Facebook faz mais uma tentativa para entrar na China

  • Bloomberg
  • 28 Novembro 2016

Mark Zuckerberg está a aprender mandarim e ofereceu ao presidente chinês Xi Jinping a hipótese de escolher o nome de seu primeiro bebé. O dirigente recusou.

Mark Zuckerberg, do Facebook, está disposto a tentar praticamente qualquer coisa para colocar a sua empresa na China… novamente. Publicamente, o CEO do Facebook tentou conquistar o país aprendendo mandarim e ofereceu ao presidente chinês Xi Jinping a oportunidade de escolher o nome de seu primeiro bebé (ainda que este tenha recusado). Menos publicamente, mas não menos importante, segundo informações do New York Times, a companhia desenvolveu ferramentas para evitar que publicações sensíveis apareçam nos feed do Facebook em “determinadas regiões geográficas”.

Trata-se de uma medida ambiciosa que salienta o quanto o Facebook está em busca de seu próximo bilhão de usuários. Mas mesmo que as novas ferramentas convençam o governo da China a suspender a proibição do Facebook, os 700 milhões de utilizadores de internet do país não terão muitos motivos para participar. Eles têm muitas redes sociais próprias, a maioria mais avançada e prática. Como Zuckerberg com certeza sabe, o panorama para entrar na China continental parece sombrio. Por que então o Facebook continua tão interessado?

Os antecedentes históricos sem dúvida sugerem cautela. Em 2008, quando o Facebook lançou uma versão em chinês, a rede conseguiu atrair apenas 285.000 integrantes continentais — de uma população de internet composta por mais de 225 milhões. Enquanto isso, plataformas concorrentes, especialmente a QQ, da Tencent, conquistavam dezenas de milhões. No ano seguinte, o Facebook foi bloqueado pelo governo, o que acabou com qualquer chance de acompanhar o ritmo dos empreendedores on-line da China.

Para piorar (para o Facebook), os rivais chineses começaram a inovar: a Sina Weibo, antigamente considerada uma imitação do Twitter, tornou-se uma versão aprimorada da rede social, incorporando sequências de comentários e vídeos muito antes de o serviço com sede em São Francisco pensar em fazer isso.

Mas o serviço mais revolucionário foi o WeChat, da Tencent, lançado em 2011. À primeira vista, ele parecia apenas mais uma rede social e um serviço de mensagens. Mas conseguiu transformar-se rapidamente em algo muito mais rico, oferecendo um sistema gratuito de chat com vídeo, um serviço para pedir táxi, um portal para pagar contas e um amplo ambiente de compras. Hoje é possível fazer transações bancárias através do sistema e transferir dinheiro para qualquer pessoa. Inspirados na saga “O Senhor dos Anéis”, alguns utilizadores brincam, dizendo que se trata de “uma aplicação para a todos governar”. Atualmente, conta com mais de 700 milhões de utilizadores, incluindo praticamente todo mundo com acesso à internet na China — e outros 70 milhões no exterior.

Em comparação com o WeChat, o Facebook é um deserto, com pouco apelo para os clientes chineses. Não existem dados estatísticos públicos sobre a quantidade de chineses continentais que usam o Facebook mas, segundo a minha experiência, a maioria são chineses que moraram ou trabalharam no ocidente, desejam manter as amizades feitas no exterior e têm os meios técnicos para evitar os bloqueios governamentais. Para quem não tem essas conexões, o único suposto apelo do Facebook é que a rede social oferece acesso a notícias, publicações e vídeos que, de outro modo, seriam censurados. Se e quando o Facebook for relançado, essas vantagens vão desaparecer – e com elas o motivo mais evidente para participar dele.

Mas o Facebook ainda tem algo a seu favor, que sem dúvida Zuckerberg tem em mente: a tecnologia e as redes sociais evoluem rapidamente na China.

Há apenas dois anos, Sina Weibo era a maior e a mais popular plataforma de rede social da China. Mas, depois de uma repressão do governo, perdeu o seu viés político e muitos de seus utilizadores mais famosos, e foi dada como morta. No entanto, enquanto os tributos fúnebres estavam sendo escritos, a Weibo estava a reinventar-se. Em pouco tempo, tornou-se uma plataforma para streaming ao vivo de bloggers e autopromoção de celebridades e voltou a prosperar, estimulada por impressionantes 10 milhões de transmissões ao vivo entre abril e junho deste ano — um aumento de 116 vezes em relação ao trimestre anterior. Hoje, a Weibo aproxima-se dos 300 milhões de usuários e as estrelas mais famosas de suas transmissões ao vivo conseguem patrocínios de milhões de dólares.

É tarde demais para o Facebook entrar na onda das transmissões ao vivo. Mas Zuckerberg e os seus colegas, com certeza, estão a perceber que um site politicamente neutro, com foco em celebridades e vídeos curtos, pode chamar a atenção de centenas de milhões de chineses — e, assim, reerguer uma rede social sitiada que foi dada como morta. Noutras palavras, as tentativas de Zuckerberg para conquistar a China ainda podem compensar.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

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Parte da equipa de Domingues já comunicou renúncia aos cargos

Seis vogais do conselho de administração do banco público apresentaram a demissão, na sequência da renúncia do presidente António Domingues.

