Dijsselbloem: “A boa notícia é que há resultados” na Grécia
Desviando questões sobre as suas declarações controversas, o presidente do Eurogrupo disse aos jornalistas, antes de reunir com os ministros das Finanças, que havia uma solução para a Grécia.
Afinal parece que vai haver fumo branco em Atenas. Sem adiantar para já pormenores, o presidente do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem disse esta manhã aos jornalistas que “há resultados” na Grécia, mas que iria divulgá-los primeiro aos restantes ministros das Finanças na reunião informal desta manhã, em Malta.
“Temos trabalhado intensivamente com as autoridades gregas e com as instituições [credoras] esta semana, por isso vou falar primeiro com os outros ministros”, afirmou Dijsselbloem. “As boas notícias são que atingimos resultados. Mas vou contar primeiro aos ministros”.
O presidente do Eurogrupo assumiu que não vai sair desta reunião uma solução completa. “Um grande acordo político é, claro está, maior do que o pacote de medidas que estamos a discutir hoje. Não haverá um acordo político total hoje”, reconheceu, remetendo mais informações para depois da reunião com os restantes ministros das Finanças da União Europeia. Também o comissário Europeu Pierre Moscovici se mostrou confiante de que a reunião terminaria de forma positiva.
As últimas semanas têm sido tensas na relação entre a Grécia e os seus credores, a União Europeia, o Banco Central Europeu, e especialmente o Fundo Monetário Internacional. O país precisa de chegar a um acordo para as próximas reformas sociais e financeiras que deverá aplicar, mas questões como a reforma nas pensões têm sido contenciosas, e tem havido desentendimentos sobre as melhores metas a traçar.
Ontem, na cidade grega de Tempi, também o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras se mostrou otimista de que os principais obstáculos tinham sido ultrapassados. “A avaliação está muito próxima, quer as pessoas queiram, quer não”, afirma. A segunda avaliação do terceiro resgate grego aproxima-se, e o acordo entre o país e os credores é essencial para desbloquear uma nova tranche do programa, permitindo ao país pagar de volta uma grande quantidade de dívida que vence em julho. “Não vamos recuar na reta final”, concluiu o primeiro-ministro, citado pelo jornal grego em língua inglesa Kathimerini.
Nesta reunião do Eurogrupo é também esperado que Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, apresente aos ministros das Finanças as linhas orientadoras da estratégia para lidar com a questão do crédito malparado na Europa. É uma discussão que deverá continuar da parte da tarde, também em Malta, mas no Ecofin, a reunião informal dos ministros das Finanças dos países do euro.
Dijsselbloem desvia assunto de declarações ofensivas
Questionado pelos jornalistas sobre o possível impacto das suas declarações, ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, que geraram indignação por toda a Europa e especialmente junto dos países do Sul, Jeroen Dijsselbloem tentou desviar o assunto. O presidente do Eurogrupo, que também é ministro das Finanças da Holanda, disse numa entrevista que um país não deveria pedir a outros que lhes pagassem as dívidas se não cumpria as suas obrigações, usando a expressão: “Eu não posso gastar o meu dinheiro em bebidas e em mulheres e, em seguida, pedir apoio”. Declarações que foram condenadas a todos os níveis, desde o parlamento europeu aos parlamentos nacionais. Portugal foi dos países que reagiu com mais veemência, com António Costa a exigir a demissão de Dijsselbloem.
"Estou disponível para ir até ao final do meu mandato. Só sei que por agora sou ministro das Finanças, e que o meu mandato no Eurogrupo, em princípio, decorre até janeiro do próximo ano.”
Será que os portugueses falariam deste assunto no Eurogrupo?, perguntou uma jornalista. “Terão de perguntar aos portugueses”, respondeu Dijsselbloem, que já afirmou que as suas declarações foram mal interpretadas. Também não mencionou se a sua demissão estava em cima da mesa, contornando a questão para dizer: “Estou disponível para ir até ao final do meu mandato. Só sei que por agora sou ministro das Finanças, e que o meu mandato no Eurogrupo, em princípio, decorre até janeiro do próximo ano”. É possível que Dijsselbloem deixe entretanto de ser ministro das Finanças, já que o partido a que pertence foi derrotado nas eleições legislativas da Holanda, mas por agora permanece num Governo interino até ser encontrada uma solução de coligação que coloque outro Governo no poder.
Portugal está hoje representado no Eurogrupo pelo secretário de Estado adjunto e das Finanças, sendo esperado que Ricardo Mourinho Félix volte a pedir explicações a Dijsselbloem sobre as suas declarações.
Já o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, suavizou também ele o discurso, afirmando nunca ter pedido a demissão de Dijsselbloem. “As declarações foram infelizes e esperamos uma explicação das mesmas”, referiu. Questionado sobre um possível apoio de António Costa a uma candidatura do espanhol à presidência do Eurogupo, de Guindos pareceu desconfortável: “Respeito muito o Sr. Centeno, mas não tenho nada a comentar e não sou candidato”.
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