Governo angolano revê em baixa estimativa de produção de gás natural em 2016

  • Lusa
  • 27 Setembro 2016

A fábrica Angola LNG, instalada no Soyo e que retoma a laboração nos próximos dias, após nova paralisação, deverá ficar mais de 5.000 barris equivalentes de gás abaixo da produção diária estimada.

A fábrica retomou a exportação de carregamentos de gás natural liquefeito (LNG) em junho último, dois anos após o encerramento da unidade, que representou um investimento de dez mil milhões de dólares (8,8 mil milhões de euros), devido a um incêndio num dos gasodutos. Contudo, no mês seguinte, em julho, voltou a parar, para testes e manutenção que só agora foram concluídos.

O reinício da atividade é apontado pela empresa – participada em 22,8 por cento pela estatal Sonangol – para “final de setembro” e entretanto o Governo angolano fez uma revisão em baixa a produção de gás esperada para a fábrica.

Conforme dados que constam da revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE), aprovado a 19 de setembro pelo Parlamento angolano, a produção petrolífera do país situar-se-á em 2016 nos 654,6 milhões de barris, correspondente a uma produção média diária de 1.793.400 barris.

“Incluindo a produção do Angola LNG, que poderá alcançar uma produção média diária de 54.145 barris equivalentes, abaixo dos níveis de produção média diária de 60.000 barris equivalentes inicialmente previstos”, lê-se no documento.

A Angola LNG anunciou em março deste ano que vai começar a fornecer, ainda em 2016, gás natural liquefeito ao grupo EDF, o maior produtor de energia elétrica do mundo, através de um “acordo flexível” rubricado com a EDF Trading.

O acordo de venda prevê a entrega de vários carregamentos a partir de 2016 e vigorará até 2018, anunciou a administração da fábrica angolana.

Angola é atualmente o maior produtor de petróleo da África subsariana, mas o gás associado tem sido queimado ou reinjetado nos poços.

Instalada no Soyo, província do Zaire, no norte de Angola, a fábrica Angola LNG encontrava-se paralisada desde 10 de abril de 2014, tendo sido lançada uma intervenção de reabilitação na unidade.

O nível projetado de produção e processamento da unidade é de cerca de 5,2 milhões de toneladas de LNG por ano, além de propano, butano e condensados, mas a laboração foi então suspensa.

Lançado em 2007 para aproveitar o gás natural resultante da exploração petrolífera, o projeto reúne, além da Chevron (36,4%), a Sonangol (22,8%), a britânica BP Exploration (13,6%), a italiana Eni (13,6%) e a francesa Total (13,6%).

A capacidade de produção da Angola LNG envolve ainda 125 milhões de metros cúbicos de gás natural para consumo doméstico e tem uma frota dedicada de sete navios tanque e três cais de carregamento.

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Combate à pobreza das crianças é “uma das principais limitações do estado social”

  • Marta Santos Silva
  • 27 Setembro 2016

A pobreza e a desigualdade aumentaram durante o programa de ajustamento, concluiu o estudo de Carlos Farinha Rodrigues. Ao ECO, o investigador sublinha o caso da pobreza das crianças.

A pobreza das crianças e dos jovens aumentou dramaticamente durante os anos da crise e é “uma das principais limitações do Estado Social”, disse esta sexta-feira Carlos Farinha Rodrigues, na apresentação do estudo da sua autoria, Desigualdade de Rendimento e Pobreza em Portugal, que teve lugar no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa.

À margem da conferência, o investigador explicou ao ECO que, embora seja importante olhar como conjunto para os resultados do estudo sobre a desigualdade e a pobreza nos anos do programa de ajustamento em Portugal, visto que as diferentes variáveis estão interligadas, “qualquer estratégia efetiva de combate à pobreza e à exclusão social tem de começar por aí”.

Na apresentação do estudo, Carlos Farinha Rodrigues afirmou que Portugal tem tido dificuldades em combater a pobreza das crianças e dos jovens, que são um grupo particularmente vulnerável. Em períodos em que a taxa de pobreza sobe, a pobreza das crianças tem tendência a subir a um ritmo mais acelerado, mas quando a taxa de pobreza desce, a pobreza das crianças desce menos, explicou o investigador. Entre 2009 e 2014, os anos sobre os quais incide este estudo realizado para a Fundação Francisco Manuel dos Santos, a taxa de pobreza das crianças e dos jovens agravou-se em 2,4 pontos percentuais, para alcançar um pico de 25,6% em 2013.

Ao ECO, Carlos Farinha Rodrigues esclareceu que uma estratégia de combate à pobreza das crianças e dos jovens tem de ser multifacetada. “Tem de haver simultaneamente medidas concretas dirigidas às crianças e medidas concretas dirigidas às famílias onde as crianças estão”, afirmou. “Também não faz sentido que políticas de combate à pobreza das crianças sejam exclusivamente uma questão de subsídios — tem de ser uma política que conjugue transferência de recursos para as famílias, medidas ao nível educativo e ao nível do sistema de saúde. Política de recursos, política de educação, política de saúde“.

"Mais importante do que de quem é a culpa, é importante que haja a consciência dos fortes problemas sociais que temos em Portugal, e que se encontrem formas para o resolver. O resto é espuma dos dias.”

