Depois da TSU, a Carris. Se houver problema “é caso para alarme”
Luís Marques Mendes diz que a troca da TSU pelo PEC foi "a solução possível". Mas deixa uma marca que é a de fragilização do Governo. E se houver problema com a Carris, será "caso para alarme".
A TSU foi chumbada no Parlamento. O Governo de António Costa revolveu rapidamente o problema com a troca pela descida no Pagamento Especial por Conta (PEC), mas este episódio fragilizou a geringonça, diz Luís Marques Mendes. E caso haja outros episódios, seja com a Carris, seja com as PPP da Saúde, poderá ser “caso para alarme”.
Na crise da TSU, temos dois planos distintos”, diz Marques Mendes no seu comentário semanal na SIC. Por um lado, a troca da “medida para resolver o impasse que foi a solução possível”. “Tem o mérito de ter sido rápido”, mas existe um segundo plano, que é o do impacto que tem na imagem do Executivo.
“Isto deixa uma marca que é a de fragilização do Governo, por culpa própria. O Governo foi imprudente ao não ter acautelado a aprovação no Parlamento. Teve uma derrota”, diz. “Isto tem efeito na ideia de solidez da geringonça. Foi o primeiro problema que Costa teve”. “Parecia à prova de bala, mas afinal houve um golo na própria baliza. Criou-se a ideia de instabilidade”.
Pode ter consequências? “Se for isolado, não há consequências. Agora, suponha que há uma crise com Carris ou as PPP da Saúde, isto passa a haver um ambiente de pré-crise política“, alerta. O PCP pediu ma apreciação parlamentar do decreto-lei onde o Governo transfere a gestão da Carris para o Município de Lisboa que pode criar uma nova maioria negativa.
Na Carris, no entanto, Marques Mendes diz que não acredita que haja problemas na geringonça. “Não acredito que haja, mas se houver, haverá caso para alarme“, refere o comentador. Aumentará, nesse caso, a incerteza sobre a sustentabilidade desta maioria, o que acabará por traduzir-se numa maior pressão dos investidores sobre os juros da dívida nacional que estão em níveis preocupantes.
“A questão dos juros da dívida é o problema mais sério que temos. Tenho dificuldade em perceber que responsabilidade políticos desvalorizarem esta subida. Os juros passaram a barreira dos 4%”, disse, depois de uma semana em que Mário Centeno, o ministro das Finanças, afirmou que esta volatilidade nas taxas iria desaparecer, notando que que o financiamento de Portugal está “sob controlo”.
Marques Mendes diz que o problema não é dramático como o foi em 2011, “mas é preocupante. É diferente porque há o BCE. Se não ajudar, é um problema”, referiu, utilizando gráficos para demonstrar o agravamento dos juros nacionais perante outros países alvo de resgate e a Alemanha. E isto acontece, em grande medida, “porque o crescimento económico é fraco, e porque temos uma dívida publica elevada. Os credores ficam assustados”.
“Têm que ser feitas reformas no sentido de acelerar o crescimento da economia”, rematou Marques Mendes que, contudo, sublinhou o resultado positivo obtido pelo Governo com o défice que até pode ser mais baixo do que o anunciado. “Pela análise dos dados, o défice pode ficar abaixo dos 2,3%. É possível chegar a um défice bem abaixo dos 2,3%. É bom porque tem uma tradução para as pessoas. Menos défice é menos dívida. E depois, menos impostos”, notou.
Marques Mendes diz, no entanto, que “ficava bem ao Governo assumir que teve um grande resultado no défice, mas que parte foi obtido com o PERES. E a oposição não tem autoridade para criticar porque o recurso a medidas extraordinárias aconteceu em todos os governos”. Acrescenta que devia haver a humildade e seriedade, de António Costa e do PS em “cumprimentar o governo de Passos Coelho pelo que fez. E também ficava bem ao PSD e CDS cumprimentarem PS porque este foi um resultado importante. Há um ano ninguém acreditava.
(Notícia atualizada às 21h39 cm mais informação)
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