Cimpor multiplica prejuízos. Ações tombam 10%
Em 2016, a cimenteira registou prejuízos de 788 milhões, acima dos 71,2 milhões verificados no ano anterior. O registo de imparidades no goodwill e a quebra de receitas justificam o agravamento.
A Cimpor anunciou no final desta terça-feira um agravamento dos seus prejuízos no ano passado, multiplicando-os por dez. Números que não estão a ser bem recebidos pelos investidores, já que as ações da cimenteira estão a sofrer um forte tombo.
As ações da empresa liderada por Ricardo Lima recuam 10,05%, para os 36,7 cêntimos, o pior registo entre todas as cotadas que integram a praça bolsista lisboeta. Em termos diários trata-se do pior registo dos últimos 15 meses. É necessário recuar até dezembro de 2015 para assistir a uma queda mais acentuada das ações da cimenteira. No dia 14 desse mês, as suas ações tombaram mais de 12%.
Ações da Cimpor em queda
De acordo com o relatório e contas divulgado na CMVM, nesta terça-feira ao final do dia, a Cimpor apresentou prejuízos de 787,6 milhões de euros, em 2016, um valor que representa um agravamento face ao resultado negativo de 71,2 milhões de euros registado no ano anterior. Esta multiplicação de prejuízos é justificada pelo registo de imparidades num período em que a cimenteira também sofreu uma quebra das suas receitas. No documento a cimenteira diz que esse resultado foi “fortemente influenciado pelo referido registo de imparidades no goodwill“, assumindo um registo de imparidades no goodwill do Brasil na ordem dos 650 milhões de euros.
Já o volume de negócios da cimenteira ascendeu a 1.842,8 milhões de euros, o que corresponde a uma diminuição de 26,1% quando comparado com os 2.492,7 milhões de euros em receitas registadas no ano anterior. “O volume de negócios, não obstante o reforço da dinâmica comercial, viu-se penalizado pelo impacto cambial adverso e redução de contributo dos negócios de betão e agregados – posta a recente venda de ativos. Acresce que o ajuste do preço médio de cimento (9,8%) num contexto de inflação de custos foi insuficiente para compensar a quebra de Vendas em 2016″, explica a empresa liderada por Ricardo Lima no seu relatório e contas. A cimenteira explica ainda que se fosse excluído o efeito cambial, a contração do volume de negócios seria de 9,5% e não os 26,1% verificados.
No que respeita ao EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), este cifrou-se em 352,6 milhões de euros, o equivalente a uma quebra de 32,9%, salientando contudo uma melhoria deste indicador ao longo do ano. “Desconsiderados os custos não recorrentes associados ao lançamento do pacote de iniciativas de aumento de eficiência, 47 milhões de euros – na sua maioria lançados no 4º trimestre -, ficou marcada uma tendência crescente na evolução trimestral”, explica a Cimpor.
As vendas de cimento também sofreram uma quebra na ordem dos 14%, face ao ano anterior, sobretudo devido à contração do mercado brasileiro. No total, as vendas de cimento e clínquer (um tipo de cimento) totalizaram 24 milhões de euros em 2016. A Cimpor explica ainda que “as exportações a partir de Portugal refletiram o efeito da descida dos preços das commodities no poder de compra dos clientes em África”.
Também no final desta terça-feira, a Cimpor enviou um outro comunicado à CMVM a definir o dia 5 de abril como a data para a próxima assembleia-geral de acionistas. Para além da aprovação das contas apresentadas, entre os diferentes pontos que a cimenteira convoca os detentores do seu capital a discutir nessa ocasião inclui-se uma proposta para a limitação a 100 mil euros às gratificações a atribuir aos seus colaboradores, a realizar através da utilização de resultados transitados.
“Considerando que o prejuízo consolidado no exercício findo em 31 de dezembro de 2016 atribuível a acionistas se cifrou em 787.624.843,72 euros, e o resultado líquido em base individual foi negativo em 1.812.060,48 euros, o Conselho de Administração irá propor à Assembleia Geral: a) a transferência do Resultado Líquido negativo do Exercício de 2016 para Resultados Transitados; b) a atribuição de gratificações aos colaboradores ao serviço no final de dezembro de 2016 até ao montante máximo de 100.000 euros, através da utilização de Resultados Transitados”, diz a convocatória.
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