Investimento em imobiliário ultrapassa 1,2 mil milhões de euros em 2016
A estabilidade económica do país está a atrair a procura e, feitas as contas, 85% do investimento feito no imobiliário em Portugal, no passado, foi de origem internacional.
O mercado imobiliário português transacionou um total de 1.254 milhões de euros no ano passado, segundo os dados recolhidos pela consultora JLL, no estudo Market 360º, apresentado esta quarta-feira. Este ano, acredita a consultora, também será de crescimento e o investimento vai voltar a ultrapassar os mil milhões de euros, pela terceira vez numa década.
O montante total de investimento representa uma quebra de 29% face a 2015, mas “não há motivos para alarme”, acredita Maria Empis, responsável pelo departamento de consultoria e pesquisa da JLL. “Em 2015, todo o produto estava disponível. Agora, começa a haver maior escassez de produto, pelo que é normal que haja uma quebra. Mas estamos a ser procurados”, assegura.
"Há mais confiança por parte dos investidores no nosso país e a procura internacional está cá.”
A justificar esta dinâmica do setor está a estabilidade económica do país. “Ainda que não haja um crescimento exponencial, todos os indicadores da economia portuguesa estão a melhorar gradualmente”, aponta Maria Empis. Por isso, diz, “há mais confiança por parte dos investidores no nosso país e a procura internacional está cá”.
Isso mesmo mostra o retrato dos investidores que apostaram em Portugal: 35% do montante investido veio do Reino Unido, seguido por França (23%), Portugal (15%), Espanha (10%) e Estados Unidos (5%). Feitas as contas, 85% do investimento feito no imobiliário em Portugal é de origem internacional. Já no que toca à compra de casa, houve compradores de 43 nacionalidades diferentes.
O maior negócio do ano, segundo as contas da JLL, foi o do Campus da Justiça, no Parque das Nações, que foi comprado por 235 milhões de euros. Logo a seguir vem o Algarveshopping, comprado por 177 milhões de euros pela CBRE GIP.
"Em 2017, deverão manter-se os fatores de atração ao nosso mercado, entre os quais a volatilidade dos mercados financeiros, taxas de juro em mínimos, crescimento do turismo e estabilidade política.”
Para este ano, a expectativa é que o investimento se mantenha acima da bitola dos mil milhões. “No curto e médio prazo, os volumes de investimento deverão manter-se elevados, acima dos mil milhões de euros anuais. 2017 deverá alinhar com esta tendência, mantendo-se os principais fatores de atração ao setor e ao nosso mercado, entre os quais se destacam a volatilidade dos mercados financeiros, taxas de juro em mínimos, crescimento do turismo e estabilidade política“, antecipa Fernando Ferreira, diretor do departamento de mercados de capitais da JLL.
Escritórios não chegam para a procura
Para 2017, a JLL elenca três grandes desafios para o setor imobiliário: a aposta em escritórios de qualidade, o desenvolvimento de grandes terrenos desocupados (como é o caso da antiga Feira Popular) e a estabilidade fiscal.
Neste momento, aponta a consultora, a oferta não está a conseguir responder à procura das grandes empresas que querem mudar a atividade em Portugal e que têm requisitos elevados. “Lisboa e Porto têm de ter escritórios novos de qualidade. As empresas acreditam cada vez mais que Portugal é um destino para se instalarem, mas começam a faltar escritórios que cumpram os requisitos exigidos”, refere Pedro Lancastre, diretor geral da JLL.
Seja como for, o mercado de escritórios “deverá continuar a evidenciar em 2017 o mesmo dinamismo observado ao longo de 2016”, aponta Mariana Rosa, responsável pela área de escritórios da JLL. A zona ribeirinha de Lisboa deverá ser uma “zona emergente para este segmento” durante este ano, detalha a responsável.
Ao todo, as empresas ocuparam perto de 141 mil metros quadrados no ano passado, ficando a área média por operação acima dos mil metros quadrados.
Turismo em alta. E já não é só em Lisboa
O turismo foi um dos principais motores do imobiliário no ano passado e a tendência será para continuar este ano.
A grande diferença em relação aos anteriores é que, agora, Lisboa já não é o único foco de atenção dos investidores que procuram ativos hoteleiros. “Está a haver uma dispersão a nível nacional. O Porto, o Algarve e a Madeira estão na mira dos investidores e mesmo cidades secundárias já merecem atenção, como Coimbra e Aveiro”, diz Karina Simões, responsável pela área de hotelaria da JLL.
Considerando os projetos que já tem na calha atualmente, a consultora antecipa que vão abrir entre 40 e 50 novos hotéis em todo o país, dos quais 23 apenas em Lisboa (num total de 2.175 quartos).
Na capital, há já nove projetos prontos para avançar este ano e no próximo: Hotel 1908, Turim Marquês de Pombal, Eurostars Cais de Santarém, Melia Convento de Santa Joana, Turim Boulevard, Melia Lisboa, Palácio Ludovice, Moov Lisboa Centro e Moov Lisboa Oriente.
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