Dívida de Portugal está a ser um dos piores negócios do ano
Portugal realizou uma das 177 emissões de dívida através de sindicato bancário do ano. A operação, que contou com a taxa mais elevada desde a troika, está a ser um mau negócio para os investidores.
Portugal abriu o programa de financiamento deste ano com uma emissão de dívida através de sindicato bancário. Colocou três mil milhões de euros em títulos a dez anos que estão a revelar-se um mau negócio para quem investiu. Entre os emitentes soberanos, considerando a maturidade da operação, a dívida nacional é a que está a dar mais prejuízo fruto do agravamento das taxas nas últimas semanas para máximos de 2014.
Foi a 11 de janeiro que o IGCP avançou com a primeira emissão de dívida do ano. Tendo em conta o montante a emitir, recorreu aos bancos para colocar três mil milhões de euros pelos quais acabou por aceitar pagar uma taxa de juro de 4,227%, a mais elevada desde a troika. Os juros foram elevados, mas no mercado secundário, onde os investidores trocam os títulos entre si, subiram ainda mais.
A Bloomberg aponta para um aumento de 14,7 pontos base do spread dos títulos a dez anos entre a altura da emissão e o momento atual, destacando Portugal como o que registou o pior desempenho. Considerando emissões sindicadas a dez anos, é a pior. Supera Espanha, por exemplo, sendo que no topo da tabela está a Irlanda, mas neste caso com títulos a 30 anos (aumento de 22,5 pontos base no spread).
Juros portugueses em máximos
Este desempenho traduz a pressão crescente que tem vindo a ser sentida nos juros da dívida nacional, levando a taxa de referência a subir para níveis que não se registavam desde março de 2014. A taxa a dez anos superou os 4,2%, agravando-se em mais de seis pontos só na primeira sessão desta semana, numa altura em que todos os países do euro estão a sentir um aumento das taxas. Contudo, a evolução dos juros nacionais revela-se mais negativa do que a dos restantes países, penalizando muitos investidores.
“A transação beneficiou da participação de uma matriz granular de investidores institucionais”, referiu, à data da emissão, o instituto liderado por Cristina Casalinho. “A distribuição geográfica foi diversificada com grande participação de investidores sediados em França, Itália, Espanha e Reino Unido. Por tipo de investidor, a maior parte da procura veio de gestores de fundos, bancos/bancos privados e seguradoras/fundos de pensões”, acrescentou. São estes investidores que agora estão a perder dinheiro.
Pressão? Não há stress
Apesar da pressão no mercado, Mário Centeno mantém a calma. O ministro das Finanças diz que esta tensão é passageira. A dívida pública está a recuar, sendo que o financiamento para este ano “está sob controlo”, afirmou o responsável pela pasta das Finanças do Governo de António Costa à Bloomberg, à saída da última reunião do Eurogrupo em que Portugal voltou a ouvir recados Jeroen Dijsselbloem.
“A volatilidade nos mercados sublinha a necessidade de Portugal acelerar as reformas e de fortalecer os bancos”, disse o presidente do Eurogrupo, salientando, no entanto, que é isso que “está a ser feito neste momento”. “Penso que estão a tomar as medidas adequadas”, acrescentou, citado pela Lusa.
“A questão dos juros da dívida é o problema mais sério que temos. Tenho dificuldade em perceber que responsabilidade políticos desvalorizarem esta subida. Os juros passaram a barreira dos 4%”, disse Luís Marques Mendes no seu comentário semanal na SIC. O problema não é dramático como o foi em 2011, “mas é preocupante. É diferente porque há o BCE. Se não ajudar, é um problema”, salientou.
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