Carlos Farinha Rodrigues

Autor do estudo Desigualdade de Rendimento e Pobreza em Portugal

O estudo Desigualdade de Rendimento e Pobreza em Portugal deu origem ao microsite Portugal Desigual, onde é possível consultar as principais conclusões do estudo e, através de vários gráficos interativos, ficar a perceber melhor como a crise e o programa de ajustamento afetaram os rendimentos e a situação económica dos portugueses de diferentes idades, qualificações e rendimentos médios. Os mais afetados pela crise foram as famílias jovens, as famílias alargadas com crianças, os desempregados e as pessoas com qualificações inferiores.

No primeiro debate quinzenal após a rentrée e apenas um dia antes da apresentação formal do estudo, os representantes dos partidos de esquerda mencionaram o projeto Portugal Desigual para acusar os partidos da coligação PSD e CDS de terem sido responsáveis pelo aumento da pobreza e da desigualdade durante os anos do período de ajustamento. Confrontado com essas declarações, Carlos Farinha Rodrigues pausou antes de concluir: “Mais importante do que de quem é a culpa, é importante que haja a consciência dos fortes problemas sociais que temos em Portugal, e que se encontrem formas para o resolver. O resto é espuma dos dias”.

A “armadilha” da linha de pobreza

Entre 2009 e 2014, a taxa de pobreza aumentou, passando de 17,7% para 19,5%, o que significa que, em 2014, havia mais 115 mil pessoas a viver abaixo da linha de pobreza do que em 2009. A intensidade da pobreza, por sua vez, subiu aos valores mais elevados desde que a série é calculada pelo INE: em 2013, ascendeu aos 30,3%.

E esta não é a história toda. A linha de pobreza não é calculada através de estudos dos rendimentos necessários à sobrevivência — é um indicador estatístico que se define como 60% do rendimento mediano por adulto equivalente num país. Em Portugal, onde a diminuição dos rendimentos de trabalho e das pensões provocada pela crise e pelo programa de ajustamento afetou mais marcadamente a distribuição do rendimento onde se situa o valor mediano, “muitos indivíduos e famílias que anteriormente eram considerados pobres ‘saíram’ dessa situação, mas apenas ‘artificialmente’: os seus recursos não aumentaram (podendo mesmo ter diminuído) mas foi a própria linha de pobreza que passou a ficar abaixo dos seus recursos“, lê-se na introdução ao estudo Desigualdade de Rendimento e Pobreza em Portugal.

Em 2009, o limiar de pobreza para um casal com dois filhos menores era de 911 euros mensais; em 2014, era de 886. Para os indivíduos sozinhos, a linha de pobreza desceu de 434 euros mensais para 442 no mesmo período.

Editado por Mónica Silvares.

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Tecnológica 360imprimir vai recrutar 122 pessoas

  • Lusa
  • 27 Setembro 2016

A tecnológica portuguesa 360imprimir vai recrutar 122 pessoas até ao final do ano, espera entrar na Colômbia nos próximos seis meses e mais do que duplicar a faturação em 2017.

Ambição não lhe falta. A tecnológica portuguesa 360imprimir vai recrutar 122 pessoas até ao final do ano, espera entrar na Colômbia nos próximos seis meses e mais do que duplicar a faturação em 2017.

Já fizemos um processo de consulta de uma dezena de empresas de recrutamento e adjudicámos à Randstad” a contratação de 89 pessoas, explicou à Lusa o presidente executivo, Sérgio Vieira.

A 360imprimir é uma gráfica ‘online’, “totalmente tecnológica e sem produção própria”, que se assume como uma ‘one-stop-shop’ (loja que oferece múltiplos serviços naquele setor).

Um terço dos empregos criados, adiantou, “será nas áreas de IT [tecnologia] e de ‘product manager’ [gestor de produto]”, disse, cerca de 25% das contratações visam a área do ‘marketing’ analítico e as restantes são dirigidas a equipas de apoio, como área financeira, de recursos humanos, entre outras, disse.

“Temos o grande objetivo de selecionar todas as pessoas até 31 de dezembro”, salientou o empreendedor, que adiantou que no final a tecnológica contará com 200 pessoas.

A empresa “tem uma equipa muito dinâmica e jovem” e é “uma oportunidade de progressão na carreira”, acrescentou.

No início deste mês, a 360imprimir anunciou que captou um investimento de três milhões de euros, realizado pela Pathena, fundo de Venture Capital, que lhe permite continuar a apostar em novas tecnologias.

“Deste investimento de três milhões de euros, um milhão de euros é para reforçar a equipa”, disse.

A 360imprimir prevê faturar sete milhões de euros este ano e “mais do que duplicar” em 2017, para “15 milhões de euros”, acrescentou.

“Temos o objetivo ambicioso de chegar aos 100 milhões de euros em 2020”, salientou, apontando que a empresa tem “cumprido a 100% o business plan [plano de negócios]”.

Atualmente presente em Portugal, Espanha, Brasil e México, a 360imprimir espera entrar “nos próximos seis na Colômbia”, disse, adiantando que depois ainda falta decidir se a empresa avança para o Chile ou Argentina.

O negócio internacional representa mais de metade da faturação da 360imprimir, que conta com mais de 250 mil clientes.

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PSI-20 lidera perdas na Europa

A Galp Energia seguiu a tendência do setor europeu, pressionando o índice português. Os títulos da petrolífera fecharam com uma queda de mais de 2%.

A praça lisboeta viveu a terceira sessão consecutiva de perdas, num dia em que o índice de referência da bolsa nacional foi o mais penalizado da Europa. O PSI-20 recuou 1,01%, para os 4.520,61 pontos, desempenho que contrasta com o avanço ligeiro de 0,06%, para os 340,19 pontos, registado pelo Stoxx 600, e de quedas mais ligeiras para a generalidade dos mercados acionistas europeus.

