Bolsa anda em contramão. Mas vai na direção certa
Bolsa nacional tem-se movimentado de forma oposta ao principal índice europeu, mas isso não tem sido sinónimo de perdas. Lisboa obteve em março o melhor desempenho na Europa.
Nunca a bolsa de Lisboa divergiu tantas semanas da Europa como em 2017. Mas o facto de andar em contramão com os pares europeus não tem sido, felizmente, sinónimo de perdas para os investidores nacionais. Aliás, em março, o PSI-20 acumulou um ganho de mais de 6%. Foi o melhor desempenho na região, num movimento que pode ser explicado com o regresso dos grandes investidores internacionais à bolsa portuguesa.
Desde o início do ano, a evolução do índice de referência nacional tem divergido de forma regular com a evolução do principal índice europeu. São cinco em 13 semanas em que o PSI-20 e o Stoxx 600 se movimentaram em direções opostas, a maior percentagem desde da criação do benchmark português, em 1993. Março representou o melhor mês desde outubro de 2015. No trimestre, a valorização foi na ordem dos 7%, a melhor performance em dois anos.
Semanas do PSI-20 a divergir do Stoxx 600
Ambos os índices voltaram a desencontrar-se esta sexta-feira. Lisboa subiu, a Europa não, retirando ainda mais força ao baixo grau correlação que apresentam entre si. Assumindo o valor 1 o nível ótimo, a correlação entre o PSI-20 e as praças europeias encontra-se abaixo de 0,5, contra a leitura de correlação entre a bolsa espanhola e o Stoxx 600 superior a 0,7.
“O PSI-20 tem demonstrado alguma assimetria face a esse índice europeu, descendo quando o Stoxx 600 subiu. Além disso tem um desempenho abaixo dos restantes índices desde 2015, cota em mínimos deste século e encontra-se em processo de lateralização nos últimos seis meses”, diz João Queiroz, diretor de negociação da GoBulling.
"O PSI-20 tem demonstrado alguma simetria face a esse índice europeu, descendo quando o Stoxx Europe 600 subiu. Além disso tem um desempenho abaixo dos restantes índices desde 2015, cota em mínimos deste século e encontra-se em processo de lateralização nos últimos seis meses.”
“Recentemente essa divergência foi sendo revertida. Durante um dilatado espaço de tempo o mercado nacional esteve fora do radar dos investidores estrangeiros e institucionais mas, com alguma melhoria na perceção do risco país e com múltiplos de mercado (PER, P/B ou EV/EBITDA) mais baixos que outros títulos europeus, o PSI-20 aparenta ter-se tornado mais atrativo em termos relativos”, acrescenta o responsável.
Março em grande
Com a primavera regressam as andorinhas. Para a bolsa nacional, março trouxe de volta os grandes investidores internacionais, num mês que coincidiu com grande parte do anúncio dos dividendos (serão mais generosos este ano) e também com as tréguas dos investidores em relação a Portugal nos mercados de dívida. A taxa da dívida a 10 anos atingiu em meados do mês o nível mais elevado desde a troika, mas têm vindo a corrigir de forma consecutiva nos últimos dias.
Com um ganho de 6,6% acumulado durante o mês, o PSI-20 alcançou o melhor desempenho entre as principais praças internacionais, um desempenho que foi inflacionado esta semana com o lançamento da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da EDP sobre a EDP Renováveis.
PSI-20 em destaque mundial
“Para tal também contribuiu o crescimento do montante total de dividendos que o conjunto das empresas que compõem o PSI-20 estão a considerar distribuir aos acionistas, relativamente aos resultados de 2016”, explica João Queiroz. “O facto de o risco geopolítico da Europa estar a diluir à medida que nos aproximamos dos eventos das eleições é outro fator para os investidores voltarem a ‘entrar’ na Europa onde se inclui o PSI-20”, acrescenta.
Pedro Lino vê indícios positivos que apontam para mais valorizações na véspera de entrar num mês que costuma dar bons motivos para sorrir aos investidores. “O PSI-20 tem apresentado uma volatilidade muito baixa e de consolidação, o que historicamente é indicativo de que teremos um período de subidas sustentadas“, diz o gestor.
"O PSI-20 tem apresentado uma volatilidade muito baixa e de consolidação, o que historicamente é indicativo de que teremos um período de subidas sustentadas.”
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