Novo Banco vai apresentar em breve nova proposta aos emigrantes lesados

  • Lusa
  • 22 Fevereiro 2017

Já houve alguns contactos preliminares entre os emigrantes e responsáveis da instituição, mas ainda não é conhecida a proposta.

O Novo Banco deverá apresentar, em breve, uma proposta comercial aos emigrantes lesados pelo BES, para tentar compensá-los pelas perdas sofridas. A esta nova proposta, poderão aderir mesmo os que rejeitaram a primeira solução apresentada em 2015, segundo o gabinete do primeiro-ministro.

Esta garantia do Executivo consta de uma carta enviada pela chefe de gabinete de António Costa, Rita Faden, aos deputados do PSD José Cesário, Carlos Gonçalves e Carlos Páscoa, que tinham questionado o primeiro-ministro sobre a situação dos emigrantes lesados pelo Banco Espírito Santo (BES).

"A administração do Novo Banco fez saber ao Governo que estimava poder em breve ter condições para apresentar a estes cerca de 2.000 emigrantes uma proposta similar à que em 2015 foi apresentada.”

Governo

Em resposta enviada a deputados do PSD

“Os perto de 2.000 emigrantes que não foram destinatários de proposta formulada pelo Novo Banco correspondem ao conjunto de titulares de três das apontadas sociedades veículo a que o Novo Banco não conseguiu ainda aplicar e concretizar procedimento similar às demais que foram liquidadas. A administração do Novo Banco fez saber ao Governo que estimava poder em breve ter condições para apresentar a estes cerca de 2.000 emigrantes uma proposta similar à que em 2015 foi apresentada“, lê na resposta a que a Lusa teve acesso.

"[O Novo Banco dará uma] segunda oportunidade aos cerca de 2.600 emigrantes que em 2015 rejeitaram a proposta de solução que foi maioritariamente aceite e que está a ser executada.”

Governo

Em resposta enviada a deputados do PSD

Ainda segundo o Executivo — que garante na carta que tem acompanhado “com atenção e empenho” a situação destes lesados e feito “sucessivas reuniões” com a direção da associação que os representa e com o Novo Banco para encontrar modos de “minorar as perdas sofridas” — o Novo Banco dará ainda uma “segunda oportunidade aos cerca de 2.600 emigrantes que em 2015 rejeitaram a proposta de solução que foi maioritariamente aceite e que está a ser executada“.

Na altura, o Novo Banco não os incluiu na solução comercial por os produtos financeiros em que tinham aplicações terem uma natureza diferente e mais complexa. O Governo diz agora que estes emigrantes (dos produtos EG Premium e Euro Aforro10) receberão uma “proposta similar” à feita em 2015 aos restantes emigrantes lesados.

Após a resolução do BES, em 4 de agosto de 2014, mais de 10.000 clientes emigrantes (sobretudo de França e Suíça) vieram reclamar um total de 728 milhões de euros, acusando o banco de lhes ter vendido produtos arriscados (ações de sociedades veículo) quando lhes tinha dito que se tratavam de depósitos a prazo para não residentes.

A responsabilidade sobre estes produtos ficou, aquando da resolução do BES, no Novo Banco – o banco de transição então criado – que propôs em 2015 aos emigrantes (com os produtos Poupança Plus, Euro Aforro e Top Renda) uma solução comercial, que teve a aceitação de cerca de 6.000 (80% do total) que detinham em conjunto 500 milhões de euros.

No entanto, houve mais de 2.000 clientes que não aceitaram por considerarem que não era justa e não se adequava ao seu perfil e o Novo Banco não fez qualquer proposta a outros 2.000 clientes, argumentando que não era possível devido ao tipo de instrumentos financeiros abrangidos.

Em dezembro passado, a vice-presidente da Associação Movimento dos Emigrantes Lesados (AMELP), Helena Baptista, disse à Lusa que a proposta feita foi “muito negativa”, nomeadamente por incorporar obrigações do Novo Banco que têm o seu vencimento apenas daqui a 30 anos e sem cupão anual.

Quanto à nova proposta que o Governo agora diz que será feita pelo Novo Banco, as envolvidas neste processo indicaram à Lusa que já houve alguns contactos preliminares entre os emigrantes e responsáveis da instituição, mas que ainda não é conhecida a proposta.

Esta nova proposta visa, ainda, minorar os riscos futuros implicados no balanço do Novo Banco, numa altura em que o banco está em processo de venda. Estes riscos estão relacionados com os ativos problemáticos que o Novo Banco detém (nomeadamente créditos) mas também com as muitas ações judiciais que há nos tribunais contra si, nomeadamente as que foram interpostas pelos emigrantes.

"[O Governo tem estado em] diálogo quer com a administração do Novo Banco quer com os representantes dos emigrantes lesados.”

Governo

Em resposta enviada a deputados do PSD

Por fim, a carta enviada aos deputados do PSD pelo gabinete de António Costa fala também dos casos dos emigrantes residentes na Venezuela e na África do Sul que fizeram aplicações financeiras no BES “através de jurisdições usualmente denominadas como ‘offshore’ [paraísos fiscais]”.

O Governo diz que também neste caso tem estado em “diálogo quer com a administração do Novo Banco, quer com os representantes dos emigrantes lesados”.

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