O índice que agrega as 600 maiores capitalizações do velho Continente inverteu logo no final de uma sessão que foi penalizada pelos títulos do setor de petróleo e gás, mas também pela banca em menor dimensão, numa altura em que persistem preocupações em torno da saúde financeira da banca europeia. O Deutsche Bank voltou a fechar em queda.

Já as perdas do setor de petróleo e gás ocorreram num dia em que as cotações do petróleo registam uma forte queda depois de o Irão ter avançado que não pretende congelar a produção da matéria-prima e do Goldman Sachs ter revisto em baixa a sua previsão para os preços do petróleo, para 43 dólares por barril. O Brent, cotado em Londres, recua 3,04%, para os 45,91 dólares.

Foi neste cenário que a Galp Energia foi o título que mais pesou no desempenho negativo do PSI-20. As ações da petrolífera recuaram 2,35%, para os 11,45 euros. Também na energia, a EDP desceu 0,34% para 2,928 euros e a EDP Renováveis caiu 0,45% para 7,095 euros, depois de a empresa liderada por Manso Neto ter anunciado ontem que estabeleceu um acordo com duas instituições financeiras, que não identifica, para o financiamento de “tax equity” no montante de 342 milhões de dólares (305 milhões de euros).

Na banca, os títulos do BCP recuaram 2,44%, para os 1,5 cêntimos por ação, enquanto os do BPI ficaram inalterados nos 1,13 euros, pela terceira sessão. A contribuir para a descida do PSI-20 estiveram também os CTT, que desvalorizam 1,48% para 5,975 euros, depois de terem tocado no novo mínimo histórico de 5,92 euros. Já à Mota-Engil coube liderar as quedas do índice nacional: 1,58%, para 3,6 euros.

Em alta, destaque apenas para quatro títulos. A Pharol foi a cotada que mais valorizou: 1,67%, para os 0,244 euros por ação.

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“Passe a passe” para o trabalho. Sem carro

  • Ana Luísa Alves
  • 27 Setembro 2016

A campanha foi lançada pelas operadoras de transportes públicos de Lisboa.

“Passe a Passe” é uma campanha desenvolvida pelas operadoras de transportes públicos e tem como objetivo promover o uso dos transportes públicos a novos utilizadores durante a Semana Europeia da Mobilidade.

Esta campanha destina-se aos novos utilizadores do sistema de transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa, incluindo quem nunca usou passe e quem já não o faz há mais de um ano. É válida apenas para pedidos de emissão dos cartões Lisboa Viva nesta quinta-feira, dia 22 de setembro.

Para usufruir basta preencher a requisição necessária, no momento em que é pedido o cartão, indicando o título de transporte pretendido. A data limite para o carregamento do passe é 31 de outubro de 2016, sendo possível carregar títulos de transporte para o mês seguinte.

Desta campanha serão excluídos os títulos com perfis sub23, 4_18 e Social +, e os cartões que não os solicitados no dia da campanha (ainda que estejam válidos). Cada operador deverá ainda verificar se o utilizador não teve qualquer título de transporte mensal nos últimos 12 meses e proceder à emissão do voucher.

As operadoras de transporte aderentes são a Barraqueiro Transportes (incluindo a barraqueiro Oeste, Boa Viagem, Mafrense e Ribatejana); Henrique Leonardo da Mota, Isidro Duarte e J.J. Santo António, a Rodoviária de Lisboa, a Scotturb, a Transportes de Lisboa (incluindo a Carris, o Metro de Lisboa e a Transtejo/Soflusa), a Transportes Coletivos do Barreiro, a TST-Transportes Sul do Tejo, a Vimeca Transportes, CP-Comboios de Portugal, a Fertagus e o Metro Transportes do Sul.

Editado por Mónica Silvares

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Verão dita maior quebra de sempre nos montantes aplicados em depósitos

O montante aplicado em depósitos encolheu em mais de dois mil milhões de euros durante o mês de agosto. Desde o início do histórico do BCE que a quebra não era tão acentuada.

O mês de eleição para os portugueses passarem férias foi marcado pelo maior “rombo” de sempre nos depósitos. Segundo dados divulgados hoje pelo BCE, em agosto, o montante aplicado pelos portugueses em depósitos encolheu em mais de dois mil milhões de euros, a maior quebra desde o início de 2003, período a que remonta o histórico disponibilizado pela entidade liderada por Mario Draghi.

Depósitos

Fonte: BCE (Valores em milhares de euros)
Fonte: BCE (Valores em milhares de euros)

Nesse mês, o total de depósitos das famílias recuou, em 2.119 milhões de euros, para perto de 143,5 mil milhões de euros, o patamar mais baixo desde o mês de maio. A maior parte do dinheiro saiu dos depósitos à ordem, mas também das aplicações a prazo com maturidade superior a dois anos. Os depósitos à ordem encolheram em 1.630 milhões de euros (a maior quebra também desde janeiro de 2003), para se fixarem em quase 42,3 milhões de euros. Já os depósitos acima de dois anos perderam 1,03 milhões de euros, para se situarem no final de agosto em 37,8 milhões de euros.

