Rendimento da classe média foi o que menos diminuiu entre 2008-2013
Pensa que o seu rendimento foi dos mais afetados no período de 2008 e 2013? Depende do seu salário: um relatório da OCDE divulgado esta sexta-feira mostra que a classe média foi a mais poupada.
Não há dúvidas de que o rendimento disponível das famílias diminuiu entre 2008 e 2013. Os efeitos da crise financeira do outro lado do Atlântico não foram imediatos, mas também não tardaram a chegar a Portugal, principalmente em 2011 e 2012. No relatório “Going For Growth”, divulgado esta sexta-feira pela OCDE, a organização inclui na descrição portuguesa um gráfico que mostra que os rendimentos menos afetados foram os da classe média. O rendimento dos portugueses da classe mais baixa foram os mais afetados, com uma pequena diferença relativamente ao corte sentido nos salários das classes mais altas.
Este foi um dos resultados do período de crise, mas não foi o único. No preâmbulo que faz a Portugal — antes de fazer sugestões para que o país cresça –, a OCDE escreve que o PIB per capita (o Produto Interno Bruto dividido pelo número de habitantes) continua a ser inferior à média dos países mais avançados da OCDE, diferença ampliada no período da crise mas que entretanto estabilizou.
Uma das explicações apontadas para que isto aconteça está relacionada com a produtividade de Portugal: ou seja, por hora de trabalho cria-se menos riqueza em Portugal face à média dos países da OCDE, diferença também notada dentro da União Europeia. Contrariamente à evolução do PIB per capita, o PIB por hora trabalhada recuperou a diferença em relação aos outros países da OCDE, entre 2008 e 2013, mas essa evolução foi interrompida.
O mesmo acontece em relação à desigualdade que “permanece elevada” em Portugal, ainda que tenha registado uma queda recentemente. O índice que mede a desigualdade registou uma ligeira redução de 0,3% entre 2008 e 2013, segundo os dados da OCDE. “A percentagem do rendimento nacional disponível que é detido pelos 20% mais pobres da população está abaixo da média dos países da OCDE”, refere a organização no retrato que faz a Portugal.
O que explica estes números? A OCDE refere a segmentação do mercado laboral que “restringe” a oportunidade dos mais jovens entrarem para o mercado de trabalho de forma estável. Esta franja da população é a que mais risco tem de pobreza e exclusão. Um dos desafios encontra-se nas “barreiras regulatórias” de competição em serviços profissionais e nos transportes, avisa a organização.
Mas nem tudo é negro. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Económico denota que os serviços públicos de emprego (IEFP) tornaram-se “mais eficientes” e, apesar de ainda haver desafios, esta deixou de ser uma prioridade dentro das que a OCDE destaca para o crescimento do país.
A organização deixa elogios à melhor gestão destes serviços, assim como à digitalização dos serviços, congratulando Portugal por se ter focado em combater o desemprego de longo prazo, principalmente nos mais jovens. A aposta em educação continua a ser o que falta para aumentar a produtividade como para promover a igualdade e o bem-estar da população.
Além disso, Portugal é um país verde. As emissões de carbono per capita têm diminuído desde 1990 e estão bem abaixo da média dos países da OCDE.
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