Salgado diz que bastava uma “palavrinha” para sair
O antigo presidente do BES, em declarações à SIC, diz que teria saído “na hora” do banco se o Governador Carlos Costa lhe tivesse dado uma “palavrinha que fosse”.
Foi junto do tribunal de Santarém, onde está a ser julgado o pedido de impugnação da multa de quatro milhões de euros que o Banco de Portugal aplicou ao ex-presidente do BES, que Ricardo Salgado falou à SIC.
O canal de televisão confrontou Salgado com o conteúdo da reportagem “Assalto ao Castelo” do jornalista Pedro Coelho. Na reportagem, o Governador do Banco de Portugal é acusado de ter tido acesso a informação que lhe teria permitido afastar Ricardo Salgado muito antes da derrocada do GES, no verão de 2014. Em causa, está um relatório feito por técnicos do Banco de Portugal, datado de 8 de novembro de 2013, que analisa a atuação de Ricardo Salgado e conclui haver indícios suficientes para retirar a idoneidade ao presidente do antigo Banco Espírito Santo.
Confrontado esta quarta-feira com o conteúdo da reportagem a SIC, Salgado começou por fazer uma avaliação estética: “Vi. Artisticamente achei lindo, umas fotografias lindíssimas, devo dizer que achei interessante ter referido o Castelo de Almourol que é uma referência histórica portuguesa”.
“Passei muitas vezes ao longo da minha vida junto ao castelo, mas não conhecia o Castelo de dentro, de maneira que passei a conhecer o castelo por dentro e é um espetáculo a beleza do castelo.”
As palavras de Ricardo Salgado estão carregadas de ironia, já que castelo na reportagem da SIC é o Banco de Portugal, descrito como “uma fortaleza protegida pelas muralhas do segredo”.
E sobre o conteúdo da reportagem?
“Acho que [a reportagem] tem coisas interessantes, mas o fundamental é a referência ao facto de o Governador ter podido dispensar-me da atividade bancária e nunca o ter feito.”
Acrescentou, em declarações à própria SIC, que “essa matéria já tinha sido muitíssimo debatida na comissão de inquérito e à qual não se acrescentou muito.”
A palavrinha que faltou, segundo a versão de Salgado
Questionado sobre se Carlos Costa deveria ter-lhe retirado a idoneidade mais cedo, Ricardo Salgado diz que “se o Governador me tivesse dado uma palavrinha que fosse, que eu deveria sair, pode ter a certeza que eu o faria na hora. Nunca tive uma palavra do Governador nesse sentido, a tal ponto que o Governador pediu para eu proceder à liderança — em relação à minha família — da transição para uma gestão mais profissional e foi isso que eu fiz”.
E Carlos Costa é inamovível?
Questionado ainda sobre a permanência de Carlos Costa no cargo de Governador, Salgado diz que “é uma decisão política, portanto temos de deixar os políticos decidirem. Além disso também há obviamente o Banco Central Europeu que tem uma palavra a dizer”:
Mas acha que é inamovível? Não há nada a fazer? “Não há nada impossível neste mundo”, disse o antigo homem forte do BES que agora está a braços com a justiça, não só por causa de questões relacionadas com o colapso do BES, mas também por causa da Operação Marquês que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates.
O deputado João Galamba, que fez parte da comissão de inquérito ao BES, já reagiu nas redes sociais.
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