A diminuição das aplicações em depósitos coincide com o período de férias dos portugueses, altura em que por tradições os gastos de consumo crescem. Acresce ainda o facto de esse mês ter sido marcado pelo período de subscrição da segunda emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV). “A redução do saldo de depósitos em agosto reflete essencialmente dois fatores: por um lado, o movimento típico sazonal, pois os depósitos de particulares normalmente registam uma ligeira redução nesta altura do ano; por outro lado, deverá também possivelmente refletir o desvio de aplicações em instituições financeiras para títulos do Tesouro, designadamente a série de OTRV’s lançada nesta altura (montante total colocado de 1,2 mil milhões de euros)”, refere a esse propósito Paula Gonçalves Carvalho, economista-chefe do BPI.

A redução do saldo de depósitos em agosto reflete essencialmente dois fatores: por um lado, o movimento típico sazonal, pois os depósitos de particulares normalmente registam uma ligeira redução nesta altura do ano.

Paula Carvalho

Economista-chefe do BPI

A economista explica ainda que a atual tendência de fuga dos depósitos “trata-se sobretudo da procura por rentabilidade pelos particulares num contexto em que as taxas de remuneração oferecidas para aplicações tradicionais pelo sistema bancário são muito baixas ou mesmo nulas”. A quebra das remunerações dos depósitos a prazo é precisamente um dos elementos que estará a contribuir para a contínua quebra dos valores aplicados em depósitos a prazo. O valor em aplicações a prazo encolheu em 487 milhões de euros, para se fixar nos 101 mil milhões de euros, em agosto. Desde pelo menos o início de 2003 que as famílias não tinham tão pouco dinheiro em depósitos a prazo.

Contudo a economista-chefe do BPI acredita que a quebra histórica verificada no stock de depósitos, em agosto, é um movimento temporário. “Esta evolução ocorre num contexto em que se registam taxas de crescimento dos depósitos de particulares superior a 3%, em termos anuais, evolução que se deverá manter. Tratou-se de um movimento pontual, refletindo condições específicas na altura”, complementa Paula Gonçalves Carvalho.

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Turismo: Jogar na Champions, pagar ao preço das distritais

Governantes e empresários estiveram reunidos para discutir o presente e o futuro do turismo. Na rua, os trabalhadores do setor exigiam melhores condições.

Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Manuel Caldeira Cabral, Ana Mendes Godinho, Fernando Medina Francisco Calheiros. Foram só alguns dos nomes que estiveram esta terça-feira reunidos na III Cimeira do Turismo, marcada para o Dia Mundial do Turismo, a discutir os desafios e oportunidades do setor que se apresenta como um dos principais motores da economia portuguesa.

Não era para menos. Num país em que o turismo representa mais de 6% do PIB e assegura 10% de todos os empregos, empresários e governo estão a viver, nas palavras de um dos notáveis que esteve a discutir o estado do setor, uma “onda vibrante”, com multidões recorde a aterrarem todos os dias nos aeroportos nacionais.

Pelo meio, várias sombras. Estão as cidades prontas para receber tantos turistas, sem descurar as necessidades de quem vive nelas? É possível construir uma estratégia de longo prazo para o setor, quando os sucessivos governos destroem os programas dos anteriores, para darem início aos próprios programas? Se as costuras da Portela já estão a rebentar, quando é que se avança com o Montijo? E com que dinheiro se dá força ao turismo, quando metade das empresas do setor estão descapitalizadas?

Foi a estas perguntas, com discursos demasiado polidos, que políticos e empresários quase responderam.

A jogar na Champions, com ajuda €uropeia

“Estamos a jogar ao mais alto nível, na Champions League do mundo do turismo”. Foi a Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo Português, que coube abrir a cimeira. Não poupou elogios aos “nossos empresários”, a quem atribui “a coragem e capacidade de ter investido durante o período da troika“, e foi brando com o governo. ”

"A contratação a termo é absolutamente indispensável para fazer frente aos picos de sazonalidade.”

Francisco Calheiros

Presidente da Confederação do Turismo de Portugal

Desconstruindo: Portugal está, de facto, entre os melhores do turismo. No índice global da competitividade, ocupa a 15ª posição, entre 144 possíveis. Não é dos países mais visitados (pelo menos, em termos nominais), mas é um dos destinos europeus que mais cresce, com aumentos homólogos de dois dígitos há vários anos.

O que falta? Essencialmente, condições para investimento. “Estabilidade legislativa e fiscal, com vista a maior previsibilidade; uma legislação laboral ajustada às necessidades do turismo — a contratação a termo é absolutamente indispensável para fazer frente aos picos de sazonalidade; e a criação de um mecanismo específico de financiamento ao turismo, onde seja atendida a sua especificidade para captar cada vez mais turistas”. São estes os três eixos de que, para Francisco Calheiros, o turismo precisa para crescer de forma sustentada.

Do lado dos governantes presentes, não chegou resposta a nenhum destes pontos, mas falou-se de outros números: os dos fundos europeus, que estão a financiar grande parte dos novos projetos turísticos. “Fizemos um grande esforço para acelerar a execução dos fundos comunitários. Até ao final do ano, chegarão 450 milhões de euros de fundos destinados às empresas, dos quais 220 milhões de euros para projetos turísticos, que já estão aprovados, no âmbito do Portugal 2020”, anunciou o primeiro-ministro, António Costa.

Estes projetos, esclareceu à margem do evento Manuel Caldeira Cabral, “são a resposta razoável ao crescimento que o setor tem”, isto é, trata-se, na maioria dos casos, de aumento da oferta turística, e não de requalificação da oferta já existente.

