Petróleo da Rússia dita aumento das importações em 2016
Em 2016, as importações russas aumentaram 86,4%. A razão tem um nome: petróleo. Contrariamente à evolução registada em 2015, o défice bilateral com a Rússia aumentou 565 milhões de euros.
A Rússia foi o país que maior contributo deu às importações portuguesas em 2016 devido à aquisição de combustíveis. A informação consta do destaque sobre as estatísticas do comércio internacional de fevereiro, divulgado esta segunda-feira pelo INE, onde o Instituto faz uma análise ao ano de 2016, “beneficiando da disponibilidade de informação adicional sobre os principais parceiros comerciais de Portugal”. Num ano que as importações de petróleo baixaram, as importações russas aumentaram de forma significativa devido à competitividade dos preços que as empresas russas praticaram em 2016. Assim, a Rússia foi o país que mais prejudicou o défice comercial português em 2016.
“A Rússia foi o que mais contribuiu para o crescimento global das importações, pelo que ascendeu de 14º maior fornecedor em 2015 para 9º em 2016 (peso de 1,9%, +0,9 p.p. face a 2015)”, adianta o INE no destaque. Em comparação com 2015, as importações russas aumentaram 86,4%, “devido quase exclusivamente à aquisição de combustíveis minerais”.
Contudo, o Instituto Nacional de Estatística faz um reparo quando se refere ao petróleo: “De notar que nas importações deste tipo de bens se verificam muitas alterações nos países fornecedores, já que as empresas recorrem a um cabaz de crudes de diversas origens, adquirindo aqueles que a cada momento se encontram disponíveis em condições económicas mais competitivas”. Ou seja, em 2016 a Rússia fez a oferta mais competitiva de crude, pelo que as importações de Angola, Cazaquistão, Arábia Saudita, Congo e Argélia diminuíram significativamente.
Terá sido isso o que aconteceu com a Galp, a principal importadora portuguesa de petróleo. Em resposta oficial ao ECO, a Galp explica apenas que “adquire as matérias-primas de que necessita para o aprovisionamento das suas refinarias – e do país – de acordo com as oportunidades proporcionadas pelo mercado a cada momento”.
Desde 2014 que a União Europeia tem um embargo comercial à Rússia depois da invasão na Crimeia, Ucrânia. Seria, por isso, estranho ver este aumento das importações russas para Portugal, certo? Nem por isso. É que os Estados-membros têm dependência energética face aos russos, um problema que tem vindo a ser discutido no seio do executivo comunitário. A sanção da UE prevê impedimentos em relação aos bancos e ao armamento. Do lado da Rússia o embargo está relacionado com produtos alimentares. Contudo, o petróleo continua a circular sem barreiras.
E a circulação foi de tal forma grande para Portugal em 2016 que a Rússia foi o país que mais contribuiu para a degradação do saldo comercial de Portugal. “Os países que mais contribuíram para o crescimento global do défice da balança comercial de bens foram a Rússia, Alemanha e Angola”, explica o INE, referindo que, “contrariamente à evolução registada em 2015, o défice bilateral com a Rússia aumentou 565 milhões de euros, essencialmente em resultado do acréscimo das importações de combustíveis minerais.”
Esta é uma tendência que continuou a verificar-se este ano. Segundo o INE, “nas importações, em fevereiro de 2017 e no âmbito dos maiores países fornecedores em 2016, o maior destaque vai para o acréscimo registado nas importações com origem na Rússia (justificado pela importação de Óleos brutos de petróleo e Fuelóleo)”.
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