Depois de António Domingues, uma parte da restante equipa de administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) também já apresentou a demissão.

Esta manhã, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o banco público anunciou a renúncia aos cargos de vogais do conselho de administração de Emídio Pinheiro, Henrique Menezes, Paulo Rodrigues da Silva, Pedro Norton de Matos, Angel Guraya e Herbert Walter.

“A Caixa Geral de Depósitos informa que o senhor dr. António Domingues renunciou ao cargo de presidente do Conselho de Administração”, começa por confirmar a CGD, no comunicado enviado ao regulador.

“Mais informa que apresentaram igualmente a renúncia aos cargos de vogais do Conselho de Administração os senhores Emídio José Bebiano e Moura da Costa Pinheiro, Henrique Cabral de Noronha e Menezes, Paulo Jorge Gonçalves Pereira Rodrigues da Silva, Pedro Lopo de Carvalho Norton de Matos, Angel Corcóstegui Guraya e Herbert Walter”, acrescenta o comunicado.

Do atual conselho de administração fazem ainda parte Rui Vilar, João Paulo Tudela Martins, Pedro Humberto Leitão e Tiago Oliveira Marques.

António Domingues irá manter-se como presidente do conselho de administração da CGD até ao final deste ano. Nas próximas semanas, o Governo irá anunciar o seu sucessor.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h54)

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Descontos há muitos. Descubra os da Cyber Monday

Não foi só na "black friday". Esta segunda-feira também há descontos e o ECO agrupou neste artigo algumas das promoções desta "cyber monday", o dia dedicado às compras online.

Sabe o que vem depois da black friday, a sexta-feira dos descontos e promoções? É a cyber monday, um conceito semelhante, mas voltado para o comércio eletrónico. A grande vantagem é que nem tem de sair de casa: para este dia, várias lojas online vão praticar descontos, alguns bem chorudos e para aproveitar antes do Natal. Descubra-os.

Amazon: Numa palavra, variedade. As oportunidades na gigante das compras online variam ao longo do dia e vão dos leitores de livros eletrónicos às capas para iPhones e até às Segways. Há uma página atualizada em tempo real com todos os negócios: aceda, carregando aqui. Mas tenha atenção, pois nem todos estão disponíveis em Portugal.

Chic by Choice: A startup de aluguer de vestidos de luxo, que tem ADN bem português, oferece 25 euros de desconto para quem fizer reservas com entrega até ao final do ano.

Chiptec: Na loja online, a Chiptec tem alguns produtos em promoção desde 22 de novembro, que assim continuarão até ao final da segunda-feira. São computadores, ecrãs, headphones e outros equipamentos eletrónicos e acessórios. Consulte aqui os artigos com desconto.

Continente: O hipermercado não anunciou descontos específicos para a cyber monday, mas certas prolongam-se até à segunda-feira. Alguns produtos para lavar a loiça estão a metade do preço, mas as ofertas mais relevante são as da “Promoçãozão”, que termina esta segunda-feira. Para saber os descontos, veja esta página e consulte o folheto.

Google Store: Não é específico da cyber monday, mas a loja da Google não está a cobrar portes de envio. É de aproveitar.

Fnac: A loja anunciou várias promoções exclusivas para quem compra online. Há descontos de até 50% em informática, até 30% em telemóveis, até 40% em televisores, até 30% em artigos para fotografia, até 50% em aparelhos de som e 30% de desconto em drones e outros “conectáveis”. Além disso, associando o código promocional CYBERMONDAY às encomendas, todos os portes ficam grátis.

Intermarché: O hipermercado não fala em cyber monday, mas a data do fim das promoções está lá: 28 de novembro, ou seja, esta segunda-feira. Existem descontos para artigos de diversas secções, que pode consultar no site oficial.

Media Markt: Não tem loja online, mas isso não impede a Media Markt de estender a black friday até à segunda-feira. A campanha é a mesma: telemóveis, computadores, consolas, máquinas fotográficas, televisões, eletrodomésticos e jogos de vídeo com desconto, mas em loja física. Ainda assim, o melhor é ver o folheto.

Meo: A operadora também estendeu os descontos da black friday até segunda-feira. Há promoções em telemóveis, pacotes e tarifários. Algumas só estão disponíveis na internet, com “entregas e devoluções gratuitas” e possibilidade de “compra a prestações, desde 3,90 euros por mês”. Mais informação aqui.

Nos: Até segunda-feira, a operadora Nos tem “descontos até 110 euros em smartphones desbloqueados”. Os equipamentos abrangidos pela promoção estão descriminados nesta página. E há oportunidades exclusivas para clientes das loja online.

Target: É uma das maiores gigantes norte-americanas do retalho, mas garante “facilitar” as compras “a partir de Portugal” com “preços em euros, taxas e IVA calculados ao fazer o pagamento, despesas de importação garantidas e envio internacional a baixo custo”. Praticamente todos os artigos estarão com 15% de desconto entre domingo e segunda-feira — incluindo todos os produtos da Apple, do iPhone ao Apple Watch.