Turismo criou 42 mil empregos…

Durante a sua intervenção, Costa aproveitou para lembrar alguns resultados animadores: “Este ano tem sido particularmente importante, com um crescimento de 10% em número de turistas, um aumento de quase 17% em receitas e a criação de 42 mil postos de trabalho desde janeiro. Isto significa que este está a ser um bom ano de turismo”, sublinhou.

Sobre a qualidade dos empregos criados, o primeiro-ministro defende que é preciso “valorizar a atividade turística, qualificar o emprego no setor, diminuir a sazonalidade e aumentar a diversidade da oferta”. Mas, sublinha, isso não se faz com leis. “Nem a sazonalidade se combate por lei nem a concentração se resolve por regulamento”, pois “é na economia e não na lei que está a boa solução para os problemas”.

… mas que empregos?

Enquanto os principais atores do turismo nacional discutiam no Museu do Oriente o presente e o futuro do setor, lá fora, aqueles que fazem mover a “onda vibrante” protestavam contra o trabalho precário e os salários congelados, indiferentes aos recordes de receitas que se batem ano após ano.

“O turismo dá milhões, aos trabalhadores só tostões”, era o que se ouvia à porta do museu. Os milhões são estes: nos primeiros sete meses deste ano, os turistas deixaram em Portugal 6,58 mil milhões de euros e a hotelaria nacional recebeu 10,6 milhões de hóspedes, responsáveis por mais de 29 milhões de dormidas.

Os manifestantes, membros do Sindicato de Hotelaria do Sul e da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht), contestavam os “salários bloqueados”, em alguns casos com tabelas salariais de 2008 e 2009. Por outro lado, denunciam, a operação da hotelaria é assegurada, em grande parte, por trabalhadores temporários e até por trabalhadores clandestinos, sem os descontos para a Segurança Social regularizados.

Depois da manifestação, a Fesaht vai entregar uma moção ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e a membros do Governo, para apelar ao combate à “exploração e ao empobrecimento” dos trabalhadores do setor.

O ministro da Economia alinhou com o primeiro-ministro e defendeu a formação e o combate à sazonalidade como as soluções para a valorização do emprego no turismo:

Turistas a mais? Quais turistas a mais?

Todos tocaram no assunto e ninguém gosta dele: já há turistas a mais em Portugal?

O primeiro-ministro introduziu: “Não deixa de ser com alguma satisfação que vejo que agora se discute se há turismo a mais em algumas zonas da cidade e, há nove anos, discutia-se que eram zonas abandonadas, desertificadas, onde nada acontecia e que estavam em absoluta decadência”, disse.

Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, pegou na deixa: “Ouço frequentemente a pergunta: ‘será que Portugal já tem turista mais?’ Não sei que conceito é esse, nem sei o que é ter turistas a mais. É um conceito sem sentido, portanto, mais vale não me preocupar com essa matéria.

"É bom ter turistas e é bom que haja pessoas a procurar-nos. Temos de assegurar que não colocamos obstáculos a que isto prossiga.”

Fernando Medina

Presidente da Câmara de Lisboa

O autarca reconheceu, ainda assim, que há uma “realidade nova” a surgir em Lisboa com a qual é preciso lidar. “Lisboa está a tornar-se numa cidade de turismo elevado. Quem tiver medo disto, não responderá ao futuro da cidade. Negar que o turismo obriga a transformações nas políticas da cidade é um erro e compromete a sustentabilidade”. Entre as necessidades de adaptação, salientou as alterações no comércio, na habitação, na segurança, na higiene urbana — “tudo questões que não existiam há dez anos e que hoje são centrais”.

Tudo certo, mas pouco detalhado. Faltou dizer, por exemplo, que, desde 2014, com o boom das plataformas online para arrendamento de curto prazo, as rendas habitacionais dispararam entre 30% e 40% em algumas zonas de Lisboa, segundo os cálculos da APEMIP, associação que representa as agências imobiliárias de todo o país. O presidente da Câmara não mencionou eventuais soluções para fenómenos desta natureza. Ou que mais de metade das empresas do setor estão descapitalizadas e, segundo um relatório do ano passado da Comissão Europeia, em “alto risco de falência”, apesar dos consecutivos recordes de receitas turísticas.

Venham mais. Mas só com o Portela+1

Não só não há demasiados turistas, como é preciso que venham mais. Mas, antes disso, é mesmo preciso expandir o aeroporto de Lisboa, para “assegurar que não temos estrangulamentos na procura”, defendeu Fernando Medina. A eterna pergunta é: para quando?

Ninguém parece querer responder. Costa preferiu focar-se no aumento das rotas aéreas, sem tocar no assunto Portela+1, e Medina deixou o recado: “já vamos tarde”. E sublinhou: “Não podemos cometer o erro de não tomar as decisões que se impõem. A questão da Portela já ultrapassou todas as expectativas dos críticos que diziam que isto era impossível, aqueles que diziam, não assim há tanto tempo, que a Portela ainda aguentava mais 20 ou 30 anos”.

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Empréstimos às famílias para a habitação caem 8,5% em agosto

  • Lusa
  • 27 Setembro 2016

Os empréstimos concedidos a sociedades financeiras mantiveram a tendência de queda durante o último mês.

Os empréstimos concedidos pelos bancos a particulares com o destino habitação continuaram a cair em agosto (-2,7%) em termos homólogos, assim como os concedidos a sociedades não financeiras (-2,5%), segundo dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal (BdP). Em julho, as taxas de variação anual destes empréstimos já tinham sido negativas em 2,7% e 2,2%, respetivamente.

