescentou.
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