Vodafone: Descontos em telemóveis é a campanha da Vodafone, válida desde a black friday até à cyber monday. Há descontos de mais de cem euros em alguns equipamentos, mas todas as oportunidades podem ser vistas na página da campanha.

Worten: A Worten não anunciou descontos específicos para esta segunda-feira. Ainda assim, nesta página, é possível conhecer os artigos específico em promoção, com descontos de até 60% em alguns pequenos eletrodomésticos, até 50% em alguns televisores e até 35% em alguns produtos informáticos. Algumas das campanhas duram até meados de dezembro.

360Imprimir: Esta segunda-feira, a startup portuguesa oferece 250 cartões-de-visita profissionais, embora tenha de pagar os portes de envio e outros serviços adicionais. Veja a promoção nesta página.

(Lista em atualização. Última atualização às 11h32.)

A “cyber monday” é uma importante fonte de receita para muitas empresas de comércio eletrónicoWikimedia Commons

Uma encomenda por segundo

Posto isto, importa referir que a black friday e a cyber monday são já importantes eventos com peso nas contas de muitas empresas de comércio. Um dos exemplos é a Yoox Net-a-Porter, uma empresa de retalho italiana que opera no segmento do vestuário de luxo.

Segundo a agência Bloomberg, a empresa prevê bater novamente recordes este ano e, pela primeira vez, com mais compras via dispositivos móveis do que através do computador. Espera-se que, esta segunda-feira, seja registada uma encomenda a cada segundo, sendo que duas em cada três deverão ser feitas em telemóveis ou tablets.

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Galp retira energia à bolsa nacional, Itália cai 2%

Bolsa portuguesa abriu sessão em zona de ganhos tímidos, mas já inverteu. Pressionam a Galp e mais 12 cotadas nacionais. Itália tomba 2% à espera do referendo do próximo dia 4.

Os analistas dizem que vai ser uma semana complicada para os mercados, com os investidores expectantes quanto ao referendo em Itália. No caso da bolsa portuguesa, já foi possível observar a instabilidade do momento: abriu a sessão a ganhar e inverteu para terreno negativo logo nos primeiros minutos de negociação.

Assim, depois de um ganho ligeiro, o PSI-20, o principal índice português, cedia 0,4% para 4.442,17 pontos. Pressionava sobretudo a Galp, cujos títulos desvalorizavam 1% para 12,5 euros, acompanhando a desvalorização dos preços do petróleo. Mas mais 12 cotadas negociavam com sinal menos, com destaque ainda para o setor do papel, onde a Altri e a Navigator corrigiam em baixa de 0,74% e 0,89%, depois de uma semana positiva por causa da exposição benéfica ao dólar. Entretanto, o CaixaBI cortou na sexta-feira passada a avaliação da Altri em 20% por considerar que os preços do papel só vão recuperar em 2018.

Galp cai nos últimos três dias

Fonte: Bloomberg (Valores em euros)
Fonte: Bloomberg (Valores em euros)

Entre os pesos pesados, também a EDP e EDP Renováveis pressionavam no arranque da sessão em Lisboa, com quedas de 0,41% e 0,73%.

“Durante esta semana, a bolsa nacional irá depender da evolução de variáveis externas como o euro e as yields italianas. A aproximação da realização do referendo em Itália e das eleições presidenciais na Áustria irão influenciar o comportamento do euro”, referiram os analistas do BPI no Diário de Bolsa. “O referendo em Itália é o mais relevante e irá influir sobre as yields italianas e sobre os bancos italianos. Por sua vez, as taxas de juro transalpinas e os bancos deste país podem ditar o curso das yields portuguesas (e por reflexo em diversos títulos nacionais) e de algumas ações bancárias portuguesas“, acrescentaram os analistas.

"Durante esta semana, a bolsa nacional irá depender da evolução de variáveis externas como o euro e as yields italianas. A aproximação da realização do referendo em Itália e das eleições presidenciais na Áustria irão influenciar o comportamento do euro. O referendo em Itália é o mais relevante e irá influir sobre as yields italianas e sobre os bancos italianos. Por sua vez, as taxas de juro transalpinas e os bancos deste país podem ditar o curso das yields portuguesas (e por reflexo em diversos títulos nacionais) e de algumas ações bancárias portuguesas.”

Analistas do BPI

Diário de Bolsa

Lisboa acompanha as perdas que se observavam um pouco por toda a Europa. O índice francês CAC-40 perdia 0,8%, o IBEX-35 de Madrid cedia cerca de 0,5% e o alemão DAX recuava 0,7%. Já o italiano FTSE MIB tombava mais de 2,03%, num sinal de stress evidente dos investidores na semana que antecede o referendo à Constituição italiana.

Nos mercados secundários de dívida, apesar do alívio sobre os juros alemães, as taxas subiam na periferia, casos de Portugal, Espanha e Itália. A yield implícita nas obrigações nacionais a 10 anos subia para os 3,606%.

(notícia em atualizada às 8h29 com mais informações)

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Oito bancos italianos em risco de falência se Renzi perder no referendo

Oito bancos italianos podem estar em risco iminente de falência se o primeiro-ministro Matteo Renzi sair derrotado no referendo constitucional da próxima semana.