De acordo com o BdP, em agosto, a taxas de variação anual dos empréstimos concedidos às famílias mantiveram-se em -1,7%, com a do crédito à habitação a permanecer nos -2,7% e a do crédito ao consumo e outros fins a aumentar 0,3 pontos percentuais para os 3%.

Os indicadores de incumprimento dos empréstimos concedidos às famílias, de acordo com a informação disponibilizada pelo BdP “não se alteraram relativamente ao mês anterior”, com o rácio de crédito vencido a manter-se em 5,2% e a percentagem de devedores com crédito vencido em 14,1% (6,4% no crédito à habitação e 15,6% no crédito ao consumo).

No que diz respeito aos empréstimos concedidos às sociedades não financeiras, segundo a instituição, em agosto, a taxas de variação anual dos empréstimos concedidos diminuiu 0,3 pontos percentuais, situando-se em -2,5%. “A taxas de variação anual dos empréstimos às empresas privadas exportadoras decresceu 0,7 pontos percentuais em relação ao mês anterior, fixando-se em -0,3%”, refere. O rácio de crédito vencido das sociedades não financeiras, por sua vez, aumentou 0,2 pontos percentuais para 16,7%.

A percentagem de devedores com crédito variou 0,1 pontos percentuais, fixando-se em 29,5%.

Segundo o BdP, as empresas privadas exportadoras apresentaram um rácio de crédito vencido de 7,0% (+0,2 pontos percentuais face a julho) e uma percentagem de devedores com crédito vencido de 10,6% (+0,3 pontos percentuais do que no mês anterior).

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Cinco pontos para distinguir as visões económicas de Clinton e Trump

  • Marta Santos Silva
  • 27 Setembro 2016

Do comércio livre ao impacto que os seus programas teriam no défice, saiba o que distingue as visões económicas dos dois candidatos à Casa Branca.

Hillary Clinton e Donald Trump ainda só estiveram frente a frente uma vez para discutir as suas visões para os Estados Unidos, mas o que se disse durante os 90 minutos de debate acerca de como as propostas dos dois candidatos à Casa Branca se diferenciam e assemelham no que toca à maior economia do mundo?

Enquanto Donald Trump conseguiu não dizer uma palavra sobre as suas propostas para equilibrar o orçamento norte-americano, Hillary Clinton foi enganadora acerca da sua posição relativamente ao comércio livre ao longo dos anos. Nalgumas questões, por exemplo na política fiscal, os candidatos não podiam estar mais afastados, noutras, como no que toca à segurança social, estão mais próximos do que se pensaria.

Comércio livre

  • Hillary Clinton: A candidata tem mudado de perspetiva acerca dos acordos de comércio livre ao longo da sua carreira. O NAFTA foi assinado pelo seu marido, Bill Clinton, durante o seu mandato enquanto presidente dos EUA, e Hillary descreveu o novo acordo que está a ser negociado por Barack Obama, o TPP, ou Parceria Transpacífica, como um tratado muito prometedor no seu livro publicado em 2012. Durante as eleições primárias, porém, Clinton começou a afirmar-se como uma opositora ao TPP, tal como o seu rival de então, Bernie Sanders. A candidata já prometeu rever atentamente as regras de comércio livre, incluindo o NAFTA.
  • Donald Trump: Também Trump, por seu lado, defende afincadamente que acordos como o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) diminuem os empregos disponíveis nos Estados Unidos. O candidato do Partido Republicano propõe que se imponham tarifas de 45% nas importações vindas do México e da China, tendo chegado a sugerir que seriam em parte esses impostos que financiariam a construção de um muro na fronteira do México para impedir a imigração ilegal. A posição de Trump é muito mais radical do que a de Clinton, o que é evidente num relatório do Peterson Institute for Internacional Economics, que concluiu que as propostas de Trump provocariam “uma guerra de comércio internacional que enviariam a economia norte-americana para uma recessão e acabariam com milhões de empregos”. Hillary Clinton já acusou repetidamente Trump de ser simplista na sua perspetiva dos acordos de comércio livre.

Salário mínimo

  • Hillary Clinton: Defende o aumento do salário mínimo para 12 dólares por hora (cerca de 10,66 euros), uma posição que é considerada pouco progressiva por algumas fações do Partido Democrata, incluindo os apoiantes de Bernie Sanders, que defendem um aumento para 15 dólares (cerca de 13,33 euros). Também vários estados, incluindo por exemplo a Califórnia e Seattle, já anunciaram que vão aumentar progressivamente o salário mínimo até aos 15 dólares ao longo dos próximos anos.
  • Donald Trump: Não tem uma política diretamente direcionada para o salário mínimo. O candidato dos republicanos defende que as suas políticas económicas — com base em cortes nos impostos dos mais ricos — iriam dar mais força à economia e diminuir o desemprego, o que, diz, eliminaria a necessidade de um aumento do salário mínimo. Trump acredita também que os vários estados devem ter o direito de definir independentemente o seu salário mínimo.

Segurança Social

  • Hillary Clinton: Ambos os candidatos prometem “salvar a Segurança Social”, mas têm visões diferentes para o fazer. Hillary propõe expandir o programa de forma a recompensar os cuidadores informais, aqueles que cuidam de crianças, idosos ou familiares com deficiência ou doença sem qualquer remuneração por isso, com mais créditos da Segurança Social, e pretende ainda aumentar as quantias recebidas por viuvez. Para pagar esta expansão, Clinton aponta para a sua proposta de aumento de impostos para os mais ricos, sobre a qual falamos abaixo.
  • Donald Trump: Já Trump, mais uma vez, não tem um plano específico, apesar de falar frequentemente em proteger a Segurança Social. Essa proteção seria assegurada pelo resto do projeto económico que Trump defende fortaleceria a economia o suficiente para a Segurança Social se tornar autossustentável — cortes nos impostos dos mais ricos e redução da regulamentação para as empresas. “Enquanto republicanos, opomo-nos a aumentos de impostos e acreditamos no poder dos mercados para criar riqueza e ajudar a assegurar o futuro do nosso sistema de Segurança Social”, lê-se no programa do Partido Republicano.

Política Fiscal

  • Hillary Clinton: Pretende aumentar os impostos para os norte-americanos mais ricos. Aqueles com os rendimentos mais altos estariam sujeitos a um imposto de pelo menos 30%. Clinton defende esta medida afirmando que os mais ricos foram os que mais beneficiaram nos últimos anos, e devem agora pagar “a sua justa parte”. A antiga Secretária de Estado de Barack Obama pretende também implementar medidas para combater os paraísos fiscais e outras estratégias usadas pelos mais ricos para fugir aos impostos norte-americanos. Na semana passada, Clinton propôs ainda a criação de um imposto de 65% sobre as maiores heranças milionárias.
  • Donald Trump: Defende o corte de impostos a todos os escalões, e já afirmou que o seu plano prevê que muitos americanos deixem de pagar impostos completamente. A grande diferença está nos impostos das empresas. O candidato quer cortar o imposto sobre os rendimentos das empresas, que estava em 35%, para 15%. Trump acredita que a liberalização da economia e o corte dos impostos vão fortalecer as dinâmicas de mercado e acabar por enriquecer toda a população.

Impacto no défice

  • Hillary Clinton: A agência de rating Moody’s emitiu um parecer em que concluiu que as propostas de fiscalidade e de despesa de Hillary Clinton teriam um efeito “relativamente modesto” no défice. Um relatório publicado no dia 21 de setembro pelo grupo não partidário Committee for a Responsible Federal Budget, citado pelo Wall Street Journal, concluiu que as propostas de aumento de impostos de Clinton cobririam grande parte do aumento da despesa que a candidata se propõe a levar a cabo caso chegue à presidência, ao longo dos próximos dez anos. Isso deixaria a dívida a 86% do PIB em 2026, uma subida de 9%, que é o mesmo que a estimada pelo Congressional Budget Office se as políticas atuais permanecessem inalteradas durante uma década.
  • Donald Trump: O think tank conservador Tax Foundation anunciou que o plano fiscal de Donald Trump agravaria o défice norte-americano em 5,9 biliões de dólares em 10 anos. O mesmo relatório do Committee for a Responsible Federal Budget alerta para o facto de que as reduções de despesa de Trump não são suficientes para compensar os enormes cortes nos impostos que este propõe fazer, o que provocaria um aumento dramático da dívida norte-americana após 10 anos.

Editado por Paulo Moutinho.

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Migrantes podem aumentar em 2% PIB per capita dos países que os recebem

  • Lusa
  • 27 Setembro 2016

Os países anfitriões podem ficar a ganhar se conseguirem integrar com sucesso os migrantes que receberam, diz o FMI

Um aumento de um ponto percentual da participação dos migrantes na população ativa do país recetor pode aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita em dois pontos percentuais no longo prazo, segundo um relatório divulgado hoje pelo FMI.

“A migração melhora o PIB per capita dos países anfitriões por impulsionar o investimento e por aumentar a produtividade laboral”, um aumento que pode chegar aos dois pontos percentuais de crescimento a mais por cada ponto percentual extra na participação dos migrantes na população ativa do país, conclui o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Num dos capítulos analíticos do World Economic Outlook (WEO), divulgados hoje, e que aborda os impactos da migração nas economias, o FMI defende que “os migrantes podem impulsionar a força de trabalho e ter um impacto positivo no crescimento e nas finanças públicas no médio prazo, especialmente nos países com populações envelhecidas”. No entanto, alerta a instituição liderada por Christine Lagarde, a migração – que, a nível internacional, é dominada (95%) por migrantes económicos, mas que inclui também refugiados (5%), apresenta desafios nos países de origem e de chegada.

Nos países de origem, a saída dos jovens e dos trabalhadores mais qualificados pode prejudicar o crescimento no longo prazo: “A perda de capital humano traduz-se em menos produtividade, menos qualificações e menos receitas fiscais”, alerta o FMI. Já nos países que recebem migrantes, as chegadas podem provocar “tensão social, preocupações de segurança e até repercussões políticas”, avisa o Fundo.

No entanto, o FMI sublinha que a migração “pode oferecer ganhos económicos, trazendo mais crescimento e produtividade”, bem como “oferecer algum alívio” aos países com população envelhecida, uma vez que há uma predominância dos migrantes em idade ativa. “Com o passar do tempo, dado o impacto na população ativa e na atividade económica, os migrantes podem gerar mais receita fiscal e contribuições socais”, refere o Fundo.

Para o FMI, a chave para alcançar estes objetivos é “uma integração rápida” dos migrantes no mercado de trabalho e, por isso, aponta que são necessárias “melhores políticas de trabalho, acesso à educação e apoio à iniciativa dos migrantes”. O Fundo deixa um aviso aos países que recebem refugiados: “A incerteza quanto à situação legal dos refugiados pode atrasar a entrada no mercado de trabalho, [uma vez que] enquanto as candidaturas de pedido de asilo estão a ser analisadas, os refugiados enfrentam barreiras legais ao emprego”.

