Governo chinês ilegaliza a única forma de acesso livre à internet no país
O Governo chinês aprovou medidas que vão apertar ainda mais o acesso à internet até março de 2018. A notícia surge uma semana depois Xi Jinping ter ido a Davos falar de... globalização.
Ir à internet na China é um bicho-de-sete-cabeças. O acesso a sites como o Facebook, o Twitter e o YouTube encontra-se vedado aos cidadãos. No entanto, há formas de contornar esse bloqueio: muita gente recorre àquilo a que se chamam de Virtual Private Networks, vulgo VPNs, que são como portas de acesso à internet… pelas traseiras.
Mas isso poderá deixar de acontecer. As autoridades chinesas criaram nova regulação pela qual o uso deste tipo de redes, que permitem contornar os bloqueios, tem de ser aprovado pelo Governo, indica o site e tecnologia Engadget. Na prática, as novas regras apresentadas este domingo tornam ilegal o uso deste método como forma de contornar a censura do Governo chinês. A notícia foi avançada pelo South China Morning Post.
A legislação já está em vigor, mas não é permanente: manter-se-á até 31 de março de 2018. Segundo o jornal chinês, não é a primeira vez que o Governo chinês interfere no uso de redes privadas virtuais para livremente se aceder à internet. A última terá sido em março do ano passado, durante o National People’s Congress em Pequim, em que diversas empresas que fornecem este tipo de serviço se queixaram da indisponibilidade do mesmo durante aproximadamente uma semana.
Agora, as autoridades chinesas voltam a ilegalizar o uso de VPNs de forma flagrante e por um período alargado. Segundo o The Washington Post, a legislação é propositadamente vaga e não é clara a forma como o Governo fará para fiscalizar o uso desta tecnologia. As autoridades poderão, por exemplo, tentar cortar o mal pela raiz, focando-se nas empresas que as fornecem a cidadãos comuns.
A notícia surge num momento particularmente curioso, menos de uma semana depois da realização do Fórum Económico Mundial em Davos. Xi Jinping esteve presente pela primeira vez, tendo sido visto por muitos como o rosto da globalização face aos Estados Unidos de Donald Trump, que se começam a fechar sobre si mesmos. Com esta medida, que vai reforçar a chamada Great Firewall of China (trocadilho com a “Grande Muralha da China”) e impede os cidadãos chineses de acederem a grande parte da rede global, o Presidente parece, assim, fechar fronteiras em vez de as abrir.
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