Tensão em Itália. Oito bancos do problemático sistema financeiro italiano correm o risco de falência caso o primeiro-ministro Matteo Renzi seja derrotado no referendo constitucional que está agendado para o próximo dia 4 de dezembro, na sequência de um agravamento das condições do mercado que impeça a recapitalização das instituições, segundo adiantaram ao Financial Times vários responsáveis de bancos e outras fontes oficiais.

Renzi, que já anunciou que abandonará o cargo em caso de derrota, promoveu uma solução de mercado para resolver os problemas da banca italiana, tendo evitado medidas impopulares de resolução dos bancos no âmbito das novas regras europeias.

Segundo o novo enquadramento legal, uma medida de resolução implica uma reestruturação do banco com recurso, se for necessário, à imposição de perdas para os acionistas e obrigacionistas, algo que é visto como altamente controverso em Itália pois milhões de pequenos investidores detém exposição à dívida dos bancos.

A situação está a ser monitorizada de perto pelos responsáveis financeiros e políticos em todo a Europa e além, que receiam que a falência em massa de bancos italianos desencadeie uma onda de pânico em todo o sistema financeiro na Zona Euro.

Caso o “Não” vença no referendo à Constituição, promovendo a saída de Renzi, os banqueiros temem que a incerteza durante a criação de um governo exponha as instituições financeiras italianas a condições extremamente adversas dos mercados.

Itália tem oito bancos em diferentes fases de stress: o terceiro maior banco em ativos, o Monte dei Paschi, bancos médios como o Popolare di Vicenza, Veneto Banca e Carige; outros quatro pequenos bancos foram intervencionados no ano passado: Banca Etruria, CariChieti, Banca delle Marche e o CariFerrara.

Os bancos italianos têm 360 mil milhões de euros em crédito problemático e apenas 225 mil milhões de euros em capital para fazer face a eventuais perdas.

Antigo economista do Tesouro italiano e fundador da consultora LC Macro Advisors, Lorenzo Codogno considera que a “maior preocupação” do resultado do referendo tem a ver com o seu impacto “no setor bancário e nas implicações para a estabilidade financeira. “Os aumentos de capital dos bancos italianos previstos para serem anunciados após o referendo poderão tornar-se ainda mais complicados do que o esperado no caso de voto no “Não”, acrescentou.

"Os aumentos de capital dos bancos italianos previstos para serem anunciados após o referendo poderão tornar-se ainda mais complicados do que o esperado no caso de voto no “Não”.”

Lorenzo Codogno

LC Macro Advisors

No pior cenário, os vários responsáveis adiantaram que a falência do Monte dei Paschi, que tem em vista um complexo plano de recapitalização de cinco mil milhões de euros e uma reestruturação do malparado, iria transformaram-se numa crise de confiança sem precedentes.

Neste cenário, responsáveis políticos e banqueiros acreditam que todos os oito bancos seriam alvo de medidas de resolução para evitar que o contágio se alastre a outras instituições com o UniCredit, que está a desenvolver esforços para aumentar o capital em 13 mil milhões de euros e cuja operação de recapitalização está prevista para o início de 2017.

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Protesto no Brasil exige ‘impeachment’ de Temer e “diretas já”

  • Lusa
  • 28 Novembro 2016

Milhares de manifestantes protestaram na cidade brasileira de São Paulo contra a proposta de emenda constitucional (PEC) do teto da despesa pública e pela impugnação de mandato do atual Presidente.

Milhares de manifestantes protestaram este domingo na cidade brasileira de São Paulo contra a proposta de emenda constitucional (PEC) do teto da despesa pública e pela impugnação de mandato do atual Presidente, Michel Temer, e “eleições diretas já”.

Convocado pela Frente Povo Sem Medo, o protesto, que encheu durante a tarde a Avenida Paulista – embora nem os organizadores nem a polícia militar tenham divulgado estimativas de público -, começou com uma homenagem ao líder da revolução cubana, Fidel Castro, falecido no sábado aos 90 anos.

“Não dá para o senhor Michel Temer continuar no comando do Brasil sentado naquela cadeira lá no Planalto. Temer não tem mais condições, vai embora Temer. Renuncie”, declarou o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, citado pelo jornal Estado de São Paulo.

Além de Boulos, participaram no protesto o senador Linbergh Farias (representante do Rio de Janeiro do PT, Partido dos Trabalhadores), o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Vagner Freitas, o vereador eleito Eduardo Suplicy (PT), os deputados Ivan Valente e Luiza Erundina (PSOL) e a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral.

O presidente da central sindical CUT foi contundente: “Está na hora de fazer greve para tirar este Governo. A nossa bandeira é ‘diretas já’. Este Congresso não tem legitimidade (para eleger um Presidente)”.

Temer, que assumiu o cargo há seis meses, após o ‘impeachment’ da Presidente eleita Dilma Rousseff, tem desde então enfrentado sucessivos escândalos e demissões de altos responsáveis e a indignação popular em relação às suas políticas.

Mas na sexta-feira, um novo escândalo atingiu-o diretamente pela primeira vez, com acusações de abuso de poder, por ter feito um favor pessoal a um dos ministros do seu executivo – o que ele negou que tenha acontecido.

Durante o protesto de hoje, todos os oradores recordaram nos seus discursos as declarações do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que disse à Polícia Federal ter sido pressionado por Temer para intervir junto do Instituto de Património Artístico e Histórico Nacional (Iphan) para dar luz verde à construção, em Salvador, do edifício La Vue, embargado por estar numa zona de património histórico, onde o ex-ministro da secretaria de Governo Geddel Vieira Lima tem um apartamento.

Este escândalo pode reduzir a capacidade de Temer para fazer aprovar uma série de medidas de austeridade que ele defende serem necessárias para empurrar a maior economia da América Latina para fora de uma profunda recessão e que são uma ameaça para a sua presidência.

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CGD: PSD pede esclarecimentos formais a Costa e questiona reguladores BdP e CMVM

  • Lusa
  • 28 Novembro 2016

O PSD vai apresentar no parlamento quatro requerimentos formais para esclarecimentos diretos do primeiro-ministro e questões aos reguladores Banco de Portugal e CMVM sobre a Caixa.

O PSD vai apresentar esta segunda-feira no parlamento quatro requerimentos formais para esclarecimentos diretos do primeiro-ministro e questões aos reguladores Banco de Portugal (BdP) e Comissão do Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Segundo os documentos, a que a Lusa teve acesso, o grupo parlamentar social-democrata dirige-se a António Costa reportando-se às informações de Bruxelas de que o novo presidente do conselho de administração da CGD, António Domingues, reuniu com a Direção-Geral da Concorrência (DGCOMP) e também com o Banco Central Europeu (BCE) no âmbito do Mecanismo Único de Supervisão (‘SSM’) para tratar do processo de recapitalização do banco público enquanto era ainda vice-presidente, administrador e acionista do concorrente BPI.

A bancada do PSD pergunta ao Chefe do Governo sobre “todas as reuniões com a participação do Dr. António Domingues, com instituições nacionais e europeias, em que se abordaram assuntos da CGD, seriadas cronologicamente”, a identificação de todas pessoas e entidades envolvidas nas referidas reuniões” e “quais as entidades contratadas” por Domingues, “e em que condições, para o assessorarem no âmbito do processo de recapitalização e reestruturação da CGD”.

O PSD exige conhecer “correspondência, documentação e informação, escrita ou eletrónica, trocada entre o Governo (ou qualquer dos seus membros)” e Domingues, “a sua equipa ou as empresas que o assessoraram, relativas à CGD e antes do início de funções”.

Os deputados sociais-democratas requerem ainda ao primeiro-ministro socialista “as propostas de plano estratégico e de recapitalização da CGD que foram apresentadas pelo Governo Português e/ou o Dr. António Domingues à DGCOMP e/ou ao BCE”.

Segundo o PSD, após informações recolhidas em Bruxelas, nomeadamente junto da Comissária Europeia para a Concorrência, a dinamarquesa Margrethe Vestager, as referidas reuniões “decorreram nos meses de março, abril e maio” e “Domingues só cessou funções e renunciou ao seu cargo no BPI, no dia 30 de maio de 2016”.

Ao Banco de Portugal, o PSD pergunta sobre se houve conhecimento por parte do regulador “das situações acima descritas que configuraram, pelo menos no período entre 19 de março e 30 de maio, um flagrante conflito de interesses” e se a instituição dirigida por Carlos Costa “já realizou ou vai iniciar alguma averiguação relativamente à conformidade legal e regulamentar dessas situações”.

Os deputados sociais-democratas afirmam que Domingues “já reconheceu que, nesse mesmo período, entre março e maio, contratou a Consultora McKinsey e a Sociedade de Advogados Campos Ferreira, Sá Carneiro & Associados, para o assistirem no processo, informação que não era pública”.

“Foi a CMVM informada pela Administração da CGD e/ou pela Auditora Deloitte acerca da situação acima referenciada? Como entende a CMVM esta situação à luz dos deveres de imparcialidade e objetividade a que estão sujeitas as auditoras? Não se estará perante uma situação potencialmente geradora de um conflito de interesses?”, são outras perguntas enviadas ao regulador bolsista.

A CMVM é ainda questionada sobre o “conhecimento dos factos descritos acima” e se “iniciou averiguações ou quaisquer diligências ao abrigo das suas competências de regulador do mercado de valores mobiliários” e se “não entende existirem indícios de violação das regras vigentes designadamente quanto a conflitos de interesse ou ao acesso a informação privilegiada”.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

Do balanço da emissão de OTRV, em Portugal, até ao do crescimento económico global, pela OCDE, os investidores vão ter muita coisa a que estar atentos. Também Draghi fala perante o Parlamento Europeu.

Depois de a procura ter superado fortemente a oferta, sabe-se hoje quanto caberá a cada português que aderiu à terceira emissão de obrigações para o retalho, lançada pelo Governo. Olhando para a Europa, os investidores vão analisar as declarações de Mario Draghi perante os deputados do Parlamento Europeu. Nomeadamente, se dá ou não pistas sobre a saúde da economia da Zona Euro e do Reino Unido. A escassos dias da reunião da OPEP para decidir um corte de produção de petróleo, realiza-se um encontro do cartel com produtores fora da OPEP que poderá condicionar a evolução das cotações do “ouro negro”.

Terceira emissão de OTRV em balanço

Hoje é dia de balanço da terceira emissão de obrigações para o retalho (OTRV). Este produto tem despertado um interesse muito grande por parte dos portugueses. Nesta última emissão que arrancou a 14 e terminou a 25 de novembro, foram colocados inicialmente 500 milhões de euros que esgotaram em oito horas, levando as Finanças a aumentar para 1.500 milhões o valor global da emissão. No início da semana passada, o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças salientava a forte procura pelas OTRV que já superava o montante disponibilizado. Esta segunda-feira será possível perceber a parcela que caberá a cada português que aderiu a esta emissão.

Radiografia dos empréstimos e depósitos pelo BCE

O Banco Central Europeu divulga esta segunda-feira estatísticas que mostram a evolução dos montantes dos empréstimos e dos depósitos na Zona Euro relativos ao mês de outubro. Estes dados poderão ajudar, por um lado, a fazer uma radiografia da disponibilidade dos bancos para financiarem as empresas e os particulares, em Portugal. Por outro será possível perceber se os portugueses continuam, ou não, a desinvestir em depósitos.

Draghi volta a prestar contas

O presidente do Banco Central Europeu vai novamente prestar contas aos deputados no Parlamento Europeu. Mario Draghi vai responder a perguntas sobre a sua perspetiva para a economia da Zona Euro, depois de terem sido divulgados dados positivos sobre os setores dos serviços e indústria para a região. Para além disso, Draghi deverá também falar sobre as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia para a estabilidade financeira.

A última oportunidade da OPEP

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tem esta segunda-feira a sua última oportunidade para conseguir definir as bases de um acordo para limitar a produção de petróleo. O cartel reúne-se a 30 de novembro, mas antes disso vai tentar convencer os produtores fora da OPEP, como a Rússia, a cooperarem neste corte. Uma redução que muitos investidores não acreditam que aconteça. Este ceticismo tem afastado cada vez mais os preços do petróleo da fasquia dos 50 dólares.

Como vai a economia global? A OCDE responde

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico vai apresentar a sua perspetiva para a economia global. A taxa de crescimento económico nos países desenvolvidos duplicou nos três meses até setembro, sinalizando um crescimento modesto da economia global. Será que esta tendência vai manter-se?

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CGD: UGT pede ao Governo rapidez na nomeação de nova administração

  • Lusa
  • 28 Novembro 2016

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, defendeu hoje que o Governo deve ser célere na nomeação de uma nova administração para a Caixa Geral de Depósitos.

“Esta é uma responsabilidade, acima de tudo, do dr. António Domingues e dos elementos que estavam nomeados para a administração, mas caberá ao Governo, também no princípio da boa-fé, atuar já com toda a celeridade no sentido de tapar este buraco”, afirmou à agência Lusa Carlos Silva.

O presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, António Domingues, apresentou a demissão do cargo, anunciou hoje o Ministério das Finanças em comunicado.

O secretário-geral da UGT insistiu “há que dar corpo a uma nova nomeação, a uma nova administração para que resolva os problemas da Caixa Geral de Depósitos tão rápido quanto possível”, sobretudo quando o Governo, do PS, foi autorizado por Bruxelas “a fazer a recapitalização da Caixa sem que isso entre para as contas do défice”, que classificou como “uma mais-valia para o país”.

“Eu acho que, naturalmente, este brilhantismo de atuação do Governo neste capítulo não pode sair prejudicado com esta atuação um pouco desastrada em relação à matéria que teve a ver com a apresentação ou não de declarações de rendimento”, adiantou.

Carlos Silva criticou ainda esta “novela”, considerando que “se arrastou demasiado tempo quando todos em Portugal sabem que em democracia ninguém está acima da Lei e o dr. António Domingues também sabia que não estava acima da Lei”.

Para o sindicalista, o presidente demissionário do banco público “deveria ter cumprido com transparência e com rigor aquilo de que já estava informado em termos de pressão mediática, quer do próprio Presidente da República, quer do próprio Governo, quer do próprio Tribunal Constitucional”.

“Bem necessita o país que de que o sistema financeiro estabilize e essa estabilidade, com esta situação da Caixa, não ajudou nada, não ajudou a instituição, não ajudou o país e também não ajudou, sobretudo, os trabalhadores”, referiu Carlos Silva, argumentando que estes, “com esta convulsão, acabam por se ver numa situação difícil em termos internos da própria estabilidade numa eventual reestruturação que estava em cima da mesa”.

Já o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, Rui Riso, afirmou que a demissão de António Domingues é um revés no processo de recapitalização da caixa.

“É um revés no processo de capitalização, no processo de funcionamento da Caixa”, disse à agência Lusa o presidente do sindicato, afeto à UGT.

“Anda toda a gente à espera que se encontre uma solução para a Caixa e a solução estaria encontrada, e haver uma demissão da pessoa que lidera o projeto obviamente não é bom”, continuou Rui Riso, também secretário-geral da Federação dos Sindicatos do Setor Financeiro, considerando existir “uma grande pressão sobre aquilo que se está a passar na Caixa, sabe-se lá se para não correr bem”.

Admitindo que este processo “possa ter sido menos bem conduzido”, o sindicalista declarou haver “uma série de pressões para que isto não corra bem”, expressando o desejo de conhecer as explicações que determinaram a demissão de António Domingues.

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Perfil: António Domingues, o banqueiro que se recusou a mostrar as declarações de rendimentos

  • Lusa
  • 28 Novembro 2016

A recusa em entregar declarações de rendimentos foi uma das polémicas que assinala o curto de mandato à frente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) de António Domingues, o banqueiro que o governo sociali

Nascido na pequena freguesia de Sabadim, concelho de Arcos de Valdevez, António Domingues deixará a CGD a 31 de dezembro com 60 anos acabados de fazer mas sem conseguir dar início ao processo de aumento de capital do banco público, a sua principal bandeira da administração.

O Governo já anunciou que apenas avançará em 2017 e que inclui uma injeção de dinheiro ‘fresco’ de 2,7 mil milhões de euros. No total, o aumento de capital da CGD será superior a cinco mil milhões de euros.

António Domingues, à data vice-presidente da Comissão Executiva do Conselho de Administração do Banco Português de Investimento (BPI), foi o nome escolhido pelo executivo para suceder a José de Matos, tornando-se no 23.º presidente da administração da CGD.

A liderança de António Domingues na CGD, criada em 1876, é provavelmente das mais breves de sempre.

O banqueiro, 59 anos, licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia de Lisboa, assumiu a presidência do Conselho de Administração do banco público no dia 31 de agosto, depois de quase três décadas no BPI e poucos dias depois de a Comissão Europeia ter anunciado um acordo de princípio com o Governo português para a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Contudo, antes de iniciar funções, já a nova administração estava envolta em controvérsia. O Banco Central Europeu (BCE) aprovou 11 nomes propostos pelo Governo para o Conselho de Administração da CGD, mas rejeitou outros oito por excederem o limite de cargos em órgãos sociais de outras sociedades, e houve ainda críticas por Domingues ter levado vários quadros do BPI para o banco público.

A primeira polémica surgiria quando o ministro das Finanças, Mário Centeno, referiu no parlamento o valor da remuneração dos gestores, recebendo em valor bruto António Domingues 423 mil euros anuais e os vogais executivos 337 mil euros por ano, à parte a remuneração variável, que pode ir “até metade da remuneração fixa”.

O assunto agitou a cena política, com vários partidos a tomarem posições sobre a matéria.

Esta polémica seria posta de lado com uma nova e que se prolongou pelas últimas semanas: a recusa dos administradores da equipa de António Domingues em apresentarem as suas declarações de património e de rendimentos ao Tribunal Constitucional (TC).

Os novos gestores alegavam que lhes tinha sido garantida pelo executivo uma exceção no Estatuto do Gestor Público que evitava que tivessem de entregar esses documentos, que ficam disponíveis para consulta pública.

Desde então, a CGD centrou o debate político e todos os partidos defenderam que os administradores do banco públcio deveriam entregar as declarações de rendimento e património no TC, tal como membros do Governo e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Na última quinta-feira, os deputados do BE votaram alinhados com os do PSD e do CDS e viabilizarem uma proposta de alteração à proposta de Orçamento do Estado para 2017 apresentada pelos sociais-democratas que obriga os administradores da CGD a apresentarem as declarações de rendimentos no TC. Terá sido esta lei a fazer decidir António Domingues apresentar a sua renúncia, segundo afirmou hoje na SIC o comentador Luís Marques Mendes.

No meio desta polémica, na última semana houve uma outra, relacionada com a possibilidade de Domingues estar na posse de informação privilegiada sobre a CGD quando participou, como convidado, em três reuniões com a Comissão Europeia para debater a recapitalização do banco, o que o Governo negou, pela voz do secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e Finanças, Ricardo Mourinho Félix, e o que o próprio António Domingues já tinha negado anteriormente no parlamento.

Durante todo este processo, o Governo foi sempre reiterando a sua confiança na administração da CGD, destacando o seu “profissionalismo, independência e idoneidade”, como consta num comunicado divulgado na quinta-feira. O primeiro-ministro também tem reiterado toda a confiança no ministro das Finanças, Mário Centeno, apesar das críticas que tem merecido o envolvimento do seu gabinete neste processo.

Na sua carreira, o banqueiro já tinha sido administrador não executivo da NOS, vogal do Conselho de Administração da PT Multimédia e ZON Multimédia, diretor central da Direção Financeira do Banco Português de Investimento e membro da Comissão Executiva do Banco Português de Investimento.

Foi também diretor do Departamento de Estrangeiro do Instituto Emissor de Macau e técnico assessor do Departamento de Estrangeiro do Banco de Portugal.

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Arménio Carlos: Todos saem com imagem chamuscada com esta novela

  • Lusa
  • 28 Novembro 2016

O secretário-geral da CGTP-IN disse hoje que não ficou surpreendido com a demissão do presidente da Caixa Geral de Depósitos.

“Esta é uma novela que já devia ter terminado há muito tempo e, portanto, a partir deste momento, com a demissão do dr. António Domingues, esperamos sinceramente que possamos passar uma nova fase e neste caso concreto encontrar um novo conselho de administração que seja mais diminuto, seja mais reduzido, cujos salários sejam mais baixos e, acima de tudo, tenha uma visão estratégica de gestão da Caixa Geral de Depósitos diferente daquela que é feita no setor privado”, afirmou à agência Lusa Arménio Carlos, responsável da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses Intersindical (CGTP-IN).

O presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, António Domingues, apresentou a demissão do cargo, anunciou hoje o Ministério das Finanças em comunicado.

Para Arménio Carlos, é necessário colocar a Caixa “ao serviço do desenvolvimento do país e, simultaneamente, para dar respostas à economia, às empresas, aos trabalhadores e à população”.

“É isso que se pretende, é isso que se exige, é isso que se justifica agora mais do que nunca”, defendeu o secretário-geral da CGTP.

Questionado sobre quem sai mal desta “novela”, Arménio Carlos começou por referir “a administração da Caixa Geral de Depósitos ou, pelo menos, o presidente que agora pediu a demissão” que “já podia ter resolvido este problema há muito tempo”.

Se não estava interessado, pura e simplesmente já podia ter apresentado a demissão há mais tempo”, declarou Arménio Carlos que apontou, ainda, o Governo, do PS, pois “permitiu que este processo se desenrolasse até hoje e já passaram muitas semanas”.

O líder da intersindical referiu ainda que esta situação “só prejudicou a Caixa Geral de Depósitos, a sua imagem e, acima de tudo, a sua capacidade de intervir em tempo oportuno para responder aos problemas do país”.

“Os intervenientes – Governo, administração e presidente da Caixa Geral de Depósitos – todos eles saem com uma imagem chamuscada, diria mesmo que todos eles acabam por ser marcados por essa imagem negativa”, acrescentou.

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CGD: PCP quer banco a ajudar Portugal sem a privatização desejada por PSD e CDS-PP

  • Lusa
  • 28 Novembro 2016

O dirigente comunista Jorge Pires desejou hoje uma CGD que ajude a economia , sem atender aos "falsos argumentos" de CDS-PP e, sobretudo, PSD que "escondem o objetivo da privatização" do banco público

O membro da comissão política do Comité Central do PCP não deixou, no entanto, de lamentar as “decisões erradas” do Governo socialista, além do ato “inútil” em que consistiu a aprovação na passada semana de uma alteração legislativa, proposta pelo PSD e viabilizada por CDS-PP e BE, para que os administradores de instituições de crédito integradas no setor empresarial do Estado ficassem abrangidos pelas normas constantes do Estatuto do Gestor Público (EGP), designadamente a apresentarem os seus rendimentos ao Tribunal Constitucional (TC).

Houve mais um episódio, na passada semana, na Assembleia da República, de votação inútil de uma proposta de forçar a aprovação de uma lei que obrigava a concretizar uma lei em vigor e da qual o TC está a tratar, no sentido de forçar os administradores da CGD a mostrarem os seus rendimentos. Serviu como mais um argumento”, disse Jorge Pires, para o presidente da administração da CGD, António Domingues, apresentar o pedido de demissão.

Segundo um comunicado do Ministério das Finanças, “o Governo foi informado pelo presidente do Conselho Fiscal da Caixa Geral de Depósitos (CGD) da renúncia apresentada pelo presidente do Conselho de Administração, António Domingues, renúncia essa que o Governo lamenta”.

“Esta demissão do presidente da CGD é resultado decorrente de opções erradas do Governo que, ao longo destas últimas semanas, meses, foram sendo aproveitadas para uma ação determinada por parte de PSD e CDS, particularmente do PSD, para vir a criar dificuldades à CGD, no sentido de vir a criar condições para a sua privatização”, continuou o dirigente comunista, lamentando os “falsos argumentos” de sociais-democratas.

A tutela de Mário Centeno informou ainda que “a renúncia só produzirá efeitos no final do mês de dezembro” e que “muito brevemente, será designada, para apreciação por parte do Single Supervisory Mechanism [Mecanismo Único de Supervisão – SSM], uma personalidade para o exercício de funções” e que “dê continuidade aos planos de negócios e de recapitalização já aprovados”.

Agora, “o que é necessário é pôr a CGD a funcionar, dar-lhe os instrumentos para que possa cumprir com as suas missões: emprestar dinheiro às empresas, ajudar a economia a funcionar, ajudar as famílias, é esta a missão principal da CGD enquanto banco público e este problema deve ser resolvido o mais rápido possível”, reforçou Jorge Pires.

Para o PCP, Centeno não tem responsabilidade direta, que possa conduzir à assunção de que se deve demitir “porque não há informação de que foi ele que fez essa opção de contratar aqueles administradores, com a condição de que podiam não apresentar a declaração de rendimentos”.

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