“Mas a integração leva tempo, especialmente no caso dos refugiados, o que significa que haverá um atraso antes que comecem a contribuir para as contas públicas”, admite o FMI.

Ainda assim, “embora tenha algum custo no curto prazo, acrescentando pressão orçamental nos países anfitriões”, a instituição defende que estas políticas “podem ajudar os migrantes a conseguirem – e manterem – um trabalho, a contribuírem cada vez mais e, com mais e melhor integração social, para diminuir as tensões sociais”.

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António Domingues: CGD tem de cortar custos

O novo presidente da CGD diz que o banco estatal é grande, serve sobretudo clientes particulares e que não reduziu tanto os custos como os bancos rivais.

António Domingues diz que a CGD precisa de cortar mais custos, uma vez que o que fez até agora ficou aquém dos bancos rivais. O facto de ser um banco grande e que depende dos depósitos também são apontados como motivos para as necessidades de capital.

Desde 2010, “os bancos fizeram um grande esforço, mas, no conjunto, os custos caíram 15%. Na CGD, recuaram 9%”, nota o responsável pelo banco estatal na comissão parlamentar criada para analisar os motivos para a situação atual da CGD.

António Domingues, o quarto inquirido no âmbito da comissão de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), disse ainda que “o aumento de capital, a fazer-se, só podia fazer-se uma vez” e que as condições não podiam representar ajuda estatal.

Os bancos fizeram um grande esforço, mas, no conjunto, os custos caíram 15%. Na CGD, recuaram 9%

António Domingues, presidente da Caixa Geral de Depósitos

A Comissão Europeia já autorizou esta recapitalização, num acordo com o governo português que permite um aumento de capital de até 2,7 mil milhões de euros, transferência de 500 milhões de euros em ações da entidade que gere as participações da CGD, a ParCaixa, e conversão de 960 milhões de euros de obrigações subordinadas de conversão contingente, ou CoCo, subscritas pelo Estado em ações.

O novo presidente do maior banco português, e ex-BPI, refere o cenário difícil de taxas de juro baixas, que penaliza o setor bancário. “O setor como um todo começou por ter problemas a nível da evolução da receita, devido a uma taxa de juro próxima de zero”, referindo-se à Euribor. “O ambiente de taxas de juro zero é muito negativo para o setor bancário”, disse o CEO, falando ainda do aumento gradual do custo dos depósitos.

Em relação ao salário, o presidente diz que a sua remuneração está em linha com o que é praticado no mercado e que será tornado público. Domingues disse ainda que o aumento dos salários dos administradores da Caixa foi autorizado por Bruxelas e que foi uma das condições para que a comissão aprovasse o plano de restruturação.

Esta é já a quarta sessão nesta comissão de inquérito, depois de já ter sido ouvido o ministro das Finanças, Mário Centeno, o anterior presidente da CGD, José de Matos, e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

Cargo só foi aceite após negociações

António Domingues confirmou ao deputado do PSD Carlos Costa Neves que negociou com o governo condições para aceitar o cargo, como a estrutura da equipa, necessidades de capital e plano de reestruturação.

“Se houvesse aplicação das novas regras de ajudas de Estado, eu não teria aceitado o convite”, afirma Domingues.

O PSD insistiu várias vezes sobre quando é que o novo presidente teria deixado as funções que exercia no BPI, ao que António Domingues diz ter abandonado o cargo a 16 de abril. “Todos os colaboradores do BPI que foram convidados a integrar a CGD pediram a demissão dos quadros do BPI”, esclarece.

 

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Ataque informático pode custar mais de meio milhão de euros às empresas

  • Ana Luísa Alves
  • 27 Setembro 2016

Estudo da Kaspersky Lab revela que um incidente de segurança informática pode custar, em média 765 mil euros às grandes empresas.

A empresa de segurança informática Kaspersky concluiu que um incidente de segurança online pode custar às grandes empresas, em média, cerca de 765 mil euros. Se o problema de segurança online só for descoberto semanas depois, as grandes empresas pagam cerca de 27% mais. E as pequenas e médias empresas (PME), para as quais os custos são ainda maiores, podem ainda pagar 44% mais. Ou seja, quanto maior for o problema e quanto mais tarde for identificado, maior poderá vir a ser o custo de recuperação.

No relatório, intitulado “Medindo o impacto financeiro da segurança cibernética nas empresas”, a Kaspersky comparou pela primeira vez o orçamento destinado à proteção informática e os prejuízos existentes com problemas de segurança online. As pequenas empresas destinam cerca de 18% do seu orçamento total para a segurança, enquanto as grandes empresas lhe atribuem 21%. É expectável que, nos próximos três anos, os orçamentos para a segurança das grandes empresas cresçam pelo menos 14%.

Quanto ao valor de recuperação, a Kaspersky pediu às empresas que fizessem um relatório com os prejuízos resultantes dos gastos mais elevados com perdas de oportunidades de negócio, melhoria da segurança das tecnológicas e contratação de especialistas externos e novos colaboradores. A conclusão é que as empresas gastam aproximadamente 70 mil euros em formação e 75 mil euros com a ajuda de especialistas externos, o que se converte depois em 19% do prejuízo.

Editado por Paulo